Capítulo 14: No Natal Passado

Conto de Misteryon McCormick como (Seguir)

Parte da série Paixão Secreta | 5ª Temporada

Acontece que estar com Jerry foi a melhor coisa que fiz. Ter aceitado sair com ele a dois meses foi uma das melhores decisões que fiz em minha vida. Ele é um homem bom, e como ele disse para mim uma vez, ele está apaixonado por mim. Eu gostava disso porque ele me paparicava o tempo todo e dizia como eu era especial e como ele gostava de me abraçar, me beijar. Afinal, quem não gosta de se sentir querido?

É claro que me sentia querido de uma certa forma, mas menosprezado de outra. Em todo esse tempo que estive com Jerry, ninguém me procurou. Nem meu pai, nem Vanessa… era como se minha existência fosse limitada naquele mundo. Era bom estar longe daquilo que me lembrava do passado, mas eu admito que sinto falta deles.

Tentei não ficar pensando muito nisso porque era véspera de Natal e Jerry e eu nos preparávamos para viajar. Não nos importávamos muito com o natal afinal eu sou judeu e Jerry não liga muito mesmo sendo católico. Decidimos viajar para Vermont e passar o ano novo lá. Jerry falou muito bem de lá então decidi ir com ele.

- você já arrumou suas malas? – perguntou Jerry.

- já sim – falei mostrando minha mala pronta. Não foi difícil de arrumar afinal eu passei a tarde no shopping comprando roupas pra mim afinal as que tinha ficaram na casa de meu pai Larry.

- a minha também já está pronta, vamos indo para o aeroporto então? Precisamos chegar pelo menos duas hora antes, você sabe como é viajar no fim de ano.

- vamos sim – falei respirando fundo e forçando um sorriso.

- o que foi? Você parece triste – falou Jerry se aproximando de mim.

- não, eu estou bem.

- tem certeza? Você não parece muito animado. Nos podemos cancelar a viagem e ficar aqui mesmo ou podemos ir pra outro lugar.

- não não, você arrumou tudo e vem falando dessa viagem a semanas é que…

Não falei nada e ele percebeu o porque da minha tristeza.

- é o Adam? – perguntou Jerry.

- é sim. Ele gostava de natal. Ele nem acreditava em Deus e não era religioso, mas ele adorava o natal. Eu nem comemoro e ele me fez comemorar. A quatro anos, nós passamos nosso primeiro natal juntos. Ele fez uma mistura de Natal com Hanukka pra mim, com direito a comemoração e presente durante sete dias – falei rindo – nós nos divertimos tanto naquele natal. No ano seguinte nós fizemos a mesma coisa, mas fui eu quem organizou tudo.

- não fica triste meu amor – Falou Jerry me abraçando e me confortando – se você quiser nós podemos cancelar a viagem e tudo. De verdade, eu não vou. Se você quiser nós podemos ir pra outro lugar e podemos fazer algo que não lembre as festas de fim de ano. Se elas te fazem triste eu não quero comemorar também.

- não, está tudo bem – falei olhando pra ele.

- tem certeza?

- tenho sim. Eu sempre vou ficar triste por ele. Se você começar a não comemorar as datas que me fazem triste nós vamos ficar sem nenhuma data pra comemorar.

- tudo bem então. Eu prometo que vou te animar.

- eu acredito – falei dando um beijo em sua boca. demos dois selinhos antes de eu me virar e pegar minha mala e sairmos do quarto.

Ao chegarmos no aeroporto, fizemos nosso check in e fomos para a sala de embarque aguardar nosso voo que saia ás oito e dez da noite.

- você quer comer alguma coisa? – perguntou Jerry quando nos sentamos.

- não quero não – falei bocejando. Eu estava cansado e quando tinha essas lembranças de Adam eu ficava depressivo e o sono me dominava.

- você está com sono?

- estou sim – falei olhando para o painel com a relação de voos. Faltava mais de uma hora para nosso voo, isso se ele não atrasasse.

- deita aqui – falou se sentando ao meu lado e me puxando me fazendo deitar a cabeça em seu ombro – pode dormir. Quando chegar a hora eu te acordo.

- tudo bem – falei deitando minha cabeça em seu ombro e fechando os olhos. Se dormir fosse uma cura para a dor que sentia, não iria funcionar porque sonhei com o primeiro Natal-Hanukka que Adam e eu passamos juntos.

Era dia vinte e quatro de dezembro. O relógio na sala marcava quase oito horas da noite. Adam e eu éramos praticamente recém-casados. Fazia sete meses que estávamos juntos. Eu estava com muita raiva dele, era nosso primeiro feriado juntos e ele tinha se atrasado e trabalhado até tarde.

- quem diabos trabalha na véspera de natal até essa hora? – falei pegando meu celular e ligando para Adam pela milésima vez. O telefone chamava e ia para a caixa de mensagens que já estava cheia de recados meus.

Adam prometeu que viria cedo para casa para poder cozinhar para mim, mas eu estava morrendo de fome. Sem comida, sem meu marido e sem alegria nenhuma. Quando aceitei comemorar o Natal junto com o Hanukka eu imaginei que seria divertido.

Me sentei no sofá e comecei a assistir TV. Estava nervoso, ansioso e preocupado. É claro que pensava o pior. E com o pior eu imagino que ele tenha debruçado alguém sobre a mesa e esteja metendo nela nesse momento. O que esperar dele? Um traidor é sempre um traidor.

O relógio marcava quase dez horas da noite quando meu celular tocou. Atendi correndo sem olhar quem era pensando que era Adam, mas era meu pai.

- alô! Adam?

- não meu filho, sou eu.

- Haaa… oi pai.

- Adam não está ai com você?

- o senhor acredita que ele foi trabalha na véspera do natal e ainda não chegou?

- tem certeza de que ele foi trabalhar? Talvez tenha acontecido alguma coisa com ele.

- para o bem dele é bom que ele esteja morto.

- você já ligou no celular dele?

- liguei. O celular toca e vai pra caixa de mensagens. Não sei o que fazer pai.

- não se preocupa filho. Não deve ter acontecido nada, noticia ruim chega rápido.

- o senhor acha que ele está apenas sendo um marido de merda mesmo?

- sim. Eu acho – falou meu pai rindo – não fala assim dele. Você não sabe o que aconteceu.

- eu sei é que as vezes eu acho que ele se arrependeu de se casar comigo. Acho que ele não me ama. Eu sabia que não devia ter casado com ele.

- para com isso Mike. Ele se atrasou, não duvide do seu casamento só por causa disso. Você se sentir um idiota quando ele chegar e você perceber que ele te ama e que tudo não passou de um mal entendido.

- eu não sei.

- confie nele filho. Eu sei que você é jovem e que Adam é mais velho do que você. Eu preferiria que você se cassasse com alguém que tivesse mais ou menos sua idade, mas você gosta de homens mais velhos.

- para de chamar adam de velho pai, ele só tem quarenta e um anos.

- o dobro da sua idade.

- quer mesmo discutir isso.

- não. Eu respeito sua decisão e entendo que não controlamos por quem nos apaixonamos, sei que é difícil, mas tem que haver confiança dos dois lados de um relacionamento. Confie nele.

- é difícil confiar sabendo o que eu sei. Ele era galinha pai, será que ele pode mudar?

- o amor muda as pessoas. Se ele te ama, ele muda.

- tudo bem, mas isso não explica o porque dele me abandonar na véspera do feriado e ainda não me dar uma explicação.

- você quer vir pra cá? Eu posso ir te buscar.

- não pai. Obrigado por oferecer, mas o apartamento está todo decorado com árvores de natal, candelabros e dreidels. Esse é o primeiro fim de ano que passo em meu apartamento. Eu estou casado agora e sou um homem independente. Se ele não vier pra casa eu vou passar sozinho e ele vai ter uma longa estadia dormindo no chão da sala porque nem no sofá eu vou deixar ele dormir.

- tudo bem meu filho. Se resolver você pode me ligar e eu te busco.

- não precisa pai.

- tudo bem então.

- um abraço pai.

- te amo meu filho – falou meu pai desligando o telefone.

Respirei fundo e tentei ligar para Adam uma última vez. Eu estava realmente com muita raiva dele. porque diabos ele tinha sumido e porque não aparecia? O celular chamava, mas ele não atendia. Ele não tem consciência e nem juízo? Porque diabos ele não atende o telefone ou liga pro otário que está em casa esperando por ele?

Quando o telefone foi para a caixa de mensagens de novo eu surtei e atirei o celular na parece, mas minha mira foi tão ruim que ele voou pela janela do apartamento e eu ouvi ele se quebrando lá em baixo.

Levantei assustado do sofá com medo dele ter acertado alguém, mas para minha sorte ele só tinha se espatifado no chão. Voltei a me sentar no sofá e assistir a televisão. O sono começou a me pegar, mas eu não queria dormir.

Me levantei do sofá tentando ficar acordado e decidi ir lá em baixo pegar o celular quebrado. Atravessei o corredor e desci pelo elevador até chegar lá em baixo. Tinha uma pessoa olhando para o celular caído no chão.

- quem será que jogou esse celular lá de cima?

- culpado – falei me aproximando – na verdade foi um acidente.

- acho que você vai ter que comprar outro.

- acho que sim – falei me abaixando e pegando o celular quebrado. Ele nem ligava.

- é natal, quem sabe você não ganha um.

- quem sabe – falei voltando para o prédio.

- feliz natal falou o homem indo embora.

- feliz natal – respondi voltando para o prédio.

Ao voltar para o apartamento eu deixei o celular quebrado em cima da mesa e voltei a me sentar no sofá para assistir televisão.

Tentei ficar acordado apesar do sono, mas acho que não conseguirei. Não sei porque diabos Adam não aparecia e não sei porque ele não ligava. Tentei ficar de olhos abertos e comecei a cochilar, foi quando me assustei e acordei assustando.

- Mike! – falou Jerry me acordando.

- o que foi?

- já estão embarcando.

- tudo bem – falei me levantando e me espreguiçando. Passei a mão no rosto e limpei a baba. Olhei para fora e vi que começava a chuviscar. Entramos na fila de embarque e assim que olharam nossas identidades passamos pelo portão e caminhamos em direção para dentro da aeronave.

Comentários

Há 1 comentários.

Por em 2015-02-14 10:25:02
nossa ta muito legal, mais queria que o adam tivese vivo.