Corpo de Ninguém | Capítulo 1

Conto de Natanael como (Seguir)

Parte da série Corpo de Ninguém

INTRODUÇÃO

Apresentação

Talvez eu só estivesse no lugar errado na hora errada fazendo a coisa errada com a pessoa errada. Queria eu me sentir assim, mas eu definitivamente sinto o oposto. Não via nada de errado em estar sentado em seu colo, segurando seu rosto entre minhas mãos. Meus dedos tocavam seu rosto suado enquanto ele sorria timidamente parta mim. Sua barba por fazer era grisalha como os cabelos desgrenhados. Patrick também não parecia com remorso. Pelo contrário. Seu sorriso ofegante me dizia o contrário. Ele apertava forte minha cintura e deslizava seu membro para dentro de mim e em seguida forçava-o para fora. Uma explosão estava prestes a acontecer.

A possibilidade de sermos pegos deixou toda a situação mais quente e envolvente.

Patrick fez uma cara ofegante e séria como se estivesse preste a explodir. Ele diminuiu a velocidade dos movimentos e levou sua mão ao meu rosto e alisou minha bochecha. Eu dei um pequeno sorriso satisfeito.

Estávamos em um momento íntimo compartilhando o bem mais precioso que tínhamos; nossos corpos. Nunca imaginei que um dia chegaria a me expor para Paddy dessa forma e posso garantir com certeza que nunca pensei que iria tocar seu corpo da forma que tocava naquele momento. Vendo agora como estamos, em retrospecto, talvez eu devesse ter imaginado.

Tudo começou em uma manhã qualquer de segunda. As coisas esquentaram entre nós, foi de zero a cem após apenas um beijo. Nasci e cresci na capital da terra da liberdade. Washington D.C. Moro em um bairro de classe média. Não posso reclamar da vida que eu tive. Cresci com meu pai, minha mãe e meu irmão. Nós somos uma típica família americana que vai igreja todos os domingos. Meu pai é um policial e minha mãe professora do ensino fundamental. Esse é minha vida ou pelo menos era até cinco meses atrás quando meu pai, de uma hora pra outra, pediu o divorcio aparentemente por uma mulher bem mais jovem.

Na verdade foi um alívio quando meu pai pediu o divórcio. Meu pai sempre foi um homem violento. Desde criança tenho lembranças de meu pai batendo e minha mãe. Meu irmão Kyle e, é claro, em mim. Ele sempre teve sangue frio e um temperamento perigoso. O que me incomoda nisso tudo é que o ciclo de abuso continuou e não só meu pai nos fez sofrer, mas minha mãe foi cumplice porque nunca abriu a boca. Quando criança pai mandou minha mãe e eu para o pronto socorro. Estávamos ambos machucados e é claro que ao dar entrada no hospital com hematomas de abuso os médicos seguiram o protocolo e chamaram a policia, mas ao invés de denunciar e dizer a verdade ela mentiu. Disse que nós tínhamos sofrido um acidente.

Acho que nunca vou conseguir perdoar minha mãe por ter acobertado meu pai e que a única forma dela se livrar dele foi quando ele cansou dela e nos abandonou.

Devido a tudo isso mal esperei fazer dezoito anos para me mudar. No inicio dividi apartamento com alguns amigos, mas hoje com vinte e dois anos de idade, moro sozinho e sou um homem independente. Meu irmão que é onze anos mais velho do que eu já está casado e vive com sua esposa no mesmo bairro em que minha mãe mora.

Apesar de não ter perdoado minha mãe, Agnes, pelo o que ela fez, eu procuro ser um bom filho. Apesar de guardar rancor eu tento não julgá-la e estou presente na vida dela sempre que posso. Já meu pai, Rory, não faz parte da minha vida e eu não sinto a menor falta.

Minha mãe é uma corretora de imóveis e o que mais me irritou foi que ela chorou e sofreu pelo abandono de meu pai. Apesar dela ter sofrido muito com o divórcio, algo que nunca vou entender, ela conseguiu superar e a mais ou menos três meses minha mãe saiu para beber com algumas amigas e conheceu um homem. Eles saíram algumas vezes e duas semanas depois ele já estava morando ela. É claro que eu achei estranho, meu irmão também achou o mesmo. Os vizinhos tinham muito o que falar sobre a minha família afinal minha mãe colocou um homem dentro de casa depois de duas semanas. Ela mal conhecia ele.

Eu não tinha muito o que falar afinal a vida é dela, mas meu irmão não é tão compreensivo quanto eu. Nesses últimos meses ele foi inúmeras vezes a casa e arrumou briga com o nosso padrasto apesar de não ser da conta dele. Era sempre assim, ele aparecia, eles discutiam, minha mãe interrompia e meu irmão ia embora. Estava virando uma rotina. Eu procurava não me intrometer especialmente quando essas brigas aconteciam na minha frente.

Os dias se passaram e as visitas de meu irmão diminuíram. Acho que ele estava se adaptando ao fato de nossa mãe ter seguido em frente e finalmente encontrado alguém, aparentemente, descente.

Era segunda de manhã e eu geralmente passava o fim de semana na casa de minha mãe a pedido dela que me queria por perto. Toda sexta-feira noite eu ia para a casa dela e só ia embora na segunda, quando ia para o trabalho.

- bom dia – falou minha mãe chegando a cozinha logo cedo. Ela estava pronta para ir para o trabalho.

- bom dia – respondi tomando um gole do meu leite.

- quer carona pro hospital? – perguntou minha mãe. Trabalho no RH em um hospital de emergência e urgências próximo ao centro. O hospital fica a três quadras de onde eu moro, mas fica bem longe de onde minha mãe morava.

- não, obrigado. Vou de carona com o Patrick.

- ele vai te levar? – perguntou minha mãe confusa.

- não. Patrick é um colega de trabalho. Ele virá me buscar – falei rapidamente.

- OK – respondeu ela forçando um sorriso.

Depois de tomar seu café minha mãe foi para o trabalho. Quando fiz menção de levantar da mesa o novo homem da casa, o causador de tanta confusão chegou á cozinha.

- bom dia Max – falou Patrick, meu padrasto.

- bom dia – respondi olhando rapidamente para ele.

Ele já estava com seu macacão cinza. pronto para o trabalho. Patrick era mecânico e tinha aberto uma oficina improvisada na garagem da minha mãe. Ele era um bom trabalhador e conseguida arrumar de tudo. Ele era bom no que fazia e ele já tinha toda a vizinhança como cliente.

- já está indo embora? – perguntou Patrick.

- sim – falei ainda sentado á mesa.

- você volta na sexta?

- sempre – falei sem graça querendo ir logo para o lado de fora.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

Sempre que vinha nos fins de semana ficar com minha mãe eu mal olhava ou dava atenção para Patrick. Nós mal trocávamos duas frases por todo o final de semana, mas ele estava sempre tentando puxar assunto.

Nesse momento Patrick então acendeu um cigarro a mesa e eu me levantei rapidamente.

- estou indo.

- não gosta que eu fume? – perguntou ele quando me levantei.

- não gosto que faça isso dentro de casa, mas quer saber? Deixa pra lá. A casa não é minha.

- se não gosta eu apago – falou ele pegando um cinzeiro próximo e apagando o cigarro nele.

- não precisava eu já estou indo.

- se você não gosta eu não faço mais. Você é patê da família e eu não quero fazer nada que te espante.

- obrigado – falei indo até a porta.

Não demorou para que minha carona chegasse em casa. As vezes eu pegava carona com um amigo que trabalha comigo. Ele também se chamava Patrick. O dia passou rápido. Trabalho seis horas por dia. Das oito da manhã até as três da tarde com uma hora de descanso para o almoço.

No trabalho, enquanto me preparava para ir embora percebi que havia esquecido as chaves do meu apartamento n a casa da minha mãe, dessa forma teria que ir na casa de minha mãe antes de ir embora.

Peguei um taxi para que não chegasse muito tarde. Cheguei a casa de minha mãe por volta das três horas e quarenta da tarde. Antes de entrar em casa vi Patrick trabalhando em um carro, ele nem percebeu minha presença e eu resolvi deixar dessa forma. Ao entrar, fui para o quarto onde dormia todas as vezes, procurei na primeira gaveta do criado mudo porque sabia que estava lá. Ao descer as escadas passei na cozinha para tomar um copo de água e foi quando ouvi a campainha tocando. Patrick estava debaixo de um carro trabalhando e provavelmente não tinha ouvi alguém chegar então fui rapidamente até a porta. Ao abrir a porta, tive uma leve e decepcionante surpresa. Era Rory, meu pai.

Nenhum de nós dois disse uma palavra quando abri a porta. Ficamos olhando um para o outro sem saber o que dizer.

- é você… – falou meu pai quebrando o silêncio.

- quer alguma coisa?

- sua mãe está em casa?

- Não.

- OK – falou ele desviando o olhar – você está bem?

- Sério? Quer saber mesmo como eu estou?

- Max eu só estou tentando superar o que aconteceu, tente fazer o mesmo. As coisas não estão tão claras pra mim, eu estou tentando lidar com muita coisa.

- Eu não tenho o que superar, não sou eu quem foi estúpido o bastante pra mandar o filho e a esposa pra emergência. Carma é uma vadia, certo?

- quer saber? Esquece – falou ele se afastando.

- você não é insubstituível sabia?

- você também não.

- o que diabos está fazendo aqui no fim das contas?

- eu esqueci algumas caixas com discos no sótão. Os discos que eu coleciono.

- pode esquecer, se minha mãe não colocou fogo ela vendeu pra pagar a prestação da casa já que você fez uma hipoteca pra poder comprar um carro pra sua nova namorada.

- ela não é nem louca de ter feito isso.

- porque? Se ela tiver feito vai bater nela novamente?

Meu pai deu um sorriso debochado.

- Sabe eu devia ter batido mais em você, mandado para a emergência pelo menos mais umas três vezes. Falhei como pai, devia ter feito você virar homem, talvez hoje não fosse baitola.

Nesse momento eu vi um vulto passar rapidamente e em seguida meu pai cambaleou para trás. Patrick havia surgido do nada e acertado meu pai em cheio.

- isso não é jeito de falar com seu filho – falou Patrick que veio pelo lado de fora da casa e astuto deu um soco bem dado no nariz do meu pai.

- seu desgraçado – falou meu pai colocando a mão no rosto e sentindo o sangue escorrer do seu nariz.

- vai embora e não volte mais.

- isso não vai ficar assim – falou meu pai entrando no carro e cantando pneu ele desapareceu na rua.

- você está bem? – perguntei vendo a mão de Patrick. Estava machucada.

- estou sim – falou ele balançando a mão.

- coloque gelo na mão – falei mandando ele entrar e fechando a porta.

Nós fomos até a cozinha e Patrick se escorou no balcão da cozinha. Eu peguei o gelo na geladeira e enrolei em um pano de prato e em seguida entreguei a ele.

- não precisava ter feito aquilo – falei encarnado Patrick.

- precisava sim. O filho da mãe mereceu. Ela estava pedindo.

- sim, mas não precisava ter batido nele. Não vai demorar para o meu irmão vir aqui. Ele não se dá muito bem com meu pai e não gosta muito de você. Eu não quero nem ver a confusão que isso vai dar.

- eu não me importo. Se voltasse atrás faria a mesma coisa.

Eu comecei a rir.

- admito que foi reconfortante. Ele estava mesmo precisando disso.

- viu só? Eu machuquei minha mão, mas pelo menos eu fiz o dia de alguém melhor.

Nesse momento eu parei de rir e fiquei olhando pra ele.

- acho que nós nunca conversamos tanto desde que te conheço.

- a culpa não é minha – falou Patrick – você é que torna tudo tão difícil. Você só vem aqui durante o fim de semana e mal responde quando falo com você e sempre que fala comigo é pra me dar uma bronca. Não fume dentro de casa, não deixe a toalha jogada no banheiro…

- você não pode me culpar por querer ser organizado.

- realmente não posso – falou ele também brincando.

- eu também acho que minha mãe não vai gostar nada de ter dado um soco no meu pai. Ela ainda é apaixonada pelo bastardo.

Nesse momento me arrependi de dizer isso. Esqueci que estava falando com o meu padrasto.

- me desculpa, não devia ter dito isso, ela gosta de você…

- ela ainda é apaixonada por ele – falou Patrick.

- você não se importa?

- sinceramente? – falou ele parando um pouco para pensar.

- sim.

- não – falou respondeu Patrick.

Eu pensei em perguntar o porque dele não se importar, mas achei que a conversa havia se desviado muito do assunto original então decidi recuar.

- enfim, espero que esse pequeno soco não se torne motivo de briga na família.

- eu não me importo. Eu fiz por uma boa causa. Defender sua honra – falou Patrick sério. Nesse momento ele segurou minha mão usando a mão que não estava machucada. Aquele homem mal me conhecia e tinha mais respeito por mim do que meu próprio pai. Estava sendo carinhoso e atencioso. Ninguém nunca tinha feito algo parecido por mim. Nem mesmo minha mãe ou meu irmão tinham me defendido antes. Nem mesmo quando meu pai era violento. Depois que eu me assumi suas ameaças e frustrações foram direcionadas a mim. Nesse momento eu senti um calafrio percorrer minha espinha e por um momento uma ideia maluca passou pela minha cabeça. Por alguns poucos segundos. Apenas por alguns milésimos de segundo invejei minha mãe. Eu queria que esse homem fosse meu.

- acho que você não vai conseguir mais trabalhar hoje com essa mão machucada – falei me aproximando dele.

- também acho que não – falou Patrick ainda segurando minha mão com um sorriso.

- se você quiser ir tomar um banho, eu fecho a oficina pra você – falei levando minha outra mão até o rosto de Patrick e alisando de leve.

- não quero te dar trabalho – falou Patrick soltando minha mão. Ele segurou minha cintura e me puxou para perto dele. Senti meu corpo bem junto ao dele.

- não vai ser trabalho nenhum – falei me atrevendo a aproximar meu rosto do dele. Fechei os olhos e senti os lábios dele se envolvendo ao meu em um selo. O sabor da sua boca era peculiar e viciante. Em seguida outro selo, mas dessa vez demorado. Nossos lábios ficaram grudados alguns instantes antes de afastarmos nossos lábios novamente.

Patrick me encarou sério e agora, entre suas pernas, eu sentia algo duro me espetando. Ele me pressionava dava vez mais contra ele como se quisesse que eu sentisse seu membro duro.

Patrick já tinha cabelos grisalhos e sua barba, que era feita a cada dois dias também trazia as mesmas cores. Ele é uma linda raposa prateada, um tiozão de quarenta e três anos com um corpo magro e atlético com os braços fortes e um peito definido. Pelo macacão via alguns pelos que cobriam seu peito, também prateados. Seus olhos eram azuis como o mar e seu sorriso era angelical. Por alguns milésimos de segundos eu desejei que aquele homem fosse meu. Estava em uma floresta densa, cheio de tesão encurralado por uma raposa prateada pronta para me devorar.

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