Capítulo 36: Botas de Cowboy

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

A caminho de casa Arthur e eu conversamos muito mais. Ficamos mais íntimos e ele ficou inspirado a me contar um pouco de sua vida. E eu aqui pensando ser a pessoa mais sofredora do mundo. Tinha me divertido muito essa noite. Tinha até quase perdido minha virgindade com mulheres, mas realmente não deu certo. Eu sou gay até a morte. Partilhas experiências era uma coisa divertida. Ouvir histórias que aconteceram á outras pessoas era algo que me prendia a atenção. Sempre gostei de ouvi-las desde criança. Seja lá qual história fosse eu gostava de ouvir as pessoas contar suas experiências só que eu nunca imaginei que quando crescesse teria tantas para compartilhar.

Quando finalmente chegamos Arthur estacionou o mais perto da casa que conseguiu.

- bom… chegamos – falou Arthur.

- mas já? Nem parece que foram duas horas de viagem – falei olhando no relógio. Era quase onze horas – chegamos cedo.

- nós podemos sair outro dia? – perguntou Arthur – afinal você vai ficar aqui durante um mês.

- depende.

- do que?

- você quer sair como hoje ou você quer um encontro? Eu não estou interessado em um encontro.

- levei um fora.

- sem maldade.

- eu entendo. Não tem coisa mais chata do que ir a um primeiro encontro.

- concordo – falei abrindo a porta do quarto – foi bom sair com você.

- posso fazer um segundo pedido?

- pode.

- posso entrar com você? –

Ao ouvir essa pergunta eu fechei a porta do carro e olhei pra ele.

- não me diga que você não quer fazer sexo comigo porque eu sei que você quer.

- olha eu ficaria honrado em passar a noite com você. Você é atraente, divertido e eu estaria mentindo se dissesse que não estou atraído por você, mas é que eu fiz uma promessa a uma pessoa.

- sério? qual foi a promessa?

- não fazer sexo essa noite.

- entendo. Está se guardando para alguém?

- não – respondi rápido – eu só não gosto de quebrar promessas.

- talvez você só não esteja mesmo interessado em mim.

- o problema não é você. Por favor, não estrague essa noite com isso. Eu me diverti tanto.

- tudo bem. quer saber? Esquece que eu te pedi isso.

- eu esqueço e se faz te sentir melhor eu estou sim atraído por você, mas não quero tomar a decisão errada hoje. Eu vejo um ciclo se repetindo. Se eu disser sim você entra a gente tranza e em uma semana você pede demissão porque não aguenta olhar pra minha cara

- tudo bem. eu te respeito.

- obrigado por isso.

- tenha uma boa noite pra você – falou Arthur.

- pra você também – falei saindo do carro.

Arthur se foi e eu entrei na casa. Estava silencioso. Meu tio costumava dormir cedo. Fui até a cozinha e antes de subir tomei um enorme copo de água. Apaguei as luzes e ao subir as escadas decidi ir ao quarto do meu tio. Bati na porta e ele não falou nada. Bati outra vez.

- eu já cheguei tio. Boa noite.

Esperei alguns segundos e ele não respondeu.

- eu sei que o senhor estás acordado tio. O senhor me fez prometer algo que não te pertence, me fez prometer algo que não é dá sua conta. Eu tenho certeza de que está acordado. Você não vai conseguir dormir até saber que eu cumpri a promessa.

Nesse momento a luz do quarto se acendeu e ele abriu a porta. Ele não estava dormindo. Estava de roupa e até com botas.

- você cumpriu a promessa?

- sim.

- obrigado – falou ele fechando a porta, mas eu coloquei o pé para não fechar.

- é sério? Você vai fechar a porta na minha cara?

- o que você quer? – falou ele agora sem conseguir olhar na minha cara.

- eu cumpri a promessa que eu fiz ao senhor.

- o que tem?

- eu quero saber porque me fez prometer? Porque me beijou? E quero saber também porque não consegue olhar nos meus olhos desde que fez isso?

- preciso ir dormir Mike. Vou trabalhar amanhã cedo – falou ele tentando fechar a porta, mas dessa vez eu empurrei a porta e entrei.

- eu preciso dormir.

- fecha a porta – falei respirando fundo pronto para falar bastante coisa, mas antes que falasse bobeira eu respirei fundo e fechei os olhos tentando me acalmar.

- o que você quer?

- me perdoa por ter dito que o senhor abusou de mim. Foi errado e eu estou realmente arrependido.

- tudo bem – falou ele abrindo a porta.

- o senhor está falando sério tio. Pode me contar.

- contar o que?

- fecha a porta.

- não vou fechar.

- fecha tio.

- o que você quer? – perguntou ele novamente a porta.

- o senhor não quer me contar nada?

- não.

- sério? O senhor me beijou ontem e hoje me fez jurar que não tranzaria. Eu sei o que o senhor quer. Eu sei quais são as intensões, mas eu preciso que o senhor diga.

- eu não te obriguei a cumprir a promessa. Eu te fiz prometer, mas não te obriguei. Você cumpriu porque quis.

- o senhor não vai mesmo dizer?

- dizer o que?

- o senhor me disse uma vez que não tem papas na língua e diz o que quer sem pensar nas consequências doa a quem doer, mas não está praticando o que prega.

- eu não quero falar. Eu quero fazer.

- porque não faz?

- porque eu não quero ser rejeitado – falou ele se referindo ao dia anterior onde ele me beijou e eu o rejeitei – dói muito ser rejeitado. Sabe ontem quando cheguei e você estava na cozinha bêbedo e eu perguntei o porque e você disse que Jerry tinha ido embora? Por alguns segundos antes de você me dizer o motivo eu realmente pensei que eu fosse o motivo. Pensei que você tinha terminado com ele por mim.

- sim. ontem eu o rejeitei, mas o senhor tem que me dar um pouco de crédito. Em um segundo você é Roger meu tio, no outro segundo está apertando meu rosto contra o seu e apertando meus braços tão forte que eu surtei. Uma lembrança horrível veio em minha mente e por um momento eu realmente achei que você fosse me estuprar.

- eu nunca faria isso.

- como eu deveria saber? Eu também pensei que Larry nunca faria isso. O fato é que o senhor me assustou, me trouxe péssimas lembranças. Hoje é um novo dia, estou aqui no seu quarto e estou dizendo: tente outra vez.

- eu não posso. Eu me senti tão vazio quando você me rejeitou. Eu tinha pensado naquele momento muitas vezes. Sempre imaginei o dia em que eu fosse corajoso o suficiente para fazer o que fiz ontem. E repeti essa cena mil vezes em minha mente todos esses anos, só que em minha mente você não me rejeitava. Você sorria, era carinhoso e não me rejeitava.

- quer saber? Eu vou para meu quarto – falei me aproximando da porta e pegando na maçaneta. E abrindo ela. tio Roger estava trás dela próximo a mim – a menos que tenha algo a dizer.

- eu não tenho.

- tem certeza? Porque eu rejeitei Arthur hoje e eu não posso ficar aqui com ele e não cumprir a promessa que te fiz se não tiver um motivo.

- o que quer dizer com isso?

- eu vou embora amanhã para San Diego a menos que eu tenha um motivo para ficar e rejeitar Arthur toda vez que ele me pedir pra dormir com ele.

Tio Roger não falou nada e se aproximou de mim. ele levou sua mão até a minha e olhando nos meus olhos ele me fez fechar a porta. Em seguida ele aproximou o corpo junto do meu e ele finalmente criou coragem para me beijar.

Apenas um selinho. Dessa vez fui eu quem levou minha mão até seu rosto e segurando eu pressionei meus lábios contra os dele. Um selinho demorado.

- me perdoa – falou ele depois do beijo.

- pelo o que?

- por te colocar nessa posição. Eu sou seu tio.

- não. Não é. Larry não é meu pai. Você não é meu tio, mas com certeza é alguém que considero e amo. Me beija outra vez, mas dessa vez com língua.

- OK – falou ele fechando os olhos e me dando outro selinho, mas dessa vez ele aproximou bem seu corpo junto ao meu. Ele usou suas mãos para me segurar e dessa vez eu abri um pouco a boca dando a chance dele me beijar de língua e foi o que ele fez. Sua barba roçava meu rosto e sua línguas humedecia minha boca.

Senti um aperto no peito naquele momento. Pensei que estivesse tendo um ataque cardíaco, mas a verdade é que ele estava palpitando. O beijo foi demorado. Eu senti que meu tio queria se afastar algumas vezes talvez por medo de eu não estar gostando, mas eu o abracei e fiz com que ele ficasse. Ele me queria e eu não deixaria ele desistir por medo. Não agora que nossas bocas antes virgens uma da outra saboreavam o gosto da paixão proibida.

Depois de vários minutos beijando seus lábios eu levei minha mão esquerda ao seu rosto e alisei sua barba parando de beijá-lo. Ele ficou me olhando e sorriu.

- esse se parece mais com meu sonho.

- você sabe no que está se metendo?

- porque? Você não quer?

- eu sou Mike. O garoto machucado. Eu estou vulnerável agora tio.

- me chama de Roger – falou ele com um meio sorriso – eu sempre quis que me chamasse de Roger.

- OK, Roger. Eu estou vulnerável. Perdi Adam e Jerry foi meu primeiro relacionamento quase um ano depois de perde-lo. O namorado que eu tive que terminar porque não amava.

- qual o problema?

- eu nunca vou te perdoar se me fizer te amar para depois partir meu coração.

- não, nunca eu nunca te machucaria Mike. Me deixa te amar. Me deixa ser seu homem. Eu anseio por ser seu homem.

- com uma condição.

- qual?

- eu ainda vou ser seu campeão?

- é claro – falou ele me beijando os lábios – é claro – falou ele novamente entre um beijo e outro – você é meu campeão e sempre será meu campeão. Enquanto nos beijávamos peguei em seus braços forte e alisei sentindo o corpo dele pela primeira vez. Pelo menos dessa forma era a primeira vez.

Ele parou de me beijar e me abraçou forte. Ele beijou meu pescoço e me abraçou.

- acho que eu vou pro meu quarto. Estou com sono.

- porque? Você não quer…

- te beijar é uma coisa. Fazer carinho em seu braço é uma coisa. Fazer sexo com meu tio é outra bem diferente. Você é meu tio. Independente do sangue.

- então você não vai?

- sim. mas não hoje. Outro dia talvez – falei soltando-o e abrindo a porta do quarto.

- espera – falou ele segurando meu braço.

- o que foi?

- você quer ter um relacionamento comigo? Você quer… quer… você quer namorar?

- você está perguntando se eu pretendo ter um relacionamento ou está me pedindo em namoro?

- Eu prometo que não vou te magoar. Eu sei que eu te faço muito feliz quando converso com você, sei que você gosta da minha companhia do mesmo jeito que eu gosto da sua. Sei que quando você estava triste aquele dia eu apareci na sua casa eu consegui te fazer sorrir. Eu fiz isso tudo como seu ‘tio Roger’. Imagina o que eu não vou te fazer como Roger?

- me deixa dormir pensando nisso.

- OK – falou ele segurando forte meu braço e me puxando para um beijo.

- calma ai – falei segurando o braço dele fazendo com que tirasse a mão de mim – eu não vou fugir não precisa arrancar meu braço. Você tem pegada forte Roger – falei me aproximando e beijando sua boca – me toca de leve. Não precisa ser tão agressivo OK?

- OK – falou ele rindo sem graça.

- você quer me colocar na cama Roger, é estranho chamar você de Roger e não se ‘tio Roger’ ou de “senhor”.

- eu te coloco na cama sim – falou ele saindo do quarto e indo até o meu.

Nós entramos e ele ficou em pé sem saber o que fazer.

- me espera escovar os dentes e tomar um banho.

- OK – falou ele nervoso.

- pode sentar na cama. Não fica tão duro ai parado – falei rindo.

- depois que tomei meu banho e escovei meus dentes eu sai com a calça do pijama sem a camisa. Não gosta de dormir completamente vestido.

Ao sair do quarto meu tio se levantou da cama e eu me deitei. Em seguida ele jogou o cobertor em cima de mim como se eu fosse uma criança de dez anos.

- boa noite – falou ele.

- o que é isso?

- o que foi? – perguntou ele confuso.

- quando você tem dez anos talvez isso seja legal, mas não agora.

- você me disse para te colocar pra dormir.

- quando se tem nossa idade e está envolvido romanticamente você se deita comigo na cama – falei me afastando dando espaço.

- eu tiro a roupa?

- não. Nem as botas. Deita do jeito que está.

- OK – falou ele se deitando ao meu lado.

- agora eu me deito bem junto de você – falei passando o braço dele por mim enquanto eu me deitei em seu peito.

- e agora? – perguntou ele

- a gente conversa até que eu durma e depois que eu dormir você cai fora porque você não pode dormir comigo.

- OK – falou ele alisando meu braço.

- se você fizer tudo certinho amanhã eu faço o mesmo com você.

- OK – falou ele com um sorriso – durma bem meu amor.

- durma bem Roger – falei de olhos fechados.

- eu não sou seu amor?

- sim. você é meu amor, minha paixão, meu fazendeiro gostosão, mas eu gostei de te chamar de Roger – falei com minha mão repousada em seu peito quase dormindo.

Ele deu risada, deu um beijo nos meus cabelos e colocou sua mão em cima da minha em seu peito. ele manteve ela e alisou as costas da minha mão como se fosse meu homem a muito tempo. Ele era tão carinhoso. Não demorou para que dormisse.

Meu tio não precisava dizer nada para que eu soubesse que ele estava feliz. Admito que nunca pensei que estaríamos envolvidos dessa forma, mas por outro lado todos esses anos eu pude sentir uma certa química sexual entre nós. Cada brincadeira que ele fazia comigo tinha um fundo de verdade e todas nos levaram a isso, mas eu não quero simplesmente tê-lo na cama. Quero que ele seja meu namorado e se vamos fazer isso nós faremos da forma certa.

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