1x05 - Enganado

Conto de Cesar Neto como (Seguir)

Parte da série Lendas de Amor e Sangue

Oi, olá, bom noite, como vão? Eu estou morto do carnaval e confesso que não escrevi o tanto que eu queria ter escrito para vocês... MAAAAAAS não me matem ainda!! Eu dei uma bela adiantada nas duas séries e essa cá que você está lendo já está completamente "rascunhada", agora só falta rechear de detalhes maravilhosos para vocês degustarem essa história.

Mas enfim... tirando isso eu não tenho mais nada para falar.

É não tem mais nada mesmo.

Queria ter recados legais.

É uma pena que eu não tenho.

Poxa, bateu uma bad agora.

Vamos poxa comentários antes que eu chore.

"diegocampos" - Fala Diego, tudo bom? ALGUÉM QUE LÊ AS PRÉVIAS!! FINALMENTE HAHAHAH (pensie que ninguém lia... mas enfim, muito obrigado por acompanhar a série, um beijão grande para ti <3

"edward" - Olha só se não é meu vampirinho preferido! haha falta muito caminho ainda para escrever um livro, mas se esse dia chegar você vai ganhar um com direito até a autógrafo (e um beijo na boca). Vamu aguardar e esperar para ver o que esse mistério todo promete hahaha e por favor, me coloque para dormir pois eu estou precisando urgente... beijos lindo <3

"historiador" - MENINA QUE SAUDADE! HAHAHAHA preciso por sua série em dia sua loka! (além do mais queria entrar em contato contigo, como faz produção?)... como assim, vai com calma nas mortes? hahahah eu tô escrevendo essa série só pelo prazer sinistro matar personagens hahaha (brincs) Eu cheguei a ler Medicina para Inumanos mas por algum motivo eu larguei... não lembro! Enfim, deus tá vendo vc cobrando que eu escreva rápido enquanto vc também anda levando umas eternidades para escrever hahahahah beijão só nessa sua boca a partir de agora eu muito obrigado <3

"Dougglas" - IHHHHH CHEGOU O SENHOR REI DO MEU CORAÇÃO HAHAHAHAHAH TE AMO SEU LINDO! Meu sério, você é muito lindo... até hoje eu vivo escutando aquele seu áudio falando da séries <3<3<3 AFFFS Já descobriu o mistério da série. Toma aqui o seu troféu de espertão (um belo beijo na boca)(ou o que vc quiser)... AFFFS número 2! Gente, como vc consegue ser perfeito até descrevendo as coisas que eu escrevo? Não é possível. Sabe que isso que você falou tanto da joana como do Murilo são coisas que eu pensava desde o primeiro momento que eu escrevi a série. Sei lá, você deve ser um tipo de bruxo! Desisto de tentar te entender! Só vou te amar a partir de agora <3 Muito obrigado por sempre estar por perto e me cobrando os prazos hahahah te amo <3

"LuhXli" - Oie! Primeiro de tudo, muito obrigado por acompanhar minhas séries. Li os seus dois comentários. Concordo muito com o que você disse. Apesar da série não ter tanta repercussão assim, é sempre bom exercitar diferentes tipos de escritas. Mais uma vez, muito obrigado! Espero que você continue acompanhando, abraços <3

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V- Enganado

[2015]

Silvinho estava sozinho em casa mais uma noite.

Caminhou tranquilamente até a cozinha onde sua mãe, conhecida na vila como Dona Vera, havia preparado o jantar. Colocou uma colher de arroz e uma concha de feijão no seu prato e sentiu nojo quando viu a carne refogada com quiabo. Silvinho odiava quiabo e sua mãe parecia adorar fazê-lo comer o legume. Com os olhos revirando, serviu-se da carne e foi até a sala para degustar do seu terrível jantar.

Ligou a televisão e assistiu um programa cheio de mortos-vivos. Sílvio mastigava a carne pensando o quanto preferia comer carne de gente a comer a carne que sua mãe havia preparado nas pressas.

O telefone tocou fazendo o garoto de 18 anos, perder o interesse na televisão. Levou o celular ao ouvido e falou com sua voz anasalada.

- Fala Jair! O que temos para hoje?

- Consegui uma bichinha lá do centro da cidade - uma voz rouca falava no telefone - O rapaz parece ser rico e depois que eu mostrei uma foto do seu caralho, o veadão vai fazer chover dinheiro para gente.

- Beleza! – Sílvio respondeu animado – estarei pronto em dez minutos.

- Passo te buscar aí na sua casa então! – Jair desligou o telefone.

Sílvio terminou de engolir a gororoba da sua mãe e correu para o banheiro. Ele já havia tomado banho na parte da tarde então não era necessário tomar de novo. Apenas escovou o dente, passou um desodorante embaixo do braço e lavou o grande pênis da pia do banheiro. Olhou-se no espelho e se viu com os cabelos castanhos encaracolados, uma sorriso grande e os olhos negros mais sedentos do que nunca.

Sentou-se na beirada da calçada enquanto esperava o senhor Jair aparecer com seu Escort cinza. Sílvio conhecera o Seu Jair já fazia uns dois anos. O senhor de quarenta anos era solteiro e morava em um bairro vizinho da Vila Celestino. Sílvio sentia nojo do homem, principalmente do seu bigode grisalho e dos pelos que ele tinha pelo corpo todo.

Os dois se conheceram no campinho da vila. Seu Jair estava assistindo uma partida de futebol, Sílvio estava no time dos sem camisas e já fazia o seu terceiro gol. Ele sempre ganhava, não importava o jogo, desde o futebol até o esconde-esconde. Podia ser qualquer coisa, Silvinho mostrava a sua sede por vitória.

E no jogo do senhor Jair, ele já estava craque em vencer.

Funcionava sempre da mesma forma, Jair divulgava os programas que Silvio fazia e arranjava os melhores homens discretos da cidade. Sílvio ia até o pequeno kit net onde Jair morava e encontrava o cliente já pelado em cima de uma cama de casal. O bairro onde seu cafetão morava era mais afastado e por tanto bem mais seguro de esconder as coisas que aconteciam ali. No fim, ambos ganhavam em torno de quinhentos a mil reais por noite só para Sílvio comer a bunda de uma homem enrustido.

No começo, Sílvio sentia nojo, mas a ideia de ganhar quinhentos reais por noite o fez aceitar qualquer proposta do senhor Jair e desde então os dois trabalharam junto.

O Escort cinza encostou na sarjeta e seu Jair abriu a janela com um sorriso torto na boca:

- Hoje eu prevejo no mínimo mil reais para cada.

- Espero! – Sílvio respondeu – fiquei a tarde inteira sem gozar para fazer bonito.

- Está aprendendo então – Jair orgulhou-se – entra aí no carro que a passivona já deve estar te esperando.

Sílvio entrou no carro e ambos desceram pela rua quatro. Avistaram dois camburões de polícia em frente a uma das casas deixando o senhor Jair um pouco preocupado:

- O que esses cornos estão procurando agora?

- Pelo jeito pegaram o assassino errado! Meu amigo foi esfaqueado hoje a tarde. Devem estar investigando de novo.

- Esfaquearam mais um? – Jair não parecia estar surpreendido – essa vila deve estar amaldiçoada, só pode!

Andaram mais dois minutos, até que Jair virou o carro indo em direção a rua de número três. O garoto estranhou aquela quebra de rotina.

- O que vamos fazer aqui? – Sílvio perguntou.

- Minha casa está bagunçada – Jair mentiu na cara dura – vamos fazer na casa da Dona Denise, ela está louca e dopada de remédios. Não irá nem perceber.

- Você está louco, PORRA! – Silvinho gritou – essa otária conhece a minha mãe e se ela descobrir e abrir a boca?

- Tenho certeza que ela não vai fazer isso – a voz do Jair saiu confiante até de mais – confia em mim. Te dou metade da minha grana se for o caso.

Mil e quinhentos reais. Era o que Silvinho precisava para se livrar de vez da casa dos pais. Nunca mais teria que comer a comida nojenta da sua mãe e principalmente escutar os xingamentos do seu pai hipócrita.

- Tudo bem! – consentiu – vamos acabar com isso de uma vez.

Sílvio desceu do carro e caminhou até o portão de grades de ferro. Puxou a maçaneta do portão e sentiu nojo mais uma vez ao perceber que tinham colocado graxa na maçaneta. Tentou limpar a mão na grade, mas ele só conseguiu deixar seu braço mais sujo de manchas pretas.

Depois de reclamar um pouco, os dois entraram na casa e encontraram tudo escuro. Jair ascendeu a luz da cozinha e se Sílvio já não fosse acostumado com as nojeiras de sempre, ele iria acabar vomitando no chão. Restos de comidas espalhados pelo chão, cera de vela derretida por cima da mesa, manchas de todos os tipos na parede.

- Sua casa está pior que isso? – Sílvio perguntou rindo.

- Entra logo lá no quarto que a putinha está te esperando. – Jair deu a ordem um pouco nervoso.

A porta do quarto estava encostada, assim o garoto apenas empurrou ela um pouquinho e acendeu a luz. O homem estava deitado com as pernas erguidas mostrando um buraquinho que piscava para Sílvio.

- Caí de boca nesse cu! – o homem branco, de uns trinta anos e dos cabelos estilo surfista falou cheio de desejo.

Sílvio tinha nojo de lamber o cu de seus clientes, mas seu Jair sempre o instruiu que as "bichas" adoravam aquilo e se ele quisesse ganhar a grana, era algo que teria que enfrentar. Sem pensar muito, Sílvio atacou o meio daquelas nádegas como um animal.

No outro cômodo da pequena casa, Seu Jair escutava o gemido do seu cliente. Sentia-se nervoso com aquilo tudo. "E se essa louca estiver certa?", pensava enquanto ouvia os gritos de prazer no quarto ao lado. Sentiu o toque gelado de uma mão em seu pescoço e seu corpo se arrepiou todo:

- Vai acontecer daqui a pouco. Não saia desse quarto de maneira alguma...

A voz de Dona Denise ecoava pelo quarto enquanto ela orava baixinho pedindo ajuda a algum santo.

Seu Jair notava algo estranho na mulher desde que seu marido fora assassinado. A mulher se afundou em pensamentos estranhos e jurava que escutava vozes. Fora dona Denise que convenceu o Jair de trazer o garoto para transar na casa dela, e depois de tudo o que havia acontecido, Jair não teve escolha se não fazer esse favor a mulher.

De repente, Dona Denise parou de rezar e olhou para Jair com o rosto tremendo de medo.

- Começou! – foi a única palavra que saiu de sua boca.

Seu Jair não escutava nada além de gemidos do quarto ao lado. O silêncio havia se instaurado na vila inteira. Sentiu um calafrio no corpo quando o portão de metal da casa se abriu. Percebeu os vultos entrando pelo quintal e tratou de chegar mais perto de Dona Denise.

- O que está acontecendo? – Jair perguntou baixinho.

- Hoje é o aniversário da morte dele! – Denise respondeu agora mais calma – o espírito dele está mais forte e pode baixar em todas as pessoas da vila.

- E a gente? – perguntou Jair aflito.

- Desde que fiquemos quietos nesse quarto, nada vai nos acontecer – Denise murmurava baixinho outra oração.

- E os dois lá do lado? – Jair tornou a perguntar.

Dessa vez Denise não respondeu.

Mas Jair sabia o que aconteceria com eles.

- Você disse que não aconteceria nada com o garoto! – Jair acusou a mulher e sua voz saiu alta demais. – as pessoas lá fora vão matar ele não é mesmo?

Denise permaneceu em silêncio.

- Esse menino é importante para mim sua vaca! – ele falou nervoso – temos que tira-lo de lá!

- Se você sair desse quarto, eu juro que te mato. – apesar de ser uma ameaça, a voz de Denise saiu extremamente calma.

Jair resolveu não escutar. Ele amava o garoto. Amava desde o dia em que viu ele no campinho e reconheceu o filho da Dona Inês jogando futebol, bancado o espertão com os colegas. Ele já havia destruído a vida do menino o colocando nesse mundo de prostituição, por isso, estava disposto a salva-lo agora.

Abriu a porta e viu pessoas do lado de fora tentando abrir a maçaneta. Sentiu um ar batendo em seu rosto e uma tontura começou a domina-lo. Gritou pelo garoto Silvinho, mas depois sua voz silenciou. O corpo de Jair fazia movimentos que ele não conseguia controlar. Sentiu que estava desmaiando, mas juntou forças para continuar em plena posse da mente. Chegou na porta do quarto e os som de sexo invadia seus ouvidos martelando a sua cabeça cada vez mais forte.

Então Jair apagou e só encontrou a escuridão.

No quarto. Sílvio acabara de fazer o seu cliente gozar contra o colchão. Retirou seu pênis do rapaz e jogou a camisinha fora para poder gozar fartamente na boca do homem. Quando o ato estava prestes a acontecer, escutou a maçaneta da porta abrindo e se deparou com Jair na porta.

- Mas que caralho! – o cliente gritou – o que você está fazendo aqui?

Jair caminhou lentamente até a beirada da cama de casal. Enquanto o homem gritava várias coisas dizendo que iria descontar o preço, que não iria pagar pela metida e até mesmo que iria ligar para a polícia, Silvinho só conseguia olhar para os olhos de Jair.

Estavam brancos. Completamente brancos.

Não demorou muito para Jair pular em cima do cliente e sufoca-lo pelo pescoço com as duas mãos. Silvinho rolou pela cama sem saber o que fazer e apenas assistiu o rosto do homem que acabara de transar ficar vermelho até o ar parar de entrar pelos seus pulmões.

Quando o homem morreu, Sílvio sabia que era o próximo.

Jair dirigiu-se a ele e Sílvio tratou de correr para fora do quarto. Encontrou uma multidão de pessoas no lado de fora tentando entrar pela porta da sala. Decidiu que a cozinha era a sua melhor opção. Correu até a gaveta da pia e achou uma faca para se defender.

Quando seu amigo cafetão chegou mais próximo, de mãos vazias, Sílvio soube que ele deveria fazer aquilo para sobreviver.

Com apenas um movimento, aterrou a pequena faquinha de serra nos terríveis olhos brancos do senhor Jair. O homem nem pareceu sentir dor, apenas caiu por cima de Sílvio fazendo os dois irem parar no chão.

- SEU FILHO DA PUTA DESGRAÇADO!

A faca não tinha sido o bastante para matar Jair, Sílvio percebeu isso enquanto o homem o sufocava igualmente como fizer com o anterior. Só que Sílvio não iria se entregar sem tentar lutar. Com esse pensamento ele retirou a faca do olho de Jair e com força, fez ela deslizar pela sua garganta.

Sílvio tomou um forte banho de sangue na cara, mas dessa vez, Jair jamais iria permanecer com vida.

O garoto gritou enquanto as lágrimas corriam pelos seus olhos. O sangue havia sujado o seu corpo inteiro que estava completamente nu. Pensou em voltar para o quarto, mas o barulho de mais uma porta se abrindo o fez mudar de ideia.

A multidão lá fora havia conseguido entrar na casa.

Sem entender nada. Sílvio viu as pessoas entrando pela sala e pediu ajuda para elas. Nenhuma parecia estar escutando e assim como Jair, todas estavam com os olhos brancos.

- SOCORRO! – O garoto gritou.

A porta do quarto se abriu e Dona Denise apareceu para ajuda-lo.

- Venha aqui! – a mulher o chamou com a voz mais calma do que as pessoas que queriam mata-lo.

Os dois entraram no quarto escuro e ficaram encostados na parede mais distante da porta. Dona Denise rezava uma oração enquanto Sílvio procurava uma maneira de acabar com aquilo tudo. Mais uma vez a maçaneta virou e o medo tomou conta dos dois.

- SAIA! VOCÊ NÃO É BEM-VINDO EM MINHA MORADA! O ESPIRITO DO SEU ÓDIO JAMAIS VOLTARÁ A NOS ATORMENTAR! SAIA!

As veias do pescoço de Dona Denise pareciam que iria estourar de tão forte que ela havia gritado.

Seja lá o que havia acontecido, Sílvio percebeu que havia acabado. Sentiu o gosto de sangue escorrendo pela sua boca e mais uma vez sentiu nojo naquela noite.

E nojo, foi a última sensação que ele teve antes de Dona Denise acerta-lo com uma barra de ferro na cabeça.

...

[Murilo]

- Eu preciso que você nos conte exatamente como aconteceu - Detetive Siqueira tentou ser o mais paciente comigo, mas era possível ver a sua expressão de ódio por trás do seu olhar.

- Eu e Leandro entramos na casa - falei devagar e calmamente - Leandro foi atacado por um homem que estava no segundo andar. Eu tentei fugir e acabei quebrando uns ossos da mão, mas mesmo assim consegui me esconder no banheiro.

O segundo detetive me observava de longe. Ele sabia que eu estava mentindo, porém eu me negava em contar o que realmente havia acontecido para os dois. Aquela noite tinha sido a mais assustadora da minha vida, eu não iria sair contando que tinha visto a vila inteira tentando me assassinar, isso só iria piorar as coisas e me chamariam de louco.

- E você viu o homem que o atacou? - Siqueira voltou a perguntar.

- Já falei que não - respondi rude demais - eu escutei o grito de Leandro e corri desesperado para me esconder. Não consegui ver quem era.

Silêncio. Os dois detetives se encararam e tiveram uma longa conversar através do olhar. Após um minuto o detetive Rodrigo abriu a boca pela primeira vez:

- Seu amigo Leandro está vivo! - ele falou sabendo que aquilo iria mexer comigo - estamos muito ansiosos para saber a versão dos fatos dele.

Meu coração disparou ao ouvir aquilo. Eu tinha visto com meus próprios olhos um homem enfiando uma faca nas costas de Leandro pelo menos umas três vezes. Era impossível ele ter sobrevivido aquilo.

- Sabemos que você está escondendo alguma coisa Murilo - Siqueira me acusou - Se você fosse sincero com a gente, as coisas seriam bem mais fáceis para todos nós.

"Tudo bem, vocês querem sinceridade? Acontece que a vila Celestino inteira cercou eu e Leandro no intuito de nos matar e em menos de um minuto todos voltaram ao normal como se nada tivesse acontecido", minha boca quase disse essas palavras, mas me ponderei e fiquei calado.

- Pode ir embora! - Siqueira falou decepcionado - Sua mãe está o esperando lá fora.

Andei pelos corredores da delegacia da cidade e encontrei minha mãe sentada junto com minha irmã Sofia na recepção, ao me ver seus olhos se encheram de alegria:

- O que eles queriam? - ela disse preocupada - já estava quase ligando para um advogado.

- Eles só me fizeram perguntas - tentei acalma-la - precisamos ir para o hospital!

- O que houve? - minha mãe se preocupou novamente - sua mão voltou a doer?

- Não é que... - exitei um pouco - Leandro está vivo.

Minha mãe me encarou dos pés a cabeça. Toda vez que ela fazia aquilo, eu já sabia que estava vindo bronca:

- É melhor você vê-lo outro dia meu filho... - Dona Léia desconversou - você precisa descansar e...

- Eu estou bem! - ignorei-a - preciso ver o Leandro.

- Nós iremos para casa - minha mãe falou mais rígida do que o normal - toda vez que tu encontra esse menino Leandro, algo da errado. Pelo amor de Deus meu filho, vamos para casa e eu juro que você não sairá de lá tão cedo.

O tom de voz da minha mãe me fez obedece-la e assim voltamos para casa. No caminho todo eu fui planejando a minha fuga para ir até o hospital ver o estado de Leandro. Algo estranho havia acontecido e ele seria o único que me entenderia. Além disse eu não podia negar que gostava dele, ou até amava. Não seria capaz de deixar as coisas terminarem daquela forma.

- Chegamos! - minha mãe disse no mesmo tom de alegria que ela usou da primeira vez que entramos na Vila Celestino - Murilo vá descansar enquanto Sofia vai me ajudar a preparar uma bela sopa para o jantar, não é mesmo filha?

- Eu não quero brincar de cozinha mamãe! - Sofia reclamou - quero brincar de bola com o Danilo.

- Tudo bem então! - minha mãe se deu por vencido - vamos descer do carro.

Se eu quisesse voltar a ver o Leandro. Aquela era minha única chance.

- AI MINHA MÃO! AI AI AI! - griteis desesperado quando apoiei a mão para sair do carro.

- O que houve? - minha mãe perguntou aflita.

- Acho que voltei a machucar a mão! - fingi que estava sentindo a pior dor do mundo - está doendo muito!

- Deixa eu ver - minha mãe correu até mim e analisou minha mão - não estava tão inchado assim. Acho que está piorando. É melhor voltarmos ao hospital.

- Ah de novo não... - reclamei.

- Sofia! Vá até o quarto do seu irmão e fale para ele que já voltamos!

Minha pequena irmãzinha entrou na casa e minha mãe ligou o carro. Choraminguei de dor por alguns segundos, mas depois sorri por ter conseguido enganar minha mãe.

Em menos de dez minutos havíamos chegado no hospital. Entramos na recepção e minha mãe conversou com a atendente explicando o que havia acontecido.

- Preciso ir no banheiro urgente, está bem? - falei quando sentamos para esperar o atendimento.

- Sim, pelo jeito vamos esperar por um bom tempo aqui - minha mãe falou desanimada - esses hospitais públicos hem... - ela começou a reclamar e foi minha deixa para sair a procura de Leandro.

Estava uma correria tão grande no hospital que nem viram eu entrando nos leitos a procura do meu amigo. Li em uma fichinha de um balcão aonde ele estava internado e me direcionei até lá o mais rápido possível.

Abri a porta do pequeno quartinho e encontrei uma maca vazia. "Ele já deve estar melhor", pensei com um pouco de felicidade percorrendo pelo meu corpo.

- O que você está fazendo aqui? - uma voz surgiu de trás de mim me fazendo pular de susto.

Olhei para trás e encontrei um senhor que parecia ter uns 45 anos. Reconheci os cabelos pretos acinzentados e os olhos negros que chegavam a brilhar de tão forte. Aquele deveria ser o pai de Leandro.

- Eu vim ver o Leandro. - disse com uma voz tímida.

- Como é o seu nome mesmo menino? - o pai de Leandro parecia estar bem perdido - Não foi você que foi atacado hoje a tarde também?

- Sim, sim, fui eu! - respondi - o Murilo por acaso já acordou?

- Não. - foi a resposta do pai de Leandro - trouxeram ele hoje a tarde para o hospital. Os médicos tinham esperança, conseguiram parar todos os sangramentos.

- E ele vai ficar bem?

- Não. - o homem em minha frente parecia que iria desmoronar - ele estava com baixa resistência, pegou uma infecção qualquer e não resistiu... ele morreu uma hora depois de chegar no hospital.

Foi como levar um soco no estomago, e essa era a segunda vez naquele dia. A primeira vez eu estava assustado demais para esboçar alguma reação, mas dessa vez eu não consegui segurar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Lembrei dos detetives falando que ele ainda estava vivo e então eu entendi.

Eles haviam me enganado.

- Eu... eu... eu preciso ir embora - falei correndo em direção ao corredor.

- Garoto! Espera aí!

O pai de Leandro me chamou me fazendo parar e prestar atenção naqueles olhos negros.

- Você não me disse seu nome... - ele falou meio cabisbaixo.

Fiquei em silêncio. Minha boca tremia e eu mal conseguia falar o meu nome, respirei o mais fundo possível e tentei falar, mas o pai de Leandro foi mais rápido:

- Seu nome é Murilo, não é mesmo?

- Sim!

E então o homem em minha frente perguntou com uma lágrima caindo de seus olhos.

- Você está bem Murilo?

- Estou sim... - minha vontade era de ir lá e chorar junto com ele - porque?

Ele demorou para responder e eu senti a pior dor do mundo quando ele finalmente falou:

- "O Murilo está bem?" foram as últimas palavras que meu filho disse antes de morrer.

...

[Joana]

- Eu prometo que eu irei acha-lo - falei antes de partir - agora eu tenho que ir.

Dei um adeus temporários aos meus tios. No fundo eu não aguentaria continuar morando com eles por mais tempo, se eu não achasse respostas o mais rápido o possível acabaria ficando louca e eu sabia que estava mais perto do que nunca.

- E ai? - Carla perguntou - como foi lá?

- Eles entenderam - respondi com um sorriso falso - meu tio parece bem deprimido, mas minha tia é forte feito rocha. Ela sabe que eu irei encontrar Caio novamente.

Desde que eu sai da delegacia, Carla tentava se redimir de qualquer maneira por ter me detido naquela noite da floresta. Eu achava aquilo tudo muito fofo, mas eu não tinha tempo para me importar, minha mente trabalhava incansavelmente para tentar descobrir o que estava acontecendo naquela vila.

- E agora? - Carla me olhou perdida - Para onde vamos?

Confesso que aquela pergunta me pegou de surpresa. Pela primeira vez eu me sentia perdida no meio daquilo tudo e não saber o que fazer me deixou com um pouco de raiva:

- Podemos ir até a casa onde os garotos foram atacados?

- Não sei, só o pessoal autorizado pode entrar lá - Carla respondeu com receio - mas podemos tentar.

- Carla, você é a melhor! - dei um tapinha na coxa de Carla da mesma forma que fazíamos desde a infância.

Em menos de dois minutos havíamos chegado na tão famosa casa da rua quatro. Carla mostrou seu crachá da polícia e disse que eu estava com ela. Sem muitos rodeios conseguimos entrar na famosa casa em construção. Na frente da casa havia apenas duas viaturas da polícia militar que já estavam de partida.

- A polícia está loucamente correndo atrás de reforços - Carla quebrou o gelo quando estávamos caminhando pelos corredores da casa - estes casos de assassinatos... você tem certeza que não se lembra de nada daquela noite?

Eu não havia contado nada do que havia acontecido naquela noite para Carla. Eu estava tentando processar tudo o que havia acontecido e não queria preocupa-la com histórias de fantasmas e de "possessão", como os detetives haviam sugerido. No fim das contas eu ainda gostava da minha amiga de infância e estava feliz em tê-la como aliada.

- Só lembro de acordar e sair correndo - respondi - e então você me jogou na cadeia.

- Ei! - Carla sorriu - Já pedi desculpas por isso.

- Você não tem noção do que eu sofri lá dentro - falei meio desanimada.

- Se eu puder fazer qualquer coisa para te recompensar...

Carla parou e me olhou com um sorriso provocador. Porque ela estava fazendo aquilo? Será que ela sabia que eu sempre tive uma quedinha por ela? Respirei fundo e desconversei aquela ideia:

- Me ajude a encontrar o meu irmão - falei desanimada - e estaremos quites.

Encontramos o lugar onde os dois garotos foram atacados. Alguns peritos ainda analisavam o local e tiravam algumas fotos. Carla reconheceu um amigo e se aproximou perguntando:

- Alguma coisa nova? - Carla perguntou.

- Hoje a tarde achamos fios de cabelos e levamos para outra cidade afim de recolher o DNA. - o garoto nos encarava meio cansado e mau se importou em nos dar essa notícia - parece que o resultado bate com o depoimento de uma mulher que viu um homem entrando dentro da casa perto do meio-dia.

- Quem? - deixei a pergunta escapar meio aflita.

- Jair Pereira - o perito respondeu com um bocejo - acho que temos que ir embora.

- Sim, Carla! - peguei a mão da minha amiga e a dirigi para fora - temos que ir.

Saí da rua casa ainda meio transtornada tentando ligar os pontinhos na minha cabeça. Viramos pela avenida principal da vila e continuei andando puxando Carla pelos braços.

- Está bem - ela falou - eu tenho que perguntar. Onde estamos indo?

- Para a casa da Dona Denise - respondi - um dia eu passei lá para vê-la e encontrei esse tal de Jair lá. Ela deve saber de alguma coisa e...

- Já são nove e meia da noite - Carla estava claramente cansada - acho melhor voltarmos amanhã.

- Não temos que ir agora porque...

Senti uma forte tontura na cabeça e não consegui dizer mais nada. De repente tudo ficou escuro.

- Acho melhor voltarmos amanhã. - Carla repetiu.

Algo havia acontecido. Eu olhei para os lados a procura de uma resposta. Por um segundo eu tinha sentido um frio terrível atravessar meu corpo inteiro e minha cabeça girou por todos os lados. Respirei fundo e tentei parecer o mais natural possível.

- Você sentiu algo estranho? - perguntei a Carla.

- Não, está tudo normal - ela respondeu - você está bem?

Olhei desesperadamente para o meu corpo procurando algo que pudesse estar errado. Abri as palmas da mão e percebi que elas estavam sujas.

Sujas de graxa.

- Carla? - olhei diretamente para minha amiga - que horas são?

- Eu já disse - ela reclamou - são nove e meia.

Peguei o meu celular no bolso e observei o relógio. Estavam marcando dez horas e onze minutos.

- No meu já são mais de dez horas - falei.

- Devo ter visto errado então - Carla disse me estranhando - você tem certeza que está bem?

- Estou sim - respondi - sabe de uma coisa. Eu acho melhor você voltar para casa. Já está tarde e amanhã a gente continua a nossa busca.

- Pode ser - ela pareceu aliviada - quer uma carona?

- Não se preocupe - respondi com um sorriso falso - a gente sê vê amanhã.

Carla me encarou por alguns instantes desconfiada de algo. Eu teria que fazer alguma coisa para ela se dar por vencido e não me seguir até a casa da Dona Denise. Então sem muitas delongas eu a puxei para perto de mim e dei um selinho de leve em sua boca. Por mais rápido que tenha sido, o mundo pareceu girar com aquele toque de lábios.

- Boa noite - Carla sorriu - e se cuida.

Esperei por uns cinco minutos até Carla passar com seu carro e ir embora de vez. Não poderia colocar a vida dela em risco daquela forma. Eu não me arriscaria a perder mais uma pessoa que eu amo.

Respirei fundo e me dirigi até a rua de número três.

A casa da Dona Denise estava toda apagada. A luz dos postes iluminavam o portão e quando eu me aproximei, pude notar a quantidade de graxa que havia no portão.

Eu havia entrado naquela casa, sem sobrar nenhuma lembrança sequer.

Pensei um pouco e resolvi entrar sem ser fazer barulho. Abri o portão de metal com cuidado e atravessei o pequeno quintal até chegar a porta da sala. Escutei um som abafado que parecia mais um choro e senti um pouco de medo quando abri a porta e entrei na casa.

Estava tudo escuro, a não ser por velas espalhadas pela cozinha. A casa parecia estar completamente destruída como se tivesse passado uma multidão por lá. O barulho de choro começou a ficar mais forte até que eu não resisti e me entreguei chamando o nome de Dona Denise.

- Quem está aí? - uma voz surgiu da cozinha.

Resolvi me mostrar e apareci entrando na cozinha. As luzes de vela clareavam não só o meu rosto, como também a cara de Dona Denise e o pior de tudo...

Três corpos jogados no chão.

O primeiro estava completamente nu e sem sujeira alguma no corpo.

O segundo eu reconheci como o senhor Jair. Estava com um olho furado e garganta completamente degolada.

O terceiro era um menino nu completamente sujo de sangue. Esse estava acordado e era o dono do choro que eu havia escutado.

- A menina Joana voltou - Dona Denise se levantou e caminhou em minha direção - veio procurar seu irmãozinho novamente?

- Sim - respondi ainda analisando os corpos e tentando não desmoronar com tudo aquilo - você sabe aonde eu posso encontra-lo?

A senhora sorriu. Sua feição parecia com a de uma bruxa debochando das minhas perguntas:

- Provavelmente ele deve estar perdido pelos cantos, confuso, sem saber o que está acontecendo, ou...

- Morto? - completei.

- Não... - Dona Denise sorriu mais uma vez - tudo menos morto. Ele era uma criança inocente. Demônios adoram crianças inocentes, ele não iria deixar isso acontecer com seu pobre irmãozinho.

- Quem é "ele" - perguntei meio impaciente.

- Você o conhece muito bem - a senhora mostrou um pouco de nervosismo - ele te fez uma visita agorinha mesmo não é? Você não é tão estúpida como as pessoas dessa Vila. Você sentiu, não é mesmo?

- Eu... - minha voz fraquejou - não sei bem o que eu senti.

Dona Denise continuou o que estava fazendo. No começo eu pensei que era algum tipo de ritual religioso, mas depois eu entendi melhor. Ela estava destruindo as evidências.

- Jair era um homem idiota, mas me servia muito bem - ela falou enquanto arrastava o corpo do homem para o fundo - era para ele ter ficado no quarto. Eu consegui broquear esse maldito espírito, mas ele destruiu tudo. O garoto está vivo, mas eu ainda não tenho certeza até quando. Se ele sair daqui e abrir essa boca de chupar rola para alguém, eu estarei ferrada.

O garoto tentou implorar por sua vida, mas bastou um olhar de Dona Denise que ele voltou a se calar:

- Hoje é o dia do aniversário da morte dele, 8 de Fevereiro. Geralmente ele só tem forças para possuir uma ou outra pessoa. Hoje marca o dia da renovação da sua maldição, então ele consegue atingir todos os moradores dessa vilinha estúpida.

- Mas porque? - eu perguntei meio confusa.

- Hoje a noite, esse garoto aqui cometeu o pecado - Dona Denise voltou a sorrir nervosa - a cada ano que passa esses pecados vem se tornando frequentes nessa vila e ele odeia essas coisas.

- O que você fez? - eu perguntei para o garoto jogado no chão.

- Eu transei com o homem que o senhor Jair trouxe para cá - ele falava chorando - eu sei que é errado, mas eu juro que foi só isso.

As garotos do poço. Os que desapareceram na casa. O marido de Dona Denise. Até mesmo o meu irmão Caio. Tudo aquilo pareceu fazer um pouco de sentido.

- Para esse... espírito..Transar com pessoas do mesmo sexo é algum tipo de pecado? - perguntei a Dona Denise.

- Acho que agora você está entendendo - ela puxou o segundo corpo para longe.

- Mas você conseguiu parar isso, não é mesmo?

Dona Denise me fitou dos pés a cabeça e respondeu amargurada.

- Você deve pensar que eu sou algum tipo de feiticeira, mas as coisas são mais simples do que parece.

- Eu não quis dizer isso... me desculpa eu...

- Somente o amor pode parar o ódio Joana.

Em minha cabeça eu me lembrei do meu pai enquanto ele estava possuído. Eu falei o nome de minha mãe e aquilo foi a única coisa que impediu ele de me matar.

- E o garotinho? - lembrei do garoto que meu pai havia assassinado - isso não pode ser verdade! Ele era inocente! A senhora mesmo me disse isso.

Dona Denise me encarou e só cutucou o garoto vivo no chão para ele responder:

- Aquela noite eu... eu pedi para o senhor Jair me ajudar a desligar a energia da rua para enganar um garoto - sua voz saia trêmula - eu falei para todos que era meu pai que fazia isso, mas na verdade tinha sido o senhor Jair. E como recompensa... como recompensa... eu tive que deixa-lo me chupar. Foi uma coisa rápida em menos de dois minutos, eu não cobrei nada eu só... todos estavam escondido no quintal de casa... eu disse que ia no banheiro e o senhor Jair veio comigo.

- Está bem - Dona Denise respondeu - Agora cale a boca.

O garoto e o senhor Jair estavam rodeados de pessoas. Esse tal espírito não conseguiria prejudica-los, por isso ele foi atrás do menininho.

- Como a senhora sabia disso? - perguntei.

- Eu sempre tive em minha família... - Dona Denise iria responder quando um som fez ela parar de falar.

Som de viaturas parando em frente da casa fizeram meu coração gelar. Querendo ou não estar ali me fazia ter participação naquilo tudo. Teria que fugir o mais rápido possível.

- Tem uma saída lá no fundo que dá na rua de número 4, eu tenho que fugir! - Dona Denise se apressou pegando uma maleta em sua mão.

- Mas o que faremos? - perguntei desesperada.

- Eu não sei você! - foi o conselho de Dona Denise - mas eu irei me fingir de louca em algum canto e passarei algum tempo em um hospício, tenho muito dinheiro na conta para recomeçar a minha vida depois disso. Meu único problemas são vocês dois.

- Como assim? - perguntei desesperada.

- Eu tive que salva-lo do demônio para fazer algumas perguntas e você pelo jeito só atraiu os policiais até aqui - dona Denise escolheu cuidadosamente uma faca da gaveta.

Eu pensei que tinha enganado Carla, mas ela havia me traído. Ela deveria ter informado os detetives sobre o paradeiro de Jair. A polícia bateu palma na frente da casa. Não demoraria muito para eles invadirem.

- Desculpa - Dona Denise voltou a sorrir - não se deve confiar em ninguém é por isso que vocês agora tem mais utilidade para mim mortos do que vivos.

A senhora de quarenta anos me atacou com a faca nem me dando tempo para gritar. Desviei do golpe e acabei indo parar do outro lado da cozinha.

- Você deveria ter ficado na sua cidade garota! Você não deveria ter se metido nisso tudo. O Ódio dele só vai cair ainda mais em sua cabeça!

Dona Denise estava prestes a me matar. Quando o garoto levantou do chão com uma força que eu jamais iria pensar que ele teria. Com apenas um empurrão ele arremessou a senhora Denise até ela cair de bruços na minha frente.

- Você não é a única que sabe enganar os outros - o menino disse se dirigindo até a porta perto dos policias.

- Espere! - chamei-o - os policias não podem nos pegar aqui. Iremos para a cadeia.

- Mas eles vão investigar - o menino falou indo até o quarto e vestindo uma samba canção.

- Todos nós somos suspeitos - falei desesperada - se contar quantos assassinos essa vila já tem. Só não podemos nos dar ao luxo de ser pegos agora.

O menino pensou um pouco e ficou observando a Dona Denise meio tonta no chão:

- Mas e ela?

- Por favor! - ela implorou - me deixem fugir junto.

- Você tentou me matar - falei sem piedade.

- Eu posso te levar até o seu irmão - ela falou desesperada - ele está em uma cabana na floresta. Lá que eles acabam indo parar. Por favor, eu te levo até lá agora mesmo.

Ponderei um pouco. Aquela seria a última chance de encontrar o meu irmão. Pensei muito sobre o assunto e quando eu tomei a decisão de leva-la comigo, um grito mudo se formou na minha garganta.

O garoto havia enfiado uma faca de fatiar carnes no crânio da Dona Denise.

Os olhos da mulher se revirou como se ela tivesse sido possuída, mas na verdade era só a morte chegando até ela em poucos segundos.

- Essa vaca e o desgraçado do marido dela destruíram minha vida - ele disse me puxando pelos braços.

- Mas... - eu fiquei sem palavras para o que eu havia acabado de ouvir.

A polícia arrombou o portão de metal da casa e em menos de segundos eles estariam ali.

- Vamos, temos que sair daqui - andamos até a porta da cozinha - eu te levo até a essa maldita cabana e em troca você esquece de vez que eu estive aqui.

Tentei pensar de novo. Mas dessa vez não tive opção. Soltei a mão do garoto e procurei a saída dos fundos eu mesma. Não deixaria ele me guiar daquela forma.

- Pode ser! - respondi - e vamos logo, antes que mais algum demônio resolva nos possuir.

...

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E é isso. Agora só faltam 2 capitulos para essa série acabar (guenta o coração hehehe)

Quem quiser comentar, desde falar que é uma bosta, até falar que ficou terrível... fiquem a vontade! Aqui a gente aceita tudo de coração <3

Bem, não vou prometer nada, mas o capitulo 5 de "Só nós conhecemos" está quase pronto. Fiquem ligados.

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Me mande um e-mail para trocar whats : cesar.neto2@outlook.com

E até a próxima! Gratidão a todos!!

1x06 - "Esquecido" - Um passado esquecido da Vila Celestino é descoberto. Joana está fora de si enquanto Murilo tenta juntar um pouco de esperança para continuar sobrevivendo.

1x07 - "Extinto" - Murilo e Joana finalmente se encontram. Os segredos são revelados, porém nem todos poderão escapar da extinção.

Comentários

Há 3 comentários.

Por LuhXli em 2016-02-18 21:05:34
Ótimo capítulo, assim como a série e, atrevo-me a dizer, o autor! Mas fiquei muito triste de já está acabando! É minissérie, é? Lamentei por algumas mortes, mas sei que elas te satisfizeram. Fiquei com uma dúvida e ficarei feliz se puder esclarecê-la: vc tem o mesmo jeito e estilo do César do seu outro conto, ou ele é mais ficção que realidade?
Por edward em 2016-02-13 10:25:34
César seu lindo,quero muito o beijo viu 😘. Bom a série estar cada vez melhor,e aos poucos percebo que as coisas vão se encaixando,deixando tudo mas intrigante,esse seu jeito de fazer a vida dos personagens se entrelaçarem é simplesmente incrível.um beijo do seu " vampirinho".
Por diegocampos em 2016-02-10 23:29:37
Nossa que capítulo doido haha cheio de surpresas, e uma pena o Leandro ter morrido eu gostava dele com o murilo haha muito ansioso para o próximo.