A Vida & Morte De Renato - Capítulo 15

Parte da série A Vida & Morte De Renato

Boa Tarde Gente...

Eu gostaria de agradecer a todos vocês pelos votos, comentários e retorno que estão me dando sobre a história. Fico muito feliz em saber que estão gostando, e que finalmente as dúvidas de alguns em relação ao enredo estejam sendo esclarecidas. Obrigado mesmo.

No mais, espero que gostem do capítulo de hoje, e que comentem e deixem a opinião de vocês. Um beijão.

― deigocampos: Hahahahaha. O final desse capítulo vai ser entendido depois, e não vai demorar, espero só pra ver. Rsrsrs. E quem disse que o Yan vai ficar com o Renato? Eu não disse nada disso, ou disse? Não sei. Hahahahaha.

― Nando martinez: Pois é. Hahahahahaha. O Renato não vai entrar em um relacionamento, não nesse capítulo e pode não ser com o Yan e sim com outro personagem, mas pra saber isso vai ter que ler. Hahahahaha. No mais, obrigado mesmo, e um beijão.

Vou deixar vocês com o capítulo 15, e um pequeno aviso... Terça feira, dia 22, eu vou viajar e só voltarei no sábado, dia 26, então não postarei na quarta e sexta feira, mas irei postar os dois capítulos no sábado quando eu chegar, mas eu explico isso na segunda pra vocês.

Um beijão, e mais uma vez, obrigado.

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Aquelas imagens pareciam não ter mais fim. Renato não sabia o que estava acontecendo, não sabia como as parar. Era impossível organizar tudo o que lhe vinha a mente. O jovem não precedia os sorrisos, os toques entre os dois, as pessoas lhes agradecendo eternamente, as carícias, a companhia, a segurança, a extrema confiança que eles tinham naquele pequeno sonho. Era confuso de mais, aterrorizante de mais, e outra vez, o jovem se encontrou completamente perdido, sem saber o que fazer, e quando aquele lindo azul se foi, Renato se sentiu completamente fraco, indo com tudo ao chão.

― Renato! ― Ele grita, o homem de olhos verdes grita, depois de estar tentando acordar o jovem pela quinta vez, e ele finalmente abre os olhos.

― Oi... ― Renato se depara com os olhos verdes de Yan, exalando preocupação.

― Está tudo bem? Você desmaiou?

― Eu desmaiei? ― Renato estava surpreso.

― Sim, há um minuto.

― Nossa... ― Renato, com a ajuda de Yan, se levanta.

― Sua pressão deve ter baixado. ― Yan ainda o segurava, e seu toque causava desconforto no jovem Renato, que ainda tentava absorver tudo o que vira segundos atrás.

― Deve ser mesmo... ― Renato responde, mesmo sabendo que essa provavelmente não era a resposta.

― Quer se sentar, comer alguma coisa... ― Yan pergunta.

― Não, eu estou bem. ― Renato tenta sorrir.

― Que bom... ― Ele diz ao se sentar. ― Onde está meu irmão?

― Ele teve que sair com a Clara para resolver um assunto com um dos fornecedores.

― E a que horas eles voltam?

― Olha, eles não devem demorar, mas o Pedro me pediu para ir te passando todas as informações necessárias.

― E você consegue fazer isso?

― Claro que consigo. ― Renato começa a pegar os papeis que Pedro havia lhe deixado. ― Quer começar por onde?

― Vamos pelas regras, porque eu sei que meu irmão é cheio dela...

E assim eles começam. Renato repassa a Yan tudo o que Pedro havia lhe dito, todas as regras que lhe foi passada, e Yan parecia absorver todas elas com atenção.

Depois de tudo esclarecido, Reato caminha com Yan pelo restaurante, o deixando a par de tudo, lhe dando espaço para fazer comentários e criticar algumas escolhas do irmão em relação a algum item de decoração do lugar.

Quando se sentaram outra vez, na área das mesas, Renato parecia se sentir ligado àquele homem a sua frente. Ele não sabia o porquê, se era coisa da sua cabeça ou algo semelhante, mas o jovem não conseguia parar de pensar em Yan, que estava compenetrado no cardápio de vinhos, de onde não tirava os olhos para nada.

― Mesmo estando lendo o cardápio, eu consigo ver você me encarando. ― Yan diz sem nem ao menos levantar seu olhar.

― O que? ― Nem Renato mesmo percebia o que fazia.

― Seus olhares para mim, eu consigo perceber. ― Yan fecha a lista de vinhos e olha para Renato, que estava extremamente vermelho.

― Desculpe, eu nem percebi... ― Renato se desculpa.

― Tudo bem, mas eu não curto. ― Ele diz, sem emoção alguma.

― O que? Não, eu não estava... ― Renato desconversa.

― Vai dizer que não estava olhando pra mim?

― Eu? Eu não estava prestando atenção em nada, meus olhos que estavam em você. Eu não estava nem te enxergando direito...

― Sei... ― Ele ignora Renato, que ainda tentava se explicar.

― É serio. Eu estava olhando para o vazio, não estava olhando pra você.

― Tudo bem cara, não precisa se explicar mais.

― Tudo bem... ― Renato se cala.

― Seus pais te levam na igreja? ― Yan pergunta como quem não quer nada.

― Eu só tenho pai, que não vale nada. ― Renato simplesmente solta a informação, sem nem pensar.

― Por quê?

― Assunto pessoal. ― Renato volta a olhar a ficha dos funcionários.

― Você deveria procurar manter contato com ele, pedir perdão pelo que quer que seja. Eu fiz isso com a minha família.

― Pedir perdão? ― Renato dá um pequeno sorriso. ― Se você soubesse...

― Bem, eu imaginei que deveria, pelo fato de você ser gay e tudo... ― Ele diz.

― Bem, mesmo se fosse eu o culpado e esse o motivo, eu não poderia pedir perdão, já que não há nada a ser perdoado.

― Bem, eu pedi perdão aos meus pais, eu só acho que deveria fazer o mesmo... ― Yan se levanta, e toda a admiração inicial que Renato tinha para com ele foi para o ralo.

Quando Pedro e Clara chegaram, logo se sentaram com os dois e os colocaram a par das ultimas informações. Lhes foi dito que ambos passariam mais tempo no restaurante do que eles mesmos, já que ambos estavam trabalhando em outros projetos, então no começo seriam responsáveis por tudo.

Depois que Yan sumiu com o irmão para dentro da cozinha, Clara se juntou a Renato para ensaiarem mais uma vez a sua postura diante dos clientes, e com os bons ensinamentos da mulher de cabelos vermelhos, Renato estava aprendendo.

― Ele foi grosso com você? ― Clara pergunta a Renato.

― O Yan? ― Ele se lembra das coisas que o irmão de Pedro havia lhe falado. ― Não...

― Você está mentindo. ― Clara sorri.

― Ele não chegou a ser grosso, apenas um pouco inconveniente. Falou sobre minha família...

― O Pedro me contou que você tem problemas em casa... Ele não fez fofoca, não fez por mal, é que eu perguntei sobre sua vida e ele me disse o que sabia.

― Tudo bem, eu entendo... Minha relação com meu pai é péssima. Ele é muito agressivo e autoritário, e é por esse motivo que eu tenho problemas.

― Ele te bate?

― Sim. ― Renato olha para baixo. ― Mas eu já estou me cansando disso.

― Já pensou em denunciar ele?

― Meu pai trabalha para a policia. ― Renato sorri. ― Olha a ironia.

― Eu espero que fique tudo bem com você rapaz. Você merece uma vida boa.

― Obrigado... ― Renato diz. ― Posso te fazer uma pergunta que eu não preciso saber a resposta?

― Claro. ― Clara sorri.

― O Yan... ― Renato fala baixo. ― O Pedro me disse que ele teve problemas com drogas, que chegou a ficar internado e essas coisas.

― Sim, é verdade. A situação foi crítica. Ele chegou a vender alguns móveis da mãe dele.

― Então... Por um acaso você sabe para qual tipo de clínica ele foi?

― Olha, acho que foi para uma dessas clínicas que recebe ajuda da igreja, não sei... Por quê?

― É por causa dos assuntos dele. É como se tivessem enfiado alguma coisa na cabeça dele lá dentro.

― O Pedro disse a mesma coisa. Quase não reconheceu o irmão quando voltou.

― Pois é.

― Já o peguei lendo a Bíblia umas três vezes quando fui a casa dos pais do Pedro. Eles não cresceram em uma família religiosa, não tiveram essa base de conhecimento, ou seja, ele aprendeu essas coisas durante o seu tempo na clínica.

― Pode ser...

― Mas ele te incomodou de alguma forma?

― Não, não me incomodou. ― Renato sorri. ― Depois de tudo o que vivi, as palavras dele soaram como uma carícia.

― Você deve ter passado pelo inferno né... ― Clara parecia compadecida com Renato.

― Não... Muita gente nesse mundo passa por coisa pior. Não vou ficar me lamentando, não mais. Eu só quero juntar dinheiro o bastante para sair de casa.

― Pedro me falou a respeito disso também. Como seu novo salario vai ficar mais fácil.

― Vai sim. ― Renato sorri.

No momento em que tudo fica acertado entre os quatro, eles saem do novo restaurante, fechando as portas e desejando que tudo dê certo no dia da inauguração.

Quando chegam no estacionamento, Clara e Pedro param para conversar com os dois pela última vez.

― Então está tudo certo? ― Pedro pergunta.

― Sim, por mim está tudo bem. ― Yan responde.

― Por mim também. Estou ansioso. ― Renato sorri.

― Não é só você. ― Clara responde.

― Então ótimo. ― Pedro finaliza. ― Renato, eu vou te levar em casa.

― Não precisa. Ainda está de dia.

― Eu faço questão. Eu te trouxe e eu irei te levar.

― Tudo bem...

― Yan, quer que eu te leve em casa? ― Pedro pergunta ao irmão.

― Não, não precisa. ― Ele já diz se despedindo de todos.

O caminho até a casa de Renato é curto. Por ele morar mais próximo ao novo emprego, ficaria muito mais fácil se locomover, sem perda de tempo e sem ter que passar uma hora sentando dentro do ônibus.

Depois que Pedro estaciona frente a casa de Renato, eles se despedem com calma, entre sorrisos.

― Passe no restaurante amanhã cedo. Tenho que fazer o acerto com você.

― Acerto?

― Sim. Como está indo para um novo estabelecimento, tenho que lhe demitir e depois assinar sua carteira com o CNPJ do outro restaurante.

― Entendi. ― Renato sorri.

― Esteja lá as nove da manhã.

― Tudo bem. ― Renato diz ao descer do carro e se atrapalhar com as sacolas, quase caindo.

― Cuidado. ― Clara diz, morrendo de rir.

― Sou meio desastrado.

― Eu percebi. ― Ela sorri. ― Até a inauguração Renato. Mal posso esperar.

― Até lá Clara.

― Até amanhã Renato.

― Até amanhã Pedro.

O jovem espera o carro desaparecer de seu campo de visão e então começa a caminhar pela entrada de sua casa até chegar a porta. Para poder pegar as chaves em seu bolso, Renato é obrigado a colocar as sacolas no chão, o que ele fez, assim que abre a porta, pega as sacolas novamente, a fechando com o pé.

Depois de subir com as sacolas e as colocar debaixo da cama, o jovem rapaz volta até a cozinha e prepara um café. Como não tinha nada para comer, Renato apenas toma o liquido, sentando em uma das cadeiras, mas ele se levanta quando escuta umas batidas na porta.

― Pois não? ― Renato diz ao abrir a porta e se deparar com dois policiais.

― Renato? ― Um dos homens lhe pergunta.

― Sim?

― Você poderia nos acompanhar até a delegacia.

― Por quê? ― Renato se assusta por ter de ir até lá pela segunda vez essa semana.

― Encontramos um corpo na ponte desativada, e ao procurarmos algum documento de identidade, encontramos um pequeno bilhete com seu nome.

― Você deve estar me confundindo...

― Seu nome é Renato Oliveira Martins? ― O outro policial de estatura baixa pergunta.

― Sim.

― Então é você mesmo. Pode nos acompanhar.

― Tudo bem, deixa só eu fechar as janelas...

Renato sai e vai até seu quarto, fechando a janela que havia aberto. Em seguida, vai até a cozinha, fechando a porta dos fundos e a janela também, e por fim, sai de casa, fechando a porta atrás de suas costas.

Quando cruza as portas da delegacia, Renato tem uma sensação de Déjà Vu desagradável, o que faz seu rosto adquirir uma feição triste, e a medida que caminhava para dentro do local, a sensação só piorava, porque todos ali lhe olhavam com desgosto, e bastou seu pai aparecer na sua frente para a situação se tornar ainda pior.

― Olha o que temos aqui... ― Ele ria na cara do filho.

― Eu não vi para te importunar, então não faça o mesmo. ― Renato diz, baixo.

― Não precisa falar baixo Renatinha, todo mundo aqui já sabe da sua história com o Leandro.

― Deixem ele em paz. ― Renato diz, ainda calmo.

― O que deu na cabeça daquele homem trocar aquela gostosa por um macho? ― Rodolfo pergunta alto.

― O cu deve ser uma delicia! ― Grita um dos policiais lá do fundo. ― Dá até vontade de provar pra ver se é bom mesmo.

― Se for me pagar pode levar sargento. ― Rodolfo diz e começa a rir.

― Olha que eu recebo na semana que vem hein! ― Ele grita lá do fundo outra vez.

― Gostou dele Renato? Dizem que ele tem um cacete enorme. Você deve gostar desse tipo de coisa, até porque o pessoal daqui viva dizendo que o Leandro tinha uma mangueira grossa e cumprida. ― Rodolfo fala alto, para todos ouvirem.

― Ele tinha sim... ― Renato resolve jogar com a sorte ao falar apenas para seu pai ouvir. ― Agora se você não sair da minha frente, eu começo a contar pra todo mundo o que você realmente achava do Leandro, principalmente sobre a cor da pele dele, e pelo que eu vejo, tem mais três policiais negros aqui, e nenhum deles vai gostar de saber que você os acha nojentos, asquerosos e sujos.

― Você não tem coragem de fazer isso, sabe que vai levar uma surra.

― Então experimenta. ― Reno peita o pai outra vez. ― Eu achei que não. Agora se me der licença...

Renato volta a acompanhar os dois policiais com os quais entrou, os únicos que não riram ou se pronunciaram de toda a palhaçada que acabará de ocorrer lá dentro.

Quando entram no necrotério, Renato sente um frio na espinha, fazendo todo o seu corpo se arrepiar. Ele se aproxima de uma maca metálica e espera os dois policiais falarem alguma coisa.

― Você não está aqui como suspeito, não se preocupe. Já realizaram os exames e constataram que ele morreu de causas naturais, o que é estranho, devido a sua pouca idade, mas como nesse mundo tem de tudo, não questionamos nada. ― O policial se pronuncia. ― Posso levantar o lençol? Ele pergunta a Renato, que confirma.

No momento em que o policial de cabelos loiros levanta o lençol, revelando o rosto do homem na maca, Renato se assusta e se emociona. Era o homem ruivo, o que frequentava o restaurante e se importava com ele.

Naquela maca estava Caled Erico, um dos poucos homens com quem Renato gostou de passar o tempo, e o ver daquele jeito, sem vida e branco como o lençol que o cobria lhe deixou mal.

― Pelo que vi, você o conhece. ― O policial pega a caderneta pendurada na maca. ― Sabe qual o nome dele?

― Caled Erico... ― Renato derruba uma lágrima. ― Ele está morto... ― Renato não podia acreditar no que estava acontecendo. ― Ele disse que ia se despedir de mim...

― Há mais alguma coisa que você saiba sobre ele?

― Não, eu... ― Renato começa a pensar. ― Ele foi ao restaurante onde trabalho algumas vezes. Só sei o nome dele.

― Apenas isso?

― Sim...

― Já é alguma coisa... ― O policial faz algumas anotações. ― Aqui está o bilhete que ele deixou em seu nome.

― Obrigado.

No momento em que Renato pega o bilhete, sente uma pontada na cabeça, como um alertar, algo que estava tentando lhe lembrar de alguma coisa já esquecida, e quando ele começa a ler tais palavras, seu coração se aperta. Ele não sabia o que pensar.

“Querido Renato Oliveira Martins... Sei que nos conhecemos há pouco tempo, nem mesmo há uma semana, mas eu me importo com você, eu me importei com você desde o momento em que te vi. Sei também que nesse momento, vendo o meu corpo em sua frente, está se perguntando o porquê, e eu irei te responder, mas não através desse pequeno bilhete, pois as pessoas pensaram que eu sou doido, você pensará que sou doido, mas eu não sou, eu lhe juro por tudo o que há de mais sagrado.

Quero lhe pedir perdão por tudo o que fiz, por coisas que ainda não se lembra. Quero lhe dizer que eu não tinha alternativa a não ser cumprir com o meu papel nessa terra, papel que já passou a data de validade. Eu só quero que saiba que você foi o único homem nesse mundo que amei como homem. Sim, estou soando como um psicopata, mas tendo o seu vislumbre num futuro não tão distante, é completamente compreensível o que senti quando o vi pela primeira vez.

Espero que esteja se lembrando do que lhe deixei nos correios, em seu nome, e caso não esteja, se lembre de que há algo para você lá, algo que levará tempo para absorver, mas confie em mim, é a verdade, a verdade que apesar de eu já ter tentado compreender por completo, ainda não consegui. A verdade que mesmo tendo vivido por tantos anos, ainda não consegui dominar ou aprender por completo, mas espero que você possa.

Como um último aviso, espero que tenha cuidado com tudo o que irá descobrir, e que confie nas pessoas certas para contar, porque já tive minha cota de pessoas erradas.

E não me pergunte o porquê de todas as minhas repostas, porque eu não sei. Não tive ninguém para me explicar tudo, e no seu caso, se sinta um sortudo, porque deixei instruções, e mesmo se descobrir algo que não lhe contei, se lembre, nem mesmo eu descobri tudo a meu respeito.

Obs: Eu queria ter tido a chance de o segurar pelo menos uma vez em meus braços, com seu corpo nu colado ao meu, lhe mostrando o quanto eu me importo com você, te tocando com todo o carinho e sentindo seu corpo sob o meu, mas infelizmente isso nunca vai acontecer, e eu vou lamentar eternamente por não ter sido corajoso o suficiente e ter lhe tomado para mim no dia daquele beijo, uma pena.”

Quando terminou de ler a pequena carta, Renato se encontrava aos prantos, e não sabia o por que. Talvez o motivo seja a bela declaração em meio a palavras tão confusas, ou talvez seja porque ele realmente chegou a se importar com Caled também, alguém foi muito importante em sua vida, alguém que ele perdeu junto a Leandro, e foi esse pensamento, essa lembrança que fez algo estalar dentro dele, e no segundo em que o jovem, acidentalmente, colocou suas mãos quentes sobre o peito frio de Caled que tudo veio a tona.

Rento havia se lembrando de tudo. Ele se lembrou do momento em que estava no cemitério, quando seu pai apareceu e lhe espancou com toda a força e fúria que ele tinha. Renato se lembrou de seu levantar, do seu caminhar até a ponte e do momento em que ele sentou sobre aquela superfície fria, pronto para se jogar, e recordou também das mãos quentes e fortes de Erico lhe segurando, lhe impedindo de se jogar rumo ao precipício, e por mim, se lembrou daquelas mesmas mãos lhe empurrando com toda a força rumo ao pequeno abismo no meio da floresta.

― Não é possível, não pode ser, isso é coisa da minha cabeça...

Renato estava atordoado se relembrando de tudo aquilo, do pedido de desculpas dado por Caled no segundo antes de o mesmo lhe empurrar, e do impacto de seu corpo naquele chão de terra, impacto que aconteceu depois de seu corpo bater em todos os galhos possíveis. Ele não sobreviveria a aquela queda, não tinha como. Ele achava que tudo não passava que um truque, de sua mente lhe pregando peças.

― Isso é loucura.

― O que é loucura? ― Pergunta um dos policiais.

― Não! ― Renato se assusta. ― Nada, eu só estava conversando comigo mesmo.

― Entendo. ― Ele se aproxima do jovem. ― Tem certeza que Caled Erico é o nome dele.

― É o nome que ele me disse.

― Porque não há ninguém com esse nome, não há registros.

― Estranho... ― Renato pensa.

― Ele deve ter lhe passado o nome falso. ― O policial faz uma pausa. ― O necrotério pode se responsabilizar pelo corpo?

― O que fariam com ele?

― Apenas cremar e nos livrar das cinzas.

― Só? ― Renato se assusta.

― Sim, geralmente contatamos os parentes, mas ele não tem nenhum.

― Posso ficar com as cinzas? ― Renato guarda a carta dentro do seu bolso.

― Sim. ― Ele faz algumas anotações. ― Tudo bem. Passe amanhã e o responsável lhe entregará as cinzas.

― Obrigado...

― As ordens.

Depois que Renato sai da delegacia, ignorando por completo todos os comentários, a primeira coisa que ele faz é ir aos correios de sua cidade, que por sorte, ficava na mesma quadra da delegacia.

Quando ele chega lá e passa pela fila, diz que há um pacote em seu nome, e depois de entregar sua identidade ao homem a sua frente, ele se ausenta por um momento, voltando com uma pequena caixa.

― Aqui está. Assine nessa linha. ― Ele aponta uma linha pontilhada para Renato, que assina seu nome completo.

― Obrigado.

― De nada. ― O homem diz.

Sentado em um simples banco no passeio da rua, Renato abre a caixa de papelão. Quando ele tira os pequenos pedaços de papel de lá de dentro, se depara com alguns dispositivos móveis. Ele pega um por um, ainda não sabendo do que se trata e fica ainda mais confuso.

Dominado pela curiosidade, o jovem rapaz corre até a casa de jogos mais próxima, onde se podia alugar computadores por hora, e entra no recinto, pagando por uma hora frente ao computador.

Depois de se sentar em uma poltrona confortável diante do último computador do lugar, Renato conecta o dispositivo móvel no CPU, e quando ele abre automaticamente, Renato percebe que havia quatro vídeos ali, e todos eles nomeados como ‘Vídeo 01’, ‘Vídeo 02’ e assim por diante. Ele então abre o primeiro, e sua expressão não podia ser mais surpresa.

― Renato... ― Ele diz o nome e faz uma leve pausa. ― Espero que possa me perdoar pelo estado, acabei de acordar. ― Caled estava com o peito a mostra e com cara de sono. ― Não tenho muito tempo de sobra para lhe fazer todos os vídeos, então estou ficando horas sem dormir para deixar tudo explicado para você. Esse é o primeiro, mas não o único vídeo que preparei, como pode notar, então espero que tenha paciência e que me perdoe por ser você. Eu não tive culpa, apenas fiz o que me foi passado adiante, que era entregar ao escolhido, então espero que tenha calma, pois irei explicar tudo.

Diante daquilo, Renato não sabia o que fazer além de derrubar lágrimas atrás de lágrimas. Ele não estava entendo o que acontecia, mas enquanto não terminasse de assistir aquele vídeo, ele não sairia dali, nem que demorasse horas, porque ele sabia que era através daquele belo homem ruivo ele finalmente encontraria a resposta para suas perguntas.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Nando martinez em 2016-03-18 22:42:22
Yan vadia! E já ate tenho uma ideia vaga do que poderia ser kkkkkkk mas n vou falar vai que é e estraga tudo então prefiro descobrir nas suas palavras mesmo ,gostei muito do cap de hoje bjus
Por diegocampos em 2016-03-18 22:04:41
O yan e muito fresco e estranho, o final do capitulo me deixou muito ansioso para o que vai acontecer a seguir.