Conto de Cesar Neto como (Seguir)

E olha só quem voltou de uma viagem espacial... Sim sou eu! Sei que muitos não se importam, sei alguns fingem que se importam, mas eu pelo menos estava morrendo de saudades (awnnnn)

Fiquei exatamente (pode conferir) um mês sem postar. Me xinguem pois eu sou culpado, e xinguem também o mês de março que além de não ter feriado, demorou mais de anos para passar. Mas o que importa é o presente e cá estou eu para continuar a nossa história.

Primeiro um recadinho importante: estava eu fuçando essa maravilha de internet esses dias e lá eu descobri um site/aplicativo muito foda, mais conhecido como whattpad. Para quem não sabe, whattpad é um lugar aonde você pode ler e postar seus livros/contos/histórias como vários sites mas lá tem um diferencial pois o número de leitores é maior e a repercussão também. Resolvi então postar a série lá, editei várias coisas erradas que tinham no conto (erros gramaticais e não erros do tipo “fim de CEDRIGO”) e para acompanhar eu fiz várias capas bonitinhas também... ou seja, está uma belezinha. Os 5 primeiros capítulos já foram postados então eu queria pedir para vocês me seguirem lá, recapitularem alguns capítulos, conversarem comigo (pois sim, tem chatt nesse site)(no more e-mails) e até mesmo publicarem as suas séries lá para eu ler e tal.

Não abandonarei esse site pois ele tem um diferencial que lá eu não encontro, aqui é destinado ao povo gay e lá é geralzão completo. Mas como futuramente meus outros contos tratarão de assuntos não-gays também, eu talvez não publicarei aqui (pois tem gente que não pode ouvir falar em pepeca que já vem xingando nos coments), por isso “Seguem lá que eu sigo de volta” kkkkkkk

Agora os comentários dos lindos e lindas desse brasil UHUUUULLL #MelhorParte

“Klaus” – Sou igual e melhor que a justiça viu u.u ashusahuashu não passe vontade não miguxo, paçoca é uma delicia e ficar sem é um pecado. E e-mail é uma coisa meio desastrosa mas estou me esforçando para responder você e os lindinhos do meu coração <3 Muitíssimo obrigado Klaus por estar sempre aqui apoiando e acreditando nessa história! Beijão para você lindo :D

“Ryan Benson” – Ah pelo amor... quando eu separo Cedrigo vocês reclamam, quando eles começam a voltar vocês reclamam... #AssimNãoDá kkkkkkkkkkk e ficou enorme sim, se reclamar vai ficar mais enorme (brinks seu lindo, eu sei que estou exagerando mesmo kkkk). Ganhou vários pontos comigo por gostar de sorvete de chocolate... E pode deixar que eu estou marcando nesses lindo feriados de Abril para fazer uma maratona da suas séries pois eu sei que você não decepciona com suas histórias... Por hora um beijão para você gatão, a gente se fala mais no e-mail <3<3

“kadunascimento” – Você é o único thuthuco, gatinho, gostoso, safadão e que tem um lugar exclusivo no centro superior esquerdo do meu coração! Ainda quer mais?? Você abusa muito de mim kadusão ç.ç Eu tento dar amor para os meus leitores e eles me tratam assim, com ameaças de assassinato? Depois que eu mato alguns personagens, eu que fico com fama de malvado kkkkkkk mas mesmo você sendo um bocadinho ingrato, fica aqui com uma beijoca (nunca mandei beijoca para ninguém)( e beijoca é algo muito especial) para você! Muito obrigado kaduzão e até a próxima seu gatolindo <3<3<3

“Nicksme” – ... cada pontinho desse é uma martelada no meu coração </3 ... não sei mais o que eu faço com você lindão, fica aqui com meu amor e meu agradecimento, beijão Nicklindo <3<3<3

“Fagner” – Sim sim e sim... a maior parte dessa indecisão do Cesar é baseado em fatos reais (eu sofro muito com isso) maaaas é a vida né... Felipe é outro mar de indecisões, e o lande do beijo dos dois ainda vai causar muita trama nessa história (me aguarde)... Sobre o Otávio, já adianto que essa história vai desencadear muitos problemas ainda pela frente, e não só para o próprio Otávio, mas o preconceito dos pais dele vai servir de motivo para o Cesar enfrentar seu próprios medos. Apesar de Cedrigo não terminarem juntos, ainda tem muito coisa para a relação dos dois evoluírem, tanto como amizade tanto como namoro kkkkk Eu sinto que os dois estão vivendo uma fase de exploração, não temos a perspectiva do Rodrigo, mas sabemos que ele explora muito essa relação com o Otávio e isso só faz ele evoluir, assim como Cesar e Gale. Meu maior arrependimento ao ter escrito essa série, foi não te-la aumentado para uma quarta temporada, a ideia inicial era explorar todas essas relações maaaaaaas a vida segue e eu acho que a mensagem foi passada kkkkkkk Agora só me resta agradecer a você Fagnífico, tu és um cara muito bacana e seus comentários me dão uma visão geral do quanto essa história está evoluindo e se tornando interessante... Além de gato você é incrível e muito talentoso com as palavras, quantas vezes você já não definiu essa série em apenas um parágrafo?? Isso é muito foda e eu só tenho a te agradecer meu lindão <3<3 Beijão no seu coração e vamo que vamos encarar essa reta final, até mais <3<3<3

“perry201” – Oi meu amorzinho, espero que esteja tudo bem com você, fiquei preocupado com seu sumiço. Mas é assim mesmo, agora é lutar para melhorar e isso eu sei que você consegue, qualquer coisa estou sempre aqui para te dar força, mas não se preocupe pois dará tudo certo, ok? Beijão de luz para você e força pois eu acredito em tu! Beijão seu lindo <3<3<3

“Fleur” – A MUSA VOLTOU E VOLTOU SAMBANDO!!! Entendo a sua revolta mas eu acho que é meio uma questão de perspectiva, conhecemos e estamos lidando com Cesar desde o primeiro capítulo, sabemos quais são seus defeitos e suas limitações. Já no caso do Rodrigo só temos aquilo que o Cesar acha dele e um pequeno capítulo com seu ponto de vista. Rodrigo muitas vezes também tinha essa mania do Cesar de “enfrentar os seus problemas de uma forma duvidosa”, a diferença é que ele se redimiu e se assumiu para todos. Cesar ainda busca essa redenção para provar o seu amor a Rodrigo... nesse capítulo em especial, entenderemos um pouco de onde vem essa mania estranha do Cesar resolver os seus problemas kkkkkk Mas é isso minha linda, gosto demais quando vocês jogam suas opiniões e análises na roda então FALEM MESMO! Eu já sabia o futuro do Rodrigo desde o primeiro momento que eu escrevi essa história, apesar de não ser do jeito que a maioria quer... o que ele aprenderá no último capítulo será LINDO! Muito obrigado por tudo minha flor, você é muito especial aqui nos comentários e no meu coração também... Beijão para você meu amor <3<3<3

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RECAPITULANDO OS ÚLTIMOS CAPÍTULOS (pois tem gente que esquece)(me incluo): Cesar está namorando com Gale e os dois estão firmes um com o outro. Felipe está de pegação com a Bia, mas até agora nada aconteceu. Rodrigo está com o Otávio, mas mesmo assim ainda tem uma química com o Cesar. Cesar decide olhar sempre para trás quando o assunto for Rodrigo, mas como todo mundo sabe (pelo capítulo narrado pelo próprio Rodrigo) Cesar não olhou para trás e decidiu ir embora #NãoCumpridorDePromessas...

VII- Amor de mãe

E então era oficial. Estávamos na final do campeonato.

Gale correu a toda velocidade em minha direção e saltou sobre mim quase me derrubando no chão. Felipe veio logo atrás e dessa vez eu não aguentei com o peso dos dois e me espatifei no piso da quadra em quanto todo o resto da turma se jogava em cima de nós comemorando a vitória suada.

Depois da bagunça toda, me levantei com a cabeça girando e avistei Rodrigo parado no meio da quadra observando a cena toda com aquele sorriso lindo no rosto. Não pensei duas vezes em chegar até ele e abraça-lo o mais forte que eu pude. Rodrigo era a razão de eu ter virado o grande “treinador” do time, se não fosse por ele eu já teria desistido de qualquer coisa que envolvesse esporte e estaria gastando o meu tempo dormindo e aprontando. Chegar na final de um campeonato regional era digno de um abraço bem forte dele.

- Conseguimos cara! Conseguimos – Rodrigo parecia não acreditar nessa nossa proeza e por isso seu sorriso lindo não se desfazia da sua face.

- Rumo a final agora! – eu disse dando uma piscadela de leve para ele.

O último jogo do ano, a grande final do maior campeonato estudantil da região, a chance de sair da escola conhecido como o grande vencedor, mas nada disso importava para mim. Minha verdadeira vocação para ter chegado até ali era um sentimento egoísta que eu guardava dentro de mim: vingança.

Em duas semanas nós iríamos enfrentar os “Legendários do Vôlei”, o time mais fodástico de toda a região, o que já ganhara mais campeonatos do que qualquer outro e o mais importante de tudo, era o time do Davi.

Davi (para aqueles que já se esqueceram) é o responsável por transformar a minha vida em um inferno. Ele tinha ameaçado Rodrigo, esfregado a sua arrogância na cara do nosso time e principalmente me humilhado em público. Chegar a final e vencer aquele garoto ridículo e escroto seria um sonho se tornando realidade.

- O que você está pensando? – Gale perguntou no meu ouvido.

- Em você! – provoquei-o, naquela noite iríamos comemorar muito na minha casa por isso eu já estava trabalhando nisso.

Sua mão se agarrou na minha e nossos dedos se entrelaçaram. O time inteiro nos olhou e uma sensação gelada tomou conta da minha barriga. Então, com um grito de guerra, Gale ergueu minha mão aos céus e falou:

- AO NOSSO IMPERADOR!!

Todos responderam com mais gritos de comemoração e fomos se embora festejar.

- Ei Cesar, me encontre na minha sala.

Olhei para trás e vi a diretora Val-Val parada com mais um homem ao seu lado. “Lá vem merda”, pensei enquanto o cara me analisava e a diretora parecia impaciente.

- Vou lá ver o que ela quer – olhei para Gale e mandei um beijinho – me esperem lá fora, pode ser?

- Claro – ele disse conduzindo a galera toda para a fora.

Voltei a minha atenção a diretora. O cargo de diretora deu um privilégios a mais para a Val-Val, agora ela andava com os cabelos pintados, unhas bem feitas e até uma maquiagem de leve aparecia. Luxos que nenhum professor parecia ter enquanto trabalhavam.

- Aonde podemos conversar em particular? – ela perguntou.

- Na sua sala ué? – eu disse irônico.

Ela revirou os olhos como se estivesse com preguiça de responder.

- Prefiro um lugar mais perto. O Sr. Almeida não pretende ficar por muito tempo.

E então eu notei um pouco mais aquele que fora nomeado “Sr. Almeida”. Na faixa dos quarenta anos, alto, magro e com pequenas mechas brancas no cabelo negro, o tal Almeida parecia mais sério do que qualquer homem que eu já conhecera por aí.

- Vamos para a salinha então.

Depois de um tempinho nós três chegamos no quartinho (escritório, depósito e motel) que ficava do lado da quadra. Briguei com a Val-Val para sentar na cadeira macia e verde e obviamente eu perdi. Já Almeida nem fez questão de se sentar.

- E então? – perguntei – o que eu fiz de errado dessa vez?

Val-Val pôs a mão no rosto como se estivesse com vergonha do meu jeito enquanto Almeida fingia nem notar a minha presença.

- Cesar, o Sr. Almeida é o vice-diretor de uma das maiores faculdades particulares do Brasil e ele veio até aqui dar umas palavrinha com você.

Aquilo tudo soou estranho. Até aquele momento, faculdade era algo impossível para mim. A ideia de fazer um ano de cursinho era a minha verdadeira meta e plano para o futuro remoto depois do ensino médio. Fiquei um pouco desconfortável com tudo aquilo, mas antes de eu responder alguma coisa, o tal Almeida disse antes de mim:

- Eu sou vice-diretor da faculdade, mas além disso, esse ano me foi dada a “missão” de buscar alguns alunos com grande potencial como você!

- Aluno errado – respondi de supetão – aonde eu tenho potencial?

- Bem Cesar – ele prosseguiu – conversei com seus professores e a maioria disse que você tem um grande potencial. A preguiça e outros fatores te impedem de mostrar isso, mas na verdade não é isso que eu quero de você.

- E o que você quer de mim? – perguntei com um certo receio.

- Eu quero aquilo que você fez hoje a noite na quadra, aquilo que você fez em todo esse campeonato. Escuta, esportes são muito valorizado em nossas escolas, campeonatos universitários, grandes ligas... em nossa escola já se formaram alunos que receberam medalhas nas olimpíadas.

O que aquilo queria dizer eu não fazia a mínima ideia. Por isso ele prosseguiu falando.

- Além de vice-diretor eu sou o responsável pelo departamento esportivo do nosso campus. Minha missão era a de buscar grandes talentos no vôlei para se juntar ao nosso, digamos... time fracassado.

- Ainda não estou entendo – falei buscando ajuda no olhar da Val-Val.

- Bem, para ser mais claro – ele respondeu – estamos te oferecendo uma bolsa integral para estudar na nossa universidade. Enquanto você estiver jogando para a gente poderá escolher qualquer curso que quiser da nossa, deixando a humildade de lado, melhor faculdade do Brasil. Estou sem muito tempo para conversar agora, mas nos encontramos no meio da semana.

Meu coração se encheu de felicidade mais uma vez naquele dia e bobo de alegria eu perguntei:

- Isso é incrível, aonde eu me inscrevo?

- Gosto assim – ele disse sorrindo pela primeira vez – por hora você só precisa me dar resposta. E seja bem-vindo a faculdade nacional do Rio Grande do Norte.

Nunca fui bom em Geografia, mas ao ouvir o nome daquele estado me fez ter um mini choque térmico.

- É no Rio Grande do Norte mesmo? – eu perguntei ingênuo.

- Não menino – Val-Val respondeu – é na Lua.

- Não se preocupe – Almeida disse – vou te enviar algumas informações da faculdade no meio da semana. Você não irá nem se preocupar com o fator distância, apenas pense em seu futuro está bem?

Saí da sala pensando no meu futuro e aquilo só me fez ficar pior do que já estava. Como eu iria abandonar minha família, meus amigos, meu amor... Mas por outro lado eu não poderia deixar uma oportunidade daquela escapar, estudar em uma das faculdades mais caras do Brasil e fazer aquilo o que eu mais gostava...

Desesperado, me agarrei na primeira coisa que eu avistei na minha frente. Gale.

- Porque toda essa demora? – ele perguntou sorrindo – a galera já foi indo para a festa, vamos logo pois dessa vez eu não quero perder nadinha e ...

Agarrei-o no meio da calçada mesmo e o beijei. A noite e a escuridão nos esconderam dos olhares que estavam do outro lado da rua e por isso eu apenas aproveitei. Gale tinha sido pego de surpresa e ele odiava isso.

- Você me ama? – eu perguntei tentando ser o mais claro possível.

- Cara você está ficando louco? – ele respondeu se referindo as pessoas do outro lado da rua.

- Eu já sou louco, agora me responda. Você me ama?

- Amo Cesar, amo muito – ele falou ainda chocado.

- Quanto é esse seu muito? – insisti.

- O suficiente para te aturar por muitos anos de vida – ele segurou minhas mãos – aconteça o que acontecer, eu sempre estarei do seu lado, tanto como amigo e companheiro tanto como namorado e marido ou sei lá...

- Te amo! – falei beijando-o.

- Também te amo – ele sorriu antes de perguntar – mas porque tudo isso agora?

“Porque eu irei até o fim do mundo com você”, pensei em responder mas em vez disso eu falei:

- Por nada não, só para ter certeza.

Sem entender nada, Gale e eu continuamos a andar rumo a comemoração das nossas conquistas.

E então era oficial, eu jamais iria abandona-lo.

...

- MEU DEUS! COMO VOCÊ ESTÁ DIFERENTE!

Fui em direção ao Pietro e abracei-o como bons e velhos amigos.

- Esse tipo de comentário pode magoar viu? – eu falei brincando – Você está me chamando de feio?

- Eu não vou comentar que você está mais lindo e gostoso porque eu não quero aumentar esse seu ego. – ele respondeu rindo.

Fazia um bom tempo que eu não via o Pietro então só para relembrar vamos voltar um pouco no tempo. Pietro é o garoto que dava em cima de mim pois seu namorado tinha largado dele. Graças a minha pessoa os dois voltaram e mais tarde se assumiram para toda sua família. Se você ainda não se lembrou ele é aquele garoto que me chupou na boate (se você não lembrou ainda, volta lá e releia o conto kkkkk).

Pietro sempre foi meio colorido, vestia calças de cores diferentes, camisas com estampas chamativas e até cabelos muito bem penteados. Hoje ele estava mais comportado e tirando o fato de suas roupas estarem coladas em cada célula do seu corpo, nenhuma cor além de preto e branco fazia parte de suas vestimentas.

- Mas e aí? Como que andam as coisas? – eu perguntei.

- Muitas novidades, mas primeiro... – Pietro acenou para o carro do outro lado da esquina e gritou – GUTO! VEM CÁ SEU BIXO DO MATO!

Atravessando a rua, Guto (o namorado do Pietro) veio se juntar com a gente. Ele parecia ter ficado maior, mais forte e bem mais assustador também.

- Fala aí cara – eu o cumprimentei.

Guto fechou a cara e murmurou algo como “oi” meio emburrado.

- Então – Pietro voltou a falar – estamos apenas de passagem, mais tarde a gente combina de sair um pouco mais para contar as novidades, já conseguiu esquecer aquele guri Rodrigo?... Nem responda! Deixa eu ver direto... Isso aqui é para você!

Pietro tirou uma “carta” dourada e me entregou.

- O que é isso? – eu perguntei analisando o papel.

- Esse é o convite para o nosso casamento!

Abri o convite e vi a foto dos dois e um textão, com datas, horários e blá blá blá...

- Não acredito! Cara que fodástico! Parabéns para vocês dois!

Dei um abração nos dois e pela primeira vez o Guto sorriu.

- Muito legal né? E queria te convidar pessoalmente para a despedida de solteiro... – Pietro disse mais foi cortado pelo namorado que deu um beliscão na sua bunda – que ninguém ouviu dizer que vai rolar.

Batemos mais um papinho ali em frente de casa até que eles tiveram que ir embora por que tinham que entregar inúmeros convites ainda aquela tarde.

Pensei um pouco na história do Pietro. Ele tinha abandonado o seu namorado para vir fazer a sua faculdade aqui na minha cidade. Ele ficou louco e saiu por aí chupando meio mundo por causa da solidão... se eu fosse para o Rio Grande do Sul estaria na mesma ou na pior. Apesar de ser uma oferta tentadora, eu não iria abandonar meu amor em hipótese alguma.

- O que é esse bilhete na sua mão?

Entrei em casa e dei de cara com a Rosemônio. Ultimamente a minha madrasta vinha pegando cada vez mais no meu pé. A maioria das vezes era falando que eu deveria arrumar um emprego, estudar mais, ir com ela para a igreja... e por aí vai.

- Isso é um convite de casamento – eu sorri – o casamento dos meus amigos gays.

Ela olhou para o papel com nojo e repulsa, mas antes de poder falar alguma coisa, o barulho do carro do meu pai estacionando na garagem a fez parar de me olhar.

- E aí Cesar – ele disse dando uns tapinhas em minhas costas – como você está amor? – e beijou aquela quenga.

Antes mesmo de responder, Rosemônio já começou com suas acusações:

- Está sabendo que há menos de dois meses do vestibular o seu filho estará indo em uma festa gay ao invés de estar estudando?

Meu pai se virou assustado para mim:

- Que história é essa de festa gay?

- Não é uma festa – eu respondi bravo – é um casamento comum. Isso que a sua esposa está fazendo se chama homofobia e ...

- Pelo jeito você está criando uma meninona dentro de casa amor – ela falou rindo me fazendo ficar mais puto ainda.

- Qual é o problema? – eu perguntei – ele já cria uma biscatona aqui dentro.

- JÁ CHEGA CESAR! – meu pai ergueu a sua voz mais que o habitual.

O clima ficou feio daquela maneira por uns trinta segundos, mais um pouco eu já estaria dando umas bicudas na cara daquela vaca.

- VÁ A FESTA OU CASAMENTO QUE VOCÊ QUISER! – Meu pai disse para mim – mas hoje eu recebi a ligação da sua diretora e ela me disse que você recusou na cara dura uma bolsa para estudar na melhor faculdade do Brasil, isso é verdade?

Adicionei a Val-Val na lista de pessoas que iriam receber uma voadora em breve e abaixei a cabeça.

- É no Rio Grande do Norte...

- O que importa? – ele perguntou – é a MELHOR DO BRASIL! Você acha que eu vou ficar pagando cursinho para você estudar?

- Eu arranjo um emprego e pago o cursinho... – tentei dizer.

- E então vamos ter que te sustentar por mais um ano? – Rosemônio falou.

Não sei o que tinha doído mais, as palavras dela ou o silêncio do meu pai.

- Desculpa se eu fui um fardo para você por dezessete anos – eu disse especialmente para o meu pai.

- Cesar não é assim...

Virei as costas e fui para o meu quarto, sem pensar em muita coisa, abri meu guarda-roupa, enfiei algumas trocas de roupa na mochila, peguei a carteira e outros itens de higiene e sai pelo portão.

- Aonde você pensa que vai? – Rosemônio perguntou.

- Para o inferno, a companhia do capeta deve ser melhor que a sua.

- CESAR – meu pai berrou atrás de mim – AONDE VOCÊ VAI?

Olhei para trás, dei um sorriso e falei:

- Não sei... quem sabe eu não pegue aquela bolsa eu vou parar no Rio Grande do Norte como você tanto quer!

...

- Cesar você está bem? – A professora de matemática perguntou.

Eu dei umas piscadas para acordar para a realidade quando eu avisto metade da sala me observando com curiosidade.

Era muito comum eu nem aparecer para as aulas de matemática e quando eu aparecia era só para fazer uma prova ou um trabalho, por esse motivo a professora deve ter estranhado meu comportamento naquela aula.

- Eu muito bem dona – eu respondi – e a senhora? Está muita linda hoje, você pintou o cabelo?

- Aconteceu alguma coisa Cesar? – Felipe perguntou – Para você estar assistindo uma aula de matemática só pode ter algo de errado.

Gale me olhou e abriu um sorriso carinhoso. Ele era o único que sabia que eu tinha sido “expulso” de casa. O primeiro lugar que eu fui depois de brigar com meu pai foi a sua casa e depois de muita insistência ele me convenceu a dormir por lá naquela noite.

- EU ESTOU BEM – repeti a resposta – não posso nem assistir uma aula de... geometria analítica da elipse (o que diabos era isso eu nem sei) e já estão pensando que eu estou com uma doença terminal.

- Aliás – a professora começou a falar – na minha pesquisa de vestibulares que a turma inteira irá prestar eu não vi seu nome em nenhum lugar Cesar. Você não vai prestar nada esse ano?

- Está aberto para se inscrever em alguma coisa ainda? – eu perguntei desesperado.

Vestibular era a resposta. Se eu conseguisse entrar em uma universidade que não fosse no outro lado do Brasil seria perfeito para esfregar na cara do meu pai e daquela maldita Rose.

- Sim – a professora respondeu – mas só fica aberta mais essa semana então eu acho melhor você...

Nem esperei ela terminar. Peguei minha mochila que estava pesando dois sacos de cimento e sai da sala correndo. Corri na sala de informática, mas ela já tinha fechado. Escutei o sinal da última aula tocando e sai correndo para a diretoria. Sem ao menos bater na porta eu adentrei na pequena salinha da diretora Val-Val e a encontrei sentada lendo a papelada de sempre.

- Bom dia minha linda – eu disse – posso usar o seu computador?

- O que você quer? – ela se fez de indiferente – vai recusar mais uma faculdade prestigiada assim na cara dura?

- É isso mesmo que eu tenho que resolver, vou me inscrever em um vestibular.

- Já deveria ter feito isso faz tempo moleque. Entra logo aqui nesse computador.

Abri o site de vestibulares e comecei a fazer minha inscrição. Depois de responder mais de 13748174 perguntas, chegou a mais difícil de todas.

“Selecione sua primeira opção de curso”

- O que eu coloco aqui? – perguntei para a diretora.

- O seu curso!! O que mais poderia ser?

Pensei por alguns momentos e me lembrei que eu não fazia a mínima ideia de que curso eu queria fazer.

- Você teria algum para me sugerir?

- Administração de empresas? – ela apontou para a tela.

- Eu não sei administrar nem a minha própria vida – respondi.

- Medicina veterinária?

- Eu morro de medo de animais. (e isso é muito verdade)(não me julguem)

- Engenharia de sistemas? – ela continuou.

- Eu não faço a menor ideia do que seja isso – desabafei.

- Pedagogia! Você seria um ótimo professor! – ela disse animada.

Eu gargalhei bem gostosinho para ela:

- É mais fácil eu virar um Power Ranger do que ser um professor.

- Mas assim fica difícil te ajudar Cesar! – ele reclamou – faz assim então, pesquisa uma profissão que você goste e queira fazer e amanhã a gente acerta isso aqui pode ser?

- Por mim fechou – até amanhã então sua linda.

Sai da sua sala e fui direto para a quadra treinar.

- Ei amorzinho, espera aí! – Gale gritou do outro lado do corredor.

Como não tinha ninguém no corredor eu corri até ele e o apertei bem forte num abraço.

- Aonde você foi parar criatura? – ele perguntou.

- Fui resolver umas coisas de vestibular – passei a mão em volta de sua cintura e continuei a andar agarrado com ele – por falar nisso, o que você vai prestar?

- Relações Internacionais! Meu sonho desde criança...

- Aonde é isso? – eu voltei a perguntar.

- “Aonde é isso” – ele imitou a minha voz – você preocupado é a coisa mais fofa desse mundo. Mas fica tranquilo que tem muitos lugares aqui perto, eu quero muito ir para São Paulo, então talvez eu vá para lá.

- Você vai me abandonar? – eu disse tristonho.

- São Paulo está aqui do lado. Eu posso vir para cá todo dia para ver essa sua carinha linda... mas mudando de assunto, você vai dormir em casa essa noite?

- Por mais que eu adoro a ideia de passar as noites com esse seu bumbum delícia – eu apertei aquelas nádegas só para confirmar – hoje eu vou receber outro tipo de amor.

- Ah é assim então? Já está me trocando?

- Apesar de você ser a paixão da minha vida, hoje a noite eu estou procurando outro tipo de amor... Hoje eu me mudo para a casa da mamãe.

...

- Quantos anos você tem menino? – o motorista de meia idade com a testa franzina me perguntou.

Por dentro o meu coraçãozinho batia a mil por horas, aquela seria a primeira mentira que eu iria contar na vida.

- Tenho 5 anos moço – minhas palavras foram acompanhadas com um gesto mostrando os cinco dedos da mão.

O motorista me encarou dos pés a cabeça, seu olhar tentava desvendar até o fundo da minha alma. Senti minhas pernas tremerem um pouco, agarrei a mão de minha mãe e ela me passou um pouco de segurança.

- Tem certeza? – ele indagou novamente desconfiado.

Dessa vez eu não tive coragem de responder. Minha vontade era de gritar “Não, eu tenho 7 anos, minha mãe não tem dinheiro para pagar a minha passagem e por isso eu estou mentindo!”.

- Ele tem cinco anos sim! – a voz de minha mãe me acalmou – ele só é um pouco tímido né Cesinha?

Concordei com a cabeça com tanta força que até fiquei com tontura. O motorista vencido deixou nós dois passarmos, ela pagando e eu pulando a catraca. Procurei o banco mais alto daquele ônibus e respirei um pouco mais relaxado. Minha mãe se sentou ao meu lado e o ônibus tomou seu rumo.

- Porque você mentiu? – eu perguntei com tamanha inocência – eu fiz sete anos mês passado.

- Cesinha, Cesinha... – ela falou passando a mão no meu cabelo – a mamãe tem muito para te ensinar ainda. Existem mentiras ruins e malvadas que não podem jamais serem feitas para ninguém. Agora de vez em quando, e principalmente quando o maldito do seu pai nos deixa no centro da cidade sem nenhum tustão no bolso, uma mentirinha de leve pode passar em branco.

- Mas quando eu sei a diferença? – eu perguntei com a voz ardida de criança.

- Quando a mentira machuca alguma pessoa ela é muito errada, agora quando ela vem para ajudar as pessoas já é outra história. Só tente entender isso: a pior mentira é aquela que contamos para nós mesmos, entendeu?

- ... Não – eu respondi distraído olhando pela janela.

- Então desce do banco que a gente já está chegando.

O barulho do ônibus me fez voltar para a realidade. Dei um pulo do banco e a minha versão de 17 anos saiu pela porta do ônibus quase se enroscando nas barras.

Sai do treino já eram cinco e meia da tarde. Cheguei na casa da minha mãe e o sol já estava se pondo. Ela morava em um bairro bem na periferia da cidade. Eu ia lá muito pouco, pois na maioria das vezes quem ia me visitar era ela. Eu me sentia culpado por isso porque agora que eu precisava de sua ajuda não era muito legal da minha parte aparecer assim.

A casa era pequena, mas muito aconchegante. Tinha o quarto da minha mãe, outro quartinho, sala, cozinha e banheiro depois disso mais nada. Minha mãe vivia sozinha depois do divórcio. Vez ou outra aparecia com um namorado, mas nada muito sério, geralmente durava semanas. Ela se chama Andressa, tem trinta e sete anos, alta, cabelos e olhos negros como o meu.

- Mãe? – chamei-a enquanto abria o portão.

- Tô aqui na cozinha!

Corri até ela e fui recebido com um grande abraço.

- O que você andou aprontando para o seu pai me ligar preocupado ontem à noite? – ela disse rindo.

- Eu sumi de casa. Não suporto mais aquela capeta da minha madrasta.

- A Maria mijona? – esse era o apelido da minha mãe para a Rose – não acredito que você saiu de casa por causa daquela quenga.

E então eu expliquei tudo direitinho para minha mãe que escutava enquanto preparava a janta. A comida da minha mãe era uma delícia como qualquer comida de mãe. Para vocês terem uma ideia, eu só concordei em ir morar com meu pai se ele aprendesse com ela a cozinhar, pois eu jamais iria conseguir viver sem as suas “invenções culinárias”.

- Olha – ela disse – a Maria mijona é uma flor de cortesia e amor e eu concordo plenamente com você, mas agora seu pai... ele só está preocupado com seu futuro... você também deveria se esforçar um pouquinho mais ou apenas fingir né?

- Eu não aguento mais aquela mulher! Sem chance. – falei resmungando.

- Você sabe que aqui em casa você sempre terá um cantinho para dormir né meu amor - ela falou enquanto bagunçava o meu cabelo – mas no momento eu tenho algumas notícias importantes para te dar.

- Vish... lá vem – sorri com um pouco de medo.

- Primeiro, meu namorado está vindo morar aqui também!

- Por mim tudo bem – respondi – desde que ele não seja a versão macho da Rosemônio.

- Não, ele é o Marcos sabe? Aquele advogado que eu namorei por uns tempos.

- Sei... – concordei mentindo.

- E a outra notícia... – ela parou e fez um suspense – o quarto será exclusivamente seu por apenas oito meses, depois eu acho que você terá que dividi-lo.

O mundo tombou de cabeça para baixo e eu tentei entender o que aquilo significava.

- O que você quer dizer? – eu perguntei já sabendo a resposta.

- VOCÊ VAI GANHAR UM IRMÃOZINHO OU IRMÃZINHA!

Agora o mesmo mundo que tinha acabado de tombar de cabeça para baixo, começou a vibrar e sacudir de todas as formas. Essa notícia fez com que meu dia chato e cheio de problemas, um dos melhores da minha vida.

- Isso é muito demais!!! – abracei ela e senti as lágrimas encharcarem os meus olhos.

- Sim, - ela respondeu chorando – você será um ótimo irmão mais velho, você pode brincar com ele, levar ele para passear... você pode até mesmo ensinar ele a jogar vôlei e fazer um trilhão de coisas.

“Ensinar ele a jogar vôlei”, “ensinar ele a jogar vôlei”, “ensinar”, “vôlei”...

Pensei em tudo aquilo e abracei a minha mãe o mais forte ainda, a melhor mãe de todas.

Eu então já sabia o que faria do meu futuro.

...

- ABRE ESSA PORTA CESINHA!

Felipe gritava desesperado enquanto eu e Bia ríamos até nossas barrigas doerem. Eu tinha trancado ele no meu mais novo quarto logo após ele fazer uma série de piadinha a meu respeito.

Os dois tinham ido em casa me ajudar a arrumar algumas coisas e fazer um seminário idiota de Geografia. Felipe me zoava por causa da faculdade que eu iria prestar.

- Educação Física? – ele falou agarrado a porta – ninguém tem saco para o seu ego enquanto aluno, imagina só se virar professor.

- Parabéns cara! – eu ri novamente – você acaba de ganhar mais meia hora trancado aí dentro.

- Cesar você já fez a inscrição então? – Bia falou mais seriamente – agora eu quero ver estudo porque não é fácil passar assim não.

- BIA ME TIRA DAQUI! – Felipe implorou do outro lado – eu tenho claustrofobia.

- Desculpa – Bia respondeu-o – eu não vou me meter na briga de vocês dois. Cesar, aonde você disse que tá aquele bolo delicioso da sua mãe mesmo?

Com os gritos prometendo vingança do Felipe em nossas costas, eu e Bia fomos até a cozinha comer o bolo de cenoura da minha mãe. Bia tinha crescido muito de um tempo para cá e agora a menina que sempre foi uns dois palmos menor do que eu, agora já quase me ultrapassava.

- Cesar, eu preciso que você me ajude com uma coisa meio urgente. – Bia me confidenciou.

- Pode falar – respondi – é coisa séria?

- Não muito, eu só preciso de alguém para organizar o baile de fim de ano da nossa escola, eu não consegui ninguém para me ajudar a organizar as coisas e você sabe que tem que ser perfeito, é o nosso último ano cara!

- Deixa comigo, vamos dar a maior festa que aquela escola já viu – realmente eu já estava pirando de tanta ideia que eu tinha para o tradicional “baile copiado dos EUA” que nossa escola teimava em fazer todo ano.

Senti meu celular vibrando e recebi uma mensagem do Gale: “Preciso conversar com você, urgente!”... falei para ele que eu estava na casa da minha mãe e ele respondeu novamente: “Estou aí perto, já chego aí”.

- Ah, eu preciso de um conselho seu também – Boa tornou a falar – um conselho para coisas mais... sentimentais.

- Estou ouvindo... – disse me debruçando na mesa.

- O Felipe já te contou que a gente está meio que ficando novamente né? O problema é que as coisas estão voltando a ficar sérias novamente e eu tenho medo de gostar muito dele e acabar se machucando igual da última vez... – Bia parou um pouco de falar e olhou para trás – não da para escutar não né?

- FELIPE! – Dei um berro e como resposta eu escutei um “o quê?” bem distante – não da não, e além disso aquela porta está bem trancada.

Bia olhou para trás ainda não completamente convencida mas aos poucos ela foi retornando:

- Mas é isso, agora eu não sei o que eu faço.

- Joga na balança! – falei animado – não é você que adora cálculos? Pega os pontos positivos e negativos dele e vê se vale a pena ou não ama-lo.

Os olhos da Bia brilharam, ela tinha adorado a ideia:

- Cesinha eu já te falei que você é incrível?

- Então vai lá... vamos começar pelos negativos – falei já todo animado para ajuda-la.

- Ele é meio lerdinho e isso me irrita muito, ele também não tem uma pegada forte mas eu acho que com o tempo isso melhora, ele se preocupa demais com as coisas, ele é muito grudento as vezes, ele... – bia fez uma lista enorme que deu cinco minutos ela ainda estava falando – O Felipe é egoísta, ele tem sérios problemas de identidade, meio mimado pela família também, e muito mas muuuuuito infantil!

- Só? – eu perguntei rindo.

- Eu já falei que ele é muito infantil? – Bia falou dando mais risada ainda.

- Tem certeza que você não esqueceu nada?

Essa voz não foi nem minha nem da Bia. Assustada a menina olhou para trás e deu de cara com o Felipe parado na porta da cozinha com os braços cruzados e os olhos já vermelhos.

- Como?... Porque?... – Bia não sabia o que falar.

- Eu sai pela janela!

O silêncio se instalou na cozinha da minha casa e eu me senti obrigado a quebra-lo:

- Que legal né gente! Eu nem sabia que a janela funcionava, que bacaninha... alguém quer mais bolo? Tem leite com café também, fica uma delícia com o bolo sabe? O leite ele... Prova um pouquinho Felipe.

- Acho melhor não Cesinha – Felipe falou bravo – não precisa ficar mimando a criançona infantil aqui não. Vou deixar a adulta aí fazendo o nosso trabalho com você.

E dito isso, ele pegou sua mochila e foi se embora de casa. Tentei correr atrás dele para explicar o que tinha acontecido, mas no meio do caminho eu me deparo com o Gale.

Gale era outro que estava com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas, o que tinha acontecido eu não fazia a mínima ideia.

- Você está bem? – perguntei o abraçando – o que houve?

Ele começou a chorar na minha frente e eu não sabia como reagir a aquilo. Gale que sempre foi forte e muitas vezes insensível agora parecia uma criança ali na minha frente todo vulnerável.

- Eu... eu... – ele tinha dificuldade para falar – eu consegui uma bolsa para a faculdade do Rio Grande do Norte, eu fui escolhido como o melhor jogador de vôlei da escola e me deram essa bolsa...

Eu não merecia isso, suspirei, tentei sorrir, olhei para o céu... implorei para que aquilo fosse mentira. Mas não era. Antes mesmo de eu fazer a pergunta, Gale me deu a resposta:

- Eu aceitei... eu estou indo embora nesse final de semana.

...

Sozinho, abandonado, destruído. A única vez que eu tinha me sentido assim na vida foi após o término do meu namoro com o Rodrigo, mas mesmo assim dessa vez ara ainda muito pior.

Sentado na calçada em frente a casa de minha mãe, eu decidi que não iria chorar. A decisão tinha sido completamente minha, ele apenas fez aquilo que eu não tive coragem para fazer. Era completamente compreensível a sua decisão, mas mesmo assim doía. Nosso amor não era algo para a vida inteira, erro meu ao acreditar nisso.

Peguei a aliança negra que ainda estava no meu dedo anelar e a arranquei. Agora ela não significava mais nada, e por isso eu a arremessei com a maior força que eu tinha no braço. Aquilo tinha sido um adeus completo a qualquer resquício que havia do meu amor com o Gale. As coisas agora pelo menos não podiam piorar.

Puro engano meu.

A buzina do carro me fez voltar para a realidade. Eu reconheci o carro do meu pai, mas para o meu eterno desgosto não era ele que estava na direção. A cara da minha madrasta estava mais rígida e enrugada do que sempre e seus olhos brilhavam com aquele nojo que ela tanto adorava exalar.

- Entra no carro agora menino, precisamos conversar! – ela colocou a cabeça para fora e disse.

Com toda a calma do mundo eu me levantei e fui em direção ao portãozinho da casa da minha mãe. Meu dia já tinha sido uma merda sem limites, não iria piora-lo conversando com aquele demônio.

- Por acaso seu pai sabe que você é gay? – seu tom de ameaça me fez virar a cabeça e olha-la dentro dos olhos – Se você não quiser que ele descubra hoje mesmo é melhor entrar nesse carro agora!

Sem muitas outras opções, decidi jogar o joguinho dela. Abri a porta e me sentei no passageiro, em silêncio ela deu partida e o carro começou a andar.

- O que você quer? – eu fui direto ao assunto.

- O que eu quero? – ela parou e pensou um pouquinho – porque você pensa que eu devo querer alguma coisa menino?

“Porque você é uma escrota, ridícula e interesseira”, pensei mas não iria insulta-la dessa maneira, afinal eu estava comendo na palma da mão dela.

Após algum tempo vendo que eu não iria responder, Rosemônio acabou falando:

- Eu só quero te levar para casa.

- Minha casa não é mais lá com meu pai, eu tenho outra família agora, minha mãe, meu padrasto, meu futuro irmão...

- Sua mãe está gravida? – aquilo pareceu choca-la – mais um motivo para você voltar para a casa, lá não terá espaço para você.

- Porque você se importa tanto com a minha vida heim? – eu disse já aumentando o tom de voz – Você me manda ir para uma igreja, reclama das minhas notas, se mete na minha vida, quer me julgar por causa de opção sexual... O que eu fiz para você? Se era o amor do meu pai exclusivo que você queria, agora ele já é seu! O que você quer agora? Transformar a minha vida em um inferno?

- Eu só queria o melhor para ... – ela começou a dizer, mas eu a cortei.

- ARRUME UM FILHO PARA VOCÊ CRIAR ENTÃO!

E de repente ela para o carro com tudo no meio da rua. Olhei para ela e vi seus olhos lacrimejando. Decidi que o melhor a se fazer seria abrir a porta e sair do carro, mas quando eu estava tomando a decisão ela começou a falar:

- Eu sempre quis ter um filho sabe? Ficar grávida, carregar uma criança de colo, dar de mamar para ela, eu sempre soube que eu jamais me sentiria realizada se eu não me tornasse mãe. Eu tentei engravidar por várias e várias vezes, sempre sem sucesso. Implorei a Deus por essa benção mas não funcionou, tentei simpatias e também não deu certo, tentei até mesmo magias, cheguei a esse extremo ridículo para conseguir me tornar uma mãe. Finalmente eu fui em um médico e ele disse aquilo o que eu já sabia “Você é estéril”. Meu sonho era o de ser mãe, mas eu jamais poderia ser uma. O mais próximo que eu consegui chegar disso era quando eu preparava a sua comida, brigava com você por vários motivos, fuçava no histórico do seu computador, ou até mesmo quando eu insistia que você fosse para a igreja. Eu queria provar para aquelas pessoas que eu poderia ter uma família sim, apesar de ter nascido com um defeito.

Ela parou de falar e começou a chorar de verdade. Ver minha madrasta assim, tão insegura na minha frente me fez ficar triste. Pela primeira vez na minha vida eu tinha enxergado um ser humano dentro dela.

- Olha, eu vou falar uma coisa – comecei a dizer – que se você contar para alguém eu vou jurar de pé juntos que é mentira. Eu nunca fui com a sua cara, mas apesar disso, muitas coisas que você fez me ajudaram ou até mesmo me salvaram (quais coisas eu não sei). Esse amor que você tem por mim, é um amor de mãe preocupada, coisa que eu jamais tive na minha vida e por isso eu te estranhava tanto.

Ela novamente ligou o carro, enxugou as lágrimas e voltou a ter aquela expressão furiosa no rosto.

- Então é isso, estamos certo então? – ela perguntou – eu continuarei pegando no seu pé, fazendo você criar um pouquinho de juízo nessa sua mente, mas saiba que apesar de tudo, isso é para o seu próprio bem.

- E você vai contar para o meu pai que... você sabe.

- Que você é gay? – ela confirmou – a vida é sua, faça dela o quiser meu jovem. Um dia você terá que contar para o seu pai e eu estarei lá para dizer “eu avisei”, mas no momento você terá que contar por si próprio.

- Ual – falei espantado – e foi assim que eu te odiei um pouco menos.

- Espero que isso seja um elogio – ela falou – agora vamos logo que tem um amigo seu te esperando lá em casa.

- Que amigo? – eu perguntei preocupado.

- Aquele... o Rogério? Roberto? Ai é aquele que você namorou por muito tempo.

- O Rodrigo? – eu falei espantado – Como você sabe que eu e ele namorávamos?

- Eu não sou uma pessoa idiota Cesar. Os dois davam muito na cara. Mas no fundo, se te serve de consolo, vocês dois formavam um casal muito lindo. Eu até aturaria assistir um casamento de vocês dois.

“Mas o que?” era muitas coisas para processar na cabeça, mas quando eu vi o Rodrigo em frente a calçada de casa vestindo um jeans bem agarradinha, um moletom pois fazia um friozinho bem chato, e o cabelo todo despenteado, minhas dúvidas sumiram e eu apenas pensava nele.

Abri a porta do carro e corri até ele. Minha madrasta entrou dentro de casa nos dando privacidade, mas pelo o que eu tinha percebido, ela deveria estar espiando de algum lugar.

- E aí cara – eu disse abraçando-o – o que você tá perdido por aqui?

Com os braços em volta do corpo e tremendo um pouquinho por causa do frio, Rodrigo respondeu:

- Eu e o Otávio tivemos uma briga feia e... – Rodrigo não conseguiu falar mais que isso.

Abracei-o mais uma vez e o calor dos nossos corpos o fez parar de tremer.

- Ele mentiu para mim Cesar – Rodrigo disse – e eu não consigo fingir que está tudo bem, pois não está. Como vocês conseguem mentir dessa forma?

Rodrigo agora me via como o culpado de algo. Não fazia a mínima ideia do que podia ser, simplesmente aproximei um pouco mais sobre ele e falei:

- Minha mãe me ensinou a mentir sabe? Ela dizia que existiam três tipos de mentira. A primeira é quando a mentira machuca as pessoas, a segunda é quando mentimos para o próprio bem dela, que no caso foi o que o Otávio deve ter feito. Então não se preocupe que vai ficar tudo bem entre vocês dois...

- E a terceira? – Rodrigo me cortou – qual é o terceiro tipo de mentira?

Respirei bem fundo, olhei dentro daqueles olhos verdes tristonhos e respondi:

- É a que nós dois tivemos esse ano inteiro, é aquela mentira que contamos para nós mesmos. Eu nunca consegui te esquecer, você sempre foi a pessoa da minha vida. Eu mesmo tentei me enganar, mentir para mim mesmo tentando me convencer do contrário que eu já tinha te esquecido e tudo mais.

Ficamos em silêncio por um momento. Até que eu fiz a pergunta que estava me matando.

- Você também já mentiu para si mesmo? Você tentou se convencer que tinha me esquecido?

E como resposta, Rodrigo me beijou.

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Por hoje é só. Fãs do Cedrigo comemorem, outros fãs não se preocupem pois haverá mais histórias pela frente.

O próximo capítulo será enoooormeeee. Eu já sei disso só pelo fato das muitas coisas que terão que acontecer. (final do campeonato, volta do Davi, despedida do Gale, mimimis) então para não fazer um capítulo gigante eu decidi dividi-lo em duas partes. As duas serão postadas simultaneamente, ou não, mas até lá vamos que vamos...

Agradeço a todos que chegaram até aqui, faltam apenas 3 capítulos para o fim e já está dando um aperto no coração. Comentem, xinguem, vocês já me conhecem há mais de 27 capítulos e sabem que eu sou só amor e alegria <3 então soltem o verbo e mandem bala. Conto com vocês!

Ah para quem quiser me seguir no Whattpad é “CesarFNeto”

Feliz Pascoa para todos, muitos ovos para vocês ( de chocolate seus safados) e até a próxima!!

Comentários

Há 7 comentários.

Por Mrkurt em 2015-04-09 03:07:48
Olá!! Bom, sou novo por aqui, mas sem enrolaçao queria deixar algumas palavras. Eu a m e i esse conto! Ainda mais cedrigo♡♡ Esses dois dias para mim (sim, li sem parar) foi até dificil nos momentos de separaçao de rodrigo e cesar, nao conseguia me alimentar normalmente, pq dava até borboletas no estomago etc ;-; eu n sei como consegui chegar nesse capitulo. Enfim, eu ainda esperanças de cedrigo!! E mande gale para o espaço queimando vivo!!! Obrigado por compartilhar essa historia, continua logo pff♡
Por jpli em 2015-04-06 11:49:42
Bom Inicialmente você é um FDP, me fez chorar ontem o dia todo quando separou,mais ao mesmo tempo eu te entendo o medo de ser rejeitado pela família não nós deixa mostrarmos quem somos de verdade, Um dia ouvi da pessoa mais importante da minha vida que se eu fosse gay seria a maior decepção da vida dela. A dor que isso me causou não poderia nem descrever porque não consigo até hoje lembrar disso e não sentir uma dor muito grande. Sua serie nós leva para dentro do seu coração do seu sofrimento. Amei de paixão essa serie agora saber que é uma historia real me deixou com esperanças que no futuro eu aceito um pedido que me foi feito e viva sem medos de ser feliz. espero que esses dois lindos fiquem juntos. Amo vocês.... <3
Por Ryan Benson em 2015-04-05 03:57:45
Mds Cesar, vc é sujo (muitos ovos pra vcs - de chocolate seus safados) rachei κκκκκκκκκκκκκκ. Queria que fosse chocolate branco, mas é chocolate de qualquer forma, então é válido rsrs (sou chocólatra assumido hehehe). Sobre o capítulo: se me dissessem que a Rose tem um lado sensível eu mandaria essa pessoa pra puta que pariu, sério, isso me surpreendeu bastante. Eu esperava ela dizendo que ele iria pro inferno ou algo assim, mas ela pareceu ser compreensiva na medida do possível, isso é bom (apesar de que eu ainda não vou com a cara dela). E só pra deixar claro, eu não me importo com quem o Cesar vai ficar (mentira, gosto dele com o Rodrigo), só quero mesmo é que alguém empurre ele pra fora do armário pq já passou da hora do garoto soltar a franga ashuashuashuashuashuashuahishuahushaushua zoa. E falando em sair do armário, cara, achei perfeito o Pietro e o namorado dele se casarem, foi muito fofo! Gostei pra caramba, quero os detalhes do casamento, tá ok?! A mãe do Cesar é muito escrota, igual o Cesar, adorei ela ashuashuashuashuashuashuahishuahushaushua e... Não tenho mais nada pra falar aqui, então até o próximo capítulo, beijão Cesinha ✌
Por SafadinhoGostosoo em 2015-04-04 17:16:41
E manda esse Gale pra puta que pariu 😤😒😒
Por SafadinhoGostosoo em 2015-04-04 17:15:40
O César não aceitou ir pra aquela faculdade por causa do Gale, mas o Gale não fez isso por ele '-'. Belo namorado que ele é, hein ? César idiota, perdeu a oportunidade de estudar em uma faculdade boa. Agora vai ter que ter a sorte de passar em um vestibular, senão se fodeu... Com essa volta do Davi, tomara que o César derrote o timinho de enrustidos dele e depois amasse a cara dele, quebre a cara dele! E não acredito que você descobriu o Wattpad só agora 😱...
Por Nicksme em 2015-04-04 13:52:11
... '-'... Já até vi no que isso vai dar.
Por Klaus em 2015-04-03 20:52:44
Muito bom esse capítulo, parabéns. E em relação ao wattpad, já o uso faz um tempo, muito legal saber que você está lá também. Claro que irei segui-lo. Um grande abraço.