Quatro dias de Sofrimento...

Conto de Nicksme como (Seguir)

Parte da série Mundos Paralelos

HI GUYS!!! Voltei depois de um longo tempo sem postar, por isso queria ir logo avisando que os capitulos estão crescendo bastante por esse motivo, tentando compensar o tempo sem postar com o tamanho kkkk. Mas enfim, vi que teve gente chorando pela primeira vez(Ryan) outros que já choram a muito tempo, e continuam chorando, e pelo visto continuarão, Oh o título galera, esse é pra chorar mesmo kkkkk. Brincadeiras a parte, obrigado a todos que comentaram, aos que fizeram criticas, saibam que eu sempre estou aberto a críticas construtivas como a do cap passado, e realmente reconheço que a série passou por um período embromechion kkk, perdão mas vamos tentar corrigir os erros e fazer essa budega funcionar e emocionar as pessoas. Partiu, ler capitulo megagigante!

Boa leitura...

Mundos Paralelos 21 – Segunda Temporada

Resumo do cap anterior: Gustavo se prepara para sua viagem, começa se despedindo de sua família e até repensa sobre sua viagem, vai à casa de Alex mas este não está, então decidi ir sem se despedir, ainda no aeroporto liga para Luana e está fala com Alex, eles então partem rumo ao aeroporto mas quando chegam já é tarde demais, o avião de Gustavo já partia rumo a Londres.

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Quatro dias de sofrimento

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“- Eu... eu o perdi Luh... o perdi para sempre – falei caindo por fim em seus braços e chorando ainda mais, depois vi tudo escurecer e a dor aumentar como nunca antes na minha vida.”

Eu olhava sua foto, Gustavo tentava beijar minha bochecha enquanto eu tentava empurra-lo para longe de mim e fazia uma cara feia pra ele. Ele tirou a foto exatamente no momento em que conseguiu encostar seus lábios em mim, usando seu celular, aquele foi o primeiro dia que a gente se viu, e ele já estava com essa intimidade toda. Depois ele imprimiu a foto e me deu de presente, "Pra você nunca esquecer de mim", ele falou quando veio me entregar dois dias depois. Agora tudo que eu queria era que houvesse uma máquina do tempo para que eu pudesse voltar aquele dia e dizer o quanto eu o amo. Mas isso é impossível agora.

Coloquei a foto em cima da cômoda no meu quarto. Voltei pra minha cama e novamente fui chorar, só fiz isso nas últimas horas, acho que nunca havia chorado tanto. Tinha certeza que meus olhos estavam muito vermelhos e inchados também. Meus pais vinham no meu quarto a cada meia hora, para ver se tinha melhorado, e eu sempre dizia a mesma coisa, "vou ficar melhor quando o Gustavo estiver aqui". Eles apenas faziam umas caras tristes e tentavam me consolar, mas não adiantava muita coisa. Eu apenas me virava para a parede e chorava mais e mais.

Certo momento estava com os olhos fechados, percebi algum movimento no quarto e levantei minha cabeça à procura de alguém, porém não vi nada. Deitei novamente até que ouço sua voz.

- Você sempre cai na mesma armadilha - Alex falou, devia estar parado em frente à minha cama.

Não me movia, nem tinha a intenção de responde-lo, apenas olhava a foto do Gustavo na cômoda. Alan tentava me dizer alguma coisa, mas eu não compreendia suas palavras. Cheguei ao ponto de ficar extremamente irritado com sua voz e levantei num impulso arremessando um travesseiro em sua direção, como aquilo não era real o travesseiro passou por ele atingindo algum objeto em cima da mesa que havia atrás. Arremessei mais um e o mesmo aconteceu, ele agora riu de mim e das minhas tentativas frustradas. Me levantei rapidamente da cama a atirei mais um travesseiro, como era de se esperar, apenas alguns objetos quebrados. Fui até ele gritando e chorando, mas ele sumiu quando cheguei bem próximo. Eu fiquei furioso, chutei uma cadeira, derrubei tudo que havia na mesa, vidros de perfume, notebook, porta-retratos, tudo se partia em milhares de pedacinhos quando se chocavam com o chão.

Aquele devia ser o quinto ou sexto surto psicótico que eu tinha, o primeiro foi ainda no aeroporto depois que eu acordei e vi que tudo aquilo realmente tinha acontecido e o Gustavo havia mesmo ido embora. Meus pais entraram no quarto chamando minha atenção e tentando impedir que quebrasse mais alguma coisa. De alguma forma eu caí no chão e bati forte com a cabeça no meu guarda-roupa, me encolhi todo no chão sentido uma dor enorme. Minha mãe correu até mim e tentou me levantar enquanto eu chorava desesperadamente. Meu pai estava tão chocado com aquela cena que ficou paralisado na porta me observando com os olhos arregalados.

Minha mãe aos poucos conseguiu me puxar até que eu ficasse bem próximo a ela, ela me abraçou e me envolveu em seus braços enquanto sussurrava no meu ouvido.

- Calma filho, vai ficar tudo bem, a mamãe está aqui, vai cuidar de você – suas mãos faziam carinho no meu rosto enquanto ela dizia aquilo.

Devagar nós nos levantamos e ela me levou para cama, me deitou, me cobriu e ficou me fazendo carinho. Eu sabia que ela estava sofrendo, ver um filho naquela situação, ver ele fazendo essas loucuras, deve ser muito doloroso. Mas eu não conseguia controlar, a cada segundo que eu pensava nele, em seu rosto, no seu toque, nos beijos carinhosos de seus lábios, a dor vinha avassaladora, eu me corroía para tentar afasta-la de mim, mas era impossível, essa dor só crescia cada vez mais, e eu tentava fazer qualquer coisa para que parasse de doer, eu estava a um passo da loucura.

Depois de vários minutos um homem chegou no meu quarto. Me examinou, falou comigo, fez perguntas. Deveria ser psicólogo ou algum tipo de médico do gênero. Meu pai quem devia tê-lo chamado aqui, provavelmente estava achando que eu estava ficando louco de novo, foi assim com o Alan, mas dessa vez ele não perdeu tempo.

Depois de me examinar o homem saiu do quarto e meus pais também. Fui até a porta e fiquei a ouvir a conversa deles que estavam no corredor.

- Ele está bem não está? – perguntou meu pai.

- Sim, está, só foi submetido a uma carga emocional muito grande, está triste demais e com a mente abalada, eu diria que ele amava muito a garota que fez isso com ele – falou o médico tentando fazer uma brincadeira, percebi meus pais rirem forçadamente – um bom descanso e alguns conselhos devem fazer ele ficar bem, vou receitar apenas um remédio pra que ele durma um pouco.

- Muito obrigado – falou minha mãe, depois eles desceram e eu não ouvi mais nada.

Me virei de costas e fiquei escorado na porta, olhei para o meu quarto, ainda haviam algumas coisas bagunçadas, devagar fui ajeitando tudo e colocando tudo no devido lugar. Quando terminei, me sentei na cama e fiquei relembrando as cenas na minha cabeça. “Se eu não fosse um imbecil”.

Não adiantava o quanto eu tentasse, de todas as formas eu achava que a culpa era minha, e na verdade era. Tudo agora parecia extremamente exagerado, eu estava sendo exagerado, chorava muito, parecia uma menininha boba e apaixonada. “Você tem que ser forte”, “Você vai superar”. Palavras como essa não adiantavam, eu sei porque eu já descobri que sou fraco, e que chorar não vai trazer ele de volta, mas e daí? Não tem nada, pensamento, atitude, qualquer coisa que faça a dor que eu estou sentindo agora desaparecer.

E eu sei que não vai adiantar eu erguer a cabeça e tentar seguir em frente, tentar esquecer ou superar, porque lá na frente quando eu achar que estou livre, a dor vai voltar e vai me derrubar de novo. Porque o único capaz de curar essa dor é o causador dela, e ele não está aqui, nunca mais vai estar aqui.

Meus pais eram tão preocupados comigo que até um médico eles chamaram, mais um exagero. Apesar de estar completamente destruído emocionalmente, estava muito bem de saúde. Me joguei na cama, porque eu pensava tantas coisas? Porque nada dessas coisas que pensava fazia sentido? Eram apenas um monte de ideias desconexas que só acabavam me confundindo mais e também quem estava ao meu redor.

Então, no fim não havia outra alternativa, eu não sabia mais o que pensar ou fazer para que essa dor sumisse. Restou me render, deixar que ela tomasse posse de mim, do meu corpo, dos meus olhos e do meu coração, me entreguei completamente a ela, e pude sentir o quão doloroso pode ser a perda de um amor.

Naquele dia eu não fiz outra coisa a não ser chorar, chorei muito, muito, mas muito mesmo, o dia todo, não passei um minuto sequer sem chorar. Eu era fraco e não sabia como mudar isso. Passei a manhã, a tarde e à noite em meu quarto, deitado. Mal comi no almoço que a glória levou para mim e nem quis fazer uma tentativa no jantar.

Haviam chegado às dez da noite e ainda haviam lágrimas a serem derramadas, estava com meu celular na mão, procurando o número do Gustavo. Talvez ele já tivesse chegado, mas o que eu diria, o que me restava falar, pedir para ele voltar? Era isso que eu queria, mas eu não faria isso, porque eu sabia que seria egoísta, e eu era o mais errado nessa história toda. Eu tinha muita raiva de mim mesmo, do idiota que eu me tornei, da pessoa fraca que eu sempre fui.

Decidi ligar para Luana, ela não havia aparecido aqui e eu não tive notícias dela o dia todo. Como eu, ela também deveria estar péssima, e confirmei isso quando ela atendeu e pude ouvi sua voz de choro.

- Oi – falou ela sem nenhum ânimo.

- Oi – devolvi o “oi” na mesma frequência.

- Está tão destruído quanto eu?

Dei um suspiro longo, controlei minhas lágrimas.

- Talvez mais – falei sentindo a dor aumentar.

Me ajeitei na cama encostando minhas costas na cabeceira e me sentando. Ela permaneceu um tempo em silêncio.

- Parece um pesadelo terrível – disse ela devagar e demonstrando todo seu sofrimento na voz.

- Eu queria muito que fosse.

- E agora? O que a gente vai fazer sem ele aqui?

Demorei um pouco a responder, pra mim era inimaginável uma vida sem o Gustavo.

- Eu não sei – chorava novamente –eu não sei como vou acordar todos os dias e saber que não vou encontrar ele...

- Ou ver seu sorriso maravilhoso...

- Ou ouvir sua voz...

- Ou sentir ele nos abraçar...

- Ou rir de suas brincadeiras sem graça nenhuma...

- Ou levar uma bronca dele ...

Mais um longo suspiro, uma rodada de lágrimas.

- Ou simplesmente saber que ele está aqui nos protegendo – falei encarando a foto dele em cima da cômoda.

Nós dois sabíamos que não seria nada fácil daqui pra frente. Eu principalmente, não queria uma vida sem o Gustavo. Eu sou mimado, sou egoísta, sou melancólico e dramático, mas eu amo ele, amo ele mais do que eu amo a mim, e se isso for errado, agora não importa mais, porque não tem como fugir, não tem como eu matar esse amor, porque eu estaria matando a mim mesmo.

Às vezes eu me perdia na conversa com a Luh, não sabia o que dizer, ela constantemente tinha que me chamar atenção. Percebi que eu estava completamente perdido e desnorteado. Eu estava pior do que quando o Alan foi embora, eu estava pior do que em qualquer outra época da minha vida.

Durante longos minutos eu conversei com a Luh, que também estava muito mal. Ela até se ofereceu para vir aqui ficar comigo, mas eu sabia que ela não estava disposta, e por mais que ela e quisesse estar aqui do meu lado, eu praticamente ordenei que ela ficasse em casa.

Depois de ela desligar, eu voltei novamente a encarar o silêncio do meu quarto, tudo estava tão dramático, tão melancólico, tão triste. Eu não devia reclamar da minha vida, mas é que tudo parecia tão difícil aos meus olhos, ou, eu apenas era um fraco.

Fechei meus olhos na esperança de conseguir dormir, mesmo sabendo que seria impossível, rolei de um lado para o outro na minha cama, chorei, atirei travesseiros contra a parede. Era loucura. Como sabia que não conseguiria dormir por conta própria, apelei para o remédio que o doutor havia me receitado. Peguei um comprimido em cima da mesa do meu quarto e desci até a cozinha, tentei não fazer nenhum barulho, só queria pegar um copo de água e voltar para o quarto. Não vi ninguém até chegar a cozinha onde Glória estava, eu a olhei e ela percebeu meu abatimento, e pela cara que ela fez, eu estava péssimo.

- Quer alguma coisa? – perguntou ela.

- Um copo com água – falei e ela pegou o copo na pia e colocou um pouco de água. Trouxe até mim e eu o pequei, coloquei o comprimido na boca e bebi a água.

- É o remédio para dormir? – perguntou enquanto eu devolvia o copo, eu apenas afirmei com a cabeça.

- Onde estão meus pais? – perguntei notando que não os tinha visto ainda.

- Eles estão no escritório, estão tentando resolver um caso muito difícil, mas sua mãe vai a porta do seu quarto a cada meia hora.

Não sei porque, mas aquilo não me fez sentir bem, não o fato da minha mãe se preocupar comigo, mas sim o fato de eu ser tão mimado e dar preocupação para os meus pais. Sei que todo pai se preocupa com seu filho, mas era diferente, as minhas preocupações pareciam tão ridículas quando comparadas as de outras pessoas, elas tinham problemas muito mais importantes e eu chorava por aquilo que muitos consideram “frescura”.

- Você está bem? – perguntou Glória ao ver eu me calar.

- Estou, eu... eu já vou me deitar... diga a meus pais que eu já estou dormindo.

Ela afirmou com a cabeça e a deixei na cozinha. Subi para o quarto e me deitei novamente, decidi esperar o sono chegar. Enquanto estava ali, imóvel, pensei se seria assim todas as noites, se eu teria que tomar um remédio para dormir porque minha cabeça estava atormentada demais para conseguir descansar sozinha. Pensei ainda nos dias que viriam, não sei se eu aguentaria, porque se o primeiro dia foi desse jeito, as previsões para os próximos não eram nada animadoras.

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No outro dia, acordei por volta das nove horas. Não estava com a mínima vontade de levantar, e até pensei, “poderia ter morrido enquanto dormia”. Sorri sarcasticamente para mim mesmo, é claro que eu nunca faria nada contra minha própria vida, eu sei muito bem que há pessoas que me amam, e eu também me amo o suficiente para querer viver o máximo que conseguir, era só que quando eu estava muito deprimido, alguns pensamentos malucos resolviam permear minha mente.

Nunca dei muita importância a eles, apesar de minhas loucuras, eu não era definitivamente louco. Com muito esforço eu consegui chegar até o meu banheiro, entrei e fiquei parado em frente ao espelho, quando levantei minha cabeça para me olhar, tomei o maior susto. Nem acreditava no que via, eu estava horrível, meus olhos estavam inchados e completamente vermelhos, meu rosto parecia magro e meu cabelo estava todo bagunçado colaborando mais ainda para piorar o meu aspecto. Me aproximei mais do espelho para observar os detalhes e comprovar que aquela imagem era realmente minha, infelizmente era.

E o pior era que eu não estava com a menor vontade de me arrumar, não iria adiantar de nada porque por dentro eu estava muito pior do que por fora. Então apenas fiz minha higiene e sai do banheiro, tinha esperança de voltar para cama e deitar novamente, mas alguém bateu a porta antes de eu concretizar meu objetivo.

Pedi para que entrasse e era minha mãe. Não sei porque ela batia na porta, na verdade sabia, mas deixa pra lá.

- Acordou bem? Está se sentindo melhor? – perguntou ainda da porta.

Eu apenas a olhei com a cara feia que eu carregava desde o dia passado e ela entendeu rápido. Ela ainda pediu para eu descer e tomar café, mas eu recusei. Falou que eu tinha uma visita, então pedi para que ela mandasse subir até o meu quarto. Ainda avisou que estaria fora o dia todo por causa do caso difícil que ela tinha que resolver com o papai na advocacia.

Depois que ela saiu, não demorou muito até que eu ouvisse alguém batendo na porta novamente.

- Pode entrar –disse me levantando e me sentando na cama.

- Oi – disse Ben, abrindo a porta, fiquei surpreso já que eu estava esperando que fosse a Luh.

- Oi – acabei demonstrando a surpresa na minha expressão.

- Surpreso? – falou entrando e depois se sentando na beirada da minha cama.

- Um pouco – disse olhando ele.

- Deve ser porque a gente quase não se fala mais – falou ele com um sorriso discreto no rosto, eu sorri sem graça e desviei o olhar.

- Pois é, nem parece que a gente mora um de frente pro outro – novamente ele sorriu um pouco tímido.

Percebi que ele me observava e estava atento a todas as minhas expressões. Não entendi o porquê daquilo, apenas continuei sem olhá-lo nos olhos.

- Fiquei sabendo que o Guh foi embora – falou ele, foi como uma espécie de baque que senti dentro do peito, um aperto.

- Foi... – foi a única coisa que eu consegui dizer.

- Nem deu pra eu me despedir dele – eu o olhei nesse momento, seu rosto estava um pouco sério.

- Ele só se despediu da família – uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho, mas eu a limpei rapidamente.

- Você está mal não é? – perguntou enquanto ainda me observava, minha expressão de tristeza foi a resposta que ele obteve.

Nós continuamos conversando por longos minutos. Eu contei a ele as coisas que haviam acontecido, desde a minha separação com o Caio até o dia da partida de Gustavo, não escondi nem a porcaria daquela história de maldição. Ele como todos que eu contava, achou que nós dois termos nos separados por causa de uma maldição boba era muita paranoia.

Talvez os únicos que acreditavam que essa maldição fosse realmente verdade, era eu e o Gustavo, os principais envolvidos. Não continuamos falando muito sobre isso, já que eu estava começando a me irritar e o Ben logo percebeu, parando de insistir no assunto logo em seguida.

Continuamos conversando sobre várias coisas, me contou que havia apenas ficado em casa esses dias que a gente quase não se viu, estava um pouco triste ainda por causa da história com o David, contou que tinha se arrependido de ter feito umas coisas aí, e eu perguntei o que era mas ele não quis me contar. Então resolvi não insistir porque ele parecia muito desconfortável com o assunto.

Enfim ele acabou me dando uma notícia muito boa, o David ia se mudar da cidade em dois dias. Ele explicou algumas coisas e eu pelo menos por alguns segundos consegui me sentir aliviado.

Quando já estava próximo das onze horas eu o convidei para almoçar aqui em casa e ele aceitou. Então resolvemos descer para a cozinha, encontramos a Glória começando a fazer o almoço, eu resolvi ajuda-la e logo ouvi comemorações do Ben, modéstia à parte, eu cozinhava muito bem.

Enquanto estava ajudando ela, me recordei do Gustavo novamente, eu simplesmente amava cozinhar para aquele bobo, lembro quando ele ficava todo manhoso só pra que eu fizesse comida pra ele. E o sorriso que ele fazia quando experimentava a comida, as vezes ele até fazia uma cara feia para tentar me dizer estava ruim, mas no fim sempre dizia que era a melhor comida do mundo.

Me distrai tanto que acabei deixando o arroz queimar.

- Alex, o arroz! - gritou Glória um pouco desesperada.

- Que droga - falei quando saí do meu transe e desliguei o fogo o mais rápido que consegui.

Fiquei irritado comigo mesmo, não por ter deixado o arroz queimar, mas pelo fato de estar pensando no Gustavo e isso não me deixar fazer nada certo. Novamente me perguntei se conseguiria seguir minha vida desse jeito, tudo que eu faço me lembra ele, tudo a minha volta girava em torno daquele lindo garoto de olhos negros e brilhantes.

Limpei umas lágrimas que saíram e "joguei" a panela com a arroz queimado em direção a pia. Uma característica minha que eu já tinha percebido, é que quando eu ficava triste eu também ficava com um péssimo humor.

- Calma Alex, deixa que eu arrumo, e faço outro arroz - disse a Glória vindo me ajudar.

Deixei as coisas com ela e fui me sentar na mesa que estava na cozinha, Ben também estava sentado nela e me olhava com um olhar surpreso. Devia estar assim porque acho que ele nunca tinha me visto tão mal humorado como agora.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Ele não tinha culpa, não tinha nada a ver com o que estava acontecendo comigo. Não tinha porque trata-lo mal, porque era isso que iria acontecer se ele pelo menos tentasse abrir a boca. Depois de minha pequena reflexão, resolvi quebrar o silêncio que havia se formado entre nós três.

- Me desculpa Glória, eu... Não sei o que deu em mim.

- Tudo bem Alex, você só está triste, está passando por um momento difícil - Glória falou enquanto já cozinhava o outro arroz.

- Isso não é motivo para ser um idiota com nenhum de vocês - abaixei a cabeça e comecei a me arrepender do que tinha feito.

- A gente entende Alex, nós somos seus amigos, não vamos te deixar só porque você está mal, isso acontece com todo mundo - disse Ben enquanto segurava minha mão. Confesso que aquilo me deixou um pouco surpreso.

Como resposta eu apenas sorri para ele e afirmei positivamente com a cabeça.

Depois de ter me acalmado, ajudei a Glória a terminar tudo, demorou um pouco até o outro arroz ficar pronto e nós já não aguentávamos mais esperar, o Ben já estava para comer o arroz cru. Glória apenas ria das caras que ele fazia e eu tentava não demonstrar meu desânimo para não acabar com o clima bom que estava.

Quando finalmente ficou pronto, nós começamos a comer. Os dois faziam de tudo para que eu me animasse e tentasse não lembrar do Gustavo. Eu tentava sorrir junto com eles, mas cada sorriso fazia meu coração doer, não sei porque, mas acho que não queria sorrir sem ele aqui.

O almoço logo acabou, Ben se ofereceu para ficar comigo o resto da tarde, mas eu acabei dizendo para ele ir embora. Eu queria ficar um pouco sozinho e tentar organizar minhas ideias e alucinações.

Gloria disse que teria que sair a tarde e que só voltaria no outro dia, já tinha deixado comida pronta, caso eu não quisesse cozinhar. Então, por volta das duas da tarde eu estava sozinho na minha casa, o problema é que ficar sozinho foi uma péssima escolha, aos poucos, momentos em que o Gustavo esteve ali iam passando como flashes na minha cabeça, eu relembrava tudo que ele já havia feito ali, na cozinha, na sala, no meu quarto.

Como tudo se perdeu tão rápido? Como meu mundo desabou tão rápido sem que eu percebesse que ele estava caindo? Nenhuma dessas perguntas me ajudaria agora. Saí para fora de casa e fui me sentar na grama do quintal. Fiquei lá debaixo de uma sombra de uma pequena árvore que mamãe havia plantando a muito tempo, essa era daquelas que não cresciam muito. O dia estava muito bonito, bom para passear, ir ao parque, ou qualquer outra atividade de lazer, bem diferente dos dias chuvosos que passaram.

Fui surpreendido pelo Jhou, que veio lambendo meu rosto e pulando em cima de mim. Acabei deixando e depois comecei a brincar com ele. Me lembrei do velho Jhou, avô de Gustavo e isso novamente me levou a ele, o garoto de olhos negros e brilhantes. Me joguei de costas e fechei os olhos, percebi o jhou se sentar ao meu lado e me observar, ele parecia triste. Encarei-o como se ele fosse uma pessoa.

- Você sente falta dele também? - acabei perguntando como se ele fosse responder.

Como não me responderia com palavras, ele apenas se deitou e abaixou a cabeça ficando quietinho. Passei minha mão sobre sua cabeça fazendo-o carinho. Me sentei novamente e ouvi passos atrás de mim. Era Luana, ela veio e se sentou ao meu lado, como sou folgado estirei as pernas para o lado e coloquei a cabeça em seu colo.

- Depois diz que não é folgado - falou ela colocando a mão entre meus cabelos loiros, eu apenas a olhei, seus cabelos também loiros balançavam um pouco por causa do vento – posso te falar uma coisa? – perguntou ela, afirmei com a cabeça – você está horrível, olhas essas olheiras, esse cabelo todo despenteado, esses olhos vermelhos.

- E você acha que eu estaria como, dando pulos de alegria e desfilando por aí como se fosse um modelo?

- Não né, mas também não precisa deixar de se cuidar.

- Se cuidar para que, se ele não vai ver.

- Alex, não vai entrar naquela fase depressiva de novo né, nós conversamos isso ontem.

- Sabe Luh, a vontade que eu tenho é de desaparecer, sumir como se nada disso tivesse existido, ou então, sei lá, pegar o primeiro avião pra Londres só para ver aquele sorriso perfeito de novo.

- A segunda opção seria melhor – ela ainda fazia carinho em mim, enquanto enrolava seus dedos no meu cabelo.

Nós continuamos conversando até que outra pessoa chegou, era o Ben.

- E aí seu sumido? – falou a Luh o cumprimentado.

- Sumido nada, sempre estive ali em frente – falou fazendo graça, depois se sentou junto com a gente.

Conversamos e a Luh ficou implicando com o Ben para saber porque ele tinha sumido, mas, assim como fez comigo, não disse nada para ela. Depois de muito falar, do Ben tentar nos convencer de que não estávamos nos fins dos tempos, e que tudo iria melhorar, ele ainda perguntou uma última coisa antes de ir embora.

- E aí, nós vamos na festa do colégio? – perguntou na maior inocência.

Eu olhei para a Luh e ela fez o mesmo, nossos olhares se cruzaram já determinando uma resposta.

- Sem chance! – falei.

- Mas porquê? Fala sério Alex, é o último ano, última festa, a última oportunidade.

- Essa festa não vai ter a menor graça sem o Gustavo, por isso não vai adiantar a gente ir – falou a Luh.

- Verdade, eu pelo menos, não vou conseguir festejar nada, na verdade, queria era voltar no tempo, pra época em que o Guh ainda estava aqui – eu falei virando a cabeça para o lado oposto ao do Ben.

- Nossa, mas que foça – Ben riu ao dizer isso.

- Foça nada – falou a Luh dando-lhe um tapa de leve no braço – a gente só não iria se sentir bem.

Durante alguns segundos se formou um silêncio inquietante, até que o Ben resolveu se pronunciar.

- Tudo bem, mas eu ainda tenho três dias para convencer vocês – falou ainda sorrindo.

- Boa sorte – Disse Luh e nós três começamos a rir.

Ben se despediu e foi embora, a Luh ficou comigo e acabamos combinando dela dormir aqui. Chegou a noite e nós jantamos apenas nós dois, depois decidimos assistir um filme, e eu relembrei outra coisa. Todas as vezes que assistíamos filmes, e o Gustavo estava com a gente, sempre víamos de terror. Mesmo que fossemos eu e a Luana contra o Guh, ele sempre acabava nós convencendo que não seria tão assustador e coisa e tal. No fim nós aceitávamos porque sabíamos que íamos ficar agarrados nele o tempo todo, eu gostava, a Luh gostava, e principalmente o Guh gostava.

- Terror? - perguntei me virando para Luh, que estava sentada no sofá.

- Sem ele aqui? – ela falou erguendo a sobrancelha.

- É, melhor não – me voltei a TV.

Acabamos vendo um filme romântico que acabou piorando meu estado e da Luh. Desistimos do filme e fomos dormir. Chegava ao fim o segundo dia sem ele.

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Acordei com a Luh me sacudindo em cima da cama.

- Acorda logo preguiçoso! – gritava ela no meu ouvido.

- Que milagre é esse você já está acordada? – Esfregava meus olhos enquanto tentava assimilar sua imagem na minha frente.

- O Daniel que me liga todo dia as seis da manhã só para dizer que me ama e que sonhou comigo.

- Nossa, isso sim é amor.

- Seria lindo se não fosse um saco, seis da manhã? Ninguém merece.

- Para de ser boba, ele gosta de você, está reclamando de barriga cheia.

- É, mas seria bom ele dar uma afrouxada nesse horário, até tentei dialogar com ele, mas ele nunca desistiu.

- Eu acho fofo – falei sorrindo.

Ela também sorriu toda bobona, na verdade ela amava aquilo, ela amava o Daniel, era só charme que ela gostava de fazer.

- Parece que alguém está perdidamente apaixonada – falei caçoando dela.

Ela nem ligou para mim, e continuou toda boba. “Pelo menos ela estava tendo sorte no amor”, pensei.

Me levantei e fui ao banheiro, tomei um banho rápido e depois nós descemos. Tomamos café com meus pais e Glória que havia chegado cedo, depois fomos para a sala e ficamos conversando até a luh decidir ir embora, ainda combinei com ela que me encontrasse na casa de Gustavo, resolvi ir lá hoje, não sei se ajudaria, mas estava com vontade de ir.

Ela disse para irmos depois do almoço e eu concordei. Depois dela sair, foi a vez de meus pais, ainda estavam enrolados com o caso difícil, então nem quis perguntar nada, ficamos eu e Glória na casa, passamos a manhã toda conversando, ela me dava conselhos, me contava histórias, e eu tentava me animar para não parecer chato. Almoçamos e eu já estava pra lá de ansioso para ir até a casa do Guh. Talvez eu acabasse ficando mais depressivo do que já estava, mas não me importei com isso. Liguei para o João para saber se ele estaria em casa quando eu chegasse, para minha sorte ele falou que não sairia aquela tarde.

Peguei minha bicicleta e então saí em direção a casa dele, já tinha ligado para Luh, que avisou que demoraria um pouco mais (como sempre). Pedalei devagar, sem pressa, eu talvez estivesse um pouco receoso.

Quando cheguei a sua casa, fui logo entrando e jogando minha bicicleta na grama como sempre fazia, bati na porta e não demorou muito para que o João viesse abrir.

- E aí Alex – disse me dando um sorriso.

- E aí João, tudo bem contigo? – confesso que eu as vezes ficava com um pouco de vergonha na frente do João, algo que nunca entendi muito bem porquê.

- Vou levando, entra aí cara – falou ele abrindo passagem para que eu entrasse.

Eu não sei explicar muito bem o que eu senti, na verdade senti meu corpo inteiro se arrepiar no momento que entrei naquela casa, era como se a presença dele estivesse ali, tudo que havia naquela sala causava uma agitação dentro mim.

- Você está bem? – perguntou João vendo que eu parecia estar um pouco perdido.

- Estou – falei olhando toda a sala e parando o olhar em um porta-retratos em cima do raque da TV.

Era eu e Gustavo, curiosamente era a mesma foto que ele havia me dado, a mesma foto que estava em meu quarto, ele tentando me beijar enquanto eu me fazia de difícil. Senti um aperto no peito, não queria chorar aqui, não na frente do João. Ele aparentemente percebeu minha fragilidade e não disse nada, apenas continuou me observando.

Depois de alguns segundos eu me sentei no sofá e ele fez o mesmo. Começamos a conversar e ele me falava que também estava sofrendo por não ter mais o irmão ao seu lado todos os dias, que estava um pouco solitário mesmo tendo se passado apenas três dias, ele estava como qualquer irmão estaria quando se afastam um do outro.

Certo momento eu pedi para subir até o quarto de Gustavo, ele não retrucou e deixou de imediato. Também não me acompanhou, deixou que eu subisse sozinho e vivesse aquele momento.

Música da cena: http://www.itemvn.com/song/?s=C17CA1D77A

Então lentamente me aproximei da porta que estava fechada. De alguma maneira eu esperava que ele estivesse ali quando eu abrisse a porta. Era impossível, eu sei, mas minha dor não parava de criar expectativas e alucinações. Quando finalmente abri a porta, a mesma sensação de quando entrei na casa me preencheu, era como se eu pudesse vê-lo, sentir seu cheiro, sentir sua presença em cada centímetro daquele quarto. Caminhei até sua cama, me ajoelhei perto dela e deitei meu rosto no edredom branco que a cobria.

“Eu estou sentindo tanto sua falta

Não pode ajudar nisto, pois estou apaixonado

Um dia sem você é como um ano sem chuva

Eu preciso de você ao meu lado

Não sei como eu vou sobreviver

Um dia sem você é como um ano sem chuva”.

Passei minha mão por boa parte dele, era como se eu tocasse a própria pele de Gustavo, relembrava aquela sensação maravilhosa. Me joguei em cima dela, olhei para o teto, fechei os olhos e me imaginei com ele naquela cama, não pensamentos no sentido sexual, apenas no sentido carinhoso, imaginei ele me fazendo carinho, enquanto eu dormia em seu peito.

Levantei de súbito quando percebi a janela balançar um pouco, por algum motivo ela estava aberta e um ventou forte passou por ela. Fui rapidamente até ela fechando-a em seguida. Me voltei para o quarto e percebi a cômoda ao lado da cama, caminhei devagar e vi poucos objetos em cima dela, ele deveria ter levado a maioria, me virei e fiquei encostado de costas para a cômoda apoiando-me com as duas mãos.

“As estrelas estão queimando

Eu ouço sua voz na minha mente

Você não pode me ouvir chamando

Meu coração está desejando

Como o oceano está acabando

Pegue-me, estou caindo”.

Olhei por toda a extensão daquele quarto, queria sentir sua presença em cada parte dele, sentir que de alguma forma ele ainda estivesse ali, “te protegendo”, pensei ter ouvido sua voz falar, olhei para todos os lados, com certeza era mais uma alucinação provocada pela dor enorme que me corroía por dentro. Eu não conseguia aceitar isso, ódio, repulsa, arrependimento, tristeza, raiva, sensação de fracasso.

Por fim, as lágrimas vieram, sem muito escândalo, sem pressa, apenas chorei ao sentir que aquilo não deixava de ser real. Percebi a Luh me observando da porta do quarto, não tinha visto ela chegar, e também não me incomodei com a sua presença. Ela sabia que eu estava bem pior que antes, então em silêncio, veio me abraçar, me apertou forte, isso foi suficiente pra eu me desmontar completamente.

“É como se o chão desmoronasse sob os meus pés

Você não vai me salvar

Vai ter uma monção

Quando você voltar para mim (oh baby)”.

A Year without Rain – Selena Gomez.

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No quarto dia sem o Gustavo, acabei acordando quase tão mal quanto no primeiro dia, não vou dizer que foi má ideia ter ido a sua casa, mas digamos que isso acabou me deixando bem mais para baixo. Depois da Luh me abraçar e eu me derreter em lágrimas, não consegui sorrir o resto do dia, nem mesmo parar de chorar, nem ela, nem o João, nem ninguém conseguiu me alegrar, me restou apenas voltar para casa e suportar a dor. Acabei dormindo bem cedo, e consequentemente, levantando cedo. Naquela manhã não fiz muita coisa, conversei um pouco com a Luh e com o Ben, fui até o Píer, chorei mais um pouco lá na presença do Felipe, nada anormal pra tudo que vinha acontecendo durante esses últimos dias.

Eram pouco mais de duas horas da tarde, e eu estava no completo tédio dentro do meu quarto, pensei em ligar para Luh mas ela devia estar com o namorado e este por sua vez devia estar aproveitando para consolá-la, já que ela também não estava muito animada, então logo desisti dessa ideia. Raciocinei um pouco e pensei em uma atividade que pudesse me distrair, acabei decidindo por sair e dar uma volta pela cidade, quem sabe eu não encontrasse algo legal para fazer.

Peguei uns óculos e um boné, e saí de casa a pé mesmo, o sol forte quase me convenceu a mudar de ideia, mas eu fui persistente, decidi ir aquela praça que havia aqui perto de casa. Fui andando lentamente e despreocupado pelas ruas, algumas pessoas reparavam em mim, outras mais simpáticas até me cumprimentavam.

Em um momento passei perto de um trio de garotas, percebi que uma delas me olhou, e em seguida as outras duas também olharam disfarçadamente. Uma delas ainda me deu um sorriso convidativo antes que eu sumisse de suas vistas. Achei aquilo no mínimo engraçado, não era a primeira vez que acontecia, e também não seria a última, mas eu achava isso curioso, as vezes pensava se as garotas me achavam bonito ou se apenas riam do meu jeito (Que era normal quando eu estava em público ou passeando na rua, como de qualquer outro garoto). Decidi esquecer isso e me apressar em chegar a praça.

Quando finalmente cheguei, procurei logo um banco na sombra, porque o sol continuava muito forte. Achei um bem escondido no meio de algumas arvores e me sentei, era bom porquê dali eu conseguia ver toda praça, mas com certeza era difícil de alguém notar minha presença ali. Estava vindo um vento refrescante e confortável, na praça não havia muitas pessoas, algumas estavam sentadas na grama, outras em uns bancos bem distantes. Havia um grupo fazendo algum tipo de atividade, algo como yoga ao ar livre, eu fiquei observando eles por um tempo e ria sozinho de algumas posições engraçadas que eles faziam.

Passei um longo tempo ali sentando, apenas observando tudo a minha volta. Em um dado momento me virei para trás, e percebi algo curioso. Um pouco distante de mim, havia um garoto, ele também estava sentado no banco e parecia fazer o mesmo que eu, ele estava de costas, por isso não pude ver quem era, mas tive a sensação de que o conhecia.

Para sanar minha dúvida, me levantei e fui andando pela área gramada que nos separava, quanto mais me aproximava, mais eu tinha certeza que conhecia aquele garoto, reconheceria aquele cabelo preto e bagunçado em qualquer lugar. Quando cheguei bem perto dele, vi que ele ainda não havia notado minha presença, e parecia estar com o pensamento bem longe.

- Oi Caio – falei me sentando ao seu lado rapidamente, ele acabou se assustando e quase caiu do outro lado do banco.

- Alex, mas que susto! – disse ele se endireitando no banco, eu sorri da careta que ele fez e do seu jeito engraçado.

- Desculpa, não queria ter te assustado – eu olhava em seus olhos, estavam impecavelmente belos, pareciam ainda mais azuis que antes, só que estavam mais tristes, assim como ele. que não parecia muito feliz.

- Tudo bem – disse desviando o olhar de mim para o chão, enquanto apoiava os cotovelos na perna e cruzava as mãos.

Ele não me encarava, sabia que aquilo significava que ele ainda me amava, e que estava sofrendo, por isso não conseguia me olhar nos olhos. Me senti culpado por isso, ver o Caio sofrer por minha causa me deixou mais para baixo ainda.

- Como você está? – acabei perguntando depois de um breve momento de silêncio.

- Mal – ele demorou um pouco para responder e acabou sorrindo depois.

- Mal? – perguntei sendo completamente idiota.

- É, eu te perdi né – falou ele tentando lidar bem com a situação, aquela conversa estava um pouco estranha.

Eu não falei nada, apenas fiquei olhando suas expressões, ele parecia calmo, mas também aflito por dentro, esfregava as mãos como se estivesse tenso também.

- Você vai ficar bem? – acabei quebrando o silêncio novamente.

Antes de responder ele olhou nos meus olhos, e depois sorriu, não sei se era um sorriso verdadeiro, ou se era apenas para disfarçar seu desconforto.

- Eu não sei – respondeu olhando para mim.

- Me conta – disse o encarando também, ele pareceu não entender o que eu quis dizer.

- Contar o quê? – ergueu a sobrancelha ao me perguntar.

- Como tem sido esses últimos dias, o que tem feito, essas coisas – falei me virando de frente para ele no banco.

- Acho que não é uma boa ideia – falou deixando de me olhar mais uma vez.

- Não vai saber até que me conte – disse seguro olhando para ele e sorrindo, ele pareceu um pouco surpreso com resposta. Observou minhas expressões e deu um sorriso pequeno.

- Ok – falou dando um suspiro longo em seguida – basicamente, eu chorei, chorei, e deixa eu ver ... chorei mais um pouco.

Eu não disse nada, apenas o olhava atento.

- E briguei com meu irmão, e estou péssimo agora – falou ele se erguendo para me olhar e depois também se virou de frente para mim – só isso.

- Porque você brigou com o Leo? – perguntei sem rodeios.

- A gente já não está se dando tão bem como antes, ele sai de casa, fica muito tempo fora, quando volta não diz para ninguém onde foi, não está mais falando comigo, e apenas umas poucas palavras com minha mãe, isso só serve para deixar ela preocupada, e a mim também.

- Mas porque ele está fazendo isso?

- Minha mãe acha que Leo quer chamar atenção dela porque ele tem ciúmes de mim, eu não acho que isso seja verdade, acho que ele está um pouco carente, só isso.

- Parece que as coisas não estão fáceis para você – falei abaixando a cabeça.

- É, não estão mesmo – disse ele fazendo o mesmo ato que eu.

- Você nem foi nos últimos dias na escola, antes de nós entrarmos nesse período “pré-férias” – falei fazendo as aspas e o olhando novamente, nós ainda voltaríamos a escola para ver as notas de quem passou e quem reprovou, e ainda tinha a festa do terceiro, que seria amanhã.

- Não estava com muito ânimo.

- Entendo – falei olhando para ele. Seus olhos azuis brilhavam, seu cabelo preto e bagunçado balançava um pouco por causa do vento, senti uma nostalgia tomar conta de mim – o que você estava fazendo aqui, antes de eu chegar? – agora ele me encarava seguramente, não desviava o olhar nem um instante.

- Estava só pensando – falou calmamente.

- Deixa eu adivinhar, pensando em mim? – falei sorrindo, ele acabou sorrindo também.

- Era, estava pensando em você – falou ele, parecia bem sério apesar do sorriso em sua boca, e fiquei um pouco surpreso por ele confirmar a resposta e sorri meio constrangido.

Aos poucos, sua mão se aproximou do meu rosto, seu toque foi suave, calmo e macio. Sem pressa ele fez um carinho no meu rosto, não se importou se havia alguém ali olhando.

- Caio – falei tirando sua mão lentamente do meu rosto.

Mas fui surpreendido quando ele veio rápido na minha direção, e tocou seus lábios com os meus me beijando. Quis sair, me afastar dele, mas não fiz, aquele beijo acabou me envolvendo, senti um calor dentro de mim, algo havia despertado. Acabei fechando os olhos e me entregando ao beijo e ao mesmo tempo me sentia culpado. Estava confuso, não sabia o que aquilo significava, ou o que viria depois. Apenas me deixei levar por ele.Depois de alguns segundos, o beijo foi parando de forma lenta, ele foi se afastando e abri os meus olhos, olhei ao redor e por sorte não havia ninguém por ali. O olhei novamente, e ele parecia estar feliz, sua boca sorria e seu olhar vinha direto para mim, não quis falar nada, deixaria que ele tomasse a iniciativa.

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É isso galera, não quero ninguém me ameaçando, nem nada do tipo, sei que a maioria esta querendo me destroçar, mas tem aquela minoria que esta megafeliz né, enfim, não se esqueça de comentar beleza? mesmo se for pra me xingar, e me fazer ficar triste, (perceberam que eu amo um drama?), tchau e até o próximo...

Comentários

Há 8 comentários.

Por fran em 2015-06-03 23:58:59
Que saudade que tenho disso. Mais uma vesz tirou lagrimas de mim. Nao tenho como descrever a nao ser PERFEITO. No entanto nao gostei dessa separacao. Porem esse beijo repntino nofinal ganhou um certo perdao. Incrivel como sempre que estou meio depre você me faz lembrar motivo disto e ao mesmo tempo o porque de eu nao querer uma solucao. Bjao linfo. Saudade moreninho. Poderia postsr no wattpad tbm! E se pretende publicar MP em livro quero uma dedicatoria... Para meu amigo chorao, emburrado, medroso,... Seja o que for melhor para me descrever quero uma dedicatoria. 😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😍😍😍 
Por CarolSilva em 2015-05-22 07:47:06
Não tem final, é isso? Li, gostei muito. Mas poxa, fiquei mal. Vai que será mais uma serie sem final....vc não publica a mais de mês...
Por guh... em 2015-04-11 19:45:22
sabia q o Caio iria voltar pra vida do alex U.u eu sempre quis os dois juntos hehehe amei continua pq ta mto bom
Por Anderson P em 2015-04-11 16:07:32
Ainda acho que o Alex vai ir atras do Guh, ou quem sabe o Guh volte por não conseguir ficar longe do Alex por muito tempo.
Por hugo em 2015-04-11 12:24:31
hummmm como sempre perfeito sem comentarios !!!!!! vc esta conseguindo arrancar de mim muitas lagrimas minhas !!!! por favor nao deixe Alex machucar Caio nunca fui muito com a face dele mais acho que em um momento como este de mtas tristeza não acho que seria bom esta aproximação dos dois pois sabemos que o amor do Alex e pelo Guh e não pelo Caio pois eles vão se machucar !!! e fico pensando se o Guh sonhar com essa aproximação ele morre como eu estou morrendo aqui !!!! que maldição é esssa que afasta duas pessoas que se amam naoooooo kkk !!!! calma estou me recompondo !!! bjokas ansioso pelo próximo...
Por Garoto Bi 69 em 2015-04-11 12:18:25
Estou cada vez mais encantado com a sua história, com a sua escrita, com o seu jeito de fazer tudo parecer tão real, de comoe faz viajar nesses lugares e acontecimentos incríveis... Eu me vejo ali, vivenciando tudo aquilo... Meus parabéns cara, você se tornou um verdadeiro escritor profissional... Ainda estou bestificado com tudo isso... 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍 Gostei muito de ver o Caio de volta, embora eu não gostasse muito dele, não gostei de vê-lo sofrer... E o Alex não merece passar por isso... Mas ele não pode iludir o Caio, porque não é ele quem o Alex ama, e sim o Guh... Bem gatinho, torcendo para que tudo termine como eu imaginei, mas tenho certeza que vou adorar de qualquer jeito, terminando como eu queria ou não... Parabéns, o capítulo ficou mais que incrível... 👏👏👏👏👏👏👏👏 #VoltaGuh #QueroOAlexFeliz #QueroOCaioFeliz #QueroTodoMundoBem
Por Ryan Benson em 2015-04-11 02:15:22
Ok, só pra deixar claro... aquela foi a única vez que chorei aqui. Por enquanto. Me surpreenda de novo Nick, aí vamos ver se meu coração de gelo se derrete - isso foi bem frio e direto rsrs é tão eu. Sobre o capítulo. Antigamente queria mais que tudo que Alex e Gus ficassem juntos (e odiava o Caio). Mas tipo, agora penso de outra forma. Pra mim não importa com quem ele vai ficar cara, na verdade ele deveria ficar com o Gus (uma vez GuAlex, sempre GuAlex), mas não ligo se ele ficar com Caio, de boa. Agora se a Inglaterra for atingida por bombas e o Gus for forçado a voltar pro Brasil, ao mesmo tempo que algum soldado do Irã lançar uma bomba e ela cair encima do Caio e mata-lo, provavelmente Gus e Alex vão voltar e eu vou ficar feliz haha (quem disse que gosto do Caio? Tive pena do guri e tudo mais, não odeio, mas ainda não gosto dele). O Leo me lembra umas pessoas que conheço, infelizmente há irmãos rebeldes que odeiam os caçulas/mais velhos/do meio/etc e fazem o que esse garoto faz, mas... É a vida! O ódio é inevitável. Tá, já parei com esse papo deprê, vc deve tá achando um lixo esse comment, ignore. Só digo que sua história é perfeitamente perfeita em todos os sentidos e aguardo pelo próximo capítulo. Abraço do Ryan ✌
Por BielRock em 2015-04-11 01:33:12
Aí meu Deus que capítulo mais deprimente mas mesmo assim perfeito . Tadinho do Alex e da Luh também, outro que não merecia essa solidão é o Caio . Adorei a música da Selena 😌 . Continua Nick