O que estou fazendo? #08
Parte da série Paixão ao desconhecido
Capitulo curto já que estou escrevendo do hospital.
To esperando alta do medico já que acabei de retirar o apêndice. Sim, demorei, mas tenho uma desculpa valida.
E sim, desculpem-me por estragar suas expectativas, mas sem casal apaixonado ou final feliz. E agora, vão querer me matar por ter ficado tão depressivo e chato.
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Eu não estava com a mínima vontade de ir para escolar. Já havia faltado nos dois dias anteriores e meu celular estava lotado com ligações da Olivia. Eu não iria ligar de volta, estava bem ali, acomodado no meu subconsciente perfeito, não quero voltar para realidade.
Meus pensamentos foram interrompidos com um raio de sol que se lançava exatamente em meus olhos, minha mãe abriu a janelas ferozmente irrompendo com sua voz ordens para eu levantar.
- Rodrigo, acorda agora. Chega de faltar na escola.
- Mãe – resmunguei me virando contra o sol – Mal tenho faltas, sou mais que um aluno presente. Uma ou duas faltas não faram diferença.
- Ou você vai pra escola e estuda – ela puxa minha coberta e me revela nu – Ou me ajuda a limpar a casa.
Me levantei e fui pro banheiro tomar um banho enquanto ela ainda resmungava sobre a bagunça que meu quarto estava. Digamos que nesses dias depressivos eu não me alimentei muito bem, por isso meus pés vacilaram quando pisei no chão após tanto tempo. Entre sacos de batatas fritas e bolachas e livros jogados no chão, eu procurei meu chinelo. Meu quarto estava um lixo mesmo.
Deixei a agua quente escorrer pelo corpo. Não estava a fim de ver ninguém hoje, iria me esconder no canto mais escuro e distante da escola, queria ser anônimo. Eu sei desaparecer quando eu quero e posso usar isso ao meu favor.
Nesses dias eu mal pensei nele, duvido muito que ele ou até mesmo alguém tenha pensado em mim. Acho que eu estava fugindo das minhas responsabilidades. Provavelmente Olivia iria me dar uma lição de moral por tal depressão e Laura iria me jogar de um ônibus em movimento se eu não abrisse um sorriso.
Laura. Acho que ela também era o motivo de um dos meus problemas. Fui muito duro com ela eu acho. Bom, ela quis saber o que estava acontecendo, agora sabe e não me perturba mais.
A agua quente percorria meu corpo sujo. Eu não sei mais o que sentia. Hoje provavelmente teria que encara-lo e olha-lo, não sei o que buscava nele, seu amor ou sua amizade agora. Ele era e agora é meu melhor amigo. Acho que agiria conforme ele, conforme a reação dele. Provavelmente seria igual quando nos conhecemos após nossos encontros e desencontros no ônibus, não tocamos no assunto ou nada disso, agimos naturalmente.
Mas sua pele tão singela e clara, seus olhos perseguidores que pareciam me devorar. Seu corpo consideravelmente definido que eu sentia vontade de me agarrar a ele pelo resto dos dias e me aproveita e me entregar, cada centímetro de nossos corpos se relacionando e interagindo. Cada parte e pedaço de musculo, sangue ou célula, seja lá o que for, se amando e se apaixonando.
Não, ele era meu amigo. Não podia pensa-lo assim.
O que eu buscava? O que eu queria?
- O que você tá fazendo Rodrigo – sussurrei.
Desliguei o chuveiro enquanto as ultimam gotas caiam sobre mim
E acordei para a realidade.