Viciado (01-03)
Parte da série Entre Dois Corações
ANDERSON P - Awn cara, obrigado pelo comentário, vou fazer o possível para fazer que você goste cada vez mais de Entre Dois Corações. É muito bom saber que você vai acompanhar, até os próximos capítulos então.
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Capítulo 3- Viciado
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Decidi não deixar as palavras de Thiago me atormentarem. Eu as levaria comigo, mas não ficaria pensando nelas constantemente. Eu acreditava em Thiago, mas não sabia explicar o porque. Ele era diferente dos outros ciganos. Não usava bola de cristal, não se vestia de forma extravagante e na verdade, nem mesmo parecia ser um cigano. Ele falava comigo como se fosse meu amigo, como se meu destino fosse algo óbvio e claro, como se só eu não o enxergasse. E o que mais me atraiu, Thiago falava sempre com um sorriso gentil e aconchegante no rosto. Decidi que voltaria para visitá-lo qualquer dia desses.
(...)
Gabriel e eu estávamos deitados no sofá da minha sala de estar, enrolados num edredom e comendo brigadeiro. Eu estava deitado sobre ele, ambos assistindo atentamente ao filme Frozen, que alugamos na Netflix.
- Adoro a princesa Elsa. - Falei sem tirar os olhos da TV. - Ela é linda.
Mergulhei a colher na panela sobre a mesa de centro e depois a levei a boca. Gabriel repetiu o gesto.
- Rainha Elsa. - Gabriel me corrigiu - Gosto bastante dela também, mas o que mais gosto são as músicas cantadas pela Anna.
Gabriel e eu sorrimos.
O filme acabou rápido. Gabriel e eu suspiranos juntos.
- Já percebeu que nossa sintonia é perfeita? - Sussurrou Gabriel.
- Não. - Falei rindo. - Somos completamente opostos. E você é um mala.
- Só eu né? - Gabriel falava rindo - Vamos combinar que é você que põe defeito em tudo. E corrige qualquer frase dita com incoerência.
- E daí? - Falei.
- Nada é perfeito Igor. E nem todos são gênios da língua portuguesa.
- Eu até concordaria, mas você se enganou. - Falei rindo.
- Qual o foi o erro? - perguntou incrédulo.
- Você disse que nada é perfeito. - Falei. - E eu estou com a coisa mais perfeita do mundo pertinho de mim.
- Ai seu lindo. - Gabriel disse me beijando logo em seguida.
- Chocolate. - Concluí quando encerramos o beijo.
Gabriel riu e me empurrou.
- Idiota. - Murmurou.
Eu estava gargalhando. Gabriel me empurrou pro chão e eu caí, me enrolando no edredom e o puxando comigo (o edredom). Gargalhei mais e Gabriel desceu do sofá e veio pra cima de mim me fazendo cócegas e me fazendo perder o ar de tanto rir.
- Sai idiota. - Eu gritava rindo.
Gabriel segurou minha cintura e me beijou. O beijo durou pouco tempo por causa da falta de ar que as cócegas provocaram em mim.
Puxei Gabriel para mais um beijo, desta vez um pouco mais demorado. A língua dele procurava a minha quase que com desespero, enquanto eu tentava desviar a minha língua. Ele mordeu meu lábio inferior ao finalizar o beijo, me fazendo rir.
- Do que você está rindo seu palhaço? - Perguntou.
- Sai Gabriel, me deixa. - Falei recuperando a seriedade pouco a pouco.
Gabriel segurou minha cintura e me levantou, colocando-me em seu colo. Passei a mão por seu pescoço e colei meu corpo ao dele.
- Sobre ontem... - Sussurrei em seu ouvido - Foi a melhor noite da minha vida.
Gabriel sorriu e beijou meu pescoço.
- Eu também achei. - Falou em tom normal - Eu poderia te dar outras melhores noites da sua vida. O que você acha?
Fiz cara de pensativo, colocando uma mão no queixo, outra na cintura e olhando para cima. Gabriel riu.
- Pode ser. - Falei em tom inocente - Mas só se forem as melhores noites da sua vida também.
- Cada dia que eu passo do seu lado se torna o melhor dia da minha vida Igor. - Gabriel me olhava sério - Eu amo você, com ou sem transa.
- E eu amo você. - Falei - Mas prefiro com transas.
- Me ama mais que chocolate? - Gabriel estava sorrindo.
- Não. - Falei - Mas quem sabe um dia?
- Você adora estragar momentos fofos não é? - Gabriel me empurrou de volta pro chão.
Chamei ele com o dedo e ele veio por cima de mim, beijando meu pé, e subindo devagar até o meu pescoço. Segurei seu cabelo com força. Gabriel passou a mão por debaixo da minha camisa de algodão azul me causando arrepios. Ele me beijava sem pressa, explorando minha boca como se fosse uma nova terra descoberta pelos portugueses. Quando comecei a perder o ar coloquei minhas duas mãos sobre o peitoral de Gabriel e o afastei um pouco. Eu estava ofegante, e Gabriel parecia nem ter perdido o ar.
- Vamos fazer o jantar? - Perguntei, mas eu não enganava nem a mim mesmo, quem dirá Gabriel.
- Está se esquivando? - Gabriel perguntou.
- Não.
Sim.
- Por que está se esquivando? - Gabriel insistiu - Está sendo evasivo. Foi algo que eu fiz? Não gostou da última... Quer dizer, primeira vez?
- Gostei mas...
Maldito 'mas'.
- Mas? Igor, o que está acontecendo? - Gabriel sentou no chão um pouco afastado de mim.
- Não é nada com você Bel, eu juro. - Finalmente falei algo que não me comprometia.
- Então é com o que?
- Gabriel... - Falei, o fazendo olhar nos meus olhos - Quero que você seja sincero, quero ouvir a verdade, mesmo que me machuque. Você me ama?
A verdade era que eu me sentia inseguro em relação ao amor. Eu sei que amo Gabriel, mas se ele não me amar, qual o sentido de ir adiante? Eu não nasci com vocação para amar sozinho, e depois de ter ido falar com Thiago, percebi que para alguém estar comigo nos momentos difíceis, na hora da tempestade, não bastaria apenas eu amar essa pessoa. Essa pessoa teria que me amar também.
Gabriel me olhava sério, e eu o encarava com a mesma seriedade. De repente, de um segundo para o outro, Gabriel estava gargalhando.
Fiquei com medo. A cena parecia aquelas de novela quando o mocinho diz algo idiota, e o vilão começa a rir e se revela. Esperei paciente pela revelação de Gabriel.
- Era com isso que você estava preocupado? - Gabriel ainda gargalhava. - Igor você é hilário.
O olhei ainda sério. Gabriel recuperou a seriedade e me olhou nos olhos. Seus olhos castanhos mergulhavam nos meus, ele me olhava com voracidade, como se tentasse ver além de mim.
- Igor, eu amo você. - Gabriel declarou.
Só então percebi que estava segurando o ar, mas o soltei de uma vez só. Gabriel encostou sua boca na minha, mas não houve o contato entre as línguas.
- Eu tenho uma coisa pra você. - sussurrei sem tirar meus lábios dos dele.
Me levantei e abri a gaveta da penteadeira. Tirei de lá um pingente de coração que podia ser cortado ao meio. O cortei e entreguei uma parte para Gabriel.
- Eu quero que você fique com isso. Representa uma parte do meu coração. - expliquei - Você conquistou uma parte do meu coração, e mesmo que um dia venhamos a nos separar, essa parte vai ser sempre sua.
Gabriel pegou o pingente e o envolveu com sua mão. Ele beijou a própria mão.
- Vou cuidar bem do seu coração. - Ele falou.
O abracei.
- Quer casar comigo? - Sussurrou dando uma leve risada.
Fiz que sim com a cabeça e sorri. Eu sabia que não era um pedido sério, mas se fosse eu aceitaria sem êxito. Gabriel acariciava meu rosto com a mão ainda fechada. Deixei que ele me beijasse.
Eu não tinha muitas palavras para definir como eu me sentia ao lado de Gabriel. Eu podia descrevê-lo de uma forma da qual todos também diriam, mas se tinha uma palavra que somente eu poderia usar quando estava ao lado de Gabriel, era vício. Eu precisava cada vez mais dele. Não estar com ele era torturante, estar com ele era perigoso - eu poderia ter uma overdose de amor a qualquer momento -, mas eu o queria, e quando ele ia embora, parecia que o tempo que ele ficou não foi suficiente, e eu esperava loucamete, desesperadamente para tê-lo novamente. Ele era minha droga, meu ecstase.
Tirei a camisa de Gabriel e peguei a panela com brigadeiro. Passei brigadeiro em seu pescoço e peitoral, e depois beijei, lambi e chupei o chocolate.
Gabriel deitou no chão e eu passei chocolate pela sua barriga, e depois limpei com os lábios. Puxei o zíper de sua calça, mas antes que eu a pudesse tirar a campainha tocou.
Beijei e mordi a região onde o pênis de Gabriel já criava volume e me levantei para abrir a porta. Que horário mais inconveniente para se fazer uma visita.
Gabriel sentou-se no sofá, fechou o zíper e colocou uma almofada no colo para disfarçar o volume. Dei um sorriso cúmplice e a campainha tocou novamente.
- Já vou. - Falei e abri a porta.
Um homem alto de cabelos negros, olhos azuis e barba sorria. Ele usava um sobretudo e carregava duas malas consigo.
Fiquei boquiaberto. Não acreditava que ele realmente apareceria. Na verdade, não lembrava que ele chegaria.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntei surpreso para meu pai.
Agora eu entendia. A tempestade estava bem ali na minha frente, e estava apenas começando.
[... continua ...]