A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS - 01X09 - "ADEUS VELHO AMIGO"

Parte da série A História de Nós Três

Obrigado pelos emails e palavras de carinho.

Este conto não acho que não servem para aqueles curtem algo sexual. É um romance, uma história de amor e aprendizado com pitadas de romance gay. É bom relaxarmos e curtimos uma leitura leve. Para entender melhor a história basta clicar no meu nick que está acima e poderá conferir as primeiras partes. Por favor, comentem lá em baixo e dê sua nota aqui em cima. A participação de vocês é essêncial para mim.

"Não... não. Paulinho não dorme mano. Eu preciso de você pelo Amor de Deus. Maurício faz alguma coisa... acorda o meu irmão. Paulo!!! Paulo!!!!"

Fiquei em estado vegetativo por duas horas. Meu irmão morreu em meus braços. A vida para mim não fazia sentido. O Mauricio ficou perto de mim igual a um falcão com medo que eu fizesse alguma loucura. Ficamos pelo menos mais umas 4 horas no hospital esperando a liberação do corpo. A Luciana não chorou. Estava ocupada demais amparando minha irmã e minha mãe. Ela sabia que era mais dificil para nós a dor da perda.

- Amigo? - disse ela deitando ao meu lado.

- Ele não está falando Luciana. Ele está em estado de choque ainda. - falou Mauricio.

- Eu sei, mas ele precisa comer alguma coisa. Pedro... olha para mim. Você tem que ser forte pelos seus pais e a tua irmã. - ela disse.

- Amor. Você precisa reagir. Temos que te levar pra casa. - ele disse.

- Quando... quando eu era pequeno. Meu irmão me protegeu de um garoto que queria me agredir porque eu era gay. Estavamos na praia. E o Paulo levou uma surra por nossa causa. Ele disse que deveriamos nos proteger. E eu deixei que o meu irmão morresse. - falei aos prantos.

- Pedro é a vida. Eu perdi minha filha e queria desistir, mas você não desistiu de mim. Eu sei que a dor é diferente para cada um, por favor, vamos pra casa. Deixa eu cuidar de você. Eu e o Mauricio estamos aqui para você.

Aquela tarde marcou a nossa família, chegamos todos calados e sentamos no sofá. Foi quando me veio à cabeça a imagem do Márcio sorrindo, eu jurei por Deus que vingaria a morte do meu irmão, meu pai já havia acionado os advogados e a polícia já estava investigando todo o caso. Mas na minha cabeça ele deveria pagar na mesma moeda com a morte. Passei a madrugada acordado, não sei o que seria de nós se não fossem o Mauricio e a Luciana. Eles organizaram todo o velório e o enterro.

Peguei um álbum e comecei a ver as fotos, cada lembrança me fazia sentir como se Paulo estivesse comigo ao meu lado. Ouvi um barulho da porta do meu quarto abrindo e fechei os olhos, no meu coração havia um desejo desesperador que fosse ele entrando como se nada tivesse acontecido.

- Paulo? – falei chorando.

- Não amor. Sou eu. – disse Mauricio segurando uns envelopes nas mãos e pondo gentilmente em cima da cômoda.

- São os documentos do óbito?

- Sim, mas não se preocupe com isso. – disse ele deitando ao meu lado. – Pedro... nós médicos lidamos com a morte todos os dias no inicio é difícil... dói muito. Mas o tempo cura tudo.

- Pena que eles não ensinam isso na vida. Sabe ele esteve comigo a minha vida toda, nós momentos bons e ruins. Quando eu mais precisei dele... eu não sei se vou conseguir viver sem ele– falei me deitando no peito dele.

- Dorme amor... dorme.... eu vou ser o teu herói agora. - disse ele me fazendo carinho.

Ia me perdendo ao som da voz dele. Dormi desejando que o pesadelo acabasse. Acordei com uma sensação de vazio, não queria levantar, era a manhã do velório do meu irmão e eu não queria ir. Mauricio me levou até o banheiro no colo e limpou as feridas no meu rosto, estava com pequenas queimaduras no braço e no rosto devido à explosão. Ligou o chuveiro e as lágrimas se misturaram com a água que caia em abundancia, me enxuguei e escolhi um terno preto.

Fomos para a sala e já estavam todos lá, sérios, sem expressão, todos completamente vazios. Seria a última vez que veria o meu irmão Paulo. Respirei fundo antes de entrar na igreja, meu coração estava acelerado, eu suava frio, relutava em acreditar naquela situação. Sentei ao lado de Mauricio na primeira fileira da igreja. Era a primeira vez em muitos anos que ouviu uma missa, e era justamente para me despedir do Paulo. O Padre falou no amor de Deus e eu pensava comigo: “Que amor?” – Como pode um Deus fazer isso com o meu irmão?

Cheguei até perto do caixão e ele estava lindo vestindo um terno preto com gravata preta. Meu irmão estava ali frio e sem vida. Perguntava por que não eu no lugar dele. As coisas seriam muito mais facéis para todos. Fiquei sete horas ao lado do caixão, apenas acariciando o rosto do meu irmão. A igreja permaneceu lotada por toda madrugada, alguns amigos dele fizeram homenagens cantando música. Eu sempre gostei de cantar e por algum motivo eu lembrei de uma música que o meu irmão me cantava. Eu comecei a cantar bem baixinho e quando eu percebi todos estavam cantando junto comigo, emocionados e muitos chorando.

"Aos olhos do pai... você é uma obra prima que ele planejou e com suas próprias mãos pintou... a cor de sua pele, o seu cabelo desenhou cada detalhe, num toque do amor"

Quando terminei de cantar senti uma tontura e desmaiei. Acordei em casa. Fui até o banheiro e olhei no espelho, minha expressão estava horrível. Meu rosto com feridas, eu estava com febre. Mas não perderia o enterro do meu irmão. Cheguei na igreja e falei com alguns familiares. Algo sobre velório é que você conhece pessoas que nunca conhecia, mas são teus parentes. Falei com milhares de tias e primos. Alguns de nossa família se afastaram por que meus pais aceitaram a minha opção.

Olhei para trás e a igreja estava lotada, familiares, amigos e colegas todos chorando, meu irmão era uma pessoa querida por todos. Luciana saiu correndo chorando, minha irmã olhou para mim e pediu para eu ir conversar com ela já que estava ocupada, pois, minha mãe também estava passando mal. Afinal eu estava tendo o apoio do meu namorado e a minha irmã dormiu com nossos pais e como ficaria a Lu nessa situação.

- Porque Pedro? Porque tenho que perder todos aqueles que eu amo? Meus pais, meu filho e agora o Paulo. Estou desesperada, não sei o que fazer. – disse ela se ajoelhando.

- Eu sei amor, estamos todos assim, mas eu te digo, eu te amo e nunca vou deixar nada te acontecer, vamos nos ajudar. – falei abraçando ela e chorando.

Conversamos mais alguns minutos e ela falou que ia ao banheiro. Quando eu entrei na igreja novamente. O padre havia terminado com o ato fúnebre e os familiares e amigos se despediam do meu irmão. Vi um jovem que lembrava meu irmão na adolescência ele era alto, forte e tinha os cabelos espetados, fui em direção a ele e perguntei de onde ele conhecia o Paulo. Ele ficou totalmente sem jeito e saiu sem olhar para trás. Olhei para o lado foi quando eu o reconheci de chapéu azul e jaqueta jeans, o Márcio, o assassino do meu irmão estava lá na igreja.

- Que diabos você pensa que está fazendo aqui... seu assassino!!!. – Gritei, quando todos da igreja se voltaram para nós.

- Eu precisava... vir aqui pedir perdão a você e sua família. – ele disse chorando se ajoelhando no chão. – Eu... eu estava drogado, não sabia o que estava fazendo. Não fiquem com raiva de mim.

- Eu não estou com raiva de você Márcio. Estou furioso. – falei, dando um murro em seu rosto.

- Bate... eu mereço. Se vocês quiserem me matar, eu não me importo. – ele disse reunindo forças e se levantando do chão.

- Eu te odeio... te odeio... eu te odeio. Você matou um dos meus bens mais preciosos! – gritei enquanto o Mauricio me segurava.

A policia chegou e levou o Márcio para a delegacia. Nos reunimos numa sala e o padre falou comigo sobre amor, perdão e compaixão. Nunca fui de guardar rancor, mas aquilo me consumia.

O momento do cortejo até o cemitério chegou, meus pais, minha irmã , a Luciana e meu namorado nos despediríamos para sempre do corpo de Paulo. Segurei forte nas mãos da Luciana e do Mauricio, enquanto minha irmã era amparada pelos meus pais. O tempo fechou naquela tarde, acho que era o jeito de Deus mostrar a tristeza dentro do nosso coração. Vi novamente o rapaz parecido com o Paulo, estava distante, vendo o enterro de uma parte alta do cemitério. Depois o meu foco voltou para minha mãe que havia desmaiado, todos foram ajuda-la. Eu fiquei responsável de fazer o discurso antes do sepultamento, no papel amassado havia escrito algumas coisas para dizer e acabei perdendo durante a briga com o Márcio.

- Boa tarde... bem... eu havia preparado alguma coisa para dizer, mas perdi o papel. Quantos... quantos aqui possuem irmãos ou irmãs? – perguntei, enquanto quase todos levantaram as mãos. – Você já disse a ele ou ela que você o ama? Eu posso ter muitas falhas, mas na minha família uma coisa não falta... o amor. Sempre tive orgulho de ter o Paulo como irmão... assim como os meus pais e a Pri. Confesso que muitas vezes senti ciúmes. Ele tinha mais amigos do que eu, era mais bonito do que eu e sem dúvida era a melhor pessoa desse planeta. Amigos... família. – não consegui segurar o choro. – Eu tenho a honra de falar que amei o meu irmão até o último segundo, eu pude olhar nos olhos dele e ouvir da boca dele que eu e a Priscila fomos as melhores pessoas que ele conheceu. Não sou muito religioso, mas sei que Deus não desampararia alguém como o Paulo. Uma pessoa linda por dentro e por fora. Espero que no futuro eu tenha o privilegio de ser pelo menos a metade do homem que ele foi. E finalizo dizendo, nunca se esqueça de dizer “eu te amo” para a pessoa que está ao seu lado, você não sabe o que pode acontecer amanhã. Obrigado por tudo meu irmão. – finalizei olhando para o céu.

Deixamos o cemitério no final da tarde, estava um por do sol triste, totalmente sem vida. Chegamos em casa e foi cada um para o seu quarto. O Mauricio foi deixar os seus pais em casa e eu fiquei sozinho no quarto. Resolvi ir até a cozinha tomar água, quando abri a porta do meu quarto reparei que a porta do quarto do meu irmão estava aberta. Entrei e em cima da cama estava uma blusa e uma calça jeans que ele usaria, chorando deitei em cima da roupa e comecei a fazer carinho. Minha irmã entrou e não conseguiu ser forte, deitou ao meu lado e começamos a chorar abraçados, eu não conseguia respirar a dor era tão forte e tão aguda. Adormecemos os dois, nos consolando, acreditando que o amanhã seria melhor.

As semanas que se parassaram foram de luto para minha família. Cada um agiu de um jeito. Reparei que meu pai foi o único que não chorou durante o velório e o enterro. Um amigo psicanalista me avisou que isso deveria ser trauma, ou simplesmente a ficha não havia caído. Um noite enquanto a minha mãe saiu com as meninas eu pude ouvir meu pai chorando alto no quarto dele. Não segurei as lágrimas e corri para o quarto do Paulo. Eu realmente não havia superado o luto também. A cada dia me sentia mais morto por dentro e precisava urgentemente tomar uma atitude.

"Eu não consigo... cheguei ao meu limite. Preciso encontrar o meu irmão. Da última vez tive que morrer para poder falar com ele"

*Se vocês curtiram, por favor comentem e votem no meu conto e ajudem a divulgar também para amigos e colegas. Agradeço vocês e boa leitura.

Se tiver dúvidas ou comentários podem enviar para o email:

contosaki@hotmail.com

Comentários

Há 1 comentários.

Por em 2013-05-21 22:22:10
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