Chuva com cheiro de menórias

Conto de Cesar Neto como (Seguir)

Parte da série Um amor que só nós conhecemos

Ressurgindo das cinzas, como uma bela fenix (ou nem tanto). Eu Cesar F. Neto retorno aqui para vocês dizendo:: OIIII COMO VOCÊS ESTÂO???

Para quem não me conhece (e para aqueles que já se esqueceram) meu nome é Cesar, tenho 20 anos e escrevi uma história bacaninha aqui no romance gay que meia duzia de pessoas gostaram (ou até menos), mas enfim... devido ao sucesso do rolê eu publiquei ela em outros sites e o número de leitores aumentaram (para dez pessoas)(ou menos), a questão é que agora eu estou de volta para anunciar de antemão a...

NOVA TEMPORADA DE "SÓ NÓS CONHECEMOS"

"Mas Cesinha, seu fio da puta, a história já teve um final quase-perfeito" ... eu sei! Mas se prepare, pois Cesar e C&a irão retornar com tudo... novas histórias, novos personagens e muitas outras coisas loucas e badaladas... só lendo para descobrir!

Peço humildimente o perdão dos meus antigos leitores pelo sumiço... eu estava escrevendo minha outra série "Lendas de amor e sangue", porém o tempo que me é disposto para escrever era zero! Agora com vários nadas na minha agenda eu retornarei com ambas as séries.. porém, para os fãs da minha história de terror(talvez dois)(ou menos) eu queria dizer que ela já está com três capitulos escritos, porém eu só postarei quando a série estiver completamente pronta, para não deixar vocês esperando uma eternidade.

Enfim, aproveitem, leiam, e qualquer coisa lembre-se que aqui o amor sempre continuará prevalecendo <3

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I- Chuva com cheiro de memórias

Eu estava sentado em um ponto de ônibus qualquer.O relógio marcava um pouco mais de meia-noite. A pequena cobertura me protegia da forte chuva que caía do céu, mas não solucionava o problema do vento. Segurei bem forte aquela maldita pedra que estava na minha mão, uma pedra qualquer meio esbranquiçada, daquelas que parecem mármore, sabe?

Joguei a pedra do outro lado da rua. E me arrependi no mesmo segundo.

Corri em direção a chuva para recupera-la. Senti as gotas d'água estralando em todas as partes do meu corpo. Atravessei a rua, agachei perto da sarjeta e recuperei meu objeto tão precioso. Voltei para a pequena cobertura do ponto de ônibus parecendo um pintinho molhado.

Raiva, ódio, tristeza. Minhas lágrimas começaram a se misturar com a água da chuva.

- Você está bem? - um garoto surgiu do meio do nada com um guarda-chuva preto - não está com frio?

Tentei fingir que estava tudo bem. Fingir que eu era um garoto normal que acabava de sair na rua e foi ali tomar um banho de chuva. Fingir que chorar embaixo de um ponto de ônibus ensopado da cabeça aos pés era divertido entre os jovens de hoje em dia. Fingir era uma das minhas maiores habilidades.

Mas dessa vez eu não consegui fingir.

- Eu estou ótimo! - respondi com a boca tremendo de frio.

- Tem certeza? - ele insistiu - eu tenho um casaco a mais aqui na bolsa e...

- Não! - falei secamente - estou ótimo, meu ônibus chega daqui a pouco.

A verdade é que eu nem sabia que ônibus pegar. O garoto me olhou novamente da cabeça aos pés.

- É, amigo... - ele disse com receio - não passa ônibus por aqui depois desse horário.

- Ótimo! - resmunguei - ótimo!

Contorci o meu punho de raiva. Porque a vida tinha que ser tão cuzona comigo? O que eu tinha feito para merecer tanta merda assim?

- Bem... - o menino voltou a falar - aonde você mora?

- Vila Maria... - respondi tentando lembrar - ou Madalena...

- Vila Mariana! - o menino me corrigiu - também sou de lá. O próximo ônibus só vai passar seis da manhã. Pelo jeito passaremos um bom tempo juntos.

Ele, assim como eu, não parecia estar nem um pouco animado com esse fato:

- Não temos outra opção né? Fazer o que? - sorri meio desanimado.

- Esperar - o menino respondeu - e torcer para as coisas não piorarem mais do que já estão pioradas.

- Faz muito tempo que você está na chuva? - perguntei para tentar puxar assunto com o menino.

- Parece uma eternidade... - ele falou melancólico.

Silêncio. O menino ao meu lado parecia realmente muito abalado. Se não fosse por minha situação péssima e todos os meus problemas eu até teria um pouco de compaixão pelo garoto. Ele parecia bem depressivo, mas não sei porque, eu conseguia encontrar uma pontinha de alegria em seu olhar. Ele ainda tentava pensar em algo positivo mesmo com toda a situação.

- Você tem um nome? - ele perguntou, meio desinteressado na resposta.

Eu estava prestes a responder, mas um raio cortou o céu e chicoteou em árvore na calçada do lado.

O barulho me fez pular do banco de metal e tremendo de medo eu escorreguei caindo de bunda no chão.

- Você está bem? - O menino tornou a perguntar. E dessa vez eu não iria mentir.

- NÃO! NÃO ESTOU NADA BEM! - meus olhos se encheram de lágrimas - EU ACABEI DE SE MUDAR PARA ESSA MERDA DE CIDADE! EU TIVE QUE ABANDONAR MINHA ESCOLA, MEUS AMIGOS E ATÉ MESMO MEU NAMORADO E TUDO ESTÁ DANDO ERRADO NESSA MERDA DE VIDA!

Silêncio mais uma vez. Esse menino parecia pensar e repensar cada palavra que saia da sua boca.

- Sabe... - ele falou calmamente - as vezes é melhor só ligar o foda-se para todos os problemas.

Levantei do chão e observei o menino olhando para o céu com uma expressão calma e tranquila no olhar. Ele parecia refletir sobre alguma coisa e eu estava apenas o atrapalhando ali. Me senti culpado por ter gritado com ele. O dia parecia não ter sido bom para nenhum de nós.

- Vamos fazer assim - sugeri com receio - eu estou na merda, você pelo que me parece também está! Concorda?

Como resposta ele balançou a cabeça.

- Eu conto os problemas da minha vida, você conta os seus e pelo menos teremos algo para fazer até amanhecer. Topa?

- Minha história é longa, você teria saco para escutar? - ele perguntou me desafiando.

- A minha também não é nada curta! - falei me gabando.

- Então podemos começar com a sua? - ele falou se ajeitando nos bancos do ponto de ônibus.

- Sim! Ó só... tudo começou no primeiro ano do colegial.

...

Bem, para aqueles que não me conhecem, meu nome é Alexandre. Alguns amigos me chamavam de Alê, porém no momento eu não tenho nenhum amigo que se importa com isso. Eu morava em Maringá, no estado do Paraná, mas agora que meus pais resolveram mudar para o estado de São Paulo na cidade de...

Deixa para lá, a raiva que eu tenho desse lugar só vai deixar as coisas mais tensas.

Sou negro, cabelos pretos e encaracolados cortados bem curtinho. Sempre fui um pouco "noiado" com essas coisas de aparência e por isso sempre tentei ser o mais bonito possível para me sentir bem comigo mesmo. As vezes uma espinha ou outra aparecem no meu rosto e eu já trato de passar meio quilo de massa corrida na cara.

Outro fato engraçado sobre mim. Sou um gigante. Meus 1,85 centímetros de altura já assustam grande parte do pessoal, mas o que mais deixa as pessoas surpresas é quando eu digo que tenho apenas 16 anos.

Tá, sem muita enrolação porque eu quero chegar direto ao ponto.

Eu me descobri gay com 15 anos. A maioria das pessoas que eu conheço sempre se assustam quando sentem uma certa desconfiança de sua sexualidade. Comigo as coisas foram tão lindas que eu nem sei o porque desse dramalhão todo que alguns meninos e meninas fazem.

Era um dia de verão, odeio verão, pior estação do mundo! O calor estava me fazendo suar até pelos mamilos. E como as coisas sempre podem piorar, eu estava perdido no meio do nada com o último garoto que eu queria ver na face da terra.

Diego era o nome dele. Com a mesma idade que a minha, porém com a diferença de 10 anos de mentalidade. Diego estudava na mesma escola que eu e insistia em uma amizade que não funcionava de jeito nenhum. Na época ele era bem pequeno e magricela para a idade. Com um cabelo loiro penteado "pela vovó", ele tinha sardas ao redor do rosto e pequenos lábios rosados. Era considerado o mané da sala de aula, parecia um louco quando falava. Porém, muitas meninas gamavam nele por conta do par de lindos olhos verdes que ele carregava no rosto.

- Acho que estamos no caminho certo! - Diego falou com um sorriso confiante no rosto.

Estávamos em uma viagem de fim de ano da nossa escola. A turma inteira iria fazer uma trilha em uma área ambiental bem bacana perto da nossa cidade. Diego avistou um passarinho de uma espécie em "extinção" e me chamou para ir ver a ave com ele. Não sei se era porque a trilha estava bem tediosa ou se era porque eu estava curioso para ver o tal pássaro, só sei que no final, acabei saindo da trilha com ele sem deixar ninguém perceber.

Atravessamos a floresta e saímos no meio de uma pastagem infinita. Completamente perdidos, caminhamos por duas horas e a cada minuto minha raiva aumentava proporcionalmente ao meu desespero. Estávamos sem água, sem comida, completamente largados na natureza.

- Estamos perdidos. E se não fizermos nada, vamos acabar morrendo! - falei me dando conta da burrada que eu acabara de cometer.

-Eu sei - ele respondeu com um sorriso fofo no rosto.

Toda minha ira estava sendo direcionada para aquela peste em forma humana na minha frente. O menino não parecia fazer noção alguma do perigo em que estávamos correndo. Pensei seriamente na hipótese de abandonar ele e buscar ajuda sozinho. Até o momento eu estava seguindo-o, pois ele tinha o brilhante título de "escoteiro" que ele se gabava toda vez que eu perguntava se ele sabia aonde estávamos nos metendo.

- Você tem água aí ainda? - ele me perguntou, demonstrando pela primeira vez uma certa preocupação.

- Tenho! - tirei uma garrafinha de água da minha bolsa e entreguei a ele que começou a beber loucamente - só não bebe tudo porque eu também estou com...

Eu nem terminei de falar e ele já havia acabado de sugar a última gota da nossa água. Meu sangue ferveu por causa do calor e por causa do ódio que eu senti de Diego.

- Desculpa - ele falou envergonhado - eu te pago quando a gente encontrar a galera, está bem?

- A GENTE NÃO VAI ENCONTRAR NINGUÉM SEU IDIOTA! - gritei com ele - VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE ESTAMOS MORRENDO AQUI NO MEIO DO NADA? VOCÊ É TROUXA OU O QUE?

O sorrisinho infantil dele morreu na hora. Caminhamos por mais uma hora sem chegar a lugar nenhum.

- É só atravessarmos aqueles arvoredos e reencontraremos o caminho da trilha - ele falou confiante.

Atravessamos vários arvoredos diferentes no período de uma hora e não encontramos nada.

- Eu já passei por aqui quando eu era escoteiro! - ele tornou a falar - é só seguirmos no caminho daquela montanha, está vendo?

Andamos por mais uma hora e nenhuma montanha apareceu.

- Esse pasto está meio comido, devemos estar perto de alguma fazenda! - Diego disse com esperança.

Mais uma hora. Nenhuma fazenda, nenhuma xácara, nenhuma pessoa. Nada.

- Vamos lá! Força - Diego falou quando eu me sentei para descansar ao lado de uma pequena árvore.

Meu corpo suava horrores. Minha boca implorava por água. A sensação da desidratação percorria cada célula do meu corpo. O sol estava bem forte, deveria ser uma três da tarde, por um lado isso era bom, mas o medo de ficar perdido no meio da noite me apavorava.

- Eu me recordo desse lugar - Diego gastava o restante de saliva com sua voz irritante - eu vim aqui com o grupo de escoteiros...

- Diego! - eu respirei fundo e o cortei - quando foi a última vez que você veio aqui?

- Faz um tempinho já - ele disse - mas eu ganhei o prêmio de escoteiro júnior então né, pode confiar!

- Escoteiro júnior? - perguntei - quantos anos você tinha?

- Seis! - ele respondeu com o sorriso orgulhoso morrendo aos poucos de sua face.

E foi naquele momento que eu cheguei ao ápice do ódio humano.

Não sei de onde tirei forças, mas eu apenas levantei do chão e parti para cima daquele menino. O empurrão o fez soltar um leve gritinho de desespero. Caímos os dois no chão de terra e o choro começou a escorrer pelos meus olhos.

- Eu juro que eu te mato! - falei com as mãos no pescoço dele, numa tentativa idiota de tentar sufoca-lo.

- Me... me... sol... solta... - ele implorava desesperado.

Por um momento eu encarei aqueles olhos verdes. Eles brilhavam em minha direção e sugavam o restante das minhas energias. Me sentia fraco, sem poder mexer mais nenhuma parte do corpo. Caído por cima de Diego, eu desmaiei.

E a última imagem que eu tinha na minha mente era a luz daqueles olhos verdes.

...

- Alê! ALÊ! - alguém chamava meu nome - ACORDA PELO AMOR DE DEUS!

Abri os olhos devagar com minha visão toda desfocada. Aos poucos eu fui percebendo novamente aqueles olhos verdes na minha frente, porém agora eles estavam vermelhos e cheios de lágrimas.

Senti algo entrando pela minha boca e parecia que algum tipo de magia estava acontecendo dentro do meu corpo. Demorei um pouco para perceber que aquilo era água. Diego estava me dando água.

- Aonde estamos? - perguntei na esperança de ele responder que estávamos em casa.

- No mesmo lugar - ele disse limpando os olhos e forçando um sorriso no rosto - você desmaiou por uma hora mais ou menos.

Devagar eu sai do chão e me sentei encostado no tronco da árvore do meu lado. Tomei o restante de água que Diego me deu e senti meus olhos voltarem a brilhar de alegria.

- Eu te disse que iria devolver sua água! - ele falou se gabando - sai desesperado atrás de água quando você desmaiou. A uns dez minutos daqui tem um lago, enchi sua garrafinha e voltei o mais rápido possível.

- Pelo menos você serve para alguma coisa! - falei ainda com raiva - temos mais água?

- Temos mais um lago inteiro se você precisar! - ele respondeu sem nem se importar com minha grosseria - porém eu não aconselho você a ficar se enchendo dessa água. Pode dar alguns problemas no futuro...

- Vamos se preocupar com os problemas de agora, ok? - cortei o mini-sermão dele.

- Tudo bem! - ele voltou a sorrir - você está com fome? Eu achei um pé de goiaba naquela mata. Elas estão uma delícia.

- AMO GOIABA! - falei animado - é a minha fruta preferida.

- Eu sabia - Diego disse alegre - trouxe especialmente para você!

- Ahãn, sei... - ignorei mais uma vez a piadinha do menino.

Meu coração saiu pela boca quando eu vi ele se levantando e indo até sua mochila pegar as goiabas. Algo estava errado nas suas costas, vi uma poça de sangue escorrendo por trás da sua camisa e os pelos do meu braço chegaram a arrepiar.

- O que aconteceu com suas costas? - perguntei meio desesperado.

- Não foi nada de mais - ele disse comum vacilo no sorriso - aconteceu quando... quando a gente caiu. Eu bati as costas, acho que num galho pontudo, sei lá...

- Quando eu te empurrei né? - disse baixinho assumindo a culpa.

- Fica tranquilo - ele disse tentando me convencer - vai ficar tudo bem...

Devagar, Diego foi até a mochila, pegou algumas goiabas e veio se sentar do meu lado. Comemos por alguns minutos até que a ansiedade bateu em mim. Eu precisava ajuda-lo de alguma forma.

- Tira a camisa! - falei - eu preciso ver esse ferimento.

Não precisei pedir duas vezes. Diego tirou a camisa e virou de costas para mim. O ferimento tinha uns sete centímetros e parecia estar bem feio. O sangue havia parado de escorrer, mas estava bem roxo e inchado. Peguei uma garrafinha de água e taquei nas costas dele para limpar um pouco a poeira do lugar. Diego soltou um gemido de dor e tentou disfarçar com uma risada. Ele sempre parecia querer esconder suas dores atrás de sorrisos e aos poucos fui entendendo aquele garoto.

- E então doutor, o que você acha? - ele perguntou feito um bobo.

Se não arranjássemos um jeito de encontrar socorro logo, as coisas só iriam piorar.

- Olha Diego, acho que você deveria estar considerando a ideia de que podemos morrer aqui nesse lugar e...

- Ei! - Diego me cortou - ninguém vai morrer não, credo! Eu tive uma mega ideia!

Enquanto eu reclamava falando que eu havia o seguido as suas ideias o dia inteiro, Diego colocava as mãos no bolso procurando algo.

- Olha aqui Alê! - ele falou me mostrando duas pedrinhas brancas esquisitas - tenho que ser rápido porque não temos muito tempo...

- Não temos muito tempo para que? - falei confuso

- O sol vai se pôr daqui uma hora e estaremos de fato ferrados! Então pega essas pedrinhas aqui! Elas vão salvar nossas vidas!

Peguei as duas pedras na mão sem entender muita coisa. Elas eram pequenas e pesadas e por um momento eu tive certeza que Diego realmente era um idiota.

- Essas são as pedrinhas da esperança! Elas provam que nossa amizade é tão forte como qualquer rocha que existe e não importa o que aconteça, depois de hoje você é o meu melhor amigo!

Por mais que aquilo era bonitinho, as pedras não serviriam de nada para salvar nossas vidas!

- Tá, mas o que eu devo fazer... - tentei entender a mente do menino mais estranho da face da Terra.

- FOGO!!! Esfregue as duas até sair umas faíscas loucas aí e a gente queimar tudo isso se for preciso! EU TÔ MORRENDO MENINO! Temos que mandar um sinal de fumaça antes que algo aconteça!

- E PORQUE VOCÊ NÃO FEZ ISSO ANTES??? - Gritei aprovando e ideia, mas com raiva de ele ter falado isso só agora.

- PORQUE EU ODEIO INCÊNDIOS!!! - ele respondeu - MAS É A NOSSA ÚLTIMA ALTERNATIVA!!!

Esfreguei as duas pedras uma na outra com toda força possível que eu tirava do meu corpo.

Não consegui nem uma faísca se quer.

Diego riu feito uma hiena.

- VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COM A MINHA CARA! - falei não achando graça de nada!

- Eu tenho um isqueiro no bolso.Só queria que a ideia das pedrinhas fosse bonita - ele falou calmamente - me ajuda a levantar e vamos tacar fogo nessa árvore mesmo.

- Minha vontade é de te amarrar nessa árvore e te queimar junto! - respondi bravo.

Com um braço apoiado em minhas costas. Diego se levantou e pegou o isqueiro e começou a queimar algumas folhas da árvore. As folhas estavam secas e por conta disso, o fogo foi se alastrando pelos galhos. Depois de alguns minutos a pequena árvore já ardia em chamas. A fumaça preta subiu ao céu e agora só nos restava esperar.

Com o nervos a flor da pele, percebi que ainda segurava as "pedrinhas da amizade" na mão. Coloquei as duas no bolso e implorei para que aquele dia acabasse.

Sentei junto de Diego, em um morrinho que dava para avistar a árvore pegando fogo. Aos poucos o gramado também estava queimando e eu pensei que o fogo iria se alastrar por todos os cantos. Comentei com Diego essa possibilidade e ele mais uma vez sorriu da minha cara.

- Veja pelo lado bom Alê - ele falou calmamente - pelo menos não teremos mais essa droga de trilha nunca mais.

Diego parecia ter piorado da dor nas costas. Exausto, o menino repousou sua cabeleira loira em meu colo e lá ele adormeceu. Fechei os olhos também e cochilei por um momento.

O barulho de um helicóptero me acordou. Havia dado certo. Estávamos salvos.

Olhei para Diego e ele me encarou com seus olhos verdes. Aquele momento ficaria marcado por toda minha vida.

O menino travesso não disse nada, apenas retribuiu meu olhar e abriu mais uma vez aquele sorriso estúpido que havia me deixado com raiva o dia inteiro.

E pela primeira vez eu sorri com ele.

...

Parece estúpido, mas recontar toda essa história me fez chorar.

No meio da chuva, o relógio marcando meia-noite e meia e eu estava chorando feito um idiota, contando minha história para um completo desconhecido. Esse dia definitivamente entrou no top 5 dos dias mais estranhos da minha vida.

- Vai ficar tudo bem - o menino me abraçou enquanto eu limpava as lágrimas - vai ficar tudo bem...

Coloquei a mão no bolso e procurei aquela pedra branca estúpida. Eu a guardava comigo em todos os momentos. Era uma única pedrinha sem valor estético nenhum, era até feia e desproporcional. Porém, Diego fez dela um objeto inesquecível na minha vida. Aquele menino idiota me fez ver o quão as coisas mais importantes das nossas vidas estão em gestos pequenos, em olhares sinceros, sorrisos alegres e no prazer de viver feito um louco qualquer.

Senti a falta dele mais uma vez. Não podia negar que eu o amava. Carregar a maldita pedra era prova disso. Eu tinha a sensação de que o nosso amor floresceu de uma forma tão linda, de um jeito que ninguém nos entendia. No final era uma amor que só nós havíamos conhecido.

Só nós conhecíamos.

Esse "nós" envolve, eu, o Diego, vocês que estão lendo...

E aquele menino esquisito no ponto de ônibus.

- Linda história - ele falou animado - está pronto para ouvir a minha?

- Mas a minha mal começou! - respondi meio encabulado.

- Tudo bem! A gente vai revezando para não cansar tanto e aumentar o mistério - ele disse de um jeito meio bobo.

O menino encostou a cabeça no ponto de ônibus e respirou fundo. Apesar de alguns sorrisos, ele ainda parecia bem chateado com algumas coisas. Porém ele ainda insistia nas coisas com alegria. Por um momento ele me lembrou o Diego, na maneira de lidar com as coisas, no jeito infantil, no jeito meio desligado da vida. Mas não julguei muito, por que aliás nem conhecia sua história.

- Afinal de contas - falei - eu não me lembro de ter escutado seu nome.

- Prazer Alexandre - ele disse estendendo a mão - meu nome é Cesar.

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Então é isso meus lindos, semana que vem tem mais e como eu adoro "auto-spoilar" meus leitores já deixo o recado que essa temporada será focada nas conversas de Alexandre e o próprio Cesar. Vai ser bem massa e espero que vocês acompanhem. Se você curtiu, comenta ai embaixo, eu não faço a minima ideia do que isso vai virar, por isso comentários seriam muito amor para me ajudar. Criticas, opiniões, sugestões, beijos na boca... nós aceitamos DE TUDO!

Beijos do coração e fiquem com a sinopse do próximo capítulo

II- "Reiniciei o foda-se" - Determinado a começar a faculdade deixando para trás todo o seu passado, Cesar começa sua jornada pelas maravilhas do mundo universitário. Será que festas, amigos e muitos problemas serão capazes de fazê-lo esquecer o verdadeiro amor?

Comentários

Há 6 comentários.

Por Felipe Fernandes em 2016-01-02 02:44:55
Mozão vida coração vc voltou e chegou com muita emoção com esse capitulo só de recordação e por que ta sumidão meu grandão pela sua amizade eterna é a minha gratidão perdi teu numero mas a amizade sumiu não e te pergunto.......... no céu tem pão????? ( kkk que bosta kkk não tomei meu remedio hj ) enfim caaraa esperei eternamente por esse dia e ele chegou. A volta de cesar kkkkk cara ainda me lembro quando eu só visitava aqui e achei "UM AMOR QUE SÓ NÓS CONHECEMOS" caraca quando eu abri sua historia e comecei a ler... senti um gosto de quero mais e eu reclamava demais quando era vc que demorava pra postar e agora sou eu kkkkkkk ahh e eu quero falar contigo cara URGENTEMENTE. Manda um e-mail ou mensagem no Whatsapp se ainda tiver meu numero. Kkkkkkk ailoviúú cesar e espero l proximo Até Breve.
Por edward em 2015-12-31 10:36:24
Bom deixa eu me apresentar,meu nome é Edward e quase enlouqueci por causa da sua série ,passei três dias lendo e confesso que amei...César você fez uma simples série se tornar algo que mudasse minha vida,me identifiquei muito com a história. Confesso que em alguns momentos minha vontade era de matar você seu desgraçado,mas a raiva passou,chorei horrores quando cesar saiu do ponto de ônibus deixando Rodrigo sozinho,achei uma crueldade ,mas amei o,jeito que você usou as palavras para descrever o momento. A partir de hoje vou acompanhar você pois você é incrível.parabéns
Por Pedro Oliveira em 2015-12-30 22:33:52
Não gosto de comentar césar... mais acompanho vc desde o começo... saber que vc voltou foi a noticia mais linda do ano, continue plis!
Por Fagner em 2015-12-30 09:54:07
Gente. Quem é vivo sempre aparece não é mesmo? Hey Cesar, Feliz Natal atrasado e desde já. FELIZ ANO NOVO. Então, eu já tinha pensado que ia nos abandonar, olhava o site e nada de Cesar, nada de Lendas de Amor e Sangue. Nada de nada. Mas aí, puff... O misterioso aparece do nada. Isso não é incrível? Deixa só o Ryan Benson ler sobre tua volta. Hehehehehehe Mas enfim, "Um amor que só nos conhecemos" voltou a ativa, e Cesar, Meu Deus, eu estava torcendo para que isso acontecesse. Tanto que no último texto postado, eu nem comentei. Acho que tenho poderes.😌👌. Voltando a historia. Mas que fofura de personagem esse Diego hein? Nossa, perdidos no nada, só mato, e os dois lá. Alexandre todo revoltado com o pobre enquanto o mesmo tentava ajudar, mesmo só atrapalhando. As cenas que ele dizia saber onde estava indo, mas não saía do lugar, me lembrou aquelas cenas de filmes no estilo"Os batutinhas"... Não me pergunte porquê, o fato é que eu achei incrível. Sem mais delongas, vou literalmente ao Cesar. Que final esse hein? "Prazer Alexandre, meu nome é Cesar." Hehehehe, isso me encantou. Não me pergunte porquê novamente. Agora que Cesar está na faculdade, com certeza vai conhecer pessoas novas, fará dessas alguns amigos e quero ver onde Alexandre se encaixa em tudo isso. Ja vi que pela historia de ambos, eles vao ter muito o que falar. Até porque você mesmo disse que o foco será nas conversas dos jovens. Mas enfim Cesar, perdoe o comentário pequeno, não faz meu estilo. Mas é que estou trabalhando e acessei rapidamente pelo PC.. Hehehehe Enfim, obrigado pela volta e um forte abraço. 😁
Por Luã em 2015-12-30 05:36:04
Mano, eu descobri tua história ontem e li toda a primeira temporada sem parar. Ri demais com teu jeito de escrever, véi! É descontraído, engraçado, eu curti demais, de verdade. Não demora pra postar, já shippo Cesar e Rodrigo forevermemte O/
Por diegocampos em 2015-12-30 01:47:11
Muito bom achei super boa a idéia da história ser focada nas conversas do cesar e do Alexandre achei esse começo da história do Alexandre e do diego bem fofa espero ansiosamente pelo próximo capítulo. Estou muito feliz que tenha voltado estava com muitas saudades.