Capítulo 32: Clube dos Corações Solitários

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

O jantar tinha sido maravilhoso. Em partes é claro. Tínhamos conversado sobre várias coisas. Contei minha vida depois da morte de Adam para todos e em como eu sofri com a falta dele, mas em como Jerry estava me ajudando nessa transição. Leo e Katy falavam basicamente sobre Cory, o filho deles. Gwen contou sobre os pais dela e Jerry contou um pouco sobre a profissão dele e em como tinha me conhecido e em como ele me chamou dezenas de vezes para sair, mas eu nunca aceitava. Meu pai era um assunto ao qual eu proibi a todos de falarem. Literalmente. Eu disse: “Gostaria que não perguntassem sobre Larry”. Todos concordaram e continuaram com a conversa.

Jerry não parecia muito a vontade. Não sei porque, mas comecei a achar que ele estava passando mal, mas não queria me contar.

- você está bem? – perguntei em particular para Jerry.

- estou sim. não se preocupe comigo eu já disse que estou bem.

- eu sinto que você está passando mal, mas não quer me contar. Você está escondendo alguma coisa.

- sério? – falou Jerry olhando para mim – EU estou escondendo alguma coisa?

- o que isso quer dizer?

- nada. Eu estou bem Mike. Pare de perguntar.

- OK.

Leo estava bebendo e Katy também. Foi nesse momento que eu decidi ser chato.

- me desculpa por ser chato, mas quem de vocês vai dirigir, os dois estão bebendo e você tem um filho.

- meu pai vai me levar né pai? – falou Leo.

- se você quiser eu levo.

- é isso mesmo. Vocês não vão quer sofrer um acidente e deixar esse pequenino sem família.

- você quer pegá-lo? – perguntou Katy com o bebê nos braços.

- quero – falei me levantando e pegando o grandão no colo – você é um bebê grandão é?

Ele começou a chorar e pedir pela mãe.

- não chora. É o tio Mike que está aqui. Você está bem.

- mamãe está aqui – falou Leo apontando para Katy – papai está aqui também.

- Mike o que aconteceu com o bebê que era do seu falecido?

- na verdade Adam nunca foi pai para a criança ele foi mais como um doador de esperma. Ele ficou com Nathan, o pai.

- a tal de Marisol se foi?

- pelo bem dela. Ela mentiu sobre algo que não deve ser mentido. Ela disse que foi estuprada pelo Adam, que era idiota o suficiente para assumir a culpa de algo que não fez.

- que barra. Você já viveu tanto – falou Gwen.

- tudo de bom e de ruim, mas vivi. É isso que importa né? Estar vivo.

- eu tenho que concordar – falou Jerry.

- porque você não vem viver aqui no campo? É tão revigorante e calmo. Talvez aqui você finalmente encontre a paz – falou Gwen.

- a verdade é que eu gosto da cidade grande. Gosto do campo para passar as férias e ficar um mês ou dois, mas eu sinto falta da movimentação e de tudo o mais. Eu já pensei nisso antes, mas eu realmente ficaria mais triste aqui do que lá.

- algumas pessoas foram feitas mesmo para a cidade grande. Por isso o apelido do Mike é “rato da cidade grande” – falou meu tio.

Todos deram risada e eu tentei não continuar com esse assunto.

- ninguém nunca me chamou disso – falei tentando parecer bem.

- eu te chamo quando não está por perto – falou meu tio e Leo confirmou com a cabeça. Meu tio olhou fixo para mim e eu olhei fixo antes de respirar fundo e olhar para qualquer outro lugar.

Nós conversamos por um bom tempo. Quando foi ficando tarde, o clima esfriou bastante. Eu já estava de braços cruzados de tanto frio.

- nós precisamos ir – falou Leo se levantando já é quase onze horas.

- onde vocês moram? É longe daqui?

- nossa fazenda fica a uns trinta minutos daqui

- eu vou leva-los, você quer ir? – perguntou meu tio.

- não – respondi rapidamente.

- vamos, você vai gostar de conhecer a casa deles – falou meu tio insistindo. Ele sabia que na volta ficaria sozinho comigo. Ele queria conversar, mas eu não queria.

- Hoje não, mas amanhã eu prometo ir.

- Amanhã quando eu vier buscar meu carro eu te levo e você fica lá e janta lá, pode ser? – perguntou Leo.

- mas é claro. Fica mais do que combinado e o Jerry vai também.

- combinado – falou Leo se despedindo de mim, Gwen e Jerry.

Gwen foi embora ao mesmo tempo que meu tio foi levar eles para casa. Jerry e eu ficamos sozinhos. Não dizíamos nada um para o outro. O silêncio do campo preencheu o vazio que a solidão deixou assim que todos se foram. Decidimos ir para o quarto para dormir.

Escovei meus dentes junto com Jerry. Terminei primeiro e fui para a cama. Claro que antes liguei o aquecedor.

Tirei minha camisa e fiquei sentado na cama.

- você está melhor?

- estou sim falou ele terminando de escovar os dentes.

Ele veio até mim e se sentou ao meu lado.

- você está cansado?

- um pouco – falou ele coçando a nuca.

Me aproximei dele e beijei seu braço, seu ombro.

Jerry não correspondia os beijos.

- você ouviu a conversa com meu tio não ouviu?

- ouvi – falou Jerry.

- OK – falei respirando fundo – sinto muito mesmo Jerry.

- sabe porque eu fico triste? Por você ter decidido que não em ama e que nunca vai me amar. Como você pode desistir tão fácil?

- eu não posso fazer isso com você Jerry. Eu gosto muito de você, mas não será o suficiente porque você quer meu amor e eu não acredito que estou pronto para dá-lo. Eu só não disse nada até agora porque não sabia como dizer isso sem te magoar.

- fico feliz por você estar sendo sincero.

- eu gosto muito de você. Você é um homem especial que entrou em minha vida e que me fez feliz, mas eu não posso forçar o amor. Eu tentei .tentei e tentei, mas não consigo te amar e não acho justo te segurar e dizer “eu te amo” quando eu realmente não sinto isso.

- fico feliz por estar sendo sincero. Eu admito que vou sentir sua falta.

- eu também vou sentir a sua.

- sabe, eu não acho que seja legal nós sermos amigos por agora afinal eu ainda tenho sentimentos por você. Depois de alguns meses quem sabe nós não possamos sair como amigos.

- você me promete?

- prometo. Nós podemos ser amigos. Você foi sincero comigo e não tem razão para ficarmos com raiva um do outro e nunca mais nos falarmos.

- quando você estiver pronto e sentir que pode ficar próximo a mim e não se sentir triste por eu não conseguir amá-lo você sabe onde eu moro.

- ótimo – falou ele com um sorriso meio triste – posso ter um beijo de despedida.

- claro – falei me aproximando dele e beijando sua boca. um beijo calmo e demorado.

- só me responde uma coisa.

- o que? – perguntei entre dois selinhos.

- é algo comigo? Foi pelas coisas que fiz você fazer na minha frente com outro homem?

- não. Claro que não. Essa foi uma experiência nova pra mim. Eu admito que comecei a gostar. Ser visto pro você enquanto tranzo foi uma coisa diferente, mas excitante.

- eu vou embora.

- agora?

- sim, nós terminamos.

- eu sei, mas você poderia esperar até amanhã.

- acho que não. Me machucaria mais passar a noite com você sabendo que será a última. Será melhor para mim simplesmente ir para um hotel e amanhã eu volto para San Diego.

- OK.

Jerry começou a arrumar sua mala enquanto eu estava sentado na cama observando-o. Estávamos ambos silenciosos.

- posso te dar um conselho? – falou Jerry fechando a mala e finalmente terminando.

- pode.

- Fique aqui na fazenda com seu tio. Não vá embora amanhã ou depois. Fique aqui pelo menos um mês e descubra quem você é realmente. Descubra o que você sente por sí mesmo e pelas pessoas ao seu redor.

- você acha que devo mesmo ficar aqui?

- sim.

- tudo bem então – falei me levantando – eu te levo até a porta.

- não precisa. Eu vou sozinho.

- tudo bem.

- eu não estou com raiva de você, não quero que fique com raiva de mim.

- eu não estou. Estou triste por não ter dado certo, mas fazer o que?

- vou sentir muito sua falta Jerry.

- e eu vou sentir muito a sua.

Ele abriu a porta do quarto e ficou olhando pra mim antes de finalmente ir embora.

Agora eu oficialmente fazia parte do “clube dos corações solitários” outra vez. Por mais que eu esteja em uma multidão eu me sinto sozinho. Estava literalmente sozinho naquela casa. Olhei pela janela do meu quarto e vi um taxi parar na porta depois de uns vinte minutos depois dele ter saído do quarto. Jerry entrou nele e se foi.

Faz tempo que não doía tanto terminar com um namorado. Ele é uma pessoa boa, mas fiz a coisa certa ao dizer a verdade. Me deitei na cama de braços abertos e olhei para o teto pensando que diabos faria naquela casa sozinho com meu tio durante um mês. Talvez seja melhor ir embora e passar um mês em outro lugar. Essa é a parte em que digo que não te quero mais. É a parte em que eu digo que sou mais forte do que era antes. Essa deveria ser a parte em que me liberto afinal fui eu quem terminei. Apesar disso não consigo deixar de me sentir triste. Triste sim, mas não arrependido.

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obrigado a todos pelos comentários e as leituras.

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