Capítulo 29: Bola de Demolição

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Essa era a primeira noite na fazendo do meu tio. Jerry passou o dia todo bebendo com ele tentando conhecer um pouco mais sobre mim e o sobre o meu passo e meu tio, é claro, ficava fazendo piadinhas comigo e com Jerry. É claro que ele não sabe sobre Larry e Vanessa. Eu proibi Jerry de falar sobre o ocorrido. Eu não queria tocar nesse assunto. Não dessa vez. Ainda ficaríamos dois dias em Shelbyville e a esse é o último assunto do qual eu quero ter o desprazer de falar.

- haaaaa! – dei um pulo na cama e me pus sentado no meio da escuridão. O rosto molhado de suor e o coração acelerado.

- Mike você está bem? – perguntou Jerry acordando também.

- estou – falei ofegante.

- teve outro pesadelo?

- tive sim – falei voltando a me deitar.

- desde que você viu Xavier e os outros irmãos do Adam você tem tido pesadelos novamente.

- eu sei. A culpa não é deles – falei olhando para o teto no escuro – eu pensei que se viesse aqui para o Tennesse os pesadelos acabariam.

- porque você está tendo esse pesadelo de novo? Fazia meses que você não tinha – falou Jerry deitando ao meu lado.

- não sei. Talvez a noticia de que a mãe de Adam morreu tenhas me trazido lembranças ou talvez tenha sido realmente ver os irmãos dele novamente. Acho que estou com saudades.

- o que você vê nesses pesadelos?

- me vejo na rua tentando reconhecer Adam. O rosto dele está tão inchado que é quase possível não reconhece-lo.

- isso aconteceu de verdade?

- sim. Não é sonho e nem pesadelo eu só estou revivendo o pior dia da minha vida.

- eu acho que não conseguiria ir a um lugar para reconhecer o corpo de alguém que eu conheço. Nem gosto de ir a funerais ou velórios porque gosto de lembrar da pessoa viva.

- eu não queria ter ido, mas tive que ir.

- eu entendo seus pesadelos. A última vez que o viu e da maneira que ele estava todo…

- …despedaçado – completamente a frase dele.

- não pense nisso. Vamos falar de outra coisa.

- você não quer voltar a dormir?

- estou sem sono.

- eu também. Depois de um pesadelo como esse é difícil ter vontade de dormir outra vez.

- você não quer mesmo contar pro seu tio Roger sobre seu pai Larry?

- eu não tenho nenhum pai chamado Larry. Meu pai se chama Ray – falei sem dar atenção a Jerry.

- me desculpa… você não via falar sobre Larry com ele? Você passou o dia todo conversando e bebendo conosco, mas não tocou no assunto.

- eu não quero. Quando vinha pra cá pensei em contar de uma vez, mas decidi deixar de lado. Essa é uma conversa tão desagradável.

- eu posso contar pra você se quiser.

- não sei. Eu realmente não queria tocar nesse assunto – falei pausando e nós ficamos em silêncio por um tempo.

- quantas horas? – perguntei á Jerry que se virou e pegou seu celular para conferir.

- quase cinco da manhã – falou Jerry.

- meu tio vai acordar em breve. Seis horas ele já está de pé.

- eu acho que vou me levantar essa hora para passar um tempo com ele.

- não precisa. Ele não se importa se nós dormimos até meio dia.

- precisa sim. Eu quero. Você pode continuar dormindo e eu vou ajuda-lo com os afazeres aqui da fazendo.

- vai mesmo fazer isso?

- claro.

- você é um doce – falei me aproximando no escuro e beijando seu rosto. Jerry me guiou até sua boca e demos um selo; Depois de um tempo inevitavelmente voltei a dormir.

Acordei quase dez da manhã. Levantei, escovei os dentes e desci as escadas, mas não vi ninguém. Ao sair pela porta da cozinha vi meu tio e Jerry ao longe andando de cavalo.

Acenei ao longe e fui me aproximando até que eles vieram até mim.

- bom-dia flor do dia – falou meu tio – já era hora de acordar né?

- dormi mal noite passada tio.

- Jerry me disse que está tendo pesadelos outra vez.

- pois é – falei olhando para Jerry – e você hein? Vestido todo de Cowboy? Ficou bonito.

- com direito a botas e tudo – falou meu tio.

- pois é.

- você já tomou café da manhã? – perguntou Jerry.

- ainda não, mas já vou tomar.

- vai lá com ele – falou tio Roger.

- não precisa – falei voltando – podem ficar ai de boa fazendo o que estiverem fazendo.

- você não quer ver o Sombra? – perguntou meu tio.

Nesse momento eu parei. Tinha me esquecido completamente do cavalo que Adam tinha me dado a dois anos atrás. Não me atrevi a olhar para trás ou responder.

- acha que eu não devia ter dito isso? – perguntou meu tio Roger para Jerry quando eu voltei para dentro da casa.

- ele só está meio sensível essa semana.

- pela visita dos irmãos de Adam?

- provavelmente.

- acho que vou lá falar com ele – falou meu tio descendo do cavalo e depois de deixa-lo ele pulou a cerca e foi até mim.

Eu estava colocando leita em um copo quando meu tio entrou na cozinha.

- você está bem campeão?

- estou sim.

- não minta pro seu tio – falou ele se sentando á mesa.

- eu não estou mentindo.

- me desculpa por falar do cavalo e de tocar no nome de Adam.

- não estou triste por ter tocado no nome dele. Estou triste porque eu esqueci sobre o Sombra.

- lembra quando Peter te ensinou a montar?

- sim. lembro também de ficar preso na floresta e passar a noite mais nojenta da minha vida.

- você também lembra de ter colocado a mão no meu…

- sim. infelizmente me lembro – falei rindo.

- então… porque eu não sabia sobre esse Jerry?

- eu o conheci depois de o senhor ter ido lá em casa desde a última vez.

- eu pensei que você não iria me visitar. Passaram-se tantos meses.

- eu sei é que eu conheci Jerry e acabei morando com ele e é como eu disse ontem. Só me mudei recentemente agora que comprei meu apartamento.

- e como seu pai está? – perguntou meu tio.

- está bem – falei me sentando a mesa com ele – quer dizer ,faz tempo que não o vejo, mas tenho certeza de que ele está bem.

- OK – falou meu tio olhando para fora e depois olhando para mim – você não quer me contar mais alguma coisa?

- não tenho não.

- tem certeza? Acho que você vai querer me contar.

- não acredito – falei respirando fundo – Jerry contou para o senhor?

- contou sim.

- não acredito que ele fez isso.

- não fica com raiva dele. Na verdade ele fez certo em me contar. Por quanto tempo acha que conseguiria guardar para sí esse segredo?

- não é bem um segredo. Ele me roubou e desapareceu. Ele, Vanessa e Rachel. Desapareceram.

- você não quer dar queixa na policia?

- não. Acho melhor ficar assim.

- você não pode deixar por isso mesmo. Tem que decidir fazer algo.

- quem sou eu para decidir o que deve ser feito?

- você é o prejudicado nessa história. Esse não deve ser o fim. Larry é meu irmão, mas deve pagar pelo o que fez.

- Sim, esse é o fim. Eu não quero falar mais sobre esse assunto. Se esse é o fim, então que venha. Eu tô pouco ligando.

- estou decepcionado por você não querer me contar.

- não fique. O senhor descobriria de um jeito ou de outro. Na verdade parte de mim sabe que Jerry iria contar. Eu posso ter dado alguns sinais de que queria que ele contasse porque eu não quero falar sobre isso e nem sentir outra vez o que senti quando descobri o que ele fez.

Nesse momento eu não percebi, mas Jerry havia descido do cavalo e ele se aproximava da casa.

- então, você e Jerry estão felizes?

- estou sim – respondi.

Ao ouvir essa conversa, Jerry optou por não entrar e como nem meu tio e nem eu percebemos que ele estava lá ele ficou do outro lado ouvindo nossa conversa.

- que bom. O dia que se casarem eu quero ser seu padrinho.

- eu não sei se quero me casar outra vez.

- porque não? Você não o ama?

- eu estou cansado e doente de jogar esse jogo.

- significa um não?

- não. Eu não o amo e Jerry sabe disso. as vezes ele me cobra um “eu te amo” e ao mesmo tempo me diz que eu não devo dizer enquanto não for verdade. Quer dizer, eu faria qualquer coisa para ficar com ele. Ele me faz bem.

- que bom. Você encontrou alguém compreensível.

- mas até quando eu vou estar nesse relacionamento? Ele não vai ser tão paciente para sempre.

- você acha que não vai amá-lo?

- sinceramente? Não. Eu não acho que vou ser capaz de amar ninguém, nunca mais. Eu dei tudo de mim á Adam e no nosso relacionamento. O máximo que eu posso dar é o que dei a ele.

- você é tão novo para dizer isso. É claro que vai amar novamente.

- o senhor amou novamente?

- o que? – perguntou meu tio.

- quando a mãe de Leo morreu. O senhor amou alguém depois dela?

Meu tio não respondeu nada e suspirou.

- viu só? Você pode gostar muito de alguém e até se apaixonar, mas pessoas que perdem o que nós perdemos, o verdadeiro amor, nunca mais amam novamente. Não do mesmo jeito e da mesma intensidade.

- você está começando a me deixar depressivo – falou meu tio.

- é o que acontece quando se fica muito tempo comigo.

- não importa o que aconteça eu estou aqui OK?

- o senhor conheceu bem a minha mãe?

- sim – falou meu tio sorrindo – Olivia era uma mulher encantadora. Ela amava meu irmão e quando eles adotaram vocês ela te amou tão forte.

- ela estaria decepcionada com meu pai se ela estivesse viva. Ela deve estar se revirando no túmulo.

- toc toc – falou Jerry fingindo que tinha chegado agora.

- você veio? Eu demorei a voltar certo? – falou meu tio.

- assim. Eu vim ver se está tudo bem.

- está sim.

Jerry veio até mim e deu um selinho nos meus lábios.

- sobre o que falavam?

- sobre a bola de demolição chamada Larry – falou meu tio.

- vamos falar sobre outra coisa – falei tentando mudar de assunto.

- Leo e Katy vem jantar hoje a noite.

- ótimo, eu estou louco para ver Cory e o quão grande ele deve estar.

- você verá – falou meu tio rindo.

Jerry se sentou ao meu lado á mesa e nós conversamos por um bom tempo. Mal sabia eu que Jerry tinha ouvido minha conversa com meu tio e eu não sei o que ele fará em relação ao que eu respondi a ele.

Comentários

Há 0 comentários.