Capitulo 5

Conto de N T N como (Seguir)

Parte da série O lorde da vingança

Logo encontrei a sala do suspeito, coisa que não foi difícil. Digamos que dois caras de com coletes a prova de balas, uma pistola cada e ainda um boné escrito "Polícia" não é a coisa mais discreta. Parei em frente o corredor e permiti que eles me vissem, não iria mata-los, somente distrai-los.

- E eu achava que encontraria resistência aqui - falei para eles.

Nem ao menos em empunhei as adagas já não iria precisar ainda. Corri pelo corredor e eles ergueram as armas rapidamente, eles não aprendem, me lancei à parede e passei por cima deles que somente me acompanhavam com os olhos. Ainda no ar chutei um deles que vacilou em pé e se apoiou em uma parede tentando se recuperar do que havia o atingido, o segundo policial estava surpreso largando a pistola e avançou sobre mim com socos e chutes até que rápidos, mas que não me davam uma falha para contra atacar. Abandonei a forma física e parei, seus socos e chutes agora atravessavam meu corpo translucido, ele parou assustado com um punho dentro de mim, abria a mão dentro do meu corpo vendo que era praticamente nada.

- Fez cócegas – falei. – Agora é a minha vez.

Corri e atravessei seu corpo de carne e sangue tolo, eu podia ter me solidificado dentro dele e o matado, mas não era a minha intenção. Ele sentiu o frio da morte quando passei por seu corpo, atravessou por um curto momento a fina camada entre o mundo humano e o espiritual, foi sentindo o frio congelando suas entranhas. Depois que atravessei ele caiu desmaiado no chão, podia estar em coma também, os humanos tem reações diferentes. O primeiro logo se localizou e entrou na luta, não tinha tempo para ele. Quando ele avançou eu coloquei a mão em seu rosto, transmiti todo o frio e medo que podia para ele, isso provavelmente iria leva-lo a loucura e insanidade, nada que não durasse só uma hora, logo estaria bem e provavelmente sem sequelas - há uma pequena possibilidade.

- Vai sentir uma leve pontada de dor então por favor não grite.

- O que é você? – ele disse e logo gritou.

- Disse para não gritar.

O soltei desfalecido no chão. Logo ambos recobrariam a consciência, talvez não, já não era problema meu. Só para ter certeza verifiquei o pulso deles, estavam vivos ainda. Agora tinha o segundo problema, interrogar o suspeito, abri a porta e entrei no quarto, logo em seguida a tranquei para não sofrer interrupções. Eu podia simplesmente atravessado a parede ou a porta, evitando uma luta, mas ai tinha o problema de que eu não sabia onde eu iria me solidificar.

O assassino estava deitado na cama todo incubado, tinha todo um enfaixe em seu abdômen e ele parecia sedado já que nem notou minha presença. Assim não tinha graça, ele tinha que ver o terror, uma morte por outra, sentir a vingança, o medo tinha que o consumir.

- Hey – gritei – Acorda, depois eu te deixo dormir para sempre.

Ele não esboçava reação, seu peito se levantava lentamente em uma respiração fraca. Estava ferido, por que o assassino estaria ferido? Jessica parecia não ter reagido e parece que não havia testemunhas para lincha-lo. A morte já estava chegando para ele, era um ferimento grave pelo jeito. Poderia se ele o assassino?

Subi na cama e me sentei sobre o seu corpo, isso fez ele acordar imediatamente. O fiz olhar em meus olhos para sentir horror, o que consegui com sucesso. Me aprofundei em sua mente, vasculhava seus pensamentos e lembranças em busca de alguma informação, retirei a adaga da bainha e a levantei sobre ele. O suspeito arregalou os olhos assustado, mas não via culpa alguma nele.

- Você matou hoje uma garota de 11 anos chamada Jessica – falei.

Ele balançou negativamente a cabeça, estava assustando. O vento invadiu a sala e formava um redemoinho, meus olhos estavam vermelhos e eu estava ficando translucido, ele ficava com mais medo ainda.

- Você matou Jessica? – gritei.

Ele negava ainda, mas vi seu pensamento. Ele não havia matado ninguém, foi indiciado. Estava drogado no momento, ele estava do outro lado da rua quando viu um vulto caminhando em direção a Jessica na calçada contraria, ela sorriu para ele, o vulto tirou duas adagas e cortou o pescoço dela rapidamente o que a fez cair morta no chão. O vulto se virou para o drogado e caminhou em sua direção, o vulto era um homem jovem pelo jeito, não consegui ver seu rosto pelas lembranças do suspeito, atrás dele tinha asas vermelhas, o homem pegou uma das adagas e penetrou fundo no abdômen do drogado e soltou a outra adaga sobre ele. Após isso o vulto se foi calmamente.

Ele havia sido incriminado, e o assassino ainda estava a solta.

Ah que raiva, tanto trabalho por nada. Quando eu encontrasse esse imitador eu iria mata-lo da pior forma possível que pudesse encontrar. Ele tinha asas, podia ser um espirito então, alguém estava fazendo isso para me irritar. Acabou de conseguir?

Ouvi baques na porta e logo um homem entrou, ele estava com uma pistola e olhou diretamente para mim e meus olhos. Usava um sobretudo amarelo queimado sobre uma camisa branca com uma gravata vermelha meio folgada e calças sociais, ele era loiro com uma pele parda, me lembrava os alemães de forma indireta, seus olhos era verdes e pareciam me hipnotizar, tinha uma barba por fazer e parecia bem nervoso e irritado. Vi na sua cintura o distintivo, era policial.

Ele não hesitou e atirou duas vezes contra mim. As balas atravessaram meu corpo translucido sem muito efeito, somente foram desaceleradas e logo perfuraram a parede. Ele parecia surpreso, não me parecia um inimigo, e ao olhar para ele eu vi a Jessica por um momento.

- Quem é você? – falei.

- Eu que te pergunto isso – respondeu.

- Perguntei antes espertinho.

- Então está bem, vou refazer minha pergunta – ele disse. – O que é você?

Eu suspirei, ele parecia não ter medo de mim. Era particularmente bonito, era alto e tinha um bom porte físico, não parecia um policial comum e também não parecia tolo. Sai de cima do suspeito, não tinha tempo para isso.

- Você é o assassino das adagas? – ele perguntou.

- Não sou um assassino.

- É responsável pelas as mais de 50 mortes pelo mundo todo?

- Se quer ver por esse lado – falei – Acho melhor contar de novo, meus cálculos dizem 85.

Abri a janela, não tinha o que fazer ali. Iria procurar o verdadeiro assassino, o policial era muito bonito e astuto mesmo, mas eu era um espirito e não podia me apaixonar. Ele baixou a arma e a guardou no coldre.

- Algo me diz que não posso te prender.

- Está absolutamente certo – falei.

Logo ouvimos um bipe agudo e longo saindo dos aparelhos, o suspeito havia morrido. Acho que deve ter sido de susto, era uma parada cardíaca talvez, o corpo já estava sem vida e com os olhos eu seguia sua alma sendo lançada aos céus.

- Mas que inferno – o policial disse correndo em direção ao suspeito.

- Ele está morto – falei.

- Como você sabe.

Ele era humano, não via e nem sentia igual a mim, não adianta lhe mostrar provas.

- Eu só sei.

- Esse cara era o único que podia me levar ao assassino da minha filha – ele se lamentou. – Voltei ao ponto zero.

Ele era o pai da Jessica então, havia notado a semelhança só não tinha certeza. Eu poderia já cumprir uma promessa que fiz para ela então, só me restava achar seu assassino e a vinga-la.

- Sua filha – relutei por um momento.

Eu sentia sua dor, perder sua filha para um assassino e ver que o único que podia lhe fornecer dicas estava morto. Algo me dizia para ficar longe dele e deixa-lo seguir seu caminho, mas eu escolhi ficar.

- Jessica está bem – falei. – Ela está no paraíso dos céus nesse momento, ela me pediu para achar que havia a matado e para dizer ao senhor que ela esta bem.

- Minha filha está morta e é impossível você ter entrado em contato com ela.

- Eu sou um espirito, o Lorde da vingança, o Assassino das Adagas – falei. – E prometi a sua filha que iria encontrar que a matou e realizar sua vingança.

Ele se calou. Me virei para ele e esperava que ele estivesse em lagrimas, mas não, ele estava sorrindo para mim, via agradecimento em seus olhos.

- Obrigado – ele disse.

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Quem é que fica feliz ao saber que sua filha estava morta? Eu.

Devia repensar meu atos, acho que devia mostrar gratidão. Quem era ele? As balas o atravessavam sem a mínima resistência, era um fantasma? Melhor refazer a pergunta, o que era ele? Seja o que fosse, não era humano, então era melhor agrada-lo até chamar um exorcista.

- Não – ele falou. – Não sou um fantasma e um exorcista não vai resolver.

- Pode ler meus pensamentos?

- Eu vejo os seus medo e preocupações, não vejo a senha do seu banco.

Ele estava parado próximo a janela aberta, parecia esperar algo de mim. Olhei para o suspeito morto na cama, o único que podia me ajudar a encontrar o assassino da Jéssica. De certa forma eu acho que confiava naquele, seja lá o que for aqui, então sabia que ela estava bem.

- Acho que o termo certo seria espirito – ele disse.

- O que?

- Você me chamou de ser. Na verdade eu sou um espirito, e para especificar melhor, um espirito vingativo.

- Você faz as coisas levitarem e etc.? – perguntei.

- Não, eu só realizo os desejos das almas mortas aqui na terra.

- Isso conta matar 50 pessoas no mundo?

- 85 – ele corrigiu.

- Tanto faz.

Ele ainda estava lá, não ia embora pelo jeito. Seu corpo já não era mais transcendental, parecia carne e osso, um corpo físico, então percebi seu rosto. Tinha cabelos encaracolados castanhos e olhos negros, era um pouco mais baixo do que eu e tinha lábios finos, algumas olheiras sob os olhos e sua pele morena. Era magro e tinha roupas de um jovem comum, uma jaqueta preta aberta sobre uma camisa branca junto de jeans surrados. Havia também algumas alças que cruzavam seu corpo e acabavam em espécies de bainhas em suas costas, parecia que ele carregava duas adagas.

- Pare de olhar para mim – pediu.

- Me diz mais uma vez – falei. – O que é você.

- Sou um espirito que realiza desejos de almas mortas aqui na terra. Mato seus assassinos e trago a minha justiça, e agora eu tenho que achar o assassino da Jessica para cumprir o que prometi a ela.

- Estou buscando a mesma coisa e por incrível que pareça estou buscando você também – eu lhe falei. – Mas agora você matou o assassino da minha filha sem que eu possa realizar a minha justiça também.

- Ele não era o assassino – ele estendeu a mão para a janela e abriu uma espécie de buraco negro, do outro lado eu via varias estrelas.

- Como assim ele não era o assassino? E a onde você vai?

- Ele foi incriminado.

De repente um grupo de policiais entrou na sala com armas em punho. Apontaram diretamente para o espirito que ali estava mesmo sem saber que era um, ao ver as adagas nas bainhas atiraram sem hesitar. O espirito logo entrou no portal e se foi, tinha um pressentimento que aquilo não acabava ali.

Ordenei que os policiais parassem, eles estavam confusos com o que tinham acontecido, falei para que não comentassem isso com ninguém e isolassem a área. Eles entenderam a mensagem e saíram da sala ainda meio hesitantes. Toda essa situação só me trouxe mais duvidas e poucas respostas, o suspeito estava morto e agora a população logo entraria em pânico. Estava lidando um segundo assassino então, algo perigoso, podia ser um imitador ou alguém mais planejado, e para piorar o primeiro assassino era algo sobrenatural, um espirito vingativo, a pessoa que eu precisava prender nem se quer era humano.

Logo Bruno entrou na sala.

- Algo novo senhor?

- Só tenho um pedido – falei. – Leve todos os livros que encontrar sobre o espíritos e misticismo. Quero tudo na minha sala até amanhã.

- Mais alguma coisa senhor?

- Só marque o enterro da minha filha para amanhã cedo – falei. – Agora tenho mais um motivo para prender esse assassino.

Ele assentiu e disse que iria pesquisar também o passado do suspeito morto, procurar relações e antecedentes. O deixei ali na sala e sai meio perdido do hospital, Jessica estava morta e eu já não sabia mais o que fazer, aquele espirito disse que ela estava bem, porem bem como? Ele tinha muitas respostas para mim, precisava encontra-lo de novo. Não sabia se devia ter medo dele, eu estava lidando com um espirito e isso já assustador e tenebroso o bastante.

Entrei no carro que ainda estava parado na emergência, parecia que não havia causado muito transtorno. Fui para casa, eu deveria ir ao IML ver o corpo da minha filha, mas não me sentia bem fazendo isso e pediria que Bruno fizesse, aquela casa ia ficar tão vazia agora.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ryan Benson em 2015-02-02 14:03:24
Eu estou tão triste pelo Duncan, ele não merecia perder a filha cara... E esse encontro inesperado dele com o Kinley, eu não imaginava que ele iria acreditar tão facilmente que estava falando com um fantasma. Mas vamos ver no que isso vai dar. Tomara que o Duncan e o Bruno fiquem juntos, eles ficam tão fofos juntos. É isso cara, esperando pelo próximo. Abraços!
Por B Vic Victorini em 2015-01-30 11:32:30
Acho que é meu xará, o Bruno, o assassino imitador, ele deve amar o policial, e via na menina um empecilho, além do mais, Jessica conhecia o cara né? Vamos ver, aguardando mais capítulos.
Por BielRock em 2015-01-29 18:05:17
Adorei , sabia que o rapaz não era o assassino da Jessica , adorei a conversa do nosso policial e do nosso vingativo . eles formam um belo casal . Esse Bruno , sei não ein . Não gosto dele .