Capítulo 5: Eu Não Quero Estragar A Festa

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Passou-se uma semana desde que Xavier e eu tínhamos nos entendido. A noite que passamos juntos foi embaraçosa e não trouxe nada de construtivo para nosso relacionamento já que nenhum de nós via o outro da maneira que nos tratamos naquele dia. Sei que faz parte do luto. Já tentei me matar, bebi demais e até fiz sexo inapropriado em hora inapropriada e com a pessoa errada. Qual será a próxima fase desse luto? Faz quase oito meses que deixei de ir a essas reuniões e ainda sinto falta dele.

Era fim de semana. Sábado de tarde. Depois de uma noite de trabalho eu dormi até mais ou menos ás cinco da tarde e foi quando acordei. Tomei um banho e desci as escadas.

Meu pai e Vanessa conversavam na cozinha. Eles cochichavam. Quando cheguei eles pararam de conversar e disfarçaram.

- boa tarde pra vocês – falei fingindo que não tinha visto eles cochicharem.

- boa tarde meu filho, dormiu bem? – perguntou meu pai.

- dormi sim.

- você vai trabalhar hoje?

- na escala desse mês minha folga é no sábado. graças á deus.

- Vanessa e eu vamos a uma festa de confraternização da empresa dela. Você quer vir?

- confraternização da ‘Olympus Advocacy’?

- sim. Sera em uma chácara. Será legal, lá tem várias piscinas, lugar para dormir… será divertido.

- vocês agora fazem confraternização por nada?

- sim. A cada três meses mais ou menos fazemos uma confraternização.

- você vai conosco? – perguntou meu pai.

- eu não sei. Estou tão cansado.

- vamos, vai ser divertido – falou Vanessa.

- tudo bem. eu vou.

- nós vamos sair ás oito – falou meu pai.

- vão levar a minha irmã?

- vamos sim.

- ás oito estarei pronto.

Concordei me ir a festa não porque estava animado, mas para que eles sintam que posso socializar quando quiser. Voltei para meu quarto e quando o relógio marcou oito horas eu desci ás escadas pronto, com uma mochila nas costas.

- onde você vai com essa mochila? – perguntou Vanessa – você não larga ela pra nada?

- nós não vamos passar a noite lá? Eu preciso dos meus antidepressivos, escova de dentes…

- acho que você deve parar com esses remédios – falou meu pai com minha irmã nos braços.

- mas foi o psiquiatra que receitou. O senhor insistiu tanto para que eu fosse e agora que estou tomando você quer que eu pare?

- primeiro que eu não sou “você”, me respeita e me chama de ‘senhor’ e segundo que parece não adiantar nada você passa o dia todo na porra daquele quarto.

- Ok, falei pegando o frasco do remédio abrindo e jogando todo ele nas escadas – o ‘senhor’ está satisfeito?

- você está dentro da minha casa, você tem que me respeitar.

- acho que antes de pedir respeito você tem que merecer. você não me respeita a muito tempo e tudo o que faz é brigar comigo. Aconteceu algo? Eu não te reconheço mais.

- Eu é que não te reconheço mais. você é esse garoto paquiderme que vive tomando remédios. Vira homens, sai desse quarto, vai viver a vida e pare de ficar lamentando o passado. Deixa de ser uma bixinha chorona.

Nesse momento todos ficaram em silêncio.

- parabéns senhor Larry Fabray, conseguiu tirar minha vontade de sair – falei subindo as escadas.

- vai voltar pro quarto?

- quer saber? – falei me virando – Você não vai conseguir me fazer chorar ou voltar pedindo perdão porque eu não me importo. Você não é meu pai a muito tempo. Quer dizer, você nunca foi meu pai. Onde está aquele homem que disse que me ajudaria a esconder um corpo se eu pedisse?

- quero você fora da minha casa.

- eu não vou sair dessa casa.

- como é que é?

- você acha que vai me xingar, me tratar mal e vai me fazer sair daqui? Primeiro que Você não teria essa casa se não fosse por mim lembra? Eu consegui o dinheiro para pagar aquele agiota. Acho melhor você ir pra sua festinha e me deixar em paz porque você pode me chamar de bicha, viado e chorão quantas vezes quiser porque dessa casa eu não saio.

Voltei para meu quarto e fiquei lá trancado até o momento em que ouvi o carro deles saindo da garagem.

Não entendo porque meu pai me trata dessa forma. Ele nunca foi esse tipo de homem. Ele nunca foi homofóbico ou idiota comigo antes. Ele cochicha com Vanessa. Um dia implora por um abraço e um beijo e no outro ele me xinga e me quer fora de casa. Não se espante. Isso acontece com frequência desde que voltei a morar com ele. Eu sei que tenho dinheiro para viver fora, mas eu quero ficar lá. Essa casa era da minha mãe e eu paguei por ela quando meu pai não tinha nada. Eu só vou sair de lá quando eu quiser.

Como meu pai e Vanessa só voltavam no dia seguinte a noite, eu decidi programar a noite. Liguei a televisão do meu quarto e coloquei em um canal de filmes. Precisava comprar algo para comer e decidi ir ao supermercado comprar algo para comer e beber.

Aproveitei a roupa que eu estava e chamei um taxi que me levou ao Carrefour mais próximo. Ficava perto do aeroporto.

Ao chegar lá comprei várias baboseiras. A maioria delas eu quase não comia porque não era muito fã, mas decidi comprar assim mesmo. Dois sabores de sorvete, chocolate, refrigerante e todo o tipo de baboseiras que você possa pensar. Comprei também pizza e lasanha congeladas para o jantar de hoje e o almoço de amanhã.

Fui para o caixa pagar as comprar e além da pessoa sendo atendida tinha um homem na minha frente. Aguardei alguns minutos até que finalmente foi minha vez.

Ao chegar em casa guardei tudo o que comprei de comida na geladeira, mas algumas coisas que eu tinha comprado pra mim guardei no meu quarto. Entrei no banheiro para tomar um banho novamente e a campainha tocou.

Desci as escadas e fui atender direto sem falar pelo interfone e quando abri a o portão eu levei um susto e uma bela surpresa. Era meu tio Roger.

- tio Roger? – perguntei surpreso.

- e ai moleque? – falou meu tio me dando um abraço na porta mesmo.

- o que está fazendo aqui tio?

- vim visitar meu sobrinho preferido – falou ele me soltando e entrando. Ele tinha uma mochila nas costas.

- que surpresa – falei fechando o portão e entrando junto com ele.

- onde está o Larry bundão e a Vanessa?

- eles não estão em casa.

- sério? Onde foram?

- estão em uma festa de confraternização.

- sério? Porque você não foi?

- eu ando muito cansado e decidi fazer uma festa aqui mesmo. Vou assistir a uns filmes, comer bastante e ouvir música bem alta.

- parece que eu cheguei na hora certa então?

- parece que sim.

- ótimo – falou ele jogando a mochila em cima do sofá.

- onde está meu primo Leo?

- ficou lá em casa com a esposa e o filho.

- como estão o bebê deles?

- estão ótimos. Ele disse que até hoje espera a sua visita. Você nunca mais foi lá desde a primeira vez. Você não gostou de lá? O titio estava com saudade de você?

- eu não tenho desculpas pra isso tio. Eu realmente prometi que voltaria e nunca voltei.

- quando eu for embora você vai comigo.

- agora não posso tio porque estou trabalhando, mas posso ir em um fim de semana.

- não importa. Desde que você vá.

- vamos marcar.

- e então? Vamos começar essa festa ou não?

- eu não comprei bebida alcoólica porque estou evitando ao máximo, mas tenho certeza de que na geladeira tem algumas. Meu pai gosta de beber nos fins de semana e toda sexta-feira ele compra.

- não precisa falar outra vez – falou meu pai pegando uma lata na geladeira abrindo e tomando um gole.

- essa festa é meio caída, tudo o que vou fazer é assistir filmes.

- não tem problema, vou assistir com você.

- tudo bem então – falei pegando uma lata de refrigerante abrindo e tomando um gole. Era bom ter companhia. A companhia de uma pessoa que não me xingava de bicha e que gostava de mim. atualmente o único parente que realmente gosta de mim.

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Cinco capítulos como presente para vocês. Até amanha

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