Capítulo 38: Canção de Casamento

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Capítulo Trinta e Oito

CANÇÃO DE CASAMENTO

Tive uma ótima noite apesar de tudo. Nunca dormi tão bem na minha vida. Talvez seja porque trabalhei o dia todo e de noite sai para beber com Arthur e no fim das contas acabei sendo beijado pelo meu tio Roger. Dá-lhe tio Roger. Todos esses anos em meio de brincadeiras e insinuações ele finalmente teve coragem de fazê-lo me encheu de beijos, carinhos e disse que eu sou dele e de mais ninguém. Isso ficou bem claro já que ele ficou com ciúmes quando eu sai com Arthur e olha que ele nem tinha se aberto comigo ainda. Imagina o que esse homem não vai fazer na minha vida agora que ele é meu?

Entendo os motivos dele não querer ter me dito nada antes. Ele é meu tio e eu seu sobrinho. O sobrinho que ele pegou nos braços quando pequeno. Há também o fato de eu ser filho de seu irmão e acho que por respeito a Larry ele não fez nada, mas agora que a opinião de Larry é a que menos importa para ele no momento talvez ele tenha se sentindo mais livre.

Tinha acabado de voltar a consciência ao acordar e percebi que o verdadeiro motivo de ter dormido tão bem foi que meu tio nunca saiu do quarto. Ele dormia profundamente na mesma posição da noite passada e eu também. Abri os olhos e percebi que ele dormiu de roupa e o cobertor que me cobria agora cobria ele também. Não me lembro de ter acordado noite passada e não me lembro de ter tido o típico pesadelo. Talvez seja um bom sinal.

O relógio no criado mudo marcava cinco da manhã. Até me assustei ao ver a hora porque me sentia descansado mesmo tendo dormido por volta de cinco horas.

- tio Roger – falei tentando acordá-lo – tio Roger acorda – falei alisando seu peito.

- o que foi? – falou ele olhando pra mim e bocejando.

- você não devia ter dormido aqui.

- e você não devia me chamar de tio Roger.

- verdade, nem percebi. É força do hábito.

- não consegui ir embora – falou ele olhando para mim.

- porque não?

- só pra ter certeza de que não tinha sido um sonho. Ter certeza de que eu finalmente criei coragem e te disse como me sinto.

- mas o senhor não disse… – falei fechando os olhos – …você não me disse como se sente.

- eu me sinto bem com você.

- eu quer ao verdade. Me diz como se sente em relação a mim?

- tem certeza?

- claro. Depois que disser eu digo como eu me sinto e digo o que espero disso tudo.

- tudo bem – falou ele respirando fundo – eu te amo. Faz tempo que você não é meu sobrinho aos meus olhos.

- como você começou a se sentir assim por mim? – falei descendo a mão e alisando sua barriga.

- faz anos que me sentindo assim. Desde a última vez que veio aqui eu comecei a me sentir dessa forma. Talvez tenha sido o amor de tio que tenha evoluído para outro tipo de amor porque a verdade toda vez que você chorava ou se sentia magoado com algo eu tinha vontade de te abraçar, te beijar dizer que ficaria tudo bem. no inicio ser seu tio era o suficiente, mas comecei a querer ser além. Ser seu homem.

- quer saber como eu me sinto?

- quero – falou ele me apertando.

- me sinto do jeito que não me sentia ao estar com Jerry.

- de que jeito é esse?

- não sei. Só me sinto bem.

- eu disse que te amo e você diz que se sente bem… acho que sai perdendo nessa.

Nesse momento olhei pra ele.

- você é meu tio. O homem que a tempos atrás disse que faria tudo por mim. Se eu te amava antes imagina agora.

- você me ama? – perguntou ele rindo.

- sim. esse era o único sentimento que eu não tinha por Jerry, mas eu sinto por você.

- que bom – falou ele suspirando.

Fechei os olhos e alisando a barriga fui descendo minha mão sentindo um volume em sua calça.

- o que é isso? – falei enfiando a mão no bolso e tirando de lá um maço de cigarros.

- um maço de cigarros – falou ele tentando pegar, mas não deixei. Li a embalagem – Marlboro Ice Blast – falei pausando e olhando a caixa preta por todos os lados – a mesma marca que Adam gostava – falei entregando para Roger que colocou no criado mudo – não sabia que você fumava.

- Eu não fumo. Já fumei a muitos anos atrás, mas parei.

- porque tomou essa decisão?

- você sabe que seu avô fumava muito e ele morreu de câncer no pulmão, certo? Nós filhos não devemos cometer os mesmos erros do pai e mesmo assim fumei muitos anos – falou ele respirando fundo – não houve um motivo em particular eu só cansei. Eu sempre dizia a mim mesmo “esse é o último” e a verdade é que nunca era o último. Um dia eu simplesmente parei. Foi fácil pra mim.

- se não fuma porque tem um maço de cigarros no bolso?

- é coisa minha. Tenho esse mesmo maço de cigarros desde que parei e até hoje nunca cai na tentação. Nem quando bebo e nem quando faço coisas as quais costumava fazer fumando. Mesmo tendo ele no bolso todos os dias. Dessa maneira eu sei que tenho a força de vontade suficiente para fazer qualquer coisa. Só depende do que eu quero.

- Ray, meu pai biológico…

- eu sei quem é Ray.

- OK, Ray fuma, Adam fumava… eu sei que faz mal e queria que eles parassem, mas penso que hoje em dia tudo faz mal. Refrigerante, comida processada e as muitas vezes eu pensei em dizer para eles pararem, mas eu sou o tipo que prefere não se intrometer. Não é da minha conta o que eles colocam no corpo deles por mais que eu não concorde. Cada um faz o que quer né?

- verdade. Não adianta você querer que eles parem porque enquanto a pessoa não quiser ela não para e ainda corre o risco deles ficarem chateados por você se intrometer. Eu digo isso por experiência própria, quando eu fumava seu quanto mais as pessoas me mandavam parar, menos vontade de parar eu tinha.

- eu te entendo. Também não gostaria que alguém ficasse no meu pé mandando eu parar de fazer algo que gosto de fazer. Afinal é uma opção minha.

Nesse momento vi que meu tio estava com as botas.

- não acredito que dormiu a noite toda com as botas.

- estava tão cansado e além do mais você disse para não tirar.

- eu também disse pra você ir pro seu quarto depois que eu dormisse, mas mesmo assim você não o fez – falei me sentando na cama.

- o que vai fazer?

- Arthur vem trabalhar hoje?

- não. Só segunda.

- ótimo, teremos o sábado e o domingo todo só para nós – falei tirando as botas dele e em seguida as meias.

- está fedido? – perguntou meu tio sem graça.

- na verdade não -falei levando uma das meias até meu nariz.

- não faz isso – falou Roger rindo.

- o que foi? – falei sentindo o cheiro – não está com mal cheiro – falei colocando as meias dentro da bota.

- você é louco – falou ele me vendo deitar novamente, mas dessa vez abri três dos botões da camisa dele para deixar ele mais livre.

- não sou louco. Só sou espontâneo – falei me deitando ao lado dele.

- posso desfrouxar o cinto? – perguntou ele.

- sim, tira o cinto, mas não tira a calça. Estamos na cama.

- porque você está desse jeito? – perguntou ele tirando o cinto e jogando no chão.

- desse jeito como?

- parece que você não quer ficar comigo?

- você é virgem certo? Digo, com homens. Ou você já fez?

- não nunca. Isso é um problema pra você.

- não. É só curiosidade. A verdade é: eu não quero fazer com você porque vou passar um mês aqui. Quero usar esse tempo para ficar mais próximo de você. Eu te conheço como Roger, meu tio, mas não te conheço como homem. Não sei seus gostos, não seis suas manias e eu gostaria que nesse mês você compartilhasse seus alegrias e tristezas comigo. Quero conhecer Roger o homem que vai me ter nessa cama no fim desse mês.

- você sempre diz a coisa certa – falou ele olhando pra mim com um sorriso – eu não acho que consigo dizer coisas bonitas desse jeito.

- eu também acho que não vai conseguir. Nós acordamos e você nem meu deu um beijo de bom dia.

- é verdade – falou ele se aproximando de mim e dando um selo nos meus lábios. Nesse momento de espontaneidade por parte dele ele me mostrou ter pegada. Suas mãos alisaram minha cintura e enquanto beijava meu lábios ele ficou por cima de mim na cama – bom dia – falou ele com um sorriso.

- bom dia – falei sentindo o corpo dele junto do meu.

- eu estou excitado – falou ele.

- eu também – falei rindo.

Ele saiu de cima de mim e se deitou do meu lado outra vez.

- como eu ia dizendo – falou Roger – eu não acho que consiga dizer coisas bonitas e românticas pra você.

- consegue. Claro que consegue. Eu só digo o que penso. Não digo nada que não sinta de verdade. Jerry sabe disso. É só pensar no que sente por mim e me dizer. Pode dizer vai.

- não posso, tenho vergonha.

- diga – falei me deitando de lado e olhando pra ele que encarava o teto envergonhado.

- não consigo.

- consegue. Você começou a dizer que começou a sentir esses sentimentos por mim porque queria ser algo que não tinha. Você disse que quando eu chorava era você que queria enxugar minhas lágrimas e quando eu me sentia magoado e deprimido você queria ser o homem a me abraçar e me aconchegar durante as noites frias.

- viu só? Até pra repetir o que eu disse você repete melhor do que eu.

- deixa de ser besta. Diz logo.

- esquece isso Mike. Eu sou o típico homem rústico americano. Sou o tipo de homem que quando se machuca dá risada, o homem que cospe no chão e tem medo de falar dos próprios sentimentos. Foi assim que cresci nunca vou ser romântico.

- eu vou ter que insistir Roger. Olha pra mim.

Roger olhou pra mim.

- diga como se sente. O que você espera desse relacionamento. Nunca falei dessa forma com um namorado antes, mas nós temos história. Sinto que podemos dizer tudo um para o outro.

- o que eu espero?

- sim diga.

- promete não rir?

- não. Você só diz como se sente.

- OK – falou ele pegando minha mão e cruzando seus dedos nos meus.

- é como eu disse. Eu sou o espectador de sua vida. Fui por todos esses anos. Sou o homem que ficou de fora, em silêncio. Observando você ficar com o cara errado várias vezes. Sou o homem que te viu tomar decisões erradas e se machucar com elas. Sou o homem que por dentro chorou todas as vezes que você chorou. Sou o homem que te amou tanto que foi capaz de se afastar de você o suficiente para que você vivesse sua vida. Isso me machucou. Eu admito. Tive que ficar aqui nessa fazenda namorando mulheres que não amava como fachada vendo os dias passaram devagar enquanto torcia pelo momento em que algo acontecesse. Qualquer coisa. Algo que me fizesse me mover, algo que me fizesse sentir algo. Isso é o que eu era. Agora eu quero ser o homem da sua vida. Quero ser aquele que vai limpar suas lágrimas, que vai te abraçar quando as noites forem frias de mais, quero ser o pai que você nunca teve, quero ser seu professor, seu aluno, seu amante, seu amigo e pior inimigo. Prometo que nunca vou te deixar, nunca vou te magoar e prometo te amar mesmo quando eu te odiar. Especialmente quando eu te odiar – falou ele rindo e eu ri junto com ele – Quando eu te odiar será o momento em que mais vou te amar. O que estou dizendo é: Estou fazendo planos para o futuro com você. Sei que vai ser difícil estar com você e não poder te beijar, te abraçar ou demonstrar para o mundo que eu te amo, sei que nunca vamos poder nos casar ou ter filhos, mas esses são desafios que eu quero ter o prazer, não, a honra de passar com você. Se você me deixar ser seu homem. Você deixa?

Nesse momento eu comecei a chorar. Não era um choro calmo e romântico pelas palavras que ele tinha dito, mas um choro forte que me consumiu naquele momento. Roger se assustou e eu me levantei da cama e fui para o banheiro. Entrei e ao fechar a porta me escorei e fiquei lá chorando.

- Mike o que foi? Eu disse algo errado? Me perdoa.

- não – falei tentando me acalmar – ninguém nunca me disse algo parecido.

- porque está chorando então? Sentiu saudades de Adam?

- não. Não tem a ver com Adam. Tem a ver com nós. Eu vivi tanto e fiquei com tantos homens. Fiz de tudo para eles gostarem de mim. fui quente e safado na cama, fui amoroso e compreensível e tentei relevar tudo. tive tantos namorados na vida que eu nem consigo contar nos dedos. Sabe porque? Não é porque eu sou promiscuo, mas é que eu procurava por alguém que um dia dissesse isso por mim – falei soluçando e parando de chorar. Limpei ás lágrimas e tentei me acalmar – eu tive a sorte de encontrar dois.

- abre a porta, me deixa te abraçar.

- OK – falei me levantando e limpando os olhos. Roger abriu a porta e me envolveu em seus fortes braços.

- não chora – falou ele beijando meu rosto e me abraçando forte.

- eu te amo tanto – falei abraçando ele – você disse que não sabia ser romântico e deu um verdadeiro tapa na minha cara.

- eu fui romântico? Eu só disse o que senti e sinto por você e disse também o que eu espero no futuro. Falei a verdade quando disse que estou fazendo planos para nós depois. Sei que é loucura, mas eu faço planos. Depois do meu filho você é o homem que mais amo no mundo Mike.

- faça quantos planos você quiser desde que me inclua em todos – falei olhando em seu rosto e beijando seus lábios – eu te amo tanto Roger. Te amo tanto, tanto, tanto – falei dando selinhos em sua boca. os selinhos se tornaram um quente e calmo beijo de língua.

- eu também te amo –Nesse momento ele parou de me abraçar e tirou uma aliança de seu dedo – essa é minha aliança de quando me casei com a mãe de Leo – falou ele pegando a mão minha mão e colocando no meu dedo, ficou um pouquinho frouxa, mas se ajustou ao meu dedo perfeitamente – sei que nós nunca vamos poder nos casar de verdade porque parentes de sangue ou não nós somos parentes, mas enquanto essa aliança estiver no seu dedo significa que eu sou seu. Você tem meu coração e minha alma. Enquanto você estiver com essa aliança no dedo você sabe que deve partilhar comigo seus momentos. Tristes ou bons.

- Essa é a aliança de Adam – falei tirando uma corrente do meu pescoço – eu a usei no pescoço todo esse tempo porque ela ficava um pouco frouxa no meu dedo. Mais frouxa do que a sua ficou – falei brincando. A minha aliança está guardada lá em casa, mas essa era de Adam – falei mostrando para ele – Tem meu nome gravado nela – falei pegando a mão dele e me preparando para colocar a aliança – Eu, Mickey Fabray, prometo ser fiel a você, te amar e te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe – falei finalmente colocando a aliança no dedo dele – por favor não morra primeiro do que eu – falei rindo e ele riu comigo – sei que não é real. Estamos aqui parados na porta do banheiro colocando alianças e dizendo votos de casamento e fazendo promessas, mas…

- é real – falou Roger me interrompendo – é real. Não importa onde estamos, tudo o que eu disse é real e eu sei que tudo o que você disse também é real. Isso é um casamento para nós. Não ouse diminuir nosso casamento na porta do banheiro – falou ele rindo.

- eu agora nos declaro prontos para se beijar – falei brincando e abraçando-o. Dei um beijo em seus lábios enquanto minhas mãos repousavam em seu ombro e as mãos dele seguravam firmemente minha cintura – nos beijamos um tempo sem fazer barulho ou movimentos bruscos. Apenas dois noivos se beijando depois de fazer promessas um ao outro.

- eu te amo – falou Roger dando um beijo no meu rosto e sentindo o cheiro do meu pescoço. Em seguida ele beijou meu pescoço – agora é hora da dança dos noivos – falou ele me levando para o meio do quarto onde ele conduziu uma valsa. A canção de casamento soava em minha mente e tenho certeza de que nada mente de Roger nossa canção também era linda

Para quem está de fora pode parecer idiotice nos ver daquele jeito dançando no meio do quarto, mas nós dois sabíamos que era verdadeiro. Ouvir as palavras de Roger me tocou profundamente. Ouvir sobre como ele me amou em segredo todo esse tempo me fez perceber que eu estava sendo um idiota preso ao passado. Agora eu percebo que Adam faz parte desse passado e é lá que eu vivia todo esse tempo. Agora eu percebo que a vida não se resume em ficar lamentando e chorando tentando voltar ao passado, mas sim em prosseguir. Sim eu admito, á momentos na vida aos quais desejaríamos intensamente voltar, momentos felizes e inesquecíveis, mas se já os vivemos perfeitamente pra que voltar? A aventura da vida é que sempre há algo novo nos esperando: novos desafios, novas experiências. O jogo interessante é aquele que fica mais difícil. Estou pronto para a próxima jogada com Roger ao meu lado.

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