Uma segunda opnião #2x04

Conto de N T N como (Seguir)

Parte da série Paixão ao desconhecido

Estava quase chegando à casa dele. O sol já não estava tão forte quanto antes e podia caminhar tranquilo sem suar, eu estava tranquilo, não tinha pré-aula e estava adiantado então podia ficar calmo.

A casa do Matheus ficava em uma pequena viela, era a ultima da pequena rua bem arborizada, parecia uma das ruas dos bairros de elite das grandes cidades, mas era somente fruto de uma vizinhança bem unida. A casa dele era a ultima da viela, fechando o caminho, tinha uma fachada de tijolos ladrilhados cheios de musgo que corriam até a calçada, tinha um portão negro e grande que, pelo menos para mim, era bem convidativo.

Ah Matheus! Acho que posso dizer que somos velhos conhecidos, grandes confidentes e... completos idiotas? É, acho que isso mesmo. Foi a primeira pessoa por que eu me apaixonei, um grande amigo que correspondeu esse amor – outra história, mas acho que abusei demais da sua hospitalidade.

Simplesmente, sem cerimonia, entrei na casa, acho que ainda era bem vindo ali.

Bom, nem tanto. Já fiz muita coisa dentro daquela casa.

Atravessei em casa em direção ao quarto selado com uma porta de madeira e com uma placa escrita: “Keep calm and get out”. Muito convidativa na minha opinião, acho que era um dos poucos que ousava entrar e perturbar aquele santuário.

Bati ligeiramente na porta. Preferi não arriscar novamente.

- Ao menos você ainda sabe o que é respeito – a voz respondeu. – Agora entre logo antes que me arrependa.

Abri a porta tão familiar. O quarto nunca mudava, pilhas de livros jogadas e espalhadas, roupas pelo chão que eu não conseguia saber qual estava limpa, havia também um violão jogado na cama cheio daquelas figurinhas de chicletes. Ele estava jogado sobre a cadeira do computador com as pernas sobre a mesa e um controle de Xbox enquanto jogava.

- Foi somente tudo acabar – comecei – E esse quarto voltou a ser o inferno que sempre foi antes de mim.

- Oh, o sujo falando do mal lavado – retrucou – Pelo o que eu me lembro do seu quarto, ele não é muito diferente do meu. Tem até um cachorro lá.

- Ao menos eu organizo os meus livros.

Joguei a mochila próxima a porta, queria saber onde ela estava ao menos.

Ele logo se virou para mim. Matheus era quase que da minha altura, mas cerca de 5cm um pouco mais baixo, tinha um corpo bem definido e atlético mesmo sem ter feito esportes. Tinha os olhos verdes bem claros, uma pele branca e lisa, seus cabelos meio loiros desciam até os ombros, nunca vi alguém cuidar tanto de um cabelo. Matheus, com todo esse corpo, não era um pegador qualquer, não “traçava” qualquer uma que via pelo caminho. Além do mais ele era bissexual.

O bissexual mais decidido que eu conhecia. Para ele não se tratava de o que ele ia pegar, e sim quem ele ia pegar. Uma analogia que demorei para entender.

Ele se levantou e veio em minha direção. Logo me deu um firme aperto de mão e um abraço forte. Não era isso que eu queria, não era isso que eu geralmente recebia dele.

- Eu nunca vou me acostumar com isso.

- E o que queria? – ironizou – Um beijo ou uma transa? Hoje não meu amigo.

- Obrigado pela sua consideração.

- De nada – ele se curvou em um gesto de reverencia e sarcasmo.

Ele se sentou na cama bagunçada, ao menos abriu um lugar para eu sentar. Me sentei ao seu lado em silencio, já estava começando a ficar em duvida do que eu escolhi e por que estava ali.

- Então – ele disse. – O que você quer de mim agora?

- Pode parar com os seus sarcasmos e ironias agora? – falei.

- O que foi? Você gostava disso. Estou errado?

- E ainda gosto – continuei – Mas não hoje.

Ele então me puxou sobre ele me fazendo sentar em seu colo, eu sentia seu pau me cutucando e me empurrando. Ele me olhava nos olhos e parecia me desafiar, do mesmo jeito que sempre me atiçava.

Eu posso entrar no seu jogo.

Nesse momento eu me esqueci do Rodrigues e todos os meus problemas. Só o Matheus novamente, e pensava em tudo que passamos. Lá no fundo, Rodrigues ainda estava em meus pensamentos, em algum lugar, só não sabia onde.

- Seu pau está muito duro para alguém que acabou de excitar – comecei a rebolar em seu colo com força.

- E onde quer chegar com isso?

- Você estava batendo uma antes de eu chegar – falei – Isso eu sei.

- E você sabe tanto assim? – ele me segurou e me prendeu sobre ele.

- Sei que posso fazer mais do que uma punheta. Só depende de uma coisa.

Estávamos ambos em êxtase. Era uma transa literal, algo assim, e eu estava ultrapassando meus próprios limites do sexo. Mas era com ele, isso valia a pena.

- E qual é sua condição?

Eu parei e me posicionei perfeitamente sobre seu colo, sentia seu pau feito pedra quase que me perfurando. Eu passei as mãos sobre seu peitoral e apoiei sobre ele. Afastei seus cabelos angelicais e me aproximei do seu ouvido.

- Depende de quão mau, forte e agressivo você pode ser – sussurrei em seu ouvido. – E comigo alias.

Ele me empurrou com força para trás, me lançando ao chão, e no ultimo momento ele me segurou pela cintura. Ele me puxou de volta e rolamos na cama bagunçada, ele ficou em pé e me deixou deitado, levantou minhas pernas até seus ombros e me atiçou. Estávamos em um frango assado praticamente.

- Você sabe do que seu capaz de fazer – ele gritou – Você sabe muito bem o que eu posso fazer com você.

- Me mostre então – provoquei. – Você não é todo machão?

- E você sempre uma puta – respondeu. – Sempre será minha e somente minha, a minha puta.

Ele avançou sobre mim. Seus lábios tocavam os meus suavemente, mas sua língua me invadia com força e agressividade. Ele sempre ia fazer isso mesmo.

- Só tem um problema meu machão – falei.

Eu o empurrei e rolamos pela cama novamente. Dessa vez eu fiquei sentado sobre ele de novo.

- Tínhamos um problema – ele abriu uma gaveta próxima à cama e tirou uma camisinha de dentro. – Não temos mais.

- Ainda temos – me aproximei do seu rosto – Você disse sem brincadeiras meu fogoso machão. Só estou seguindo suas ordens.

Ele pareceu decepcionado, eu também estava. Mas no ultimo momento eu lembrei por que estava ali, por quem eu estava ali. Perdi a chance de fazer amor por que lembrei de um amor, que irônico. Eu podia ter deixado isso para depois e aproveitar todo o prazer que eu ia receber.

Não, eu tinha que me lembrar do meu amor cego.

- Você pode me ouvir agora?

- Você já cortou todo o tesão mesmo – respondeu – Agora fale.

- Obrigado pela atenção.

De inicio ele parecia não se importa muito. Conforme eu continuava, ele se interessava e aos poucos compreendeu tudo. Ainda era meu confidente mesmo.

Lhe contei desde o inicio, do meu primeiro encontro com ele no ônibus e das outras situações que aconteceram, lhe contei sobre o incidente na lanchonete e tudo o que aconteceu, falei dos sonhos com ele onde cada um superava a outro, e por fim, quando eu escolhi ele aos meus próprios amigos.

- E agora, depois de tudo isso que vocês fizeram – ele disse – Estão afastados.

- Nossa, brilhante observação – ironizei – Não tinha notado isso.

- E agora você está irritado e decepcionado com você mesmo. E também virou um maníaco sexual perseguidor e apaixonado, de novo.

- Ao menos não é com você.

- Ah, eu gostava de quando você me seguia e me observava – ele dizia – Quando você estava aos meus pés, totalmente submisso em busca de um amor cego. Eu gostava da sensação de ter conquistado alguém.

- Eu não estava tão apaixonado assim para estar aos seus pés – falei.

- Você me seguiu até em casa – ele continuou – Você entrou aqui dentro e veio até meu quarto chorando, e aqui aconteceu pelo o que eu me lembro.

- Eu retiro o que disse – assenti.

- Temos muito tempo para resolver nossas diferenças, vamos voltar ao tema principal. O seu novo amor no caso.

- Pode me dizer o que fazer agora? – falei.

- Quer mesmo a minha opinião.

- Eu admito que quero outras coisas também em relação a você – disse. – Mas no momento, eu só quero sua opinião mesmo.

Ele me lançou um sorriso sacana e orgulhoso. Como eu disse, o Matheus não pegava todo mundo, mas quando tinha alguém nas suas mãos. Bom, ele tinha muito orgulho de ter conseguido tal feito.

- Você vai de mal a pior mesmo – respondeu – Mas em relação ao seu amor, aconselho você esperar mais um tempo e ver se ele muda de escolha ou então fale com ele logo, de forma direta, e esclareça tudo.

Era isso. Esse era o conselho que eu esperava? Mas que merda mais inútil.

- Só isso?

- Você queria minha opinião, não queria? – falou – Aqui está, contente-se.

Ele tem razão, era o que eu pedi, pronto. Era meu objetivo feito ali.

- Eu te odeio tanto quando você esta certo.

- Problema resolvido – ele se levantou e voltou a se sentar no computador para continuar jogando. – Pode ir embora agora.

- Por que esta com raiva agora – falei – Posso notar a raiva na sua voz.

- Você vai saber quando eu estiver com raiva.

Ah, tão temperamental. Agora eu me lembro por que eu tinha me apaixonado por ele e feito tantas coisas. No fim eu sabia que ia valer a pena amar alguém com tantos sentimentos e tão confuso também. E valeu a pena.

- Eu sei quando você esta com raiva.

E me aproximei dele, ele era tão sexy com raiva. Passei sobre ele e me sentei em seu colo passando as pernas ao lado das cadeiras, dessa vez estava disposto mesmo a tudo. Eu percorri seu peito com minhas mãos, entrelacei seus fios de cabelo em meus dedos, um ato um tanto ousado eu acho.

- E nesse momento – falei – Você esta sim com raiva.

Lentamente eu invadi sua boca, ele logo cedia e também aos poucos tomava o controle da situação, ele era um tanto muito dominador. Ele avançava mais percorrendo meu corpo também, sua mão entrou em minha camisa e percorria minhas costas enquanto a outra entrava pela minha calça até começar a massagear meu ânus.

- Você esta com raiva e com ciúmes. Estou errado?

- Não, tem toda a razão – ele disse – E você esta me excitando muito.

- Esse é meu trabalho, não é? Você não disse que eu era uma puta.

- Correção. Você é minha puta.

- Por que está com raiva então? E ciúmes, bom, não se preocupe com ele.

Ele se levantou e me levou para a cama me colocando de costas para ele. Estava me dominando e me controlando, ele estava com todo o poder.

- Ousadia sua perguntar por que eu tenho raiva nesse exato momento – ele disse enquanto tirava minha roupa. – Por que sempre foi você que pedia isso e me assediava a ponto de me encher o saco por dias seguidos, você que sempre implorou para eu te dominar. Eu pensei em fazer essa surpresa toda para você, e realizar seu desejo de uma vez.

- E eu recusei.

- Sim – ele continuou – Sei que não recusou pelo o que eu disse, você recusou pelo seu tolo amor. Recusou o que sempre pediu desde o dia em que terminamos, por causa de um cara agora te ignora. Ficou cego pelo amor.

- E eu escolhi errado então?

- Escolheu e acabou de perder seu momento de prazer hoje.

Ele me soltou e se levantou. Ah, como eu odiava ele.

- Sofra as consequências da sua escolha, mas minhas surpresas ainda não acabaram.

- O que mais tem para mim.

- Ah, você ainda vai ver – ele voltou a jogar. – Agora vista-se.

Eu estava totalmente nu já quando ele parou. Recolhi minhas roupas e comecei a me vestir rapidamente, eu acho que merecia isso em parte. Matheus tinha razão novamente, eu estava cego.

- Eu prometo que quando nós estivermos um pouco mais determinados – ele disse. - Nós vamos continuar imediatamente de onde paramos.

- Eu espero ansiosamente esse dia então.

Além disso, tinha de ir embora, acho que até estava atrasado para a escola. Mas dessa vez não ia triste ou em busca do Rodrigues, estava até que feliz dessa vez. Puxei minha bolsa e recebi um presente junto.

- Essa cueca que ficou presa na mochila é uma lembrança.

- Fique com ela logo – ele olhou rapidamente.

- É impressão minha ou ela está cheia de esperma?

- Por que você não descobre sozinho.

Desafiador. Apenas sai da casa meio sem rumo, acho que o dia já acabaria ali, pois eu mesmo iria para casa agora.

E que merda o Matheus me reserva agora?

------

olivera: Valeu por continuar comentando. Acho que alguns escritores são movidos por incentivos e comentários. Obrigado por continuar acompanhando.

Ryan: Ah, bom, eu recomendo você a sentar ai quietinho e ficar calmo. Sinceramente, o problema da história é o próprio Rodrigo, até eu me odeio as vezes, acredite em mim, o Rodrigo é uma pessoa complicada de lidar. O Rodrigues também é meio complicado, longa historia. Agora isso é triste mesmo, acho que na maior parte das vezes, a pessoa que a gente se apaixona ou é hétero ou é gay que nem mesmo se aceitou para aceitar alguém (eu e minhas analogias estranhas, tenta entender ae). Peculiar o seu meio de lamentar a paixão, eu sou um pouco mais sádico e estranho, tipo: eu fico olhando o perfil da pessoa no facebook ou uma foto dela enquanto como sorvete e ouvindo musicas depressivas(tipo lana del rey) ou então eu tenho uma coisa que eu mesmo inventei chamada crise de existencialismo, um termo fácil para uma coisa tão complicada. Obrigado por continuar acompanhando.

Feliz ano novo galera.

Comentários

Há 3 comentários.

Por bezgomez em 2015-01-01 21:20:27
Quando gosto de alguem, sou assim,meio stalker! Essa cena com o Matheus me lembrou uma envista do meu ex, so não rolou , pq não tinhamos camisinha! Apaixonado pelo Conto
Por Ryan Benson em 2015-01-01 02:11:59
Vc acabou de falar exatamente o que acontece comigo. Quando eu vejo a foto de um cara que gosto no facebook, eu simplesmente paro o que estou fazendo. Me desligo completamente do resto do mundo. Se eu estiver "bem" antes de ver a foto (no caso, "bem" pra mim quer dizer que até determinado momento minha mente bloqueou o meu lado emocional e a lembrança dessa pessoa; não, isso não significa que eu não possa estar depressivo), a partir do momento que uma foto daquele rapaz aparece na linha do tempo que fica atualizando o tempo todo, todas as lembranças, o sentimento reprimido, a depressão 20x mais forte do que o normal, a budega toda, tudo vem de uma vez e me faz sentir mal. E aí vem as músicas depressivas (Evanescence) acompanhadas de longas horas de crise existencial (eu sei o que é isso, acredite). Vou continuar acompanhando mesmo, nem pense que eu vou parar de te encher o seu saco e comentar minha opinião por aqui. Um abraço e feliz ano novo pra ti também!
Por olivera em 2014-12-31 23:17:18
Minha duvida e que tipo o que sera que ese rodrigues sente pelo rodrigo