3. Happy Hour
Parte da série Uma Aflição Imperial
HELLO PEOPLE!!!!! Antes de tudo quero dizer que foi proposital a minha "demora" para postar esse capítulo, já que dia de domingo é uma bela merda e não dá vontade de escrever, então deixei pra escrever o capítulo hoje (18), porque eu sabia que teria mais inspiração. E sinceramente? Não me arrependo, particularmente, esse capítulo ficou muito bom, em clima de suspense e vou parar de falar pra não estragar. Espero que gostem, e obrigado a todos os que tem comentado.
Me perdoem pelos erros, vou ser sincero e dizer que escrever esse capítulo foi desgastante e eu fiquei com preguiça de revisar. Talvez eu faça isso até dar a hora de postar. Enfim, para todos os efeitos, me perdoem pelos erros.
[Niss]: Awn a idéia é justamente levar todos os leitores a um universo alternativo, mas que não seja tão distante da realidade. Falar sobre superação parece ser algo fácil, mas quando você se apaixona e depois sofre uma desilusão, é claro que vai doer, mas pior é você conviver com a pessoa que você se apaixonou e se desiludiu, vai ser um grande desafio para o Eduardo, mas estou torcendo para que as coisas melhorem tanto quanto você. Já temos um team Dufael? Confirma produção? Haha, veremos o que o Rafael pode fazer para ajudar o Eduardo. Obrigado pelo seu encantador comentário, até logo.
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"Os minutos passam devagar, ouvi dizer que com o tempo a gente aprende a suportar. A cidade escura tenta me entreter, enquanto você olha o mar, me afogo em pranto na vontade de você. E sinto que é errado precisar tanto assim de nós, do seu lado eu sou inteira, eu sou bem melhor. Você diz que tudo está perfeito assim, que a vida tinha um plano depois do fim"
Leonardo virou-se me encarando, fixando os seus olhos negros nos meus. Sentei em uma cadeira solitária na ponta da grande mesa de madeira e esperei que Leonardo se sentasse na outra ponta.
— Você está bem? — Ele perguntou desviando seu olhar do meu.
— Sim, estou. — Menti. Eu não sabia qual rumo a conversa tomaria, mas não estava gostando do rumo que ela parecia tomar. Porque de repente ele decidiu se importar se eu estava bem? Quando eu estava inconsolável ele não perguntou isso, cagou para os meus sentimentos quando quis terminar e nem perguntou se eu estava bem com aquilo.
— Você é um péssimo mentiroso. — Leonardo me olhou e sorriu — O que tem acontecido com você? Me explique a sua falta hoje nas duas primeiras aulas e a sua falta de atenção nas outras.
— Eu não sou perfeito...
— Discordo. — Leonardo me interrompeu — Mas continue.
— Eu NÃO sou perfeito — Enfatizei — O fato é que todos temos dias ruins. Me perdoe por ser normal e comum, e não ser interessante.
— Está em um dia ruim? — Leonardo ignorou todo o resto, me deixando extremamente irritado — Me conte sobre o seu dia.
— Eu acordei, vim pra faculdade e agora quero ir embora. Posso? É pedir demais?
— Sim, é pedir demais. — Leonardo levantou-se da cadeira e andou até mim — Eu estou só tentando te ajudar, entender o que está acontecendo com o melhor aluno da classe. Os professores disseram que você está distraído, que não presta atenção e nem sequer se preocupa em fingir que presta.
— Como você disse, eu sou péssimo mentiroso.
— Você ainda está na faculdade, e eu posso muito bem levar isso como desacato ao seu superior, e te arranjar uma suspensão.
— Faça isso, é um favor de não ter que ver a sua cara por pelo menos uma semana. — Retruquei — Por favor, me deixe ir. Eu estou cansado, só quero poder dormir um pouco.
— Como foram as aulas?
— Normais, o Rafael me livrou de umas poucas e boas. — Falei instintivamente.
— O aluno novo? — Os olhos negros de Leonardo flamejaram. Ele desviou o olhar e respirou fundo, controlando a raiva — Você supera rápido.
— A vida é feita de superações.
— Ainda estou tentando superar a vontade de tirar a sua roupa e foder você neste exato momento, nessa sala, sobre essa mesa.
Minha garganta secou e o meu coração bateu em velocidade máxima, ultrapassando a média que os especialistas consideram saudável. Ele queria transar comigo, naquele momento, naquela sala, naquela mesa.
— Sinto muito. — Ele disse mordendo os lábios e se recostando na cadeira — Acho que você já está liberado. Tenha uma boa tarde.
— Obrigado. — Forcei minha voz a sair — Pra você também.
A vontade de chorar era enorme, mas eu consegui esconder isso até sair da sala e fechar a porta.
Deslizei até o chão e apoiei o rosto na palma das minhas mãos. Eu chorava em silêncio, torcendo para que os meus soluços não chegassem à sala dos professores, aos ouvidos de Leonardo. "A vida é feita de superações", eu disse para mim mesmo, mas não acreditava que seria possível superar e esquecer Leonardo. Eu ainda teria mais três anos de faculdade, e por três anos eu teria que conviver com a presença dele me causando flashbacks e dores além da compreensão humana. Era possível superar? Eu amava ele. É possível superar quando você ama alguém?
Me levantei com as pernas tremendo. Pensei em tomar mais uma pílula do meu suplemento de ferro, mas o meu médico disse que seria perigoso tomar mais de duas pílulas em um curto período de tempo. Eu poderia ter uma convulsão.
Uma convulsão pode matar.
Afastei os pensamentos sombrios e andei devagar até o meu apartamento no campus. Tudo parecia muito calmo, muito vazio.
Peguei meu celular no bolso do agasalho e olhei a tela de notificação. Havia duas mensagens, uma de Heloise e outra de número desconhecido.
"HAVE HOJE, SE ARRUMA E VAMOS SAIR -Helo"
"COM UM POUCO DE PERSUASÃO E SUBORNO CONSEGUI O SEU NÚMERO DE TELEFONE, SERÁ QUE POSSO TE ATORMENTAR UM POUCO? ASS.: RAFAEL -Número Desconhecido"
Sorri e salvei o número de Rafael. Voltei a abrir a mensagem de Heloise e respondi um rápido "sem muita vontade". Segundos depois uma mensagem da mesma chegou perguntando o porquê. Eu ia responder a mensagem quando o celular indicou uma chamada de Heloise. Atendi o telefone.
— Estou indo te buscar, e não adianta negar, você vai comigo nem que seja a força. — Heloise disse antes do formal e simples "alo" que as pessoas geralmente usam em uma ligação — Gostaria que meu melhor amigo passasse alguns dias comigo ao invés de ficar fodendo com o meu professor de filosofia. Sinto saudade das nossas noitadas e da embriaguez.
Gargalhei alto no telefone — Embriaguez? Você é louca! — Falei ainda rindo — Nunca fiquei bêbado, ao contrário de você.
— Falso, mentiroso! — Heloise disse rindo — Você bebe mais do que eu!
— Seja menas Heloise! — Falei rindo — Esqueceu que eu sou o responsável? O que sempre está no quarto estudando?
— De uns tempos pra cá você têm usado o corpo do Leonardo para estudar anatomia. — Ela disse séria — Abre a porta, tô aqui fora.
Voltei à porta e abri. Heloise estava com o celular no ouvido, e apoiada no batente da porta.
— Não estendeu o tapete vermelho. — Ela falou já dentro do meu apartamento — Vai tomar banho, a nossa carona está esperando lá em baixo.
— Carona?
— Rafael.
A olhei incrédulo, e ela me olhou divertida.
— Não quero ir para festa nenhuma.
— Vai ficar com o Leonardo hoje?
— Vou ficar sem ele, e é por isso que estou sem vontade de sair.
— Não entendi.
— Ele terminou comigo. — Falei dando um sorriso forçado — Mas enfim, não tô em clima de festa, eu realmente preciso dormir, amanhã tem aula.
— Sinto muito amor. — Heloise disse — Por isso se atrasou para a aula hoje?
— Sim, mais ou menos.
— Vamos dar um up então anjo, precisamos sair e se divertir, esquecer ele... O Rafa está lá fora nos esperando. Vamos?
Heloise fez uma cara irresistível de cachorro sem dono, e minha mente idiota começou a trabalhar de uma forma nem tão agradável. Leonardo não ia gostar nem um pouco de saber de uma noitada minha com Rafael.
— Vou me arrumar em cinco minutos. — Falei com a voz fria e decidida. Eu tinha o direito de sair e me divertir com quem eu quisesse agora.
— É assim que se fala! — Heloise disse animada e pulou na minha cama.
Foram necessários um pouco mais de 20 minutos, mas eu estava pronto. Usava um jeans claro com uma jaqueta de couro preta, botas e o cabelo todo bagunçado, me deixando com um estilo roqueiro rebelde. A camisa por baixo da jaqueta era preta e tinha o símbolo dos Rolling Stones estampado em vermelho. Eu me sentia estranho, mas a idéia de ir para uma balada com a minha melhor amiga fez com que o meu término com Leonardo passasse para segundo plano na minha mente.
Saí do banheiro e dei de cara com Rafael estirado na minha cama com os braços cruzados atrás da cabeça. Ele sorriu e olhou para Heloise, que sorriu cúmplice para ele, como se ambos usassem suas bocas para passar alguma mensagem codificada que eu não deveria entender.
— Vamos? — Heloise levantou-se da poltrona de couro preta que Leonardo havia posto ali para nós podermos variar entre namorar na cama ou na poltrona.
Dei de ombros e peguei algumas notas na gaveta do meu criado-mudo e as enfiei no bolso da minha jaqueta. Meus pais depositavam dinheiro para que eu sobrevivesse aqui. Eu realmente deveria achar um emprego, não gostava de ficar tirando dinheiro dos meus pais.
Rafael pulou da cama para o chão e abriu a porta para que eu e Heloise pudéssemos passar. Ele até que era educado, e quem visse de longe não diria que ele se jogou descaradamente para cima de mim.
(...)
"Fiz uma curva errada uma ou duas vezes, o meu caminho é de sangue e fogo. Decisões ruins, tudo bem, bem vindo a minha vida idiota. Mal tratada, deslocada, mal compreendida, senhora "sem chance, está tudo bem". Isso não me fez ir devagar. Errada? sempre a segunda opção, subestimada, olhe, ainda estou por aqui" – Pink, Fucking Perfect
Fomos até uma casa noturna no centro da cidade, onde tocava algum tipo de pop desconhecido, era uma versão muito feia de Crazy In Love, mas eu podia me acostumar com a música. Havia uma grande quantidade de jovens, todos ali para uma boa Happy Hour. O lugar até que era legal, com luzes néon piscando de todas as cores. Agora a música era mais animada, Bruno Mars cantando The Lazy Song.
— Vamos dançar! — Heloise gritou para que a sua voz se destacasse na música alta — Eu amo essa música de coração.
Ela já estava um pouco descontrolada, e isso era efeito do terceiro copo de whisky que ela acabara de beber. Eu achei que deveria conter ela, mas eu estava me divertindo.
— Eu vou tomar alguma coisa antes ok? — gritei e me virei para o barman, que limpava o balcão com algum produto fedido — Eu quero uma dose média de Big Apple com Energético de limão — Falei e pensei sobre a bebida — Pensando bem, eu quero uma dose grande.
O barman sorriu e foi preparar a minha bebida. Eu achei que não seria problema sair de lá bêbado já que Rafael estava de carro e estava bebendo só um pouco para se soltar. Agora mesmo ele estava na pista de dança com duas mulheres esfregando os seus corpos curvilíneos no corpo malhado do rapaz, e ele parecia gostar.
Todos na boate pareciam estar se divertindo, e eu era o único que parecia estar me privando de toda a diversão que a noite parecia proporcionar. As músicas eram boas, ou pelo menos tornaram-se boas, as pessoas pareciam ser bem legais, havia casais se atracando em um canto mais escuro da boate... Porque eu ainda pensava no Leonardo? Eu não que minha noite acabasse por causa dele.
O barman voltou com a minha bebida e eu tirei as poucas notas que me restaram do bolso da minha jaqueta e as coloquei no balcão.
— Essa é por conta da casa! — Ele disse sorrindo e empurrou o dinheiro em minha direção.
Dei de ombros e agradeci, tomando o conteúdo do copo de plástico em apenas três goles. O álcool se espalhou pelo meu sangue e começou a agir. Me segurei um minuto no balcão para amenizar a tontura, mas Heloise me puxou pelo braço e me arrastou até a pista de dança, mechendo o seu corpo no ritmo da música.
Me mexi com alguns passos básicos ao passo de Heloise, nossos corpos dançavam em sincronia e balançavam com ânimo. Estávamos rindo.
Quando a música acabou eu já estava exausto e com os pés doloridos. Pareceu que se passaram uns poucos segundos, e eu senti o efeito do álcool ir se dissipando do meu corpo. Eu não queria que acabasse, eu queria continuar me divertindo. Eu passei todo o trajeto da faculdade até aqui com a consciência pesada, pensando e refletindo se era a coisa certa a se fazer, e pensando o que o meu ex namorado diria disso. Agora que eu estava me divertindo, eu não queria que passasse.
Um garoto desconhecido passou com um copo de plástico verde na mão e parou para me olhar por alguns segundos. Ele fez uma cara engraçada de quem dizia "finalmente te achei" e me ofereceu um pouco da sua bebida, que parecia não ter sido nem mesmo tocada.
Peguei o copo de sua mão e agradeci. O garoto se dispersou na multidão, me deixando com o copo, o que era bom. Mais bebida de graça.
Meu celular vibrou no meu bolso, a já com uma parte da minha consciência funcionando pensei que pudesse ser mamãe e papai.
Atendi o celular e gritei um "alo", mas a voz que vinha do outro lado da linha parecia baixa de mais. Me afastei um pouco da multidão, tornando a voz do outro lado mais audível.
— Que barulho é esse? — Uma voz masculina que eu conhecia e pensei a de papai disse com a raiva palpável em sua voz — Onde você está?
— Eu tô bem pai, tô em uma festa no centro de São Paulo e não dá pra falar agora. Quando eu chegar em casa eu ligo ok? — Papai não respondeu, e eu entendi isso como um okay — Beijos, te amo, e manda um beijo para a minha mãe.
Encerrei a ligação e coloquei o celular no bolso da calça. A ligação de papai mecheu comigo. Tirei o celular do bolso e olhei para as horas marcadas na tela de bloqueio. Já se passavam da meia-noite e meia. Eu tinha que ir embora.
Olhei para o copo de bebida que eu havia ganhado e achei que seria desfeita se eu não tomasse um último gole, afinal, uma coisa que eu aprendi aqui em São Paulo é que não se joga bebida fora.
Tomei um gole da bebida que parecia ser whisky com limão, e antes que eu pudesse me conter a música que começara a tocar me contagiou. Era a minha favorita. The Wanted cantava divinamente a música Chasing The Sun. A euforia tomou conta não só de mim, mas de Heloise que chegou toda empolgada me chamando para a pista de dança, e é claro que eu não recusei.
Eu tomava goles exagerados do copo na minha mão e dançava descontroladamente, cantando ao mesmo tempo.
Confesso que whisky era uma bebida um pouco forte, e assim que tomei o último gole as coisas se moveram rápidamente, me deixando tonto. Eu me apoiei nos meus próprios pés para não cair. Acho que levar o rosto seria uma boa idéia.
Me afasto da pista de dança com a música que eu amo ainda em minha cabeça, ainda me deixando eufórico. Passo por uma porta que presumi ser uma saída de emergência, entro no banheiro que estava quase vazio e me olho no espelho. Eu não estava nada bem, parecia realmente bêbado, com um olho mais fechado que o outro. Ri da minha cara nada agradável e me dobrei na grande pia de mármore, abrindo uma das torneiras e deixando a água correr em minhas mãos. Senti tudo girar de novo, e ao focar no espelho percebi que alguém entrara rapidamente em uma das cabines. Minha visão ficou turva, e antes que eu pudesse lavar o meu rosto eu caí no chão. Não me aguentava em pé, e não aguentava ficar com os olhos abertos nem por um segundo mais. Tudo escureceu, tudo simplesmente sumiu da minha frente.
Ri de mim mesmo e da minha tolice ao aceitar o copo de um estranho. Senti meu corpo ser levado, mas não consegui abrir os olhos para ver quem o carregava. Eu estava frágil, indefeso. Pelo menos eu estaria inconsciente e não sentiria quase nada, independente do destino que me aguardava pela frente. Estupro? Sequestro? Assassinato?
Respirei uma última vez antes de ficar totalmente inconsciente e incapaz até mesmo de pensar nas coisas ruins que me aguardavam.
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Tan tan tan tan.... Antes de tudo, obrigado a vocês que comentaram e que lêem, vocês são lindos e eu quero saber o que vocês acharam desse meu capítulo e quais são as expectativas para o próximo. Vocês gostaram? Devo continuar? Devo parar? Fala aí, sua opinião é importante.
Beijos e abraços
Email para contato: lucbienutt@gmail.com