Um garoto com alma de lorde - cap. 1

Conto de MOZART dos contos como (Seguir)

Parte da série Um Garoto Com Alma de Lorde

Domingo, às 14:00, o sol em seu vigor máximo aquecia aquele dia, em que todos saciavam-se nas aguas do mar azul e imenso, como se regidos por garota de Ipanema, sorriam e divertiam-se, gozando ao máximo daquele calor que aquece a alma, e para todos a felicidade ali estava. Exceto para Tom, rapaz incomum, de aparência singela e mansa, de pele negra corpo magro geneticamente bem definido, coxas grossas, bumbum grande, cabelos incrivelmente pretos e lisos sempre penteados como bom menino, cujos olhos tão negros e intensos como o próprio infinito estavam fixados e famintos em Shakespeare, a leitura era para este garoto afortunado, o que a internet é para os seus pares etários, um garoto com alma de lorde, e naquelas páginas ele encontrava um sentimento que não sentiria em nenhuma outra circunstância, sentado em uma poltrona reclinável iluminado por uma luminária posta entre ele e a sua estante imensa de obras literárias, filosóficas e cientificas sentia sua leitura intensificada ao som do disco de Louis Armstrong tocando numa vitrola, afinal, Mozart e sua trupe clássica já estavam virando para ele pop, de tanto ouvir. Todo seu espaço descompunha a moderna casa em que vivia, cheia de novidades e apetrechos tecnológicos que eram muito mais apreciados pelos demais familiares de sua residência. Todavia, seu estilo retrô herdado da incessante convivência com seu avô que lhe dissera que “as vezes a qualidade é fatidicamente ignorada pela novidade” o fez uma pessoa singela e humilde, somando à sua essência a alma de um lorde. Não obstante, excelente era sua clareza espiritual e moral, que só não sobrepujavam sua admirável educação, todas tais características moldadas pelo seu avô, que o fez à sua imagem de um elegante e respeitado diplomata, cuja a casa, mais especificamente a biblioteca, servira de inspiração para o jovem de 15 anos decorar seu quarto. Naquela solidão, naquele cheiro de páginas antigas, naquele som leve e intenso, naquele ambiente ele divagava sobre onde alcançava sua mente e encontrava a sua felicidade. Porem sequer chegara a tomá-la para si e foi interrompido por seu celular que continha uma nova mensagem do grupo da turma, um convite para a festa que deveria ser respondido na aula do dia seguinte. Lida com paciência ele tomou novamente seu momento e permaneceu até a hora de ter de dormir, quando tomou um banho, escovou seus dentes e deitou-se. Com certa disposição ele acordou, vestiu-se e com tudo em ordem foi levado à escola por sua mãe, que como qualquer mãe jovem, tentava incluir-se no mundo do filho, e ainda que nele ela vislumbrasse o mesmo tédio que via no mundo de seu pai, reconhecia o charme que seu filho tinha, aquele jeito de olhar profundamente nos olhos durante toda uma conversa, a serenidade e pacatez de sua fala, aliada com uma certa presença imponente dava-o a elegância e o charme que contornasse seus gostos “irregulares”, admirava-o com o orgulho de ser sua progenitora. Despedindo-se da mãe e adentrando ao colégio, cumprimentava todos educadamente, e era cumprimentado, ali, porém a regra era a novidade, sequer uma criatura apreciava ou entendia seus gostos, exceto as freiras mais idosas que o idolatravam como o ultimo da espécie, principalmente em sua sala, onde estava triplamente deslocado: por seus gostos, pela sua forma de agir e pela idade, na qual era dois ou três anos mais novo que os demais o que para uma escola é muito. Em sua sala, Thomas, enquanto todos interagiam sobre a provável festa, aguardava a professora com um fone de ouvido antirruído que reproduzia Prelude in C major, BWV 846 – Bach, de forma a fingir também dedilhar um piano sobre seu caderno, e de olhos fechados não vira estar sendo filmado e gozado pelos seus colegas, e ao ser tocado no ombro, com um susto vem a profunda tristeza que o faz se levantar e ir ao banheiro chorar, desconhecendo suas notórias características põe-se a perguntar aos céus o “porquê?”...

Comentários

Há 1 comentários.

Por GreenFox em 2017-11-09 18:34:01
Uau! O.O só tenho isso a dizer