Capítulo 3: A Culpa é Do Álcool

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Xavier tomava sua cerveja e olhava pra mim com um sorriso forçado. Ele com certeza estava se esforçando para parecer tudo normal, mas não tinha como fingir que aquela noite não tinha acontecido. Quando me lembrava eu me sentia profundamente arrependido e Xavier com certeza também se sentia profundamente arrependido. Pior foi pra ele que deve ter muitos pesadelos com o que aconteceu.

- como você está? – perguntei pela terceira vez. Nós estávamos realmente sem assunto. Sempre que alguém me chamava para servir bebida eu agradecia e sempre que voltava eu perguntava a mesma coisa e ele forçava um sorriso e não respondia.

- eu preciso… eu quero.

- não precisa falar no que aconteceu – falei poupando ele.

- que bom – falou ele sorrindo verdadeiramente – eu tenho tido noites em claro pensando naquele dia e eu pensei que foi muito desrespeito da minha parte por ter feito aquilo.

- não precisa pedir desculpas a culpa foi minha de qualquer jeito.

- quer saber? Não vamos pensar no que aconteceu. Já está feio do que jeito o que está. Falar sobre isso só vai trazer as lembranças de volta.

- você não sabe o quão mal me sinto toda vez que me lembro. Eu me sinto profundamente envergonhado. Por isso tenho te evitado.

- eu também – falou Xavier – eu pensei que nunca mais fosse ter coragem de olhar pra você outra vez.

- não se preocupe com isso. Vamos só esquecer e voltar a ser aquilo que éramos antes. Sou seu ex-cunhado e você agora é um amigo.

- eu não sou gay – falou Xavier.

- eu sei, eu sei – falei tentando não dar importância.

- eu não sei porque fiz aquilo, eu estava… eu estava triste, bêbado e te ataquei.

- eu também estava bêbado. Foi o pior erro que dois homens bêbados já fizeram. Eu estou tremendamente envergonhado – falei outra vez.

- eu também – falou Xavier.

Nesse momento alguém levantou a mão me chamando e eu mais do que depressa fui atender o pedido. Graças a deus alguém me tirou daquele lugar. Eu posso jurar que ouvi Xavier suspirar e dizer a mesma coisa.

Xavier e eu não estamos tão próximos agora, mas a morte de Adam nos aproximou. Ele me levava a reuniões de ajuda ás pessoas que perderam alguém. Xavier me levou por seis meses, ele me visitava em casa e conversava comigo. Nos tornamos próximos até o dia em que eu disse que não voltaria mais.

Era como se eu tivesse encerrado um parte da minha vida, mas aquilo tinha sido só o começo da lembrança mais embaraçosa da minha vida. Eu me arrependia de muitas coisas na minha vida, massa coisa que mais me arrependo é de ter começado a beber. Beber pra valer. Eu fiquei igual ao meu pai Larry quando ele bebeu muito e me bateu.

Eu só ficava trancado no quarto quando Xavier me convenceu a ir as malditas reuniões e depois que parei de ir eu fiquei sem o que fazer e como todos sabem, “mente vazia é oficina do diabo”, eu comecei a beber. Todos os dias eu comprava uma garrafa de tequila e ia para o apartamento onde Adam e eu morávamos, que agora quase não tinha mais mobília e a que tinha estava toda coberta com plásticos.

Todo o dia era uma rotina. Eu comprava a garrafa ia para lá e passava o dia inteiro bebendo na nossa cama. Em seguida eu dormia profundamente e no dia seguinte tinha uma ressaca do diabo e passava horas vomitando na privada. Eu jurava para mim mesmo que não beberia mais. Ia para a casa do meu pai e depois de vinte quatro horas sóbrio aquele vazio me pegava oura vez. Mais uma vez eu comprava uma garrafa e voltava para nosso apartamento.

Depois de um mês nessa rotina Xavier veio me visitar em casa. Eu estava saindo para poder comprar uma garrafa de tequila, mas eu o topei na porta.

- olá – falou Xavier assim que eu sai pelo portão.

- Xavier? O que está fazendo aqui?

- eu vim te ver. Você desapareceu depois que parou de ir as reuniões, eu só queria saber se você está bem.

- sim, estou.

- seu pai está em casa?

- está trabalhando.

- você vai sair? Onde vai?

- eu vou ao supermercado.

- posso te fazer companhia?

- não.

- porque não?

Respire fundo antes que ele perguntasse outra vez.

- não mente pra mim Mike. O que você está fazendo? Você parece tão cansado. Você tem passado os dias preso dentro do quarto de novo?

- não é que…

- não mente pra mim Mike.

- eu tenho ido ao apartamento onde Adam e eu morávamos.

- você voltou a morar sozinho?

- não. Na verdade eu tenho ido… tenho ido beber.

- beber?

- sim. Eu compro uma garrafa de tequila e passo o dia lá bebendo.

- você está falando sério?

- você pediu a verdade e eu sinto que não devo satisfação a ninguém – falei deixando ele de lado e começando a andar.

- você deve satisfação a mim – falou Xavier me seguindo.

- você não é nada meu.

- eu preciso cuidar de você Mike. Adam ia querer.

- não fale por Adam. Você não tem esse direito.

- Adam era meu irmão! – falou Xavier segurando meu braço me virando – como você acha que me sinto? Acha que estou bem com isso? Ele era meu irmão mais próximo. Eu tenho mais dois irmãos e duas irmãs e Adam era meu irmão mais próximo e agora ele se foi. Eu sinto que se não ocupar minha mente eu vou… eu não sei o que vai acontecer.

- eu sei como se sente – falei me ajeitando – você sente um vazio dentro toda vez que pensa nele.

- um buraco no peito – falou Xavier.

- sabe o que consegue preencher esse buraco?

- eu não vou beber com você.

- você disse que quer cuidar de mim. se eu tiver um coma alcoólico você vai querer está lá comigo.

- eu não sei Mike.

- vamos comigo. Você não gostaria que esse vazio desaparecesse e que por algumas horas a dor que você sente constantemente desaparecesse? É o que acontece quando eu vou. Porque você acha que faço isso? Porque eu gosto da bebida?

- tudo bem – falou Xavier – vamos no meu carro.

Depois que fomos a um supermercado nós compramos uma garrafa de tequila e uma garrafa de vinho. Percebemos que um só não seria o suficiente. Ao chegarmos no apartamento nós fomos para o quarto e nos sentamos na cama. Compramos também alguns salgadinhos para tirar o gosto da bebida que em minha opinião, era horrível.

Nós bebemos, comemos, bebemos mais, conversamos sobre Adam, sobre bobeira e bebemos mais um pouco. Chegou a um ponto em que eu nem me lembro mais o que aconteceu. E eu agradeço por Não lembrar.

- eu acho que estou bêbado – falei rindo para Xavier.

- você acha? – respondeu Xavier.

- essa cama costumava ficar desarrumada quando Adam e eu tranzavamos – falei alisando o lençol branco.

- vocês faziam amor aqui?

- aqui e em outros lugares da casa também – falei brincando e rindo.

- eu sinto falta dele todos os dias. Eu não sei o que fazer. Eu tenho esposa, tenho filhos, mas tudo o que penso é em como ele morreu.

- não queira nem me lembrar – falei me levantando – você não viu o que eu tive que ver você não teve que procurar pelas partes dele tendo que puxar na memória se o braço com o relógio é o mesmo braço que costumava me abraçar toda noite.

- eu sempre vou ser grato por você ter feito esse favor – falou Xavier se levantando – eu vou te agradecer pra sempre – falou ele me abraçando.

- não tem problema falei alisando as costas dele e pressionando meu corpo contra o dele. Era gostoso abraçá-lo.

- a bebia entrou, mas precisa sair – falou Xavier me soltando e indo ao banheiro. Eu me sentei na cama e ouvi o barulho da urina caindo. Coloquei a mão entre minhas pernas e senti que estava excitado. Olhei para o alto e fiquei tonto e cai deitado na cama. Respirei fundo por um tempo tentando recuperar os sentidos, mas tinha bebido tanto que não tinha como. Meus pensamentos ficaram sujos naquele momento. Eu dei risada sozinho porque Xavier estava no banheiro faz tempo e a urina não parava de cair.

- está tudo bem? Parece até uma torneira – falei me sentando na cama e em seguida me levantando. Fui até a porta do banheiro e vi ele de lado urinando.

- eu bebi demais – falou Xavier – a culpa é sua.

- eu acho que devíamos parar – falei entrando no banheiro.

- eu concordo – falou Xavier.

Sem juízo nenhum eu entrei no banheiro, abri o box de vidro e entrei com roupa e tudo em seguida eu abri o chuveiro que caia uma água morna eu me sentei no chão e me escorei na parede deixando a água cair em mim.

Fiquei assim por um tempo apenas sentindo a água cair em mim. ficaria lá quantas horas fosse preciso até que a tontura passasse. Como eu disse. Toda vez era a mesma coisa. Eu estava tonto e arrependido agora, mas assim que o vazio aparecesse eu faria tudo de novo.

Voltei a servir bebidas no bar tentando não pensar no que tinha acontecido comigo e com Xavier no restante daquela noite, mas seria inevitável. Eu nem lembrava d oque tinha acontecido exatamente. Pequenas lembranças é tudo o que lembro e eu sinceramente gostaria de esquecer.

Comentários

Há 0 comentários.