Adeus, sentirei saudades!

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Parte da série Mundos Paralelos

HI GUYS!! Voltei mais cedo dessa vez, rsrs, bom, vi que muitos se abalaram no cap passado, outros não gostaram, alguns choraram muito, e também tem que insistem em economizar uns lencinhos de papel, enfim, foram muitas emoções mesmo, mas será que era tudo? E esse capítulo? Um título assim, intimida um pouco não? bem vamos ver tudo aí em baixo...Boa leitura!

Mundos Paralelos 20 –Segunda Temporada

Resumo do cap anterior: Caio continua sofrendo por Alex, então sua mãe tenta consolá-lo, mas Leo não gosta e então Caio descobre que na verdade Leo tem ciúmes dele, Leo e Vanessa (mãe deles) acabam discutindo e ambos acabam sofrendo mais. Alex retorna a sua casa após receber alta do Hospital, liga Luh e resolve leva-la no píer onde ela conhece o Felipe. Então eles contam toda a história do passado de Alex para Felipe.

“- Eu sinto muito – falou Felipe.

Olhei para ele, olhei para Luh e olhei para o mar.

- Eu também – falei limpando mais uma lágrima.”

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Adeus, sentirei saudades!

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Dobrei minha última camisa e coloquei dentro da mala, agora estava tudo pronto. Dei mais um longo suspiro, um de muitos que eu já havia dado.

- Você não parece muito animado – falou meu irmão João, ele estava deitado na cama me olhando arrumar minhas malas.

- Impressão sua – tentei disfarçar minha completa falta de ânimo.

- Porque você está indo maninho? Se você não quer ir ninguém vai te impedir de ficar, o papai mesmo já não sabe se quer que você vá ou não.

- O pai só está com medo, no fundo ele sabe que é melhor pra mim.

- Mas você não, você sabe que só está indo para fugir dele, e isso não vai dar certo.

- Não é isso João, eu... – dei uma pausa, me deu vontade de chorar na hora – eu preciso ir, você não entenderia.

O João me olhava como se esperasse que explicasse tudo a ele, mas não tinha como eu fazer isso, não agora. Voltei-me a minha mala e a fechei com um pouco de dificuldade. Ele não parava de me olhar, eu estava começando a ficar incomodado, mas ele não ligou.

- O Que foi João, vai ficar aí me olhando desse jeito? – falei um pouco irritado.

Ele deu um suspiro longo e deixou de me encarar, se levantou da cama e veio até mim. Sem aviso prévio ele me abraçou, me abraçou muito forte.

- Eu te amo irmãozinho, você não sabe como eu estou sofrendo, sabendo que não vou ter você por aqui me enchendo o saco, ou brigando comigo, ou dormindo em cima de mim – falava ele.

- Eu não durmo em cima de você – falei tentando me defender daquelas acusações.

- Dorme sim, ontem mesmo quando você chegou todo tristinho, veio pro meu quarto para dormir comigo e se esparramou todo em cima de mim – eu dei um leve sorriso, depois eu me lembrei de que logo não teria mais isso na minha vida, senti um aperto no meu coração, apertei o abraço com ele, comecei a chorar baixinho, o João me apertou também, ele era o melhor irmão que alguém poderia ter – eu vou sentir muito sua falta – ele falou chorando baixinho também.

-Eu também vou sentir a sua, muita mesmo – Seu abraço me confortava, ele me protegia, e era bom ser protegido, sempre me vi no papel de protetor, mas as vezes eu precisava de alguém para me proteger também.

- Agora – disse ele limpando algumas lágrimas - termina de arrumar isso aí e desce lá para baixo, o pai e a mãe querem te paparicar um pouco antes de você ir – dei um leve sorriso antes de responde-lo.

- Tudo bem – limpei meus olhos também, ele me soltou e foi saindo do meu quarto, ainda na porta mandou um sinal com mão me sinalizando um “Brothers?”, e eu respondi a mesma maneira.

Ele então fechou a porta e me deixou sozinho, olhei por toda a extensão daquele quarto, meu quarto. Senti vontade de chorar novamente, não conseguia acreditar que estava fazendo tudo isso só para fugir dele, só para fugir desse amor. Foi inevitável que algumas lágrimas viessem, olhando todos os meus móveis ali no quarto, tudo arrumadinho em seu lugar. Olhei pra minha cama, sentiria muita falta dela. Me joguei em cima dela e me deitei de barriga para cima olhando o teto, era um forro de gesso comum, branco sem nenhuma beleza ou encantamento fora do comum, mas era uma parte do meu quarto que eu com certeza não esqueceria.

Isso porque ele servia quase como um telão a noite, as vezes eu me pegava imaginando diversas coisas e olhava pro teto tentando formar as imagens na minha frente. É verdade que a maioria desses pensamentos eram com Alex, imaginava o dia em que ele dizia que me amava, que nós nos beijaríamos como se não houvesse mais nada além de nós dois. Agora eu não precisava imaginar isso, era só relembrar.

Relembrar os momentos mais felizes que eu já tive, mas que tinham durado tão pouco, acabado tão rápido, e da pior forma possível. Encolhi minhas pernas e me virei para o lado, eu só queria tê-lo, nem que por um mísero segundo, tê-lo novamente em meus braços, senti-lo tocar minha pele, sentir seu cheiro encantador.

“- Alex, o que que você está fazendo aqui?”

“- Ora, porque nunca me disse que você cantava?”

Essas frases vieram à minha cabeça, tentei identificar de qual período elas eram. Não demorei a lembrar que elas foram ditas no dia em que ele veio me pedir perdão e me pegou cantando e tocando violão. Aquele dia foi um dos melhores com ele, ver que ele se realmente se importava comigo, mesmo que apenas como amigo, já bastava, pelo menos naquela época.

Minha mente ousou ir ainda mais longe e me forçou a recordar o dia em que ele dormiu aqui comigo, na minha cama, no meu peito, tão frágil e tão lindo ao mesmo tempo. Ele estava triste por tudo que havia acontecido com o Daniel, por ele ter sido rejeitado daquela maneira. Então ele se refugiou em mim, me fez como um verdadeiro protetor, a partir daquele dia eu protegeria para sempre, era o que eu costumava pensar.

Também me lembrei da Luh, aquela maluca que eu amava tanto, seu jeito louco e simpático ao mesmo tempo assustava e hipnotizava qualquer um que a conhecesse. Mas ela sabia agir da maneira certa quando era preciso. Ela provou isso quando sofreu dia após dia ao lado de Alex, enquanto amava o Daniel em silêncio. E apesar dos pesares, nós acabamos bem no final de tudo, como sempre, o dia em que nós nos abraçamos naquele hospital, eu soube que tinha os melhores amigos que alguém poderia ter.

Mais uma vez limpei minhas lágrimas, sei que não seria nem um pouco fácil abandonar todas essas lembranças, apagar todas, recomeçar tudo em outro lugar. Sei que eu sofreria, que eles também sofreriam, mas era preciso, eu achava que isso, de alguma forma, talvez acabasse com todo aquele sofrimento, aquela aflição que eu sentia, que no final, eu apenas... Esqueceria.

Me sentei na cama e respirei fundo, a hora havia chegado, a hora da minha partida. Ouvi passos vindos do corredor, limpei rapidamente o restante das minhas lágrimas e tentei parecer o mais normal possível. Meu pai apareceu na porta sorrindo.

- E aí garoto – falou ele vindo me abraçar – estava com saudades de você meu filho - a gente não se via fazia um tempinho.

- Eu também pai – disse apertando ele.

- Vamos, sua mãe está lá embaixo te esperando – falou ele me conduzindo até a porta.

Nós descemos e fomos para sala, lá vi minha mãe, que já chorava.

- Mas a senhora já está chorando Dona Alessandra – falei quando cheguei perto dela que se derretia ainda mais em lágrimas.

- Ô meu filho! – disse vindo me abraçar, tantos abraços eu recebi esse dia, mas nenhum eram dele – vou sentir tanto sua falta, toma cuidado tá, não fale com estranhos, não fique até tarde na rua, não ande com gente ruim...

- Mãe, calma aí, deixa as instruções pra mais tarde, e eu não sou mais criança, sei me cuidar, a também a tia vai estar comigo.

- Eu sei meu filho, eu sei, mas você ainda é tão jovem, eu não vou aguentar ficar tão longe de você.

Minha mãe era uma das muitas pessoas que queriam que eu ficasse, eu realmente sofria vendo ela assim, mas não podia fazer nada. Durante aquela manhã meus pais ficaram em casa, a gente se reuniu pois seria difícil que todos voltassem a ficar juntos novamente, já que eu estaria do outro lado do oceano. Fizemos um almoço em família, minha mãe chorava toda hora, minha tia ficava meio triste porque ela não queria que minha mãe chorasse e achava que de certa forma a culpa fosse dela, mas eu tranquilizei ela dizendo que era uma escolha minha e que ela não tinha nada a ver com isso.

Meu irmão, também ficou meio tristinho e sempre que podia me dava uns abraços bem apertados, eu também sentiria muito sua falta. Já meu pai estava com uma expressão que eu não consegui compreender. No início ele havia se animado com a possibilidade de eu ir para fora do país estudar, mesmo com a distância e tudo mais, ele foi um dos únicos que me apoiou firmemente na decisão.

Mas agora ele estava um pouco receoso, disfarçava quando eu olhava para ele, e eu tive a certeza que ele estava mal, quando o vi chorando no quarto do meu irmão. Ele realmente devia estar bem mal, porque as chances dele chorar era uma em um milhão. Ele estava sentado na cama, com as mãos juntas em cima da perna e olhava para elas. É difícil explicar como eu me senti naquele momento, pela primeira vez eu realmente duvidei da minha decisão, parece que aquilo não estava funcionando nem um pouco, todos a minha volta apenas sofria mais e mais.

Empurrei a porta devagar e sem fazer nenhum ruído, ele não percebeu e continuou da mesma maneira que estava, sentado, quietinho e chorando baixinho. Bati na porta com um dos dedos e chamei sua atenção.

- Posso entrar? – falei e ele se virou rapidamente, acho que ele se assustou um pouco e limpou suas lagrimas o mais depressa que conseguiu, mas já era tarde, eu já tinha testemunhado sua fragilidade.

- Oi filho, claro que pode entrar – falou ele tentando controlar sua voz a fim de esconder o seu sofrimento.

Eu fui entrando devagar e fechei a porta, olhei-o novamente e ele bateu a mão na cama ao seu lado me chamando para sentar. Fui até ele e me sentei, percebi ele sorrindo enquanto não conseguia conter algumas lágrimas.

- Eu estou muito orgulhoso de você Gustavo, está virando um homem, e criando muitas responsabilidades – falou ele num tom sério, mas também acolhedor.

- Obrigado pai – falei, um nó se formou na minha garganta, mas eu segurei o choro.

- E também estou muito feliz por você, conhecer outro país, conhecer outras pessoas, uma vida totalmente diferente, muita coisa te espera lá, você está ansioso? – falava ele tentando demonstrar animação, mas eu via que aquilo não era tão verdadeiro quanto ele queria me fazer acreditar.

- Um pouco – eu estava meio tímido, eu sempre ficava assim quando conversava com meu pai, não sei porque, eu me sentia inseguro quando falava com meu pai, uma coisa totalmente estranha.

- Você não parece estar muito animado – disse ele me olhando fundo nos olhos.

- E o senhor? – perguntei para ver se ele se abria comigo.

- Eu? O Que Tem eu? – ele tentou disfarçar.

- O senhor não quer mais que eu vá não é? – falei abaixando a cabeça.

Ele pegou minha mão, segurou firme e disse:

- É complicado meu filho, no começo eu achei a ideia ótima, mas o tempo foi passando, e eu comecei a pensar no fato de não ter meu caçula aqui comigo - olhei pra ele e sorri – e agora que você realmente está indo, parece que, sei lá, eu estou te perdendo.

- Você nunca estaria me perdendo pai...

- Eu sei, eu sei Gustavo – falou ele me interrompendo- é que, sabe, você e seu irmão sempre foram muito independentes, ele veio pra cidade e você logo depois, vocês conseguiram se tornar independentes de mim e da sua mãe muito cedo.

- Mas nós ainda somos muito dependentes de vocês pai...

- Eu sei Gustavo, espera eu terminar de falar – mais uma vez ele me interrompeu, eu assenti com a cabeça e ele continuou – então, eu falo que vocês são independentes não financeiramente e sim sentimentalmente entende? Vocês sempre foram mais desapegados do que as outras crianças, e as vezes, eu sentia falta de vocês, de uns tempos pra cá eu senti que a participação minha e da sua mãe na vida sentimental de vocês foi muito pouca, e agora você vai para muito mais longe, isso só aumenta esse sentimento - ele chorava um pouco, eu também, era a primeira vez que meu pai se abria assim comigo.

- Não se sinta assim pai, nós somos independentes sim, mas o senhor sabe que eu e o João não seríamos nada sem vocês, nós amamos vocês mais que tudo – falei enquanto o abraçava.

Ele chorou um pouco no meu ombro.

- Vou sentir tanto sua falta garoto – me dizia enquanto me apertava.

- Eu vou sentir mais – falei limpando minhas lágrimas e me soltando dele, logo em seguida dei m sorriso para ele – eu vou no meu quarto ajeitar umas últimas coisas, fica bem tá.

- Vai lá – disse ele sorrindo.

Eu me levantei e fui até o meu quarto, ainda tinha que fazer uma coisa antes de partir. Me sentei na minha cama encostando minhas costas na cabeceira. Peguei meu celular e procurei o número dele.

Hesitei em ligar, não sei se ele me atenderia, não sabia nem se devia mesmo ligar para o Alex. Pensei em Luana, poderia ligar para ela, mas também desisti dessa ideia. Eu estava confuso, não sabia o que eu devia fazer, eles eram muito importantes pra mim, não queria acabar com tudo assim.

- O que você está pensando aí? – João disse entrando no meu quarto e em seguida se sentando na cama – É neles não é? Seus amigos? Você não vai nem se despedir deles?

Abaixei minha cabeça e pensei um pouco, eu estaria sendo um covarde?

- Eles te amam Guh, a Luh e ... principalmente o Alex, ao menos eles merecem uma despedida, você não acha?

Eu o olhei, ele tinha razão, mas eu sabia de uma coisa, se eu os visse, seria impossível conseguir deixá-los depois.

- Eu não posso, você sabe, se eu os ver, eu não vou conseguir ir João – falei limpando uma lágrima.

- Guh, pense bem, você pode se arrepender depois.

Eu não sabia o que fazer, mas acabei decidindo que ia, mesmo que desse tudo errado, eu não queria ter arrependimentos depois que me separasse deles. Me levantei e avisei pros meus pais que sairia mas voltaria logo.

Peguei minha bicicleta e comecei a pedalar em direção a casa de Alex. Foi estranho, porque eu me sentia muito ofegante, as pedaladas ficavam mais pesadas a cada metro que eu me aproximava de sua casa. Temi por estar fazendo a coisa errada, se fosse realmente errada, porque àquela altura minha cabeça já não conseguia raciocinar direito.

Cheguei em frente ao portão da sua casa, apertei a campainha, coisa incomum porque eu geralmente entrava sem ao menos pedir permissão, acho que eu estava tão inseguro que até esse fato eu havia esquecido.

Quem veio no portão foi seu pai, Alfredo.

- Gustavo – falou ele um pouco surpreso – porque não entrou? Você já é de casa.

- É ... eu – não sabia responder aquilo, minhas mãos tremiam um pouco, nunca tinha ficado tão apavorado por simplesmente estar na casa do Alex – o Alex está aí?

- Assim, ele conseguiu de alguma maneira escapar da vigilância da mãe dele, e saiu com a Luana, pensei até que ele tinha ido pra sua casa.

- Não, não, ele não foi pra lá – falei olhando para baixo.

- Então deve ter ido para algum outro lugar – ele falou isso e eu imediatamente pensei no píer, lógico que eles estariam lá – Mas você está bem? está um pouco estranho.

- Estou sim, eu só... só queria falar com ele mesmo.

- Vocês não vão voltar? Vão continuar separados? – aquela pergunta me perguntou um pouco de surpresa, apesar da naturalidade com que ele perguntou aquilo eu me senti muito constrangido.

- Acho que... eu não sei na verdade, mas diz pra ele quando ele chegar, que eu amo ele, e também para a Luana.

- Porque você mesmo não diz?

- Porque... – aquilo estava me incomodando muito, eu estava quase entrando em um estado de pânico, então decidi ir embora - eu preciso senhor Alfredo, obrigado – falei virando as costas e começando a andar até minha bicicleta, depois que a peguei, voltei pra minha casa.

Agora eu tinha certeza que não conseguiria ir se os visse novamente, nem que por um segundo, apenas vê-los já seria suficiente pra que eu desistisse. Entrei chorando em casa e fui direto para meu quarto, desabei em lágrimas deitado na minha cama.

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- Vamos então? – falei para Luh e Felipe, já estávamos a muito tempo naquele píer e já começava a escurecer.

- Vamos - disseram os dois ao mesmo tempo e se levantando.

Nós fomos andando em direção à praia, depois de passarmos pela pequena trilha ele se despediu e eu a Luh seguimos nosso caminho.

- Eu gostei dele – falava Luh empolgada – ele é muito simpático.

- É mesmo, ele virou um grande amigo.

Nós não demoramos muito a chegar em casa. Quando íamos entrando na sala, meu pai me chamou e eu fui até ele. Me disse que o Gustavo havia vindo me procurar e que estava um pouco estranho, e também deixou recado dizendo que me amava. Confesso que fiquei meio vermelho quando meu pai disse essa parte, ele só se divertia as custas da minha vergonha.

Depois fomos para meu quarto, fiquei pensando sobre o que ele havia dito. O Gustavo poderia ter ido me procurar no píer, eu deduzi que ele saberia que eu estava lá, mas pensei que talvez ele estivesse muito magoado e não teve coragem de ir. A Luh concordou e nós acabamos decidindo dar um tempo para ele.

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Olhei no relógio digital no meu quarto, estava na hora, teria que ir. Me levantei e fui para o banheiro tomar um banho. Não preciso citar que já havia chorado muito e continuava chorando sem parar, eu não sei o que acontecia comigo, estava muito frágil, fraco psicologicamente.

Terminei meu banho e saí do banheiro vendo que João estava no quarto, peguei a roupa com que iria viajar e me vesti. Desci até a sala onde estava minha tia que se preparava para viagem de volta. A maioria ali naquela sala estava desanimada, era quase como um clima de velório. Minha mãe me perguntava se eu tinha tudo organizado, visto, passagem, a autorização dos pais, tudo que era necessário.

Conferi um por um e realmente estava tudo certo, não faltava nada, nada mais poderia me impedir. Enquanto esperávamos a hora de ir para o Aeroporto eu pensava nos meus amigos. Nem pra festa da escola eu iria, que seria no sábado, e faltava cinco dias, minha tia me disse que eu poderia esperar até depois da festa para ir com ela, mas eu decidi antecipar a viagem, essa festa com certeza seria uma catástrofe do jeito que eu e Alex estávamos. Eu estava indo embora sem contar nada a eles, quando os mesmos soubessem eu já estaria em Londres, e não teria mais como voltar. Eu não me sentia bem fazendo isso, sei que estava errado e que estava sendo covarde fugindo dessa maneira, mas eu não aguentava essa dor, eu não aguentaria senti-la pelo resto da vida.

Ao mesmo tempo eu pensava, a dor nunca sumiria! Eu sabia que ela permaneceria em mim, onde quer que eu fosse. Eu mesmo me contrariava nas minhas decisões, eu não conseguia achar uma solução em que tudo acabasse bem para todos, eu só queria encontrar uma saída disso tudo. Talvez fosse impossível enquanto nós dois permanecêssemos vivos.

Meu pai me acordou do meu transe me chamando para entrar no carro, nossas malas já estavam devidamente organizadas no porta-malas, então nós partimos em direção ao Aeroporto. Ao longo do caminho eu olhava as luzes daquela cidade, eu passei toda minha vida aqui, toda a minha história foi vivida nesse lugar, foi aqui que eu aprendi a amar, odiar, sorrir e chorar. Aqui eu fui muito feliz e tive tudo destruído em segundos. Mas mesmo assim eu amava esse lugar, esta cidade, essas pessoas, ele, Alex. Pela milésima vez eu limpei as lágrimas que escorreram pelo meu rosto, aquilo estava sendo muito doloroso pra mim.

Ao chegarmos, meu pai e o João me ajudaram a carregar as minhas malas e as da minha tia. Passamos pela recepção para confirmar o horário do voo, fizemos o chek-in e tudo que era necessário. Ainda teríamos que esperar cerca de meia hora, tempo suficiente para me despedir dos meus pais e meu irmão. Minha mãe não conseguia se conter e o João também chorava baixinho.

Nos sentamos e novamente eu peguei o celular. Achei que pelo menos devia ligar para eles, quem sabe um último adeus. Olhei o nome de Alex na agenda, duvidei mais uma vez. Passei adiante até chegar ao nome da Luh. Um suspiro, um longo suspiro, apertei para ligar. Chamou uma vez e na segunda ela atendeu.

- Oi Guh – disse ela, parecia ser simpática mas eu via que ela estava um pouco aflita.

Minha vontade de chorar era imensa, sentia uma pressão dentro de mim que era inexplicável.

- O pai do Alex disse que você veio aqui falar com ele, disse que você estava estranho – ela falava calma e apreensiva ao mesmo tempo.

- Eu fui... eu... eu queria... eu só queria me...- sentia minhas mãos tremerem, meu corpo se desequilibrar, minha família apesar de próximos a mim quase não prestava muito atenção no que eu dizia, estavam muito tristes e aflitos pra isso.

- Você queria? – perguntou a Luh quando percebeu que eu não completaria a frase.

- Eu queria dizer que amo muito você e o Alex, que vocês são os melhores amigos que eu tive – ela ouvia tudo em silêncio, enquanto eu falava apressado e muito nervoso – e também que eu vou sentir muita falta de vocês.

- Como assim Gustavo? Sentir falta da gente? O que você quer dizer com isso? Gustavo? Você está indo embora? É isso? – ela mudou o tom de voz e falava com pressa quase tropeçando com as palavras.

- Eu vou sim Luh... na verdade já estou indo... eu estou no aeroporto agora... o meu voo sai em meia hora – eu chorava baixinho, sentia uma dor inexplicável. Algumas pessoas me olhavam chorando, mas eu não liguei pra isso, não conseguiria suportar tudo isso sem chorar. Minha família apenas me apoiava nessa hora, eles sabiam que eu estava sofrendo muito.

Eu não ouvi resposta dela, não ouvi mais nada além de um barulho muito forte, acho que ela havia deixado o celular cair. Segundos depois a ligação caiu, era isso, a nossa despedida tinha acabado assim. Minha tia me orientou a colocar o celular no modo avião ou então desliga-lo, logo estaríamos embarcando.

“Passageiros do voo 186, com destino a Londres, por favor se dirijam para área de embarque”

Ouvi a voz que saía dos alto falantes decretando que realmente não havia mais como reverter tudo. Meus pais me abraçaram, minha mãe chorou mais ainda, meu pai também acabou cedendo, e meu irmão veio me dar um abraço muito forte. Me despedi e segui com minha tia para o portão de embarque.

Entramos, mostramos as passagens, documentos, tudo que foi necessário, a moça nos deixou passar e fomos direcionados para o avião, passávamos pelo caminho que era determinado, e andávamos na fila. Eu olhava aquele avião enorme, senti um frio na barriga antes mesmo de entrar definitivamente nele, chegamos e fomos subindo, antes que tivesse entrado eu senti algo ruim, travei perto da porta e olhei para os lados.

- Está tudo bem Gustavo? – perguntou minha tia.

- Eu...- estava ofegante, nervoso – só queria dar uma última olhada – falei me virando e vendo as luzes da que vinham de todas as partes da cidade.

- Vamos então? – falou me convidando a entrar no avião.

- Claro – falei ainda nervoso – “Adeus Alex, sentirei saudades, eu te amo” – falei baixinho para mim mesmo.

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Peguei o celular que Luh deixou cair no chão ainda um pouco aflito e preocupado com que o Guh havia falado a ela. Com certeza não seria coisa boa, por que ela parecia completamente chocada.

- Fala o que ele disse Luh – tentei tirar ela do transe em que se encontrava.

- Nós precisamos ir para o aeroporto agora! – falou ela e depois foi me puxando para fora do quarto e descemos as escadas rapidamente.

- O que está acontecendo Luh? que história é essa de aeroporto? – ela me arrastava pela casa a procura de meus pais enquanto eu tentava tirar alguma explicação dela.

- No caminho eu te conto, mas nós precisamos ir imediatamente para o aeroporto – ela parecia muito desesperada.

Encontramos meus pais, e eles só se convenceram a nos levar quando a Luana disse que o Gustavo estava indo embora e que estava no aeroporto. Eu entrei em estado de transe, não sabia o que dizer ou falar. Eles correram para pegar o carro e em “segundos” nós estávamos a caminho do aeroporto. Ela me dizia o que ele tinha dito, mas eu não compreendi nada, eu estava em um completo estado de choque.

ELE REALMENTE IRIA ME DEIXAR. Meu corpo inteiro tremeu, era verdade, não imaginação ruim, não era sonho, não era pesadelo, não era... Ele... Eu... Nós... Fim.

Sentia cada batida do meu coração, eu não consegui explicar porque meu amor por Gustavo de repente crescia uma milhão de vezes nesse instante. Essa ameaça de perde-lo me fez acordar, ou me matou de vez, pela primeira vez eu vi a possibilidade de realmente perde-lo para sempre, e ela era apavorante.

Agora uma tempestade de sentimentos se formava dentro de mim, eu sentia muita, muita, mas muita raiva de mim mesmo. COMO EU PUDE DEIXAR ISSO ACONTECER? Ao mesmo tempo eu pedia, suplicava a Deus para que ele ainda estivesse no aeroporto para que eu conseguisse alcança-lo e poder dizer que nada, absolutamente nada me impediria de ficar com o meu amor da minha vida, nem que eu tivesse que morrer por isso. Tive a certeza disso agora, nesse momento, eu morreria pelo Gustavo.

Música da cena: http://www.itemvn.com/song/?s=A4D33F41FA

Mal chegamos e eu pulei do carro totalmente desesperado, não pensava, não sabia onde ir ou com quem falar, só sabia que tinha que achar o Gustavo. Ouvi alguém que estava comigo me dizendo para esperar, não seria possível agora. Corri para a recepção. Tentava explicar a mulher o que eu queria, mas ela não entendia e isso me irritou. Olhei na tabela de voos e vi, “Voo 186. Londres. Embarcando. Portão 08”. Deixei ela sozinha e saí correndo em direção ao portão. Passei por alguns guardas que me olharam torto.

Acho que eu não poderia estar ali. Ignorei tudo e corri o máximo que consegui, eu esbarrava nas pessoas e elas me atrasavam ainda mais, e eu as odiava por isso. Avistei a mãe de Gustavo, seu pai e seu irmão, corri até eles.

- ONDE? ONDE ELE ESTÁ? – falei ofegante, nervoso, furioso.

Eles me olharam surpresos, pareciam estranhar que eu estivesse ali.

- Sinto muito Alex, ele já embarcou – falou João, seus olhos estavam marejados.

Eu tremi, meu coração disparou mais ainda. VOCÊ NÂO PERDEU ATÉ QUE AQUELE AVIÃO TENHA SAÍDO DO CHÃO. Pensei comigo, eu não vou desistir agora. Olhei para a moça na porta de embarque e para alguns guardas que haviam ali. Ela com certeza não me deixaria passar. Pensei um pouco... pensar? Que se foda... eu estou pensando muito. Fui até a moça e ela me pediu minha passagem. Olhei para ela que sorria para mim. “Desculpe por isso”. Entrei correndo na pela porta e passei por um corredor. A moça gritava comigo me dizendo que era proibido entrar ali sem passagens. Alguns guardas vinham atrás de mim.

Corria o Máximo que conseguia, cheguei na área das pistas, o barulho dos aviões era ensurdecedor. Procurei em todos os lados, haviam muitos aviões. Fui até um homem que estava ali com uniforme e perguntei.

- Você sabe qual avião vai para Londres? – Ele me respondeu sem me olhar e apontou indicando o avião.

Eu olhei na direção que ele havia indicado, o avião estava se movimentando na pista e parecia que estava muito próximo de decolar.

“IDIOTA”

Eu corri na direção do avião, o homem que agora me olhava correu atrás de mim e me segurou.

- Você está maluco garoto? você não pode ir para lá, você nem devia estar aqui.

“IDIOTA”

Eu tentava de todas as maneiras me desprender daquele sujeito. Mas ele era muito forte.

“IDIOTA”

O Avião se alinhou na pista e acelerou. O barulho que ele fez me desnorteou um pouco, senti a primeira lágrima sair dos meus olhos quando as rodas do avião saíram do chão.

“IDIOTA”

Como eu fui idiota, todo esse tempo, eu fui um pior dos idiotas. Por tanto tempo ele me amou, por tanto tempo ele me quis, eu demorei muito para perceber isso. Eu me odiava profundamente por isso.

“VOCÊ É UM COMPLETO IDIOTA”

Pensava sobre mim mesmo, caí de joelhos no chão, o homem não fez questão de me segurar, com os olhos eu acompanhava a avião subindo cada vez mais, levando para longe de mim o amor da minha vida, me esforçava para ver as luzes que ele emitia até o último segundo. O homem ao meu lado não ousou me interromper ao ver que eu chorava desesperadamente.

Era isso, era o fim, eu havia perdido, perdido o amor da minha vida.

Pessoas se reuniam a minha volta, eu não me importei com isso, mas alguém se abaixou perto de mim me dizia várias coisas. Eu não a ouvia, parece que minha mente havia congelado, a única coisa que me importava era olhar aquele céu escuro, na esperança de que aquele avião voltasse de alguma forma milagrosa.

- Alex, Alex... – A pessoa agachada perto de mim falava mais alto chamando minha atenção. A olhei tentando me focar em seu rosto, era praticamente impossível naquele momento, mas conseguir distinguir os traços encantadores do rosto de Luana.

- Eu... eu o perdi Luh... o perdi para sempre – falei caindo por fim em seus braços e chorando ainda mais, depois vi tudo escurecer e a dor aumentar como nunca antes na minha vida.

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É isso pessoas, nada mais que isso, kkkk. Enfim, me perdoem se estou fazendo caps grandes demais, é que está difícil dar uma resumida e eu não queria que alguns fatos ficassem separados, então acabo jogando tudo em um só. Outra coisa, era que eu estava programando a série para acabar no capítulo 30 dessa segunda temporada, e nós já estamos no 20, e parece que ainda falta colocar muita coisa do que eu pensei. Ou seja, acho que vai dar uma pequena estendida, kkkkk,

mas não acha que isso seja ruim né? Não deixem de compartilhar suas opiniões aí embaixo ok... eu lerei todas com muita atenção... até o próximo...

Comentários

Há 6 comentários.

Por hugo em 2015-04-11 09:29:17
nossssaaaaaa maravilhoso chorei mto ainda mais com essa musica maravilhosa OMG tudo perfeito !!!!!! esta de parabéns !!!! esse amor nao pode terminar assim por favor !!!! volta GUH eu te amo !!!!!
Por jpli em 2015-04-08 11:23:07
Nem vou falar que já te ameacei levar pra uma ilha deserta e só deixar você sair de lá quando os dois tivessem juntos, como eu sou muitooooo duro eu não chorei SQN, chorei rios ninguém merece sofrer tanto credo. volta logo meu amor <3
Por Ryan Benson em 2015-03-27 16:47:22
Chorei ._. a cena de Alex caído no chão, já sem esperanças, e Gustavo longe dele, agora em outro continente. Isso foi realmente bem triste, parabéns, vc conseguiu me fazer chorar... cara, não demora pra postar de novo, estou amando cada capítulo dessa série. Abraço ;^;
Por Felipe16 em 2015-03-26 18:35:35
Omgd Niick Chorei horrores, que triste velho. Eles se amam. E terminaram ( também chorei pelo fim do namoro por que terminei o meu 😢😢😢😢😢😢) sei como é a dor que ele ta passando Te admiro muito amigo, você é um ótimo escritor. Agora é ver o que vai acontecer 😊
Por simon em 2015-03-25 23:37:38
Oiii,quanto tempo então vou fazer uma crítica e espero q vc não leve a mal,então sua série pra mim teve altos e baixos até aqui,algumas histórias que vc criou pra colocar na série foi sem necessidade por mais q vc diga q ja tava programado e tudo mais,cito aqui o Ben,David quando entraram na história como exemplo.Me perdoe pela linguagem mas acho que em várias coisas vc encheu linguiça.Da a impressão q vc não quer terminar e fica sempre estendendo,fica cansativo.Não vou mentir teve momentos q quis abandonar sua série mas eu gosto tanto dela e por consideraçao a vc não abandonei..Então é isso,mais uma vez digo não se chateia com essa crítica. Ps:esse capítulo foi lindo!:) Abraços e bjs.
Por Anderson P em 2015-03-25 20:12:45
Muito bom, não sei nem o que dizer, mas acho que o Alex ainda vai ir atrás do Gustavo.