A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS - 1X08 - "O ADEUS"
Parte da série A História de Nós Três
“O que aconteceu? Onde eu estou? Quem é você?”
Olhei para a minha direita e vi três crianças se divertindo na areia. Um deles caiu e ficou chorando colocando a mão no pé, os outros dois voltaram e levantaram o que estava caído.
- Eu lembro disso – falou meu irmão Paulo.
- Também lembro foi no mesmo dia que você levou uma surra por causa daqueles brutamontes que pegaram o pirulito da Priscila e me chamou de gay. – falei sem olhar para ele chorando.
- A vida era tão simples nessa época. Eu, você e a Priscila sempre juntos sem ninguém para atrapalhar. – ele disse, encostando a mão no meu ombro.
- Estamos mortos? – perguntei.
- Mortos? Você é louco maninho? Eu lá deixaria você morrer? – disse ele me abraçando.
- Mas a explosão... o teu acidente de carro? – indaguei.
- Acorda!!!! – ele gritou e me empurrou.
Cai no chão e senti algo me puxar, era uma energia diferente que me fazia perder o ar. Eu abri os olhos e vi o Mauricio com os olhos cheios de lágrimas com duas pás elétricas nas mãos. Ele me abraçou e me beijou. Levantei e tirei os objetos que estavam no meu peito. Perguntei onde estávamos e ele disse que era o hospital.
- Onde está meu irmão? – perguntei, meio tonto.
- Amor... olha para mim... olha para mim. – ele disse chorando. – Você acabou de morrer... eu te vi morto naquela cama por dois minutos. – disse ele me segurando, pois, eu estava muito fraco.
- Não me interessa, onde está o meu irmão. – falei caindo no chão.
- Olha para mim. Você precisa ser forte agora. – disse ele olhando dentro dos meus olhos. – Seu irmão não tem muito tempo, os médicos tentaram tudo para salvar ele, mas não conseguiram.
- Me leva até o meu irmão agora... ou eu vou rastejando por esse hospital de sala em sala! – gritei.
O Mauricio percebeu que eu não iria me contentar até ver o meu irmão e me colocou em uma cadeira de rodas. Quando chegamos na sala de espera estavam todos lá a Priscila, Luciana, meus pais e os pais do Mauricio. Minha mãe e irmã correram até mim e me abraçaram choramos todos juntos na sala de espera.
- Mãe? Onde está o meu irmão? – perguntei chorando igual a uma criança.
- Ele quer te ver Pedro. Ele não tem muito tempo. – disse minha mãe chorando mais do que eu.
Mauricio me levou até o quarto do meu irmão. E posicionou a minha cadeira do lado direito da cama, eu peguei na mão do Paulo e apertei fortemente. Ele esboçou uma reação e abriu os olhos, estava pálido nem parecia o meu irmão mais velho que sempre me protegeu e lutou por mim.
- Você está horrível. – disse ele com uma voz fraca e ofegante.
- Isso porque você ainda não se olhou no espelho. – falei visivelmente abalado.
Reuni todas as forças que haviam dentro de mim e deitei na cama do meu irmão, repousei a minha cabeça em seu ombro e comecei a chorar.
- Paulo. Eu tive um sonho. Estávamos na mesma praia que íamos quando éramos crianças.
- Eu sei, também sonhei a mesma coisa, você lembra o que eu te disse né? Tudo bem, vai ficar bem. – falou.
- Eu te amo... eu te amo tanto que dói no meu peito saber que eu não vou mais te ver. Não vou ouvir tua voz e nem sentir o teu abraço.
- Que coisa mais gay. – ele tentou rir sem sucesso. – Ai caramba, então é isso. Lutamos, vivemos e morremos. Pedro... Eu não quero morrer... sinto que está chegando a hora. – ele começou a chorar.
- Eu vou chamar um médico. Alguém. – falei me levantando.
- Não espera, chama a ... a nossa irmã. Eu já falei com ela, mas quero falar com os dois. – ele disse fechando os olhos.
Cheguei na recepção e chamei a todos. Minha mãe e meu pai falaram que não conseguiriam e ela acabou desmaiando. Mauricio e Luciana a levaram para outro andar do hospital. Eu não queria acreditar no que estava acontecendo
Voltei levando minha irmã que quando chegou próximo a cama do Paulo, não se aguentou e o abraçou chorando. Fui pelo outro lado e deitei na cama. Ficamos os três deitados e abraços, eu e ela encostados no peito do Paulo.
- Vocês foram os melhores irmãos que Deus poderia me dar. Eu amo muito vocês. E quero que vocês lembrem que aquela promessa está de pé. Aonde quer que eu for, eu estarei protegendo vocês dois. – disse ele chorando.
- Eu sei meu irmão. – disse Priscila beijando as mãos de Paulo.
- Agora, eu quero que vocês prometam que vão cuidar uns dos outros. Da nossa mãe, do nosso velho e da Luciana. Principalmente você Pedro, que é o segundo homem da casa. – ele disse com dificuldade.
Eu dei um beijo na testa do Paulo e a Priscila fazia carinho nele. Meu irmão começou a chorar. Nunca na minha vida me senti tão desesperado e com sensação de impotência. Ele estava ali deslizando das minhas mãos.
- Por favor.. digam para as pessoas que eu morri com coragem. – disse ele chorando. – Que eu fui homem até o último instante.
- Você é... o homem da minha vida – disse Priscila chorando igual a uma criança.
- Dorme mano... dorme que vai passar... vai passar dor.,, desespero. Apenas fecha os olhos e dorme. E cuida de nós quando chegar no céu. – Falei fazendo força para não chorar desesperadamente.
- Eu te amo... - disse Priscila chorando e o beijando carinhosamente.
- Eu... eu... eu sempre vou amar vocês... nunca... esqueçam disso....
Dei vários beijos no rosto do meu irmão. Ele deu um suspiro fundo e forte. As máquinas começaram a apitar e os médicos entraram, a médica olhou para nós e baixou a cabeça. A Priscila se segurou em mim e caímos no chão chorando. A médica decretou a hora da morte e nos consolou com as mesmas palavras de sempre. Então era isso, não tínhamos, mas nosso irmão perto de nós era apenas eu e ela.
"Não... não. Paulinho não dorme mano. Eu preciso de você pelo Amor de Deus. Maurício faz alguma coisa... acorda o meu irmão. Paulo!!! Paulo!!!!"
Comecei a escrever esse conto com um nó no coração, sabia que esse momento iria chegar. Por isso quis postar apenas essa parte. Chorei muito. E espero que vocês entendam que a morte faz parte da vida. Lutei muito para entender isso. Mas o futuro trouxe para a família de Pedro surpresas maravilhosas.
Este conto não acho que não servem para aqueles curtem algo sexual. É um romance, uma história de amor e aprendizado com pitadas de romance gay. É bom relaxarmos e curtimos uma leitura leve. Para entender melhor a história basta clicar no meu nick que está acima e poderá conferir as primeiras partes. Por favor, comentem lá em baixo e dê sua nota aqui em cima. A participação de vocês é essêncial para mim.