Capítulo 35: Uma Noite Muito Divertida

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Estávamos no bar a mais de uma hora. Como Arthur tinha dito ele ficava no centro e as pessoas se vestiam com roupas casuais as quais eu usava em San Diego. Não entendo porque ele não me falou nada. Nós dois éramos os únicos vestidos daquele jeito. Qualquer um que olhasse para nós saberia que nós tínhamos vindo da fazenda. Apesar disso eu não me importei muito com isso afinal estávamos conversando e bebendo e se divertindo. Arthur olhava para umas garotas e eu percebi que ele tinha gostado de uma e ele mal piscava.

- posso te perguntar uma coisa? – perguntei tomando um gole da cerveja.

- pode.

- porque nós viemos vestidos desse jeito?

- vai por mim. garotas da cidade gostam de caras vestidos assim. É meio que uma fantasia delas. Você disse que quer uma garota estilo Gwen e aqui tem umas bem bonitas.

- entendi. É tudo um esquema e é bem planejado – falei terminando minha outra cerveja.

- tudo pra você se dar bem hoje a noite.

- ótimo – falei sorrindo pra ele.

Voltei a tomar minha cerveja até que ele me deu um empurrão de leve.

- aquela garota não para de olhar pra você – falou Arthur me mostrando um grupo onde uma delas não parava de me olhar.

- você acha que ela quer algo comigo?

- acho que você tem sorte. Talvez tenha encontrado a foda da noite.

- talvez – falei.

- vai lá.

- o que?

- vai lá, conversa com ela e dá uns beijos nela.

- não se importa de ficar sozinho?

- já já eu encontro alguém pra mim.

- OK – falei pegando o copo que estava cheio e bebendo ele todo – vou lá.

Eu andei pelas pessoas que estavam na pista de dança e ao me aproximar do grupo de garotas as amigas saíram de perto e eu me aproximei dela.

- boa noite – falei estendendo a mão e dando um beijo no rosto dela – eu sou o Mike.

- boa noite Mike – falou ela com um sorriso – eu sou Amy.

- Amy, é impressão minha ou você estava olhando pra mim? – falei olhando para Arthur que olhava para nós dois – a menos que eu esteja enganado e você estivesse olhando para meu amigo.

- era pra você mesmo – falou ela rindo.

Sei que parece idiotice, mas estavam e divertindo com isso. Fingir que sou hétero era algo que nunca tinha feito. Nem na adolescência. Queria ver se conseguia enganar Arthur.

Sem falar mais nada me aproximei dela e beijei sua boca. Era diferente. Não senti nada. Se eu não tivesse certeza de que era gay, eu teria nesse momento. Era como beijar um balão de ar. Ela me abraçou e eu a abracei e nós nos beijamos mais um pouco.

“beijar garotas é tão chato”

Pensei comigo mesmo. Empurrei ela na parede e continuamos a nos beijar em certo ponto percebi que mal tocava nela e levei minha mão ao seu rosto. nesse momento ela desceu a mão e tocou nos meus países baixos.

Levei um susto e parei de beijá-la enquanto ela me tocava. Nesse momento percebi que tinha ido longe demais. Acho que eu precisaria de Viagra ou coisa do tipo para continuar com isso. Será que eu seria capaz? Fechei os olhos e fui levando a garota pela parede até que senti uma maçaneta. Abri a porta e nós entramos.

Era isso. Se fosse desistir disso era a hora.

- eu não tenho camisinha – falei para ela.

- mulher moderna – falou ela tirando uma de uma pequena bolsa que carregava com ela.

Respirei fundo e tentei pensar em outra coisa. A bebida bateu e meio que sem querer fiquei excitado. Amy se virou e levantou o vestido. Ela estava sem calcinha.

Alguns minutos se passaram. Arthur olhava para o canto tentando me encontrar, mas eu estava dentro da sala. Alguns minutos depois eu sai da sala meio amarrotado forçando um sorriso.

Depois de sair da sala dei quatro passos até que cheguei novamente ao bar. Vi Arthur ao longe conversando com uma garota.

Ao me ver ele olhou para mim e acenou. A garota saiu de perto dele e eu voltei a me sentar ao seu lado.

- você está bem? parece meio pálido.

- estou sim.

- usou camisinha? – perguntou ele.

- usei.

- que bom. Nunca deixe de usar.

- eu não deixo – falei pegando uma nova cerveja e tomando três goles direto.

Nós ficamos em silêncio. Eu estava meio chocado porque a verdade é que eu não tinha conseguido. Se eu não soubesse que era gay eu teria descoberto nessa noite. Me sentia estranho por ter ido tão longe e ter deixado a garota querendo mais. Comecei a rir sozinho.

- você está bem? – perguntou Arthur.

- estou.

- eu disse pra você que esse lugar era bom pra se conseguir mulher.

Nesse momento a garota passou por nós com uma cara horrível como se tivesse sido usada.

- o que tem com ela? – perguntou Arthur.

- não sei – falei envergonhado – talvez ela não tenha gostado.

- não se preocupa com isso tenho certeza de que você mandou bem.

- pois é… - falei tomando um gole da cerveja de Arthur.

Nós ficamos em silêncio e bebemos um pouco mais observando a movimentação do lugar.

- aquela garota que estava falando com você antes de eu chegar não para de te encarar.

- eu percebi – falou Arthur.

- porque não chega nela?

- não é meu tipo.

- sério? Qual seu tipo, me deixa ver se eu encontro.

- OK – falou ele pensando – cabelos negros.

- OK.

- estatura média.

- entendo – falei tomando um gole – cor dos olhos?

- indiferente. Desde que eu consiga sentir algo ao olhar diretamente em seus olhos.

- você está exigindo demais para uma noite, não acha?

- um pouco – falou ele terminando a cerveja.

- continua, o que mais você gosta?

- que saiba conversar e seja divertida.

- vai ser difícil encontrar alguém assim só olhando

- há e o principal, que tenha um pênis.

- o que? – perguntei olhando pra ele.

- o que foi? – perguntou ele.

- você está de brincadeira?

- o que?

- você é gay?

- me perdoa Mike. Eu não devia dar em cima de você. Não devia te desrespeitar.

- você está brincando comigo né?

- não devia ter dito isso. não conta nada pro seu tio, eu sinto muito – falou ele jogando dinheiro em cima do balcão e se levantando.

- Arthur! – falei pegando dinheiro e colocando em cima do balcão e indo atrás dele.

O bar estava mais cheio e parecia um labirinto. Foi difícil, mas eu o vi sair do bar e eu sai atrás dele.

- onde você vai?

- sinto muito. Quer saber? Pegue um taxi até em casa – falou ele tirando dinheiro da carteira – eu não vou mais aparecer na fazenda do Roger. Dida a ele que eu sinto muito – ele levou a mão para frente para que eu pegasse o dinheiro.

- você vai se demitir?

- eu sei que te desrespeitei. Não devia ter dado em cima de você. Eu sei que não é gay.

- você tem o piro gaydar do mundo Arthur.

- como assim? – perguntou ele perturbado.

- eu sou gay.

- seu tio sabe disso?

- Meu tio sabe, a Gwen sabe… todo mundo sabe disso. Não é segredo.

- então porque ficou com aquela garota?

- eu não fique. Eu deixei ela na mão. Porque você acha que ela estava tão brava?

- você realmente tentou ficar com ela?

- bom, eu coloquei a camisinha e eu juro por deus que eu tentei, mas não consegui. Digamos que não se “manteve”.

- você fez isso tudo pra não ter que dizer que é gay?

- foi.

- você é louco – falou ele rindo – você deve ser doido de verdade.

- não me chama de louco. Eu não sou doido.

- OK, me desculpa – falou ele tentando parar de rir – porque você não me disse que é gay?

- não sei. Você é o primeiro homem que não supõe logo de cara quando me vê. Sei que é bobeira, mas alguns gays tem essa bobeira de achar legal quando não acham gay. É uma coisa louca e sem sentido. Você tem razão. Eu sou louco – falei rindo. A verdade é que sofri preconceito na vida e tive medo de que você me tratasse diferente se soubesse que sou gay.

- eu não acredito que isso aconteceu – falou ele com uma mão no bolso e a outra ele coçou a testa.

Nesse momento passou uma brisa gelada entre nós.

- eu também não.

- você não ficou mesmo com aquela garota?

- não. Eu sou gay mesmo.

- mas você já ficou com héteros, certo?

- porque está dizendo isso?

- todo gay gosta de dizer que “ficou com hétero”.

- eu admito que já fiquei com “héteros” – nesse momento me lembrei dos homens que se diziam héteros que eu fiquei como Nathan, Gray e outros – eu te digo uma coisa. Eu já fiquei com “héteros’ mas a verdade é a seguinte: um hétero não fica excitado por um gay. Eu fiquei com vários homens que se diziam héteros, mas a verdade é que a maioria ou era bissexual ou era gay enrustido. Bastou uma chupada ou uma mão amiga pra eles ficarem duros e prontos. Isso é verdade, mas uma coisa eu te digo: eu nunca fiquei com hétero. Eles podem dizer para sí mesmo que são héteros porque têm vergonha ou medo de preconceito, mas um gay não fica de pau duro por um gay.

- mas você já ficou com “héteros” certo? Você falou essas coisa pra eles?

- eu não. Se eles são bissexuais ou enrustidos não cabe a mim dizer isso a eles. Eles tem que descobrir. Até meu ex-marido dizia que era hétero, mas a verdade é que ele era confuso com a própria sexualidade. Ele tranzava comigo, dizia que me amava e quando ficava confuso e começava a ter preconceito com ele mesmo ele saia e metia em um monte de mulheres. Ele nunca me falou de fato o que era, mas eu desconfio de que ele era gay.

- você acabou de dizer que gay não fica de pau duro com mulher.

- e não fica. É por isso que eu sei. Meu ex-marido Adam era um homem muito bagunçado. Quando morávamos juntos todo dia eu levantava mais cedo para arrumar a roupa dele trabalhar e um desses dias eu encontrei Viagra na calça dele e certa vez eu vi na fatura do cartão que ele gastava bastante em farmácias.

- como você sabe que ele não usava com você?

- você já usou Viagra? Eu bebi um dia só para saber o que acontecia. Sabe, depois que você goza geralmente seu órgão fica flácido. Quando você usa Viagra ele fica duro e continua duro mesmo depois de gozar. Adam era espontâneo comigo. Quando eu trabalha pra ele as vezes ele fazia sexo com mulheres durante o expediente dentro do escritório. Depois que a mulher ia embora eu podia ver claramente que ele tentava disfarçar, mas ele estava excitado mesmo depois delas irem e além do mais ele não era carinhoso com mulheres. Carinhoso no sentido de, sabe quando você faz amor e você quer ficar agarradinho com a pessoa conversando e dizendo o quanto você á ama? Ele fazia isso comigo e pelo o que soube ele nunca fez isso com a esposa que veio antes de mim. Essa informação veio de fonte segura.

- fonte segura? você era amigo da ex-esposa do seu ex-marido?

- mais ou menos. Nós éramos “amigos” antes dela descobrir que eu pegava o marido dela.

- ela disse que ele parecia distante?

- sim. Ela disse. Acho que no fundo ela sempre soube que Adam era gay, mas o amor é cego. Mesmo ela sabendo ela preferiu ficar com ele. Nós todos fazemos loucuras por amor, certo? Adam sempre se fez de hetero, até pra mim. Ele era muito confuso e não se aceitava completamente. Eu tentava conversar com ele sobre esse assunto, mas ele não aceitava. Se eu tocasse nesse assunto ele ficava umas vinte e quatro horas sem falar uma palavra pra mim.

- puxa vida.

- pois é. É claro que depois ele se arrependia, pedia perdão. Se eu tocasse no assunto dele ser enrustido ele ficava com raiva de novo então eu o amava o suficiente para deixar ele ser o que quisesse afinal ele me amava, era meu marido, era carinho e romântico. Nosso casamento era perfeito e nós vivíamos um sonho, mas ele me traiu com mulher umas duas vezes enquanto ficamos juntos. Depois ele parou.

- você não se importava?

- não. Era só sexo. Ele só queria meter o pau em algo que tinha vagina pra provar para si mesmo que era hétero. Mesmo com Viagra. Ele não era apaixonado por elas. Ele nunca me traiu com homem. Ele nunca se apaixonou por outra pessoa além de mim então eu não me importava que ele tranzasse com mulheres. Ele me traiu com duas. Até o dia que ele engravidou a terceira. Eu fui abandonado quando criança e eu nunca ficaria entre um pai e uma mãe. Por isso me separei dele quando descobri.

- ele nunca teve vontade de te dar? Você nunca comeu ele?

- claro. Ele pediu, mas isso não prova que ele seja gay. Sexo anal não é reservado apenas aos gays apesar de ser tabu entre os héteros homofóbicos que gostam de condenar os gays pelo sexo anal, mas vivem comendo o cu das namoradas. Homens héteros que sabem do que gostam na cama gostam de sexo anal também. Uma mulher que não seja preconceituosa conversa com seu parceiro e ela pode até fazer um fio terra nele.

- como você sabe dessas coisas?

- sites, fóruns. Eu não tenho vergonha de sexo. Eu costumava ser um pouco preso e metido a puritano, mas esses dias resolvi ler mais sobre isso e me deixou mais a vontade. Não tem porque não gostar de sexo se é natural. Eu adoro sexo em todas as suas formas e entre quatro paredes tudo vale desde que ambos os parceiros estejam cientes e concordem do que acontece entre elas. Seja um homem e uma mulher, dois homens, duas mulheres.

- seis homens e seis mulheres, seis homens e duas mulheres – falou Arthur brincando.

- exato. E não tente bancar o purista perto do mim porque todo mundo tranza. Com um parceiro ou sozinho, se é que você me entende – falei fazendo o gesto com a mão – faz parte da biologia. Mesmo quem nunca tranzou já se masturbou. Faz parte da adolescência.

Arthur deu risada.

- você é divertido sabia? – falou Arthur – você tem tanta coisa pra dizer.

- eu poderia ficar aqui o dia todo falando sobre as coisas que já vivi. Eu vivi muito. Eu já sofri muito sabe, mas eu também já tive momentos felizes e meus sofrimentos são se comparam as alegrias e as experiências que tive em uma vida. Afinal isso é viver. Sofrer e ser feliz. Agradeço a deus por não viver um clichê impressionista.

- é como disse Oscar Wilde, “viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas só existe”.

- amém – falei cruzando os braços de frio.

- vamos embora?

- acho melhor – falei olhando no relógio. Estava tarde e eram duas horas de viagem até em casa então…

- vamos indo – falou Arthur.

Nós dois seguimos para seu carro.

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