Passado Sombrio...

Conto de Nicksme como (Seguir)

Parte da série Mundos Paralelos

HI GUYS!!!! Voltei depois de muuuuuuito tempo, os motivos vocês já sabem, aquela historia toda e tals, além de que tive alguns problemas e por causa desses problemas decidi fazer uma coisa. A partir desse capítulo eu não responderei mais os comentários, é que eu vi que está dando muita treta e eu não gosto disso, e também não quero brigar com ninguém ou qualquer coisa do tipo, mas não é por isso que vocês devam parar de comentar OK! Saibam que eu leio e continuarei lendo todos os comentários com muito carinho...

É isso, vamos ao conto então, boa leitura...

Mundos Paralelos 19 - Segunda Temporada

Resumo do cap Anterior: Alex se encontra em um quarto de hospital muito triste e então relembra todos os fatos acontecidos, quando se afogou, teve o “sonho” com Alan e depois terminou com Gustavo.

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Passado Sombrio

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Eu olhava a chuva caindo lá fora, na verdade só ouvia. Alex adorava a chuva, ainda me lembro quando ele deitava sua cabeça em meu peito e me dizia que adorava ouvir o som das batidas do meu coração em conjunto com o som da chuva. Sua voz doce me trazia calma, o cheiro do seu cabelo me tranquilizava, seu toque, sim, aquele toque, cada vez que ele acariciava meu peito, eu me sentia o garoto mais feliz do mundo, sentia que nada importava, se eu tivesse aquele toque todos os dias, todos as noites, eu seria feliz. Mas agora, agora nada mais existe, eu o perdi, o perdi quando o nunca o tive, e isso me doía muito, eu o amo tanto e nunca o tive de verdade.

Eu sei que me arrependeria daquela decisão, eu estou amargamente arrependido agora, e não tem nada que faça eu me sentir melhor. É errado querer estar ao lado da pessoa que você ama? Talvez seja, quando ela ama outra pessoa. Me enrolei mais ainda nos meus edredons, queria algum tipo de proteção.

- Caio – ouvi minha mãe me chamando da porta do meu quarto. Não respondi a ela e continuei olhando para janela – Você não vai descer para tomar café? Eu e o Leo estamos te esperando.

- Podem tomar café sem mim, não estou a fim de levantar agora – falei cobrindo minha cabeça com o edredom.

Minha mãe deu um longo suspiro. Percebi que ela ficou um tempo parada na porta do meu quarto e depois finalmente veio até a cama e se sentou.

- Você precisa se animar meu filho, você tem que comer, se alimentar direito, tem que sair desse quarto, desde que você terminou com ele que você se trancou aqui dentro e não sai mais para nada, não foi nos últimos dias da escola, só fica aqui chorando.

Eu não queria, mas comecei a chorar de novo, era isso que eu fazia quase todos os dias desde que terminei com Alex.

- Eu estou bem mãe, só preciso ficar um pouco sozinho – disse numa tentativa que ela saísse do quarto.

- Eu estou vendo que você não está bem Caio, você é meu filho e eu sei que você está sofrendo – ela puxou o edredom revelando meu rosto triste e meus olhos lacrimejando – está vendo, seus olhos vermelhos de tanto chorar – Ela chegou mais perto de mim e me abraçou – Eu sei que está doendo meu filho, sei que dói aqui dentro – ela disse apontando para o meu peito – mas isso vai passar, pode demorar muito tempo, mas vai passar, nem que ainda fique marcas, mas no final, vai passar, você é um garoto jovem, lindo e cheio de sonhos e energia, agora pode parecer impossível, mas você tem forças pra dar a volta por cima, porque você é especial Caio, um garoto único, que fez um sacrifício enorme, talvez muito grande pra que você aguentasse, mas você fez, eu tenho orgulho da pessoa que você se tonou, honesto, fiel, amoroso, eu poderia não gostar mais do Alex, porque ver você nesse estado sofrendo por ele, é realmente muito ruim, mas na verdade sou muito grata a ele, graças a ele você se tornou um homem de verdade meu filho.

Eu chorava muito, chorava como um bebê no colo de uma mãe, talvez eu fosse nesse momento, eu a abracei o mais forte que consegui.

- É que dói tanto mãe, eu só queria que essa dor sumisse – minhas lágrimas eram tantas, tão doloridas.

- Eu sei meu filho, chore, chore agora, deixe tudo que você está sentido sair, você vai se sentir melhor depois que deixar tudo sair, sua mãe está aqui com você, eu não vou te abandonar, você ainda é meu menininho perfeito.

Então eu chorei, chorei como nunca havia chorado na vida, não me importei em parecer um fraco ou idiota que sofre por amor, sei que eu estava seguro com minha mãe me apoiando.

Durante um longo tempo ela ficou comigo no quarto, eu abraçava ela enquanto ela me fazia carinho. Olhei para porta e vi Leo, vi ele encostado nos observando, minha mãe depois de um tempo também percebeu a presença dele.

- Leo? O que você está fazendo aí parado?

Ele não respondeu minha mãe, ficou só parado nos olhando. Seu olhar era profundo, meio confuso, trazia um misto de tristeza e repúdio. Deixou uma lágrima escapar, ele parecia triste, não estava no seu normal.

- Vem aqui Leo, vem se deitar com a gente – minha mãe insistiu, mas ele não deu atenção, balançou a cabeça negando e saiu da porta.

- Leo, o que está acontecendo? volta aqui agora. – minha mãe ordenou a ele, mas foi em vão – espera aqui filho – disse se levantando e indo em direção ao quarto de Leo.

Eu não esperaria coisa nenhuma, queria saber o que estava acontecendo com meu irmão. Me levantei e também fui até o quarto de Leo, mas a porta estava trancada, minha única alternativa foi ficar apenas ouvindo a conversa deles.

- Pode me dizer o que foi aquilo? – perguntou minha mãe, sua voz estava imponente.

- Aquilo o que? Eu só vim para o meu quarto, não posso mais vir para o meu quarto ou tenho que te pedir permissão pra isso?

- Olha o jeito que você fala comigo Leonardo, eu sou mãe e exijo respeito.

- Será mesmo? Porque parece que você só tem um único filho.

Eu ouvi um estralo alto, torcia pra que aquilo não fosse um tapa, mas eu sabia que minha mãe tinha batido no Leo.

- Eu não acredito, isso tudo é ciúmes Leonardo, ciúmes do seu irmão?

Leo não respondeu, ele ficou calado por um tempo, não ouvi nada durante vários segundos.

- Porque? Porque você gosta mais dele do que de mim?

- Isso é um absurdo, eu amo vocês igualmente.

- NÃO, NÃO AMA NÃO, EU SEI DISSO, VOCÊ SABE DISSO E ELE TAMBÉM SABE – ouvi Leo gritar.

- Isso é tudo coisa da sua cabeça Leonardo, vem aqui...

- SAI, SAI, NÂO CHEGA PERTO DE MIM.

- Leonardo, você está sendo infantil, você sabe que seu irmão está passando por um momento difícil, você devia apoiá-lo e não ficar com raiva ou ciúmes dele.

- É? E quem vai me apoiar? Eu também passei por momentos difíceis e você nunca veio me consolar daquele jeito – eu percebi que o Leo começava a chorar.

- Agora chega Leonardo, você está passando dos limites, eu te amo tanto quanto amo o Caio, o Caio só é mais sensível que você, e precisa de um pouco mais de atenção as vezes.

- Um pouco de atenção? Um pouco atenção? – percebi o sarcasmo em seu tom de voz – Ele tem toda sua atenção, e o que sobra pra mim, NADA, é isso que sobra, NADA.

- Você está sendo egoísta, você sabe que isso não passa de invenção da sua cabeça.

- Invenção, claro, invenção, é sempre isso que você diz, que eu invento tudo, quer saber, eu não ligo mais pra isso tudo, no final, nada disso vai importar.

- Leo, vem aqui, você só está carente demais, tudo bem, eu reconheço que não estou te dando atenção suficiente, vem aqui meu filho.

Leo deu uma risada sarcástica.

- Eu já disse... Isso não importa mais – ouvi ele caminhando, presumi que ele vinha em direção a porta, me afastei rapidamente e pensei em voltar para o meu quarto, mas já era tarde demais.

Quando ele abriu a porta eu estava encostado na parede do corredor, ele veio caminhado na minha direção e parou na minha frente, me olhou nos olhos e vi ali sua tristeza, raiva, inveja, os piores ressentimentos que um irmão poderia nutrir pelo outro. Virou seu rosto para frente e começou a andar novamente, desceu as escadas e não demorou até que eu ouvisse a porta da sala se abrindo e fechando logo em seguida, temi um pouco por ele, não queria que ele acabasse cometendo alguma loucura, ainda estava chovendo, mas mesmo assim ele saiu, eu não aguentaria perder mais alguém agora.

Me lembrei da minha mãe, coitada, devia estar arrasada, corri até a porta do quarto e a vi sentada na cama de Leo chorando, fui rapidamente até ela e a abracei, ela me olhou nos olhos e pude ver o quanto ela também estava sofrendo, agora era minha vez de confortá-la, como o homem que havia me tornado, eu a protegi enquanto ela chorava nos meus braços.

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Chegávamos em casa por volta das nove da manhã, o médico havia me dado alta bem rápido, com a condição de que eu ficasse em completo repouso. Minha mãe me ajudou a descer do carro e meu pai pegou a bolsa com algumas roupas que eles haviam levado para o hospital. Entramos em casa e minha mãe me levou direto para meu quarto, me deitou e começou com as instruções.

- Você está se sentindo bem? – perguntou.

- Estou ótimo, pronto pra outra – falei com ironia claro, estava bem sim, mas jamais queria voltar a passar por aquilo.

- Nada de outra dessas, você tem que se cuidar mais, o que estava pensando? Você está bem agora, mas se não fosse o Gustavo isso poderia ter acabado muito mal Alex, é bom você começar a ter um pouquinho de juízo sabia.

- Eu sei mãe – falei desanimado, ouvir o nome dele ainda era péssimo.

Minha percebeu que eu havia ficado triste e tentou se desculpar.

- Me desculpa filho, eu esqueci que vocês...

- Não mãe, tudo bem.

- Olha, eu sei que não está tudo bem, mas eu vou fazer o possível para cuidar de você meu filho.

- Obrigado mãe.

- Agora fica aqui quietinho que eu vou pedir para Glória fazer uma sopinha pra você e agorinha eu trago – disse me dando um beijo na testa e saindo do quarto.

Minha mãe estaria me vigiando todos esses dias, talvez eu tivesse longos dias de tedio trancado no meu quarto, mas eu teria que aguentar, não que eu achasse ruim ficar em casa com a família, mas convenhamos que isso as vezes cansa.

Me ajeitei na cama e observei o meu quarto, era bom estar nele apesar de tudo. Seu rosto veio na minha mente novamente, parece que ele conseguiu, eu não o esquecia um segundo sequer. Visualizava ele sorrindo, chorando, fazendo careta, emburrado, sonolento, todas as maneiras possíveis, e pensava se eu realmente não teria tudo aquilo de volta. Foi inevitável não chorar, era um choro contido, mas que vinha de uma dor devastadora, era como se um buraco tivesse se formado no meu peito, era um vazio enorme e tudo que esse buraco fazia era doer, doer muito.

Resolvi ligar para Luh, sei que se ela estivesse aqui eu me sentiria um pouco melhor. Ela atendeu e disse que já estava a caminho. Desliguei e fiquei deitado na minha cama olhando a parede e ouvindo o som da chuva caindo, a chuva, aquele som, de certa forma aquilo me acalmou um pouco. Logo Glória chegou e me trouxe a sopa, me deu tudo na boca como se eu fosse uma criança de dois anos. Depois ela desceu e a Luh chegou.

- Entra – falei para ela que estava parada na porta.

- Você está bem?

Eu abaixei a cabeça, comecei a chorar. Ela veio rápido até mim e me abraçou, e também abracei forte e não a soltei por um longo tempo.

- Está doendo tanto Luh.

- Eu sei Alex, fica calmo, nós vamos resolver tudo isso, tem de haver um jeito.

Eu já havia contado tudo pra ela, ela claro, ficou puta da vida tanto comigo como com o Gustavo, ela não acreditou na história da maldição e disse que eu estava cometendo a maior burrada da minha vida, mas eu não dei o braço a torcer e ela não insistiu muito por causa da minha condição.

A Luh ficou comigo me consolando durante um longo tempo até que eu resolvi fazer uma coisa.

- Luh, preciso que você venha comigo em um lugar.

- Como assim, você não pode sair daqui, esqueceu? Sua mãe não vai deixar você nem se quer pensar em sair do repouso.

- Luh, por favor, é muito importante, me ajuda a despistar minha mãe e vem comigo.

- Alex eu estou tentando fazer o papel de responsável aqui, mesmo não tendo a menor ideia de como é – ela consegui arrancar uma risada de mim.

- Luana, você vai comigo, porque você é minha melhor amiga, e não vai me negar isso – falei sério com ela.

- Ainn, tudo bem, mas se der merda a culpa é tua – mais outro riso, ela sabia como me alegrar.

- Não se preocupa, não vai dar nenhuma “merda” – falei rindo um pouco da cara dela.

- Vamos logo antes, que eu desista – falou rindo também.

Ela me ajudou a levantar e nós saímos do quarto, passamos correndo pela sala e fomos direto até o portão, se minha mãe nos pegasse era o fim da nossa pequena “aventura”. Enfim conseguimos sucesso na fuga, e fomos andando até nosso destino, que seria? O Píer, levaria a Luh lá pela primeira vez, eu já havia contado pra ela sobre a existência dele mas nunca a levei lá. Ela não ficou animada nem triste, já que foi lá que eu quase havia morrido, eu também não sei se estava muito preparado para voltar lá, ainda mais sendo um dia depois de tudo que aconteceu, mas eu tentei ficar calmo.

No caminho liguei para o Felipe, ele disse que estava só de bobeira e então falei pra ele me encontrar no píer, ele topou e disse que logo chegava por lá. A luh começou a ficar toda ansiosa, e nervosa também.

- Me fala como ele é? É bonito? Simpático? Chato?

- Você me acha bonito? – perguntei.

- Claro, você é um loirinho muito gostoso, se fosse hétero já tinha te pegado.

- Credo, Luana, para de ser escrota garota – falei rindo das besteiras dela.

- Só falei a verdade – disse ela sorrindo.

- Então você também vai achar ele bonito, ele parece um pouco comigo e também é loiro.

- Já gostei. Mas ele é gay?

- Bissexual, eu acho, na verdade não me lembro – falei sorrindo.

- Tá bom então né – disse ela com ironia.

Nós não demoramos muito a chegar. Logo já estávamos na trilha e depois na praia.

- Nossa, esse lugar é muito lindo – falou Luh, bestificada com a paisagem do píer, não era pra menos.

- Realmente – falei um pouco incomodado.

Olhei para o mar e comecei a recordar tudo, na verdade minha mente me forçava a rever todas aquelas cenas, senti minha cabeça doer um pouco.

- Você está bem, quer ir embora? – perguntou Luh.

- Não, só estou um pouco abalado – disse limpando algumas lágrimas, na verdade eu estava péssimo, eu poderia sorrir o quanto quisesse, mas essa dor não desapareceria nunca – vamos, você ainda não viu a melhor parte – disse puxando ela pela praia até a passarela.

- Porque você não me trouxe nesse lugar antes - disse ela quando nos sentamos na ponta da passarela.

- Sei lá – falei meio triste.

Ela me olhou e depois olhou para praia.

- Olha, tem alguém vindo.

Eu olhei na mesma direção que ela e vi Felipe, ele caminhava devagar mas quando viu a gente já sentado na passarela começou a correr não demorando a chegar onde nós estávamos.

- Oi – disse ele sorrindo quando chegou.

- Oi – falei também sorrindo para ele.

- Oi – falou a Luh se levantando – Sou Luana, melhor amiga do Alex – disse estendendo a mão, o Felipe ficou um pouco vermelho, acho que ele não esperava que eu trouxesse outra pessoa.

- Sou o Felipe – disse ele com um pouco de vergonha, só pude rir daquela situação.

- Felipe, o famoso psicólogo – falou Luh rindo.

- Que nada, quem dera se eu fosse famoso – Felipe fez a gente rir um pouco.

Ele se sentou e nós três começamos a conversar, aos poucos o Felipe foi se soltando e logo ele a Luh já tinham se aliado, sabe para que? Para me dar conselhos. Estávamos falando sobre o que tinha acontecido comigo, eu claro comecei a chorar, era inevitável não chorar, mas enfim, contei tudo que tinha acontecido comigo para o Felipe que ficou de queixo caído, pois não sabia de nada até agora, quase não acreditou na história toda.

Depois de passado o choque ele concordou com a Luana na parte de que aquela história era uma loucura total e que não fazia o menor sentindo eu deixar o Gustavo por causa daquilo, mas eu tinha medo, muito medo.

- Sabe o que eu acho – falou Felipe.

- O que? – perguntei um pouco curioso.

- Que você ainda não esqueceu esse tal de Alan, poxa cara sei lá, parece que você ainda é meio paranoico por causa desse garoto, ele foi embora, esquece ele.

- Eu queria, queria muito.

- Pois então, ele não vai voltar não é, segue sua vida.

- Até porque seria impossível ele voltar – disse Luh.

- Impossível? – perguntou felipe.

- Ele morreu, felipe, ele morreu em um acidente de carro.

Felipe ficou um pouco surpreso, achei que ele já deveria imaginar isso, mas eu pensei errado.

- Então, vocês estavam juntos quando ele, tipo, morreu? – perguntou ele.

- Estávamos... na verdade não – disse tentando organizar as ideias – foi assim – me ajeitei pra poder começar o início da explicação – Eu e o Alan éramos amigos, até o dia que a gente percebeu que o que a gente tinha, era bem mais que uma amizade.

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Flashback

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- O que você está escrevendo aí? - perguntou Alan, ele estava sentado em uma cadeira no meu quarto e eu estava deitado na cama.

- Não é nada – falei fechando o caderno. Ele não podia ver o que tinha lá dentro, um coração com nossos nomes (OMG!! QUE CRIANCISSE).

- É claro que é alguma coisa, senão você não estaria tão concentrado e me daria um pouco mais de atenção – ele disse pegando meu caderno.

- ME DEVOLVE ALAN, EU JÁ DISSE QUE NÃO É NADA – falei indo pra cima dele – ME DÁ ISSO, ANDA, DEVOLVE.

- Não vou devolver até você me dizer o que é – disse ele afastando o caderno de mim, como ele era um pouco mais forte que eu, acabei não conseguindo recuperar o caderno.

- TUDO BEM VAI EM FRENTE E VEJA – esbravejei emburrado com ele e me sentei na cama, meu coração batia a mil por hora, eu não era assumido nessa época, e o Alan também não sabia que eu gostava dele, então estava rezando para que ele desistisse e me devolvesse o caderno, e funcionou.

- Aqui – disse ele me entregando.

- Não vai ver?

- Eu quero que você mesmo diga, ou não vai ter a menor graça.

- Quem disse que é para ter graça – falei pegando o caderno da mão dele rapidamente.

- Hey, assim não é justo – ele disse vindo pra cima de mim, eu acabei tropeçando nos meus próprios pés (isso é perfeitamente possível) e caindo sobre ele, nossos rostos ficaram bem próximos, sua expressão ficou um pouco séria, eu estava paralisado e sem reação, nem coragem de levantar de cima dele eu tive. Ele então sem mais nem menos me deu um beijo, mais um beijo daqueles.

Eu estava, saltitando de alegria, depois que ele terminou de me beijar olhou pra mim novamente e sorriu.

- Você beija bem – disse ele, eu estava completamente vermelho, queria um buraco para enfiar minha cabeça de tanta vergonha, ele começou a rir.

- Você gostou? Então você é? ... você sabe...

- Gay? – perguntou ele.

- É.. Isso... gay – falei muito nervoso.

- Acho que sou, porque eu gostei muito do seu beijo, e quando garotos gostam de beijar outros garotos, isso o torna gay não é?

- É – falei um pouco confuso.

- Mas e você?

- O que tem eu?

- Você gostou do beijo?

- Eu...- na verdade tinha amado o beijo, já queria beijar ele de novo, mas me contive – gostei – disse e me calei novamente.

- Que bom então, então você também é gay?

- Sou – falei isso e ele sorriu.

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- Foi assim que tudo começou, depois disso a gente começou a conversar sobre isso, ele me disse que também já gostava de mim, só que não tinha coragem de assumir, e depois de uma semana nós começamos a namorar em segredo – falei terminando a primeira parte da história.

- Eles esconderam até de mim, DE MIM! – disse Luh.

- Mas não foi muito tempo, depois a gente te contou, você lembra como foi? – perguntei pra ela.

- Claro, eu nunca me esqueceria daquele dia – disse ela fazendo um olhar profundo, como se estivesse relembrando.

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Flashback

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- Então, a gente te chamou aqui para te contar uma coisa – falou Alan, estávamos na casa dele, e Luh estava com a gente, nós decidimos contar para ela que nós estávamos namorando, isso foi um dia depois de nós decidirmos “oficialmente” namorar.

- Então conta que eu já estou morrendo de tanta curiosidade.

- É que eu e o Alex, a gente está... – ele pegou na minha mão, vi quando ela olhou nossas mãos e fez a maior cara de surpresa do mundo, ela já tinha entendido.

- Nãooooo, mentiraaaaaa, OH MY GOOD!!! Vocês são gays? E estão juntos? SOCOROOOOO preciso de um médico urgente.

Apesar de eu estar um pouco constrangido, a cena foi bem engraçada.

- O Alex eu já sabia, mas você Alan.

- Nada a ver – falei.

- Ah migo, todos já sabem, você dá muita pinta querido.

Eu a encarei sério e depois comecei a rir, sabia que minha amiga me aceitaria numa boa.

- Então, tudo bem pra você? – perguntou Alan pra ela.

- Tudo bem não amor, tudo maravilhoso, eu sempre quis ter amigos gays, na verdade eu já tinha o Alex, mas ele não se assumia pra mim nunca.

- Tudo bem Luh, mas nada de espalhar tá, a gente ainda não sabe como nossos pais vão reagir.

- Sou um túmulo, bico fechado – disse ela e nós começamos a rir – Sabe, tem uma parte ruim nessa história – falou agora mais séria.

- O quê? – perguntamos eu e Alan.

- Eu vou ter que ficar segurando vela daqui pra frente, enquanto vocês ficam no bem bom – Falou dando altas risadas, a Luana era IMPOSSÍVEL, essa garota ainda me mata um dia.

Eu e Alan claro, não tínhamos saída a não ser rir daquela cena toda.

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- Aquele dia você quase me matou de tanta vergonha – falei rindo um pouco.

- Que nada, você que devia ter revelado antes, mesmo eu já sabendo que você era gay, não custava ter contado um pouquinho antes né.

- Ok, ok, me desculpe pela milionésima vez – falei ironizando.

- Então vocês se amavam mesmo? – perguntou Felipe.

Eu dei um suspiro longo antes de responder.

- Sim, eu amava o Alan, amava muito ele foi meu primeiro amor, meu primeiro beijo e meu primeiro na cama, nós namoramos durante longos seis meses em segredo, apenas a Luh sabia, foi com ele que descobri esse lugar, que acabou se tornando nosso “esconderijo”, ele me protegia como o Gustavo, me dizia coisas lindas, palavras de amor verdadeiro, toda vez que eu perguntava o que íamos fazer quando nossos pais descobrissem, ele apenas me dizia que ia cuidar de mim e me proteger de tudo e de todos.

- Até que... – Luh se pronunciou.

- Até que? – Felipe indagou.

- O pai do Alan acabou vendo a gente se beijando, foi uma infelicidade já que era pra ele passar a noite trabalhando, mas acabou voltando pra casa mais cedo.

- Ele não reagiu bem?

- De início sim, nós não vimos quando ele chegou e não sabíamos que ele tinha nos visto, aquele dia eu fui embora pra minha casa e nem imaginava o quanto Alan sofreria.

- Ele bateu no Alan?

- Bateu sim, e pior, obrigou o Alan a terminar comigo, ainda me lembro das lágrimas dele quando veio terminar comigo.

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Flashback

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Abri a porta do meu quarto e ele entrou, sua expressão estava horrível, sua cara estava triste e ele tinha algumas marcas roxas pelo corpo, sua voz estava fraca e chorosa ao telefone, percebi quando ele havia ligado e pedido para conversar comigo.

- Entra – falei, ele entrou e passou por mim sem me olhar.

- Eu te liguei porquê... – ele deu uma pausa.

- É o que eu estou pensando? Ele descobriu não foi?

- Eu quero terminar com você – ele falou e começou a chorar.

- O que? Mas... mas, Alan, seu pai descobriu foi isso? – falei desesperado, Alan só tinha o pai, sua mãe havia morrido quando ele era pequeno, e para completar o pai dele era extremamente homofóbico, já sabíamos que ia ser uma barra quando ele descobrisse.

- Não tem nada Alex, meu pai não descobriu nada, sou eu quem quero terminar – Alan chorava muito enquanto falava, estava na cara que ele não queria fazer aquilo, eu sabia que ele me amava assim como eu o amava também.

- Olha, Alan, a gente falou que ia ficar junto não foi, quando ele descobrisse, você lembra, que nós íamos enfrenta-lo, e ficaríamos juntos não importa o que acontecesse – eu também já chorava muito.

- Alex por favor, aceita, eu não quero mais ficar com você, eu... eu... não te amo – ele soluçava, eu me sentia péssimo por ver ele tendo que fazer aquilo – por favor se afasta – falou e foi em direção a porta.

Eu corri e segurei ele.

- Não me deixa, por favor, não me deixa, você prometeu que a gente ficaria junto.

- Eu só...eu só estava te iludindo – falou quando se desprendeu de mim e foi embora.

Eu estava sem chão, sofria muito e não sabia o que fazer, eu temia sobre o que podia acontecer com o Alan, mas eu decidi agir, não ficaria de braços cruzados e perderia meu amor assim, sem lutar. Na tarde daquele dia eu criei coragem e contei tudo para os meus pais, eles ficaram chocados, não posso negar, principalmente meu pai, realmente ele não esperava a notícia.

Tentei convencê-los a me ajudar, a conversar com o pai do Alan, mas eu vi que eles não reagiriam ou fariam qualquer coisa antes de se recuperar do baque de descobrir que seu único filho é gay. Então eu resolvi agir por conta própria, a noite e chamei a Luh e nós fomos até a casa de Alan, antes de chegar vimos o pai dele colocando algumas malas no carro.

- Será que eles vão se mudar? – perguntei aflito.

- Talvez, mas tudo isso para separar vocês dois?

- Eu não duvido, do jeito que o pai dele é.

- Homem horrível ele, mas e aí qual vai ser o plano pra você falar com o Alan? ele não vai deixar você entrar.

- Faz assim, a porta da casa está aberta, então vai ser fácil entrar se ele estiver distraído, você vai lá e fingi ser uma garota interessada no Alan, ele não deve se lembrar de você já que não te viu muitas vezes, fica conversando com ele e tenta desviar o olhar dele da porta, eu vou entrar e vou subir para falar com o Alan, tenho certeza que consigo convencer ele a enfrentar o pai.

- Ok, vamos lá então.

A Luh saiu de onde estávamos escondidos e foi conversar com o pai dele. Quando ele estava distraído eu corri até a porta da casa e consegui entrar, subi correndo até o quarto do Alan para falar com ele.

- Alan, a gente precisa conversar.

- Alex, o que você está fazendo aqui? Cara, por favor vai embora antes que meu pai te veja.

- Vamos conversar com ele Alan, a gente pode convencer ele que ...

- Você não entende Alex, com meu pai não tem conversa agora vai embora antes que ele te pegue aqui, por favor, é pro seu bem - disse ele me empurrando pra fora do quarto e me puxando pela escada.

- O que esse veado está fazendo aqui na minha casa? – perguntou Josué, pai do Alan quando chegamos a sala. Eu tremi de medo na hora, ele estava com uma cara muito feia.

- Nada pai, ele já está saindo – falou Alan.

- Na verdade – me soltei de Alan que tentava me levar pra fora – eu vim falar com o senhor, eu quero namorar com seu filho – disse com muito medo.

- Sai da minha casa agora e não aparece aqui nunca mais – falou ele serrando os punhos.

- Porque você não aceita ele? Eu amo ele e ele me ama? O que tem a gente se amar?

- VAI EMBORA AGORA!!! – disse ele com raiva nos olhos.

- Por favor Alex vai embora – pediu Alan suplicando.

- Eu não vou embora até que ele me deixe namorar você – falei.

Senti um tapa muito forte no rosto, uma dor enorme, a mão do pai de Alan era muito pesada, eu caí no chão na hora.

- VOCÊ VAI SAIR POR BEM OU POR MAL – disse vindo na minha direção, eu ainda estava um pouco atordoado pelo golpe.

- NÃO, não bate nele, por favor pai, não bate nele – Alan entrou na sua frente.

- Vai defender esse veado? Sai da frente Alan, eu estou mandando sair da frente – Alan permaneceu no mesmo lugar.

Ele tirou seu cinto e pegou Alan pelo pescoço o jogando contra a parede e começou a bater nele, nunca pensei ver aquilo, Alan chorava, eu chorava, mas o pai dele não parava de bater.

- NÃO FAZ ISSO COM ELE SEU MONSTRO!! – falei me levantando e correndo até o pai dele, de novo em vão, ele se virou e me deu um soco ainda mais forte. Eu caí de novo, ainda mais tonto que antes, quase tinha ficado inconsciente, senti uma dor enorme no braço, só conseguia ver o pai do Alan o batendo sem nenhuma piedade, eu me senti um fraco, impotente, um completo inútil, me culpava por tudo que estava acontecendo.

Ele parou quando os braços de Alan começaram a sangrar, me pegou do chão e me arrastou pra fora da casa, me jogou na calçada como se eu fosse um saco de lixo, voltou pra dentro, começou a trancar toda a casa e depois saiu carregando Alan nas costas.

Luh veio correndo me ajudar a levantar, ela ainda estava escondida esperando eu sair como a gente tinha combinado antes. O pai de Alan levou ele até o carro e colocou ele dentro. Veio até mim e disse:

- Nunca mais procure meu filho entendeu, ele não é um lixo como você, pessoas como você deveriam estar mortas, eu mesmo teria muito prazer em fazer isso com você, mas não vou sujar minhas mãos com quem não merece.

Ditas estas palavras ele se virou, foi até o carro, entrou e o ligou. Eu olhei para Alan e ele estava todo machucado, quase inconsciente, seu rosto tinham vários cortes e alguns sangravam, vi seus lábios se movimentarem e tentei decifrar o que eles tentavam me dizer.

- EU ... TE ... AMO – Sussurrou para mim enquanto chorava encostado no banco do carro.

Seu pai subiu os vidros do carro, acelerou e eles foram embora, me esforcei para continuar olhando até o ultimo segundo para aquele carro, até quando ele virou a esquina e eu nunca mais visse o Alan na vida.

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Felipe escutava tudo muito atento, eu e a Luh, choramos um pouco enquanto contávamos toda aquela história.

- Dois dias depois eu recebi a notícia que eles haviam sofrido um acidente em uma ponte, o carro caiu dentro do rio e não houve sobreviventes – falei limpando as lágrimas.

- Eu sinto muito – falou Felipe.

Olhei para ele, olhei para Luh e olhei para o mar.

- Eu também – falei limpando mais uma lágrima.

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Por hoje é só, não deixem de comentar OK, isso importa muito pra mim.

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Feliz aniversário, parabéns pra você, o presente atrasou um pouco mas você sabe como é...

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BEIJOOOOOOO!!!!

Comentários

Há 6 comentários.

Por hugo em 2015-03-24 22:20:18
nossaa maravilhoso !!!! agora sim consigo entender o p o Alan nao sai dos pensamentos do Alex eles tiveram algo que os marcou demais da conta algo que se lutou mais foi em vao !!!!! vc esta de parabéns
Por Garoto Bi 69 em 2015-03-20 22:47:22
Obrigado por lembrar do meu aniversário, muito obrigado mesmo!!! 💗💗💗
Por Garoto Bi 69 em 2015-03-20 22:43:15
Simplesmente perfeito... Agora sim estou amando o Alan... Kkkk' (Sou a pessoa mais indecisa do mundo 🌚)... Mas enfim, estou amando cada vez mais, e assim como o "Escritor da noite" comentou no cap anterior, acho q seria um crime esta história mais q perfeita não se tornar um livro... Seu jeito de escrever é maravilhoso, fantástico, encantador, hipnotizador... As vezes do nada me vejo em outro lugar, tipo, me vejo em um pier sentado olhando o mar com o Alex e o Felipe do meu lado, me vejo em um penhasco, vendo Alex e Guh se beijando, estranho? Eu não sei... Só sei q quando paro e lembro dos capítulos perfeitos q li aqui nesta série, eu viajo para outro mundo, um "mundo paralelo" ao q vivo... Te adoro cara, sdd de ti, meu amigo... 💗💗💗💗💗
Por Anderson P em 2015-03-20 19:00:42
Muito bom, continua logo, estou ansioso para saber o que vai acontecer.
Por Ryan Benson em 2015-03-20 16:55:19
MDS isso foi tocante e melancólico, quase me fez chorar :/ fiquei triste, nunca imaginei que o Alan tivesse passado por isso, infelizmente existem pessoas assim na vida real ._. Com quem será que o Alex vai ficar? Será que vai voltar para os braços de Caio? Será que vai descobrir um novo amor com Felipe (essa é meio improvável, mas nunca se sabe)? Ou será que ele vai correr os riscos de perder a vida ou seu amor ficando com Gustavo? Espero qualquer um, menos o último, não quero perder o Gus ;-; e o Leo, pra onde ele foi? Não faço ideia, só vc pode me responder rsrs. Não gostei do "não vou mais responder os comentários de vcs", infelizmente... ¬¬ gosto quando comento uma série e gosto de ver o que o autor me respondeu, MASSS... de boa, continuarei comentando. Um abraço ;)
Por jpli em 2015-03-20 09:45:26
Chorei chorei chorei muito nossa me tocou profundamente a noite nos falamos pelo whats ;)