Junto de você #2x05
Parte da série Paixão ao desconhecido
Nunca confiem na própria internet, ela sempre é traiçoeira.
Mas voltei, capitulo novo com situação nova e quem sabe personagens para xingar.
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Logo após o encontro o Matheus, decorreu mais uma semana de aula com as mesmas situações e eu aos poucos me isolando, sem a mínima noção do que estava fazendo.
Mas havia chegado, finalmente as férias de inverno, um mês de pura paz.
Eu esqueci de tudo e todos, tentei aproveitar ao máximo os poucos dias de descanso, jogava por o dia todo e a noite ficava acordado com um livro e um copo de café, aos poucos eu ia me esquecendo de tudo que tinha passado. Mas no fundo, ele ainda estava lá. E ainda tinha Olivia e Laura, eu perdi minhas duas amigas, não troquei uma palavra com elas durante esse tempo. Estava cavando minha cova.
Foram férias rápidas mesmo, logo tinha que voltar as aulas. Começava a maratona de fim de ano e agora tinha que conciliar minha paixão e minhas notas, não queria me deixar ser afetado com isso. Na primeira semana de agosto eu voltava pra escola, saí no horário de rotina com os fones de ouvido para esquecer do mundo, fui até o ponto vagaroso sem esperanças.
Parte de mim queria vê-lo, mas aos poucos eu ia criando um sentimento de raiva e desgosto que começava a deseja que nunca mais o encontrasse. Estava confuso sobre tudo.
Ele estava lá, no ponto sob a cobertura de metal, provavelmente acabará de passar um ônibus já que o ponto estava vazio. No fim eram apenas cinco pessoas lá e estávamos nós no meio. Ficamos em lados opostos do ponto, eu não queria confronta-lo, ao menos não hoje. Podia ter escolhido ficar fora do ponto, mas o sol estava terrivelmente forte, então no fim eu tinha ficar ali.
Estávamos tão perto e tão distante ao mesmo tempo. Não havia sorrisos ou troca de olhares, não tinha um som sequer, apenas o profundo silencio.
Eu tinha que me afastar, acho que quanto mais ficasse perto dele pior ficaria.
Não pensei nas consequências, só queria fugir dali. Eu me afastei do ponto e corri pela calçada, estava sendo precipitado com certeza, segui para um ponto de ônibus antes para ao menos não ficar ali ao seu lado. Levei alguns minutos correndo e logo cheguei, ofegante e cansado, porem um pouco mais tranquilo. Estava muito desorientado.
Logo o ônibus chegou, entrei rapidamente e passei a catraca, fui o mais fundo que podia pelo ônibus vazio e sentei no atrás dos mais altos, eu queria ficar escondido e ainda ter uma boa visão ao meu redor. Estava ficando paranoico aos poucos, estava deixando ser afetado por ele, o que eu estava fazendo?
- Claro – disse uma voz – Pode se sentar sim.
Eu me virei para o banco, não havia notado que tinha alguém lá. E era pior, não havia percebido um conhecido lá, estava igual a mim com o uniforme da escola e somente com um brasão diferente, usava também um cordão com uma égide dourada no pescoço e seus fones brancos que percorriam o corpo. Matheus estava ali, ao meu lado.
- Mas que merda você esta fazendo aqui? – falei.
- Bom dia para você também – respondeu. – Fique a vontade.
Ah, eu amava seu jeito sarcástico e irônico, mas acho que não era o momento para isso. Na frente eu via Rodrigues entrar, acho que não havia me visto, mas mesmo assim seguiu para o fundo do ônibus e atrás dele vinha o seu amigo que sempre esquecia o nome. Bom, não me interessava agora.
- Posso ficar aqui? – perguntei ao Matheus.
- E o sol nasce de manhã? – respondeu – Até por que alias, vivemos em um país livre.
- Obrigado – respondi.
Rodrigues passou por mim, com toda certeza me notou e em seus olhos eu vi um olhar duvidoso, não para mim, mas para o Matheus. Ele parou por alguns segundo na frente do banco nos olhando.
- Algum problema? – Matheus perguntou.
Rodrigues relutou por alguns momentos para responder, ele deu um simples sorriso e continuou pelo corredor. Em um momento eu olhei para trás e vi seus olhos me fitando, ele parecia me perguntar: “O que você está fazendo?”. Admito que até eu estava confuso.
- Pode me dizer agora por que está aqui? – perguntei para o Matheus – Pelo que eu sei você deveria estar do outro lado da cidade agora.
- Eu tenho o direito de ir e vir não tenho?
Como eu disse, ele estava com o mesmo uniforme que eu, também levava sua mochila cheio de broches e bottons de bandas de rock e alguns vídeo games. A essa hora ele devia estar estudando, em outra unidade da mesma escola que a minha, fazíamos o mesmo curso técnico, mas em lugares diferente, planejávamos ficar juntos no mesmo lugar, porem as vagas tinham acabado e tivemos que nos separar.
- Já parou de tentar deduzir tudo – ele interrompeu meus pensamentos.
- Como você sabe?
- Por que você sempre fica mexendo os lábios e batendo os dedos onde pode – continuou – e só faz isso quando esta deduzindo algo ou está nervoso.
Ele se esticou no banco e fechou os olhos. Para onde ele estava indo? Podia estar cabulando, mas pessoas cabulando nos arredores da escola ou em casa mesmo, ele estava muito longe de casa e mais ainda da escola. Também estava muito tranquilo, eu sabia que ele cabulava regularmente e já era acostumado, mas devia demonstrar ao menos um curto nervosismo.
- Está fazendo de novo – ele disse.
- Só estou pensando em uma teoria.
- Pode fazer isso sem bater os dedos?
- Não sei.
Era uma dedução logica, os fatos o impedem de estar ali. Estava subjugando minha inteligência, isso era uma afronta.
- Pedi uma transferência – ele disse.
Matheus olhou para mim e sorriu. Se ele havia pedido transferência, iria mudar de unidade, porem não poderia mudar de curso. Somente duas unidades tinham o curso, a dele era uma e a outra... Mas que merda.
- Acho que você terminou de deduzir suas teorias – falou.
- O que você esta fazendo?
- O mesmo que você. Indo para escola, estudar, ter futuro, essas ideologias.
- Não – interrompi – O que está planejando? Por que saiu de lá para vir até aqui?
- Primeiro por que com os desistentes, vagas ficaram disponíveis e aqui é mais perto de casa – falou – em segundo, eu fiz alguns inimigos lá que eu não poderia confrontar, e terceiro, nada demais somente que listas sempre precisam de um terceiro item.
Bom, teorias prováveis. Sempre haviam desistentes que não aguentam a maratona de estudos e essa era a época em que a maior parte saía e alguns alunos podiam pedir transferência se quiser. O Matheus também não era uma pessoa que se rendia fácil, sempre lutava por sua ideias e objetivos, acho que era bem possível que tivesse feito inimigos e acho que agiu certo. E listas ficam estranhas mesmo sem um terceiro item.
E eu achava que ele havia pedido transferência por mim.
- Satisfeito – perguntou.
- Acho que sim.
- Ótimo – ele se levantou – Agora me diga, é aqui que descemos?
Eu sorri, achei que ele estava brincando comigo, mas depois notei que ele estava serio. É, seria um longo semestre, mas ao menos ele estaria ali.
- Senta ai – falei – Eu te aviso quando chegarmos.
- Não estamos nem perto?
- Senta ai – insisti.
Ele se sentou confuso. Ficamos conversando e aos poucos eu me esquecia do Rodrigues, e principalmente que ele estava a poucos bancos atrás. Eu queria perguntar sobre os inimigos que ele havia feito, mas decidi esperar, uma hora ele me contaria.
Logo chegamos, ele estava distraído e nem me viu levantar, admito que eu também não havia me lembrado dele. Apenas me levantei e desci do ônibus, na calçada eu me lembrei e voltei, entrei no ônibus ainda parado e o puxei.
- Agora chegamos e estamos indo, agora corre.
- E você tinha me esquecido.
O ônibus começava a andar e ainda estávamos dentro, eu desci correndo e ele ainda estava lá dentro. Ou ele descia agora ou no próximo ponto.
- Pula – falei – Eu te seguro.
Ele, mesmo hesitante, pulou do ônibus em movimento antes da porta se fechar. Eu o segurei pela mão e o impedi de cair direto na calçada. Já havia visto aquela cena antes.
- Nunca vou me esquecer de você.
Ele recuperou o equilíbrio e agradeceu.
- Da próxima vez – ele disse – Vamos levantar um ponto antes.
- Sim – falei – Nós vamos sim.
Ao longe eu vi Rodrigues nos observando, seus olhos emanavam uma raiva incandescente que parecia me fuzilar em pensamentos. Ele estava furioso, me restava saber o que.
Mas dessa vez, eu não queria saber.
- Está me ouvindo? – Matheus interrompeu meus pensamentos.
- Oi? – falei – Agora estou ouvindo.
- Eu também estou aqui por você – disse – Pois você é meu amigo e eu nunca vou te abandonar ou te deixar sozinho. Você sempre vai ter meu apoio.
Eu queria abraça-lo ali, mas não tínhamos muito tempo, ao longe eu já ouvia o primeiro sinal da escola. Tínhamos menos de 5 minutos para entrar. Eu sorri em resposta, não tinha palavras o suficiente também.
- Receio que isso tenha sido nosso sinal – ele disse – Se as unidades seguem o mesmo padrão, temos cinco minutos ou menos, e eu ainda tenho que resolver outras burocracias. Você vai ficar ai pensando no que eu disse até que horas?
Estava meio desorientado, precisava me concentrar.
Ele sorriu ao me ver batendo os dedos contra a perna, logo saiu correndo na minha frente. Demorei alguns segundo até perceber o que estava acontecendo e o segui.
E pela primeira vez nos últimos meses, eu corri, e dessa vez não era para fugir.
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Quem quer ver o circo pegar fogo?
olivera: Na hora que eu descobrir eu te falo, admito que nem eu entendo aquele garoto. Ambos somos complicados de lidar, posso dizer que ele sempre buscou um pouco de atenção. Obrigado por continuar acompanhando.
Ryan: Minha crise existencial se baseia em: “O que eu estou fazendo?” “Por que eu gosto dele?” “Estou acabando com minha vida” “Isso é tudo por que eu decidi me apaixonar” “Tudo culpa minha” “Tenho que parar com isso” e bla bla bla. E nisso eu começo a chorar e geralmente acordo só no outro dia, não sou a pessoa mais compreensível existente, e nem a mais equilibrada psicologicamente. E agora nas minhas ultimas crise, em uma delas eu conheci alguém (sem muito detalhes, acho desnecessário) que me indicou uma musica até, bom, legal, acho que vai gostar tb. Happy Little Pill – Troye Sivan. E eu ainda quero um Gustavo para mim, meu e-mail é: ntn.naf@gmail.com
bezgomez: Cara, no meu caso stalker é apenas um apelido, posso ficar um dia longe de casa, mas vou descobrir onde o cara mora. E essa cena como Matheus, bom, só não rolou por que ele é chato mesmo e são investidas raras. Bem vindo ae e obrigado por comentar, os comentários incentivam bastante.
Até quando minha internet voltar pessoal.