O Início

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Parte da série Mundos Paralelos

HI GUYS!!!! aposto que vocês pensaram que eu não voltaria antes de 2015 né? pois bem, fiz um esforço e dediquei minha tarde a trazer um novo cap pra vocês no último dia do ano. Agora já é noite mas escrevi maior parte a tarde, tenho que admitir que sou muito lento pra escrever, criatividade zero, aí leva horas até sair algo que preste kkkkk. Bom, vamos aos Comentários.

BielRock:: Me matar? mas eu nem trouxe as piores partes, kkkk brincadeira, e o Ben pois é né, esse vai ter que explicar direitinho, e como já disse pra outro esses dias, talvez, mas talvez eu faça o Guh ficar, se ele quiser ficar, depende dele e do ALex é claro, é, não faz o mínimo sentido, mas sou meio louco as vezes kkkkk. Beijão, S2. Uhmmmmm Guhstoso.

kaduNascimento:: .................Espera..................sentado..................tá.

Ryan Benson:: Pois então garoto, o Ben pisou feio na bola né, rapaz, se fosse comigo eu ja tinha esfaqueado e colocado dentro de uma mala, nossa, que crueldade, nunca faria isso, mais bem que ele está merecendo né, enfim kkkkk obrigado e um ótimo Ano Novo pra você. Eu esqueci de mandar a minha cartinha pro papai noel, mas acho que aconteceria a mesma coisa que aconteceu com você, então pode deixar que eu te ajudo a pegar aquele velho e arrancar um "Guhstoso" de dentro daquele saco kkkkkk, valeu aí por tudo, prometo que vou me atualizar na sua série, tava sem PC e dei uma parada mas vou voltar e ler e comentar o mais rápido possível, valeu. S2.

Anderson P:: Uma questão importante você levantou no seu comentário, gosto sempre dos seus cometários por trazerem alguns pontos chave. Eu sei que vocês não aguentam mais o Alex e o Caio, mas a gente não pode ter tudo assim de mão beijada né, enfim o Leo é desse jeito mesmo, sempre foi, que bom o Guh ter acordado logo, to parecendo leitor no meu próprio conto né kkkkkk. Eai chegamos em outra questão, Alex ama Caio da mesma maneira que ama o Guh? isso vai decidir o rumo dessa história, só não sei quando, mais uma vez, obrigado por estar aqui. S2.

escritor da noite:: Pra gente que escreve é sempre difícil né, mas enfim, acho que você é um dos pouquíssimos que prefere o Caio, a legião que torce pelo Guh é enorme kkkk, mas relaxa que a crueldade não faz parte do meu vocabulário, então fique tranquilo por enquanto. Eu tenho um email : mundosolitario@outlook.com fiz ele quando estava deprê por isso ficou assim, mas não liga, estou esperando seu email. S2.

Fleur:: Disse tudo garota, Alex tem que decidir logo sua vida, e suas dúvidas serão esclarecidas logo logo, e como sempre com ótimos palpites em, David é mesmo culpado? Ben foi mesmo manipulado? Alex é mesmo um abestado? rsrs adoro seus cometários linda, sempre certeiros. Feliz 2015 pra você e espero você ano que vem minha linda. S2 S2.

Fernando_kalleb:: Obrigado Danadooooooooooooooooooo, kkkkk Pois é né, a gente tem que providenciar um belo castigo tanto pro David quanto pro Leo, prometo que vou pensar em algo, e será que Ben é mesmo culpado, Alex do jeito que é vai querer conversar com ele, uhm muitas suposições mas nada certo, abração pra você também e ótimo 2015. S2.

Éh isso meu povo, vamos a mais um cap...

Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

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O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

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Flashback

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Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

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Fim do Flashback

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Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

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O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

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Flashback

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Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

>>>>>>>>>>>>>>>

Fim do Flashback

<<<<<<<<<<<<<<

Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

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O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

>>>>>>>>>

Flashback

<<<<<<<<<

Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

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Fim do Flashback

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Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

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O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

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Flashback

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Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

>>>>>>>>>>>>>>>

Fim do Flashback

<<<<<<<<<<<<<<

Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

>>>>>>>

O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

>>>>>>>>>

Flashback

<<<<<<<<<

Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

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Fim do Flashback

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Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome Mundos Paralelos 07 – Segunda Temporada

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O Início

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Resumo do cap anterior: Alex chega em casa e reflete sobre sua relação com Guh. Depois dorme a tarde inteira e quando acorda resolve ir à casa de Caio, quando chega a casa antes de entrar vê Leo conversando com outro garoto. Depois já dentro da casa ele e Leo acabam discutindo na cozinha onde Leo faz ameaças a Alex. Ele resolve ir dormir em sua casa. Os dias passam e Alex fica mais próximo de Ben, certo dia na escola ele e David acabam discutindo (para variar) e David faz insinuações contra Ben. Depois em casa Alex discute com Caio por este estar com ciúmes de Ben, Caio vai embora e depois de um tempo Alex resolve ir à casa de Ben, porém foi tamanha foi sua surpresa quando David abriu a porta e descobriu que o mesmo é na verdade irmão de Ben.

“Ele nunca foi meu amigo. Acabei percebendo que meus inimigos eram poucos, mas eram muito perigosos, e estavam todos à solta. ”

Entrei em casa e subi rápido em direção ao meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei lá pensando em tudo que tinha acontecido. Era difícil de acreditar, o Ben parecia ser alguém tão bom e íntegro, eu não conseguia entender o porquê dele fazer isso comigo. Minha cabeça agora não parava de doer, uma sensação angustiante tomava conta do meu corpo. Me levantei e me sentei na cama, olhei para o meu celular e pensei em ligar para o Caio, ele tinha razão, os motivos de desconfiança da parte dele não eram vagos, todos tinham fundamentos e eu não acreditei nele. Decidi que iria pedir desculpas pra ele, eu o tinha tratado muito mal, ele deve estar sofrendo tanto quanto eu estou agora. Continuei observando o celular em cima da cama, resolvi que ligaria mais tarde, não agora, ou não hoje.

Desci as escadas da casa devagar, procurei nos cômodos mas pelo visto ninguém estava em casa. Fui até a cozinha e peguei uma pera, estava com fome. Mas o vazio da fome nem se comparava ao vazio de sentimentos que me preenchia. A raiva ainda estava presente, o arrependimento por ter brigado com Caio veio rápido também, a dor que eu sentia tanto por não tê-lo aqui comigo agora, como também pelo fato de descobrir isso do Ben fazia meu coração se apertar. Era incrível o que eu sentia naquele momento, eu sentia raiva do Ben, mas não queria sentir, eu gostava muito dele. Cheguei a cogitar a ideia de nunca ter descoberto isso, de continuar sendo enganado só para não ter que me afastar dele.

“Como eu sou idiota” pensei comigo, está com vontade de ser amigo daquele que te apunhalou pelas costas. Fui até o quintal da minha casa, o Jhou corria de um lado pro outro, nem me lembro a quanto tempo não brinco com meu cachorro, fui até ele fazer um carinho, depois ele saiu todo alegre, por um momento senti inveja, alegria era tudo o que queria naquele momento, mas o meu coração se recusava estar alegre, tinha motivos pra isso. Fui até o portão da minha casa, hesitei em abri-lo, temia que Ben estivesse lá fora, não queria encará-lo, não ainda. Sem escolha, criei coragem e empurrei o portão vagarosamente observando a rua e o outro lado, mais precisamente a casa dele. Pude ter a certeza de sair quando constatei que ele não estava lá fora, mas mesmo assim me distanciei o mais rápido que pude da frente da minha casa.

Cheguei a esquina, pessoas passavam pra lá e pra cá apressadas como sempre, atravessei a rua chegando ao outro lado e pensei, “ Pra onde eu vou? ”. Pensei em ir à casa de Caio para pedir desculpas logo, estaria contrariando a minha própria decisão que havia tomando minutos atrás. Comecei a andar em direção a sua casa, meus passos eram lentos, minhas pernas pareciam não querer que eu fosse até lá, então decidi que iria concordar com elas. Parado novamente em outra esquina, de novo procurava um destino. “Guh” pensei, era óbvio que eu poderia ir pra lá ou então a casa da Luh, como a casa do Guh era bem mais perto, ele venceu essa.

Novamente me vi caminhando pelas ruas daquela cidade, se tinha uma coisa que eu odiava era andar, sim, andar. Eu sou daqueles que tem preguiça para dar e vender, se tinha que ir em algum lugar, procurava logo qualquer transporte, mesmo que seja uma bicicleta, se brincar eu iria de bike até pra casa do Ben, que em frente à minha. Ben, aquele ruivo ordinário, e eu pensando que ele era um amigo.

Antes que percebe-se já tinha chegado a casa do Guh, estava do outro lado da rua parado olhando a casa, era murada, só que o muro tinha umas grades que deixavam ver o jardim na frente da casa. A quase “mansão” era toda gramada e tinha umas flores a direita, além disso tinha uma pequena fonte do outro lado. Era uma casa linda, assim como os habitantes de dentro dela hehe.

Meu corpo e minha mente entraram em conflito nesse momento, eu fazia movimentos pra atravessara a rua, mas tinha algo em minha mente que não me deixava prosseguir. “Todas as vezes que você tem um problema procura ele” pensei, “ Você tem que ser capaz de resolve-los sozinho”. Na minha mente vinham milhares de frases do tipo, porque eu estaria pensando uma besteira dessas agora? Eu tenho amigos, e eles podem me ajudar nos momentos difíceis, é pra isso que os amigos servem.

Não adiantava, lutar contra mim mesmo parece uma loucura, será que é isso, estou ficando louco? Antes de terminar meu autoexame psicológico resolvi sair dali, o Guh já tem seus problemas, não precisa que eu fique o enchendo com os meus, é, minha loucura venceu.

E mais uma vez eu estava vagando sem rumo pelas ruas da cidade, em minha mente agora choviam imagens do passado. Me recordava das vezes em que conversava e brincava com Ben. Lembrei dos meus momentos com Caio, Luh e claro, Guh. Fui relembrando coisas cada vez mais antigas, A época que briguei com a Luh, nossa reconciliação no hospital. Eu estava enganado em relação a ela, naquela época uma decisão precipitada me afastou da minha melhor amiga por um longo período. Será que eu estaria enganado agora? Uma parte de mim torcia para que eu estivesse. Fui ainda mais fundo nas lembranças, anos atrás. Um lugar veio a minha mente nesse momento.

- Faz tanto tempo que eu não vou lá - disse pra mim mesmo, resolvi ir lá, já tinha rodado boa parte da cidade mesmo.

Esse lugar era um Píer antigo, ficava em uma praia, pouquíssimas pessoas iam lá, ficou abandonado depois que a prefeitura fez um porto novo em outro local. Eu costumava ir lá com uma pessoa, nós passávamos tardes inteiras lá. Não era muito longe tinha uma pequena trilha que tinha que pegar para poder chega lá, era curta e não oferecia perigo algum, além de que se algo acontecesse era fácil pedir ajuda pelo celular.

Não demorei a chegar na praia, tirei os meus chinelos para sentir a areia nos pés, fui andando até o Píer, suas estruturas apesar de um pouco judiadas ainda estavam bem firmes.

- Ainda dá para fazer uma festa aqui em cima – falei e ri sozinho.

Fui caminhando pelo Píer, não tinha absolutamente ninguém, melhor assim, não estava querendo a companhia de ninguém nesse momento. Cheguei até a ponta e me sentei, observei a água do mar e as pequenas ondas que viam, a brisa que vinha do mar era boa, calma e sutil. O Sol estava já estava bem ameno, não estava aquele calor infernal de mais cedo e era perfeitamente suportável ficar ali por horas, que bom porque eu não sairia dali tão cedo. Depois de estar devidamente acomodado, retornei à minha atividade que fazia a alguns instantes, relembrar o passado. Como havia me perdido na minha linha do tempo, resolvi recordar pontos específicos. “O dia que conheci o Gustavo”, nunca me esqueceria desse dia, e ao contrário do que vocês podem pensar, nosso primeiro encontro foi, digamos um pouco conturbado.

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Flashback

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Estava andando pelo corredor da escola, tudo que eu menos queria era estar naquele lugar, garotas riam, meninos fazia suas poses de machões, e minha paciência já tinha ido faz tempo. Procurei a Luh e nada, acho que ela não tinha chegado ainda. O jeito foi esperar, mas ela demorou muito e então resolvi mandar uma mensagem pra ela, ela disse que estava chegando e que tinha se atrasado porque tinha dormido demais, típico dela. Resolvi então dar um pulo rápido na lanchonete, comprei um suco e fui voltando pro pátio. Do nada saiu um garoto e esbarrou em mim, ele não olhava pra frente porque lia algo em um papel que levava na mão.

- Oh seu idiota, você não olha por onde anda não? – falei extremamente irritado e com muita grosseria, naquela época eu estava enfrentando alguns problemas, minha vida estava uma bagunça só, eu sempre estava de mau humor, discutia frequentemente com qualquer um e por qualquer motivo, tinha sido o período mais negro da minha vida. Voltando a história, o garoto se levantou logo pegou meu celular que tinha caído no chão e foi rápido me entregar, eu tomei da mão dele com força, e ainda disse- acho melhor você comprar uns óculos.

- Me desculpa, eu estava distraído – disse ele receoso e ainda inseguro, acho que ele tinha ficado com um pouco de medo.

Eu observava meu celular para ver se tinha quebrado alguma coisa, felizmente não tinha sofrido nenhuma avaria. O Garoto não olhava diretamente nos meus olhos, ele ficou lá parado por um instante. Antes que abrisse a boca para falar alguma coisa apareceu a Luh.

- Até que enfim te achei, to te procurando a horas, porque não estava lá no lugar combinado?

- Fui na lanchonete comprar um suco.

- E quem é esse? Não me diga que você fez um amigo.

- Pode parar tá, eu não sou esse desesperado que você diz, e nem quero amigos, só você está ótimo.

- Alex, você tem que parar com isso, tem que sair dessa.

- Sair dessa? Por favor, nós já falamos isso milhões de vezes.

- Eu sou Gustavo, prazer – disse o garoto se intrometendo na conversa, apesar de ainda estar meio tímido.

Eu o olhei de cima a baixo, “mas que audácia” pensei. Devo admitir que naquele período eu era uma pessoa difícil, ou melhor impossível. Os fatos ocorridos antes me fizeram ficar amargo, triste e um pouco depressivo.

- Sou Luana, prazer – disse Luh estendendo a mão pro garoto.

Depois de cumprimenta-la, o garoto se voltou para mim, coitado, acho que ele tinha alguma esperança que eu falasse alguma coisa. Peguei a Luh e puxei-a pelo braço, larguei o coitado lá, fomos direto pra sala. Nos sentamos na cadeira e a professora não demorou a chegar.

- Nossa, você foi um grosso com aquele menino – disse Luh.

- O que ele queria, você sabia que ele quase destruiu meu celular!

- Mas ele deve ter pedido desculpas, e ele foi muito simpático.

- Não me interessa.

- Nossa Alex, você está um chato, não sei mais o que eu faço, eu sei que foi difícil, mas você deveria superar isso, se interessar mais pelas pessoas, ele por exemplo, é um gatinho.

- É nisso que você está interessada né – falei.

Quando terminei de falar, o diretor entrou com o garoto, “Gustavo” pela porta da sala levando-o para fazer aquela apresentação de sempre. “Coitado” pensei mudando de escola logo no meio do semestre. Ele se apresentou e não parava de olhar na minha direção. Quando terminou a professora pediu para que se sentasse, pedi a Deus pra ele ir pro outro lado da sala, mas o bendito veio e sentou bem do meu lado.

- Oi – disse ele.

Eu o ignorei, mas ele não desistiu.

- Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas – disse ele olhando pra mim.

- Pior é ficar enchendo o saco delas, quando elas já estão irritadas – falei o mais ríspido possível.

- Que bom que eu não estou fazendo isso – disse ele numa cara de pau imensa. Me segurei para não dar um de direta na cara dele.

Eu olhei pra ele, e o dito cujo sorria.

- Você pode ficar calado? Não quero ser chamado atenção – falei para ver se assim ele se tocava.

- É que eu queria uma caneta emprestada – disse ainda sorrindo.

- Como é que você muda de escola e não tem caneta?

- Ahhh... – disse ele fazendo uma expressão de que não saberia explicar.

- Tudo bem, pega essa.

- Só mais uma coisa.

- O que foi agora? – perguntei de novo tentando mostrar algum desinteresse.

- Posso ficar com você na hora do lanche? – perguntou ele, incrível como ele não parava de sorrir.

Eu olhei pra ele com uma cara de “Sério isso? ”.

- Você é muito insistente né –falei.

- Eu só insisto em coisas que valem a pena – respondeu rapidamente.

Sua resposta me desnorteou, fui pego de surpresa como não acontecia a muito tempo, admito que comecei a ficar vermelho na hora. A Luh só observava tudo atrás de mim, percebia que ela às vezes ria e as vezes comemorava, o que ela estava comemorando eu não sabia.

- Tudo bem – falei.

- Tudo bem o quê? – falou.

- Você pode ficar comigo na hora do intervalo.

Ele abriu um sorriso maior ainda, virou pra frente tirou seu caderno da bolsa e logo em seguida um monte de canetas. Eu olhei para ele e nem acreditava naquilo, Observei seu rosto alegre, seus olhos negros, o brilho que eles emanavam, a primeira vez que vi aqueles olhos brilhantes com um diamante negro.

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Fim do Flashback

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Depois daquele dia minha vida se transformou, o Guh me ajudou a melhorar, esquecer a dor e tudo de ruim que tinha acontecido. Ele mudou minha vida, meu jeito de viver e de ver o mundo, me tirou do buraco e me ergueu das cinzas (Nossa que poético). Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse entrado na minha vida aquela época.

- Posso me sentar aqui? – disse um garoto.

Eu quase caí na água, tamanho foi o susto que eu levei.

- Nossa quer me matar do coração- disse um pouco ofegante.

- Me desculpa, não era essa minha intenção – disse ele todo atencioso.

- Não, tudo bem.

Eu me voltei a ele e pude observar suas feições. Era loiro como eu, só que um loiro mais claro, bem mais claro, tinha olhos verdinhos, lindos, pela que parecia, era da minha altura, corpo normal, nada de muito atrativo.

- Parece que você estava bastante concentrado, nem me viu chegando.

- É, eu estava com pensamento longe – falei, tenho certeza que minha expressão era triste porque consegui identificar na reação que ele teve.

- Brigou com a namorada?

- Namorado, na verdade – falei e ele me olhou e deu um pequeno sorriso. Eu abaixei a cabeça e me calei.

- Realmente é péssimo quando a gente briga com quem a gente ama, você ama ele né?

Algum tempo atrás eu responderia essa pergunta sem medo de errar, mas agora, eu não sei, não tinha certeza, eu gostava, gostava muito do Caio, mas será que era mesmo amor?

- Acho que sim – respondi.

- Acha? Não senti muita firmeza não em?

- Eu não sei mais, minha vida anda um caos.

- Sinto muito por você, poderia querer ajuda-lo de alguma forma.

- Não se preocupe, eu vou conseguir resolver meus problemas, espero.

Nós ficamos conversando ali por algum tempo. Ele disse que conhecia aquele local a algum tempo e ia lá as vezes porque lá era calmo e sossegado, lá a gente podia pensar na vida, sem pressa, pressão ou influencia alheia, era só você e seus pensamentos. Nossa conversa acabou se estendendo por um longo tempo, contei coisas da minha vida pra ele, minhas recentes brigas, falei sobre meus amigos, meu namorado, e nem sabia porque estava me abrindo assim para um completo desconhecido, sei lá, talvez eu precisasse desabafar com alguém. O sol dava sinal que iria embora logo, então nós resolvemos que iriamos também, ele se despediu e prometeu que a gente ainda se veria qualquer dia desses, apesar de decidirmos que íamos embora ele saiu primeiro, demorei um pouco mais, precisava de mais tempo sozinho.

Passados uns vinte minutos me levantei de onde estava, olhei o mar e o maravilhoso pôr do sol no horizonte. Eu teria que voltar, encarar meus problemas de frente, ia andando ao longo do Píer, olhava e recordava as lembranças dele comigo, as horas que a gente passava junto, talvez se ele ainda estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu poderia estar muito mais feliz, minha vida poderia ter sido completamente diferente nesses últimos dois anos. Enfim, quando pisei os pés na areia lembrei-me do garoto de agora a pouco. Foi bom conversar com ele, ele atuou quase como um psicólogo, mas daí eu me dei conta de uma coisa, eu nem tinha perguntado o nome do meu mais novo psicólogo.

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Éh isso aí galerinha, novo personagem, histórias antigas, lugar especial, muitas coisas nesse cap em, não se esqueça de deixar sua opinião aí embaixo, e um Feliz Ano Novo a todos, S2 pra todo mundo...

Comentários

Há 6 comentários.

Por yellow em 2015-01-01 03:53:02
To começando a ler hoje e ta muito bom, as vezes o alex me irrita, mas eu quero que ele fique mesmo é com o guh
Por Léo Allen em 2015-01-01 03:39:39
Eu adorei o capítulo, o Alex finalmente percebeu que ñ é tão apaixonado por Caio assim. Haha. Poste logo pfvr. Kkk abçs.
Por Fleur em 2014-12-31 14:01:25
Honestamente o Alex me irrita ele fez uma reflexão tão profunda, mas na hora não resolveu nada e esse garoto misterioso é real ou algo da imaginação dele. Pela primeira vez no conto ele percebeu que o que sente pelo Caio não é tao profundo assim, fico feliz dele perceber o que verdadeiramente sente Guh. Poh Alex deixa de ser palha e se decide logo.
Por BielRock em 2014-12-31 12:55:43
Cara o episódio de hoje foi ótimo . Adorei o jeito que o Guhstoso tentava amolecer o coração do Alex , adorei a cena da caneta . kkkkk.
Por Nicksme em 2014-12-31 10:25:25
Gente me desculpe o erro kkkk não sei onde estava com a cabeça mas enfim, da pra entender, abraço e sorry...
Por Ryan Benson em 2014-12-31 03:33:28
Oshi, ta doido moço?... vc repetiu o texto '-'. Nick nunca pensei que o Alex fosse assim. Nem parece ele antes de conhecer o Guh. Mais um motivo pra vc juntar os dois. Feliz ano novo pra ti cara, e pode deixar que vamo pegar o velho Noel da proxima vez... vamos torturá-lo com musicas do Pablo (não tem coisa pior) até ele nos dar presentes hahahaha! Um abraço!