Capítulo III - The PARTY - parte 1
Parte da série Unconditionally
Meu tornozelo enfaixado ainda doía, o cabelo escondia o pequeno ferimento na cabeça, e minha mãe nem sonhava com o acidente ocorrido hoje mais cedo.
Em frente ao espelho observava a roupa que escolhi para ir a minha primeira festa, uma calça jeans azul escura, jaqueta resinada preta sobre minha TShirt favorita, que acreditem, era do Mickey, e meus Vans burgundy.
Ansioso pelo corredor me dirigi ao quarto de minha mãe,, dei três batidas e entrei, ela estava deitada, com os óculos sobre o nariz, lendo uma revista.
- Olha só o meu menininho, já virou um homem, indo para sua primeira festa! - ela sorria de um jeito estranho.
- Mãeee!!! Se constrangimentos, por favor!
- Tudo bem, desculpe, bebê. - sussurrou baixinho a última palavra.
- Estou ouvindo, vamos estou pronto, assim a Ju vai ir sem mim.
Minha mãe pulou da cama, e foi pegar as chaves, enquanto eu descia apressado as escadas.
Durante todo caminho minha mãe me alertava, sobre os perigos de uma festa a noite, drogas, àlcool, e tudo de pior que pudesse existir, nossa ela era meio dramática, mas no fundo sei que só se preocupava comigo.
- Nada de tchau, menino, cade meu beijo? - disse fazendo biquinho com as mãos no volante.
- Tá bem mãe. - falei beijando seu rosto.
Ela me observou até que eu entrasse na casa da Ju, só depois que fechei a porta, ela arrancou o carro.
Entrei devagar na casa, após uma simpática empregada abri a porta para mim, era uma bela casa, poderia dizer que era uma mansão sem problemas, tudo muito iluminado, e com um toque moderno.
- Vinicius, ouvimos muito sobre você hoje, estávamos curiosos para te conhecer, sou Ilda a mãe da Julia, e esse é Osvaldo, o pai dela. - disse uma bela mulher de cabelos escuros vindo em minha direção para um abraço.
- Sinta-se em casa rapaz, já preparamos o quarto de hóspedes para você. - disse ele parecendo preocupado com eu fosse ficar no quarto da Ju.
- Muito obrigado, estou me sentindo realmente em casa. - sorri tímido.
- Apresentações feitas, vem Vini, já estou maquiada, falta só secar o cabelo. - gritou Ju do topo da escada com a toalha enrolada na cabeça.
Pedi licença aos pais da Ju e fui até lá. Ela demorou mais uns vinte minutos, trocou de vestido umas três vezes, e ficava perguntando minha opinião se o brinco combinava com a pulseira, a pulseira com o vestido, o vestido com o sapato, e o diabo a quatro, todas as minhas respostas eram sim, está ótimo, o que de fato estava, Ju era linda, e muito divertida, tudo ficava lindo nela.
Após uma rápida passada no quarto para deixar minha mochila, que continha o material para aula amanhã, e mais algumas coisas para passar a noite, como escova de dentes e pijama, descemos as escadas e em alguns minutos o pai da Ju nos deixou na casa de festas onde acontecia o aniversário.
- Pego vocês as 3h, nada de atrasos Julia, combinei com a Helena de pegar vocês nesse horário, e ela disse que não permitisse atrasos, ouviu Vinicius? - ele olhou pra mim sério.
- Sim senhor, minha mãe é assim mesmo. - todos sorrimos.
- Tchau pai, já entendemos. - disse Ju revirando os olhos.
Eu e a Ju fomos entrando, na fachada do prédio tudo era dominado por muita luz roxa e rosa, além é claro de um canhão de luz gigantesco na entrada.
- Nossa a Mari exagerou! - falou a Ju impressionada.
- Mari? - perguntei meio perdido.
- Sim a aniversariante! - Ju olhou para mim dizendo o óbvio.
- Putz é claro, é um aniversário, eu esqueci desse detalhe, não trouxe presente! - arregalei os olhos para Ju.
- Não se preocupe, ninguém vai perceber, está muito escuro lá dentro. - disse Ju me arrastando para a porta de entrada do lugar onde dois seguranças verificavam a lista de convidados.
- Julia Alcântara de Barros e meu acompanhante Vinícius Rodrigues. - Julia pronunciou ao homem com um tablet na mão.
- OK, podem passar, aproveitem a festa! - disse ele parecendo o mais sério possível.
Assim que entrei descobri um ambiente completamente novo, meia luz, luzes piscantes de várias cores, música extremamente alta, mas conhecida, era Summer do Calvin Harris, todos dançavam, era exatamente como nos filmes. De repente somos abordados por uma garota ruiva, com os cabelos desgrenhados, acredito que propositadamente, talvez fosse um tipo de penteado.
- Xuzinha, que bom que veio, toma um gole desse espumante, está ótimo, se você e seu amigo quiserem, tem também vodka com energético, whisky, e Smirnoff de todos os sabores. Aproveitem que hoje a noite é nossa.
- Mari, tá tudo lindo, e a festa está muito animada. Ah esse é o Vinicius, o garoto novo da escola. Vini essa é a Mari aniversariante. - disse a Ju gritando em nossos ouvidos.
- Parabéns! - disse dando um beijo no rosto da Mari.
- Obrigada, lindo, aproveitem! - disse ela dirigindo-se a outros convidados recém chegados.
- Vamos dar uma volta. - falou Ju.
- Mas já? a recém chegamos. - argumentei.
- Não seu bobo uma volta na festa. - disse Ju dando tapinhas em minhas costas.
A festa estava realmente ótima, eu nunca tinha bebido, comecei com uma taça de espumante, e quando vi, já havia provado um pouco de tudo, dançávamos sem parar, e duvido que alguém naquela festa estivesse sóbrio o suficiente para dizer que não a Ariana Grande e Iggy Azalea, cantando Problem, em uma versão que eu não conhecia. Minha visão já estava um pouco afetada, mas em compensação e eu já nem sentia mais dor no meu tornozelo. De repente sou puxado da multidão, alguém me arrasta, e após algum esforço, consigo visualizar um rosto, era ele, César.
- Dessa vez não vou deixar você fugir de mim! - ele deu seu típico sorriso com o canto da boca.
Eu permaneci em silêncio, até porque não conseguia formular muitas palavras, com a língua enrolada. Ele me jogou contra a parede, num canto que eu não fazia idéia em que parte da casa de festas ficava, e nosso beijo aconteceu novamente, era selvagem, instintivo, e passou a ser romântico no momento que a versão remix de Adore You da Miley Cyrus começou a tocar, foi uma sensação única. Quem era ele? Por que me deixava daquele jeito? Quem eu era? Eram algumas das questões que me atordoavam naquele incrível momento, quando minha consciência resolve falar por mim.
- Para, isso é errado, nós somos...meninos. - disse usando minhas ultimas forças tentando afastá-lo.
- Meninos também beijam Vinicius, confia em mim! - ele sussurrou enquanto mordiscava o lóbulo da minha orelha.
Ele estava certo eu precisava me permitir, eu tinha que admitir que gostava daquilo, ele era incrivelmente convincente. Optei por confiar nele, até porque eu não tinha outra escolha, meu corpo já havia decidido por mim.
De repente um susto.
- Vinicius você é gay? - berrou Ju atrás de Césa.
- Acho que sim! - disse nem acreditando no que tinha acabado de dizer, mas o álcool tinha realmente me afetado.
- Eu não imaginaria nem em um milhão de anos. - ela gargalhava freneticamente, visivelmente bêbada, quando de repente Rafa chegou e prendeu ela num demorado beijo.
- Tá legal essa festa tá realmente foda! - disse César gargalhando.
Ficamos lá por um tempo que eu não fazia noção qual era, minha boca já estava formigando, e o César já estava digamos me cutucando. O meu estômago, estava meio zoado, eu mal conseguia ficar em pé, meus olhos queriam se fechar.
- Cara, não to legal! - disse baixinho a César.
- Você só tá bêbado, relaxa eu cuido de você. Abre a boca. - disse ele colocando um comprimido que tirou do bolso em minha boca.
- Engole, não cospe! Isso, bom garoto! - disse sorrindo enquanto segurava minha boca.
CONTINUA...