Capítulo 9: Não Convidado

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Raiva era tudo o que me consumia naquele momento. Estava irado ao sair do restaurante. O lua brilhava lá fora e o clima estava gelado. Dei alguns passos rápido tentando me afastar o mais rápido o possível daquele lugar., mas logo ouvi passos e alguém gritando meu nome. Claro que era meu pai me seguindo. Mesmo ao perceber que ele me seguida eu não dei muita atenção.

- Mike! Espere! – falou meu pai, mas não dei atenção – o que está acontecendo com você? você não é a mesma pessoa de antes, me deixe te reerguer.

- pare te tentar me concertar! – falei parando – pare de me tratar como bebê, você deixou claro que não se orgulhava do garoto carente de antes adivinhe só? Seu desejo se realizou. Não sou mais aquele garotinho.

- eu só quero fazer parte de sua vida.

- eu não quero que você faça parte da minha vida. Você é a pessoa que me criou, é a pessoa que me fez o que sou hoje, mas você não está mais convidado a estar em minha vida.

- isso ainda é pelo o que eu disse a você?

- claro. Você disse só o que pensava e eu realmente mudei. Você ainda é meu pai, mas não é nada mais do que isso. Eu consigo me virar, não preciso de você no meu pé a todo o tempo tentando me concertar. Nem você, nem Vanessa e nem ninguém – falei olhando pro alto – será que dá para todo mundo parar de tentar me concertar? Será que posso ter isso pelo menos?

Após isso olhei para meu pai e ele estava calado. Vanessa finalmente chegou ao seu lado.

- eu já perdi perdão pelo o que disse. Pedi mil vezes e você me perdoou.

- é verdade. Eu te perdoei, mas isso foi antes de ter perdido Adam. O mais engraçado em ter perdido o amor da minha vida foi que eu percebi é que não importa o quanto eu tente eu nunca vou estar no controle da minha vida, mas eu posso estar no controle dessa parte.

- você vai mesmo guardar esse rancor do seu velho?

- pegue minhas fotos e jogue fora e quando Rachel crescer ela nunca vai saber que teve um irmão. Você tem família agora. Uma família de verdade. Eu sou só um “erro tentando converter todos os homens do mundo”. Não foi isso que você disse?

- quantas vezes eu vou precisar pedir perdão?

- nenhuma. Eu já te perdoei, mas decidi que não é porque eu te perdoei que significa que vou te dar a chance de me fazer a mesma coisa.

Você me estuprou, me bateu e me destruiu. Não vou te dar a chance de fazer isso outra vez comigo. Você teve três chances e fodeu toda vez que teve a chance.

Me virei e comecei a andar sem destino certo.

- pra onde você vai?

- pra qualquer lugar onde não me julguem e não me vejam como um vazo quebrado precisando de cola.

Deixei-os para trás e depois de andar bastante minhas pernas doeram. Inicialmente não tinha idéia para onde iria então me sentei na fonte no meio da cidade. A água jorrando me deixou refrescado e eu pude espairecer por um tempo.

O relógio no meu pulso marcava quase onze da noite. Eu poderia ir para um hotel, mas foi nesse momento que me lembrei da minha mochila. Esqueci ela no trabalho e não pretendia ir buscar. Não hoje não depois de ter sido demitido.

- mas que merda – falei me levantando. Peguei meu celular e passei a lista de contatos tentando encontrar alguém que pudesse me acolher. Pensei em Nathan, mas ele tem o filho de Adam e Marisol, essa lembrança é a única que eu precisava.

Foi então que vi o número de Fritz, mas nós não éramos mais tão próximos e talvez fosse um inconveniente então decidi continuar procurando. Cheguei ao fim da lista e percebi que não me sentia bem com nenhum dos nomes.

Me sentei de volta na beirada da fonte e olhei pra baixo e me lembrei do número de Jerry que estava em um papel em meu bolso.

- você é minha salvação, estranho.

Disquei o número de Jerry que chamou pelo menos umas oito vezes até que ele atendeu com voz de cansado. Eu o tinha acordado.

- alô?

- Jerry sou eu, Mike.

- Mike? – perguntou ele confuso.

- quer saber? Esquece.

- Haaa sim, Mike! Tudo bem com você?

- na verdade não. Perdi meu emprego e estou aqui no centro perto da fonte sem lugar pra poder ir. Você está afim de adiantar nosso encontro em um dia?

- chego ai em quinze minutos.

- que bom, vou estar perto da fonte.

Desliguei o telefone e continuei lá sentado. Estava praticamente deserto a não ser por algumas pessoas que passavam pro lá de vez em quando.

Esperei por um bom tempo até que vi alguém se aproximando, pensei que fosse Jerry, mas era outra pessoa ao se aproximar percebi que era Rebecca a fã que me pediu um autógrafo.

- pelo amor de deus… - falei fingindo não vê-la.

Ela se aproximou de mim em passos rápidos e pesados para que eu pudesse nota-la, mas eu continuei fingindo não vê-la.

- peguei sua mochila – falou ela se aproximando de mim e me entregando a mochila.

- obrigado – falei pegando a mochila.

- sinto muito pelo o que aconteceu.

- parece que todo mundo tem sentindo pena de mim ultimamente.

- me desculpa, não quero dizer isso para que se sinta mal.

- quer saber? Você está começando a achar que você é uma perseguidora, como diabos pegou minha mochila?

- é… disse que eu era uma amiga sua.

- sabe Rebecca não quero ser mal educado, gostei muito de você ter realmente gostado do livro, mas pela minha experiência você pode ser uma perseguidora ou uma jornalista. Um amigo está vindo me pegar e eu acho melhor você me deixar em paz OK?

- tudo bem – falou ela com meu livro na mão. Pensei que ela fosse jogá-lo na minha cara pelo modo que falei, mas ela simplesmente se despediu e foi embora.

Quase que na mesma hora ouvi alguém buzinando e ao longe vi um homem acenando de dentro de um carro perto. Era Jerry. Peguei minha mochila e andei na direção dele. ao chegar perto ele deu um sorriso.

- fiquei surpreso com sua ligação – falou ele abrindo a porta pra mim entrar.

- não precisa fazer isso eu tenho mão – falei entrando no carro.

- me desculpa – falou ele sem graça – só queria ser educado.

- me desculpa você, eu estou estressado e nervoso, não devia descontar em você.

- sem problema, todos já tivemos dias bons e ruins – falou ele dirigindo e seguindo para sua casa.

- então, me explica direito o quer aconteceu, você foi demitido?

- na verdade aconteceu algo do qual não quero falar. Se você não se incomoda eu não quero falar sobre o que aconteceu. Eu te liguei porque você é a única pessoa que conheço que não sabe sobre minha vida, não sabe sobre o que passei. Então não me pergunte sobre o que aconteceu hoje a noite depois de você ter ido. Vamos falar sobre você, sobre seu trabalho, vamos falar sobre qualquer coisa que não seja sobre mim.

- OK – falou ele rindo – vamos falar sobre outra coisa.

- você não se incomoda por eu ter ligado?

- claro que não.

- tudo bem então.

- porque pergunta?

- é que… me desculpa por ter te ligado. Eu devo ter te acordado.

- realmente você me acordou, mas não se martirize por isso, gostei de você ter ligado e seja lá o que tenha acontecido com você hoje a noite, agora você percebe que ter aceitado sair comigo foi a melhor decisão tomada.

- pode ter certeza de que foi.

A viagem de carro durou poucos minutos e logo ele virou para um condomínio de prédios e após passar pela portaria ele me mostrou em qual dos seis prédios ele morava.

- muito bonito esse condomínio. Mora aqui a muito tempo?

- sim. Na verdade não sou eu quem arca com as despesas é meu trabalho que paga as contas.

- você trabalha em que?

- trabalho como contador em uma empresa de seguros ‘Griffin Security’, você conhece?

- pra dizer a verdade depois de um assalto na casa do meu pai ele contratou esse seguro.

- pois é e você trabalha em que? – perguntou ele rindo.

- isso mesmo, curte com minha cara – falei rindo com ele.

- espero que não fique com raiva de mim por brincar com isso.

- não me importo não.

Jerry finalmente estacionou o carro e nós descemos.

- vamos pelo lado de fora pra você ver o resto do prédio – falou ele tirando um terno que estava no banco de trás e indo comigo para fora o estacionamento subterrâneo até que chegamos no térreo.

- aqui tem três piscinas, uma delas com sauna e no meu apartamento tem uma banheira com Jacuzzi. Não sei quanto tempo planeja ficar, mas correndo o risco de parecer presunçoso eu digo que pode tomar banho aqui se quiser e depois vou te dar uma chave do meu apartamento.

- isso é bastante presunção.

- eu sei – falou ele rindo.

Entramos no elevador e ao chegarmos no quinto andar nós descemos e fomos até o apartamento dele. me sentia um pouco melhor por estar com alguém que conversava comigo como uma pessoa real. Tudo o que queria era passar um tempo com uma pessoa que não me tratasse como um pobre coitado.

Eu não precisava ser concertado, eu não estava quebrado, eu não precisava ser consolado. Eu preciso me afastar de tudo e todos que eu conheço para saber quem eu fui antes de decidiu quem eu serei, estou cansado das pessoas me definirem.

Como eu disse antes: Tudo o que quero é passar um tempo com uma pessoa que não me trate como um pobre coitado.

Era tudo o que eu queria.

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