1. Inconveniente
Parte da série Soul Rebel
Deixei meu olhar dizer tudo o que eu queria dizer, e ela entendeu perfeitamente.
Clarice levantou-se de sua mesa relativamente grande e abriu a porta que dava para um enorme corredor.
- Por favor Sr. Fitzgerald - disse uma suplicante Clarice - O senhor sabe que não tem permissão para ir até lá.
Era a milésima vez que ela repetia essa mesma frase. Fitei Clarice e ela baixou a guarda. Pelo menos ela era tão insistente quanto as outras secretárias de papai.
- Clarice, cancele as reuniões que papai tem antes das 12 horas. - Ordenei. - Tenho um assunto longo a tratar com ele.
Clarice ficou boquiaberta, pude ver a raiva deixar seu rosto vermelho enquanto eu sorria de forma inocente.
- Me desculpe Ethan, mas você não é meu patrão. - Disse uma determinada Clarice. Ela fechou a porta e a trancou com a chave.
- Sou seu futuro patrão. - Argumetei com uma voz autoritária.
- Talvez no futuro eu não esteja aqui. - Rebateu.
O telefone da mesa de Clarice tocou, e ela me olhou insegura antes de atender.
- Sr. Fitzgerald? - Falou num tom monótono, e esperou alguns segundos - Sim senhor.
Clarice me olhou e reabriu a porta.
- Seu pai o está esperando. - falou.
Sorri triunfante e atravessei a passagem.
- A propósito. - Falei sem me virar - está contratada.
Andei até a sala que ficava no fim do corredor, que na verdade, também era a única sala do corredor.
Abri a porta sem bater. Papai estava relaxado em sua cadeira com fones de ouvido.
- Você realmente sabe ser inconveniente. - Papai falou sem retirar os fones.
- E você sabe mesmo ser mal educado. - falei sem ter certeza de que ele me ouvira.
Me aproximei e puxei os fones do ouvido dele. Papai me repreendeu com o olhar e se endireitou.
- Muito bem papai, já que estou aqui precisamos conversar. - falei sério.
Meu nome é Ethan Fitzgerald, filho e herdeiro de Dhevison Fitzgerald, o dono da maior rede de pesquisas clínicas do país, mas não me assemelho com meu pai em nada, nem em aparência, muito menos em jeito. Tenho cabelos loiros e longos levemente bagunçados, um corpo atlético e malhado e uma barba por fazer que deixam minha aparência mais jovial e rebelde. Papai tem cabelos negros e curtos penteados para o lado, tem um corpo um tanto redondo e uma barba desnecessariamente grande, que empregava a ele uma aparência autoritária e madura. A única semelhança física entre nós eram os olhos azul-marinho, que modéstia à parte, era o sucesso da mulherada - e da rapaziada.
- Sinto sua falta papai. - falei.
Desde que papai e mamãe se separaram, eu moro praticamente sozinho. Mamãe mudou-se para a Flórida com seu mais recente marido, e papai passa a maior parte do tempo num motel com prostitutas. Ele aparece uma vez por semana para fazer o check out da casa e os pagamentos.
- Me desculpa filho, mas... Eu não consigo mais. Desde que eu me separei da sua mãe, aquela casa tornou-se um tormento para mim. - explicou papai.
Ergui a cabeça e o olhei nos olhos.
- Mamãe me chamou para ir para a Flórida. - revelei.
Os olhos de papai se encheram de lágrimas. Ele não era tão forte como eu, não se importava em demonstrar sentimentos.
- Ah filho... - disse papai, sem saber como terminar a frase.
- Eu não aceitei. - falei.
Papai se levantou e eu o abracei. Ficamos ali por alguns minutos antes de nos separarmos.
- Tenho que ir. - Falei.
- Ir?
- Me inscrevi para a faculdade. - Falei orgulhoso.
- Você não precisa de faculdade. Tem um trono garantido. - papai falou.
- Não quero ser uma sombra sua papai, quero ser eu mesmo.
- Quer dizer que não pretende assumir a empresa?
- Quero dizer que quando eu assumir a empresa quero fazer do meu jeito.
- E qual é a faculdade? - Perguntou curioso.
- Direito.
Papai sorriu orgulhoso.
(...)
- Obrigado Igor. - Falei para o motorista ao parar na frente da Cipriano University.
Igor assentiu e eu baguncei seu cabelo castanho.
Abri a porta do Porsche preto e sai.
- Ethan? - Chamou Igor.
Me enclinei sobre a porta do motorista e Igor me roubou um beijo.
- Boa sorte - falou.
- Obrigado.
Andei em direção à faculdade e acenei quando Igor buzinou.
(...)
A prova estava relativamente fácil, e eu tinha certeza de que havia passado, mas só receberia a resposta dali a dois dias.
Igor estacionou o carro na garagem. Saímos juntos do carro, e ao chegar na sala de estar Igor me abraçou por trás.
- Vou sentir saudade quando você for. - sussurrou em meu ouvido, dando leves mordidas.
Me virei e empurrei Igor para o sofá de couro preto. Igor ficava lindo vestido de social, mas eu preferia ele sem roupa nenhuma. Sentei no colo de Igor e comecei a desabotoar sua camisa. Seu pênis já criava volume por baixo da calça, e isso me deixava completamente louco.
- Eu amo você. - falei.
Esperei uma resposta de Igor, mas ele atacou meu pescoço com os lábios. Afastei Igor e me levante.
- Você não me respondeu. - Falei.
- Foi uma pergunta? - Igor sorria e erguia uma sobrancelha.
As mãos fortes de Igor me agarraram pela cintura e me levou para um beijo. Sem retirar seus lábios dos meus, Igor me arrastou para o segundo andar e me conduziu até a cama.
Terminei de tirar a roupa dele e o observei por alguns minutos. Seu corpo escultural, sua boca carnuda e seus olhos castanho-mel eram seduzentes. Igor me beijou novamente, um beijo calmo e sem pressa. Deslizei minhas mãos por suas costas arranhando-o. Igor me desnudou sem pressa, beijando o caminho que suas mãos faziam. Me ajoelhei à sua frente, e suas mãos acariciaram meus cabelos. Beijei seu pênis por cima da cueca e o tirei para fora com a boca, arrancando gemidos fracos de Igor.
(...)
Igor se levantou com cautela, provavelmente pensando que eu estava dormindo. O observei vestir suas roupas e pegar um papel e uma caneta para escrever um bilhete como ele fazia habitualmente.
Esperei até que ele saísse para me levantar. Entrei no banheiro e me banhei sem pressa acariciando meu próprio corpo, lembrando do toque suave de Igor. Ainda podia sentir a dor pós-transa, mas eu estava perdido em meus pensamentos, sorrindo ao lembrar dos movimentos suaves de vai-vem de Igor, sempre com carinho.
Desliguei o chuveiro após me ensaboar e enxaguar. Saí apenas com uma cueca boxer azul do banheiro e peguei o bilhete na cabeceira da cômoda.
"Me perdoe, eu também te amo"
Abri um sorriso triste. Eu sabia o que aquilo queria dizer: que ele não voltaria mais.
<CONTINUA>