A Vida & Morte De Renato - Capítulo 11

Parte da série A Vida & Morte De Renato

Com esse capítulo de hoje, completo 1/4 da história, e eu só tenho a agradecer por tudo o que estão fazendo por mim, por todos os comentários, votos e retorno que estão me dando a respeito de Renato e sua vida.

Estou muito feliz por ter chegado aqui, e mesmo a história ainda se encontrando no começo, fico extremamente grato por estarem lendo e acompanhando.

Sei que muita gente está confusa com a proposta de ‘A Vida & Morte De Renato’, então a esses, apenas esperem, porque suas dúvidas serão respondidas ao longo dos capítulos, e eu espero que possam gostar do novo rumo que a história está tomando.

No mais, um abração e um beijão para todos vocês. Obrigado mesmo, por tudo.

― Nando martinez: Todo mundo está achando confuso. Hahahahahahaha. Mas isso não será por muito tempo. Logo as respostas chagarão e você irá entender um pouco mais da história... E sobre algo no sangue dele, você vai ter que esperar mais um pouco para descobrir, e não vai ser nada do que você está pensando, pelo menos eu acho, já que não leio mentes. Hahahahahaha. No mais, obrigado mesmo pelo comentário. Um abração.

― diegocampos: As dúvidas fazem parte. Hahahahaha. Sim, o Renato está começando a mudar, mas não drasticamente, porque isso ainda vai demorar. O novo emprego é apenas um novo rumo em sua vida, não um novo recomeço... No mais, obrigado por tudo mesmo. Um abração bem apertado.

Fiquem agora com o capítulo onze, e não se esqueçam de que eu também posto no Whattpad, então se quiser dar uma olhada na capa da história e conversar comigo, dá uma passada lá, O link está aí em baixo. Um beijão.

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O caminho até o portão de sua casa era curto, cerca de dois a três minutos, tempo que Renato percorreu em poucos segundos, pois seu medo o fez correr até passar pelas grades de ferro que cercavam a sua casa.

No momento em que ele fecha o portão atrás de suas costas ele suspira, em alivio. O jovem então coloca as chaves na fechadura da porta e a abre com cuidado sem fazer barulho, e quando seus olhos se acostumam com a pequena escuridão, sua mente trava. Seu pai estava no sofá, nu, assim como a mulher em cima dele, que não parava de gritar. Ele não soube quanto tempo ficou parado ali, atônito por estar se dando ao desprazer de presenciar tudo aquilo sem conseguir se mover, mas bastou seu pai se assustar com sua presença para que ele acordasse.

―O que está fazendo aqui? ― O homem se levanta com seu membro duro depois de empurrar a mulher de cima de seu corpo.

― Eu estou voltando do serviço... ― Ele diz, temendo que o pai o agredisse mais uma vez, pois Renato se lembra muito bem da primeira vez que pegou o pai com uma mulher, e a dor que ele sentiu em sua perna aquele dia pôde ser sentida naquele momento.

― Não era pra você estar aqui! ― Ele grita, mas sua voz saiu mais surpresa a que carregada de ódio. Ele estava assustado, porque Rodolfo sabia muito bem o que havia feito com o filho, e o ver em pé daquela forma o deixou estupefato.

― Eu já vou subir, me desculpa...

Renato sobe sem ao menos perceber a surpresa do pai, que mesmo não conseguindo enxergar os machucados do filho por causa do escuro, se espantou por ele estar tão bem e caminhando perfeitamente daquela forma.

O rapaz, por ainda não se lembrar da surra que levou do pai anteriormente, sobe para o quarto e se tranca, voltando a escutar os gemidos da mulher, assim como os do seu pai, que pareciam fazer questão de o fazer o mais alto que conseguiam para incomodar o jovem.

Com seu quarto sendo arrumado aos poucos, o garoto de pele pálida e cabelos negros, se mantinha distraído. Em partes ele estava desconfiado de o porquê seu corpo não estar cansado, de ele nem ao menos estar sentindo sono, mas Renato acreditou que se deve ao seu estado. Ele acreditou que se deve a sua tentativa de suicídio, ou a não tentava.

No momento em que acabou, Renato se senta na cama, olhando para o vazio. Ele conseguia se manter distraído o dia inteiro durante o trabalho, sem se preocupar tanto com Leandro, mas quando chegava em casa, quando sentia aquele cheiro em sua cama e se lembrava de tudo o que fizeram ali, o rapaz se colocava triste. Ele mantinha aquele manto disfarçado sobre sua cabeça o dia inteiro, mas quando entrava em contato com a sua cama, tudo voltava, com intensidade de mais.

― Eu prometo que não vou fazer de novo, onde quer que você esteja... ― Renato diz, na esperança de que Leandro escutasse.

Há um tempo, durante a primeira vez que Renato contou ao policial sobre a sua mãe, o homem de pele negro ficou em choque, não por nunca ter escutado sobre situações como essa, mas sim por saber o tanto que o jovem de olhos mel a sua frente já sofrera. Ele se espantou pelo feto de o menino ainda estar na sua frente, sorrindo para ele, querendo partilhar sua vida com um mero policial. Eles conversavam por horas afinco, e as vezes chegavam a esquecer o mundo a sua volta.

Houve uma época em que tudo conspirou a favor dos dois, os deixando completamente sozinhos durante uma semana. O pai de Renato havia viajado a trabalho, assim como a esposa de Leandro, que foi visitar os pais em uma cidade distante, e vendo essa oportunidade, Renato sabia que não poderia perder, então chamou o amado para passar todos os dias ali com ele, naquele quarto pequeno e aconchegante, que cabia os dois tão perfeitamente. Foi um dos momentos mais felizes, para ambos, que aproveitaram a chance e se curtiram durante sete dias seguidos, se curtiram como se fosse seus últimos dias na terra. Foi e ainda é inesquecível.

Levado por um momento de recordação e saudade, Renato, infelizmente, se põem a chorar outra vez. Ainda era insuportável a dor que sentia em seu peito. Ele nunca imaginara que passaria por algo assim, que teria alguém arrancado de sua vida dessa maneira tão brutal e fria.

Ele nunca esperou encontrar seu príncipe encantado, alguém que o amasse, porque desde os seus dez anos, quando se descobriu diferente dos garotos de sua escola, sabia que nunca alguém se interessaria por ele. O jovem, na época ainda uma criança, não via em seu futuro alguém para lhe fazer companhia, apenas um cachorro, já que amava animais e nunca pôde tê-los em casa por seu pai. E hoje, olhando para trás, ele ainda se via certo na época. Renato viu que Leandro foi uma rara exceção em toda a sua vida, e isso era algo que provavelmente nunca aconteceria outra vez.

― Eu só queria entender o por que... ― Ele finalmente deita, aos prantos, sua cabeça no travesseiro. ― Se você existe mesmo, porque deixou isso acontecer? ― Ele olha para cima. ― Porque o tirou de mim dessa forma? Eu não entendo... ― Ele abraça os lençóis com o cheiro de Leandro. ― Eu nunca fiz mal a ninguém, nunca desrespeitei uma pessoa sequer, e de acordo com o que sei a respeito de suas regras, eu estava cumprindo todas, então porque você fez isso comigo, com a gente? ― Ele gritava baixo, se engasgando com as lágrimas. ― Você não viu o quanto a gente se amava? Você não viu daí de cima o quanto nos importávamos um com outro? E você deixou ele morrer. ― Renato para, em meio a pensamentos. ― Talvez você não goste de mim, ou eu seja a reencarnação de alguém que fora muito ruim, por isso está me deixando pagar por tudo o que cometi em minha outra vida, mas isso é injusto! ― O jovem soluçava em silêncio fazendo o impossível para se acalmar. ― Eu queria muito acreditar em você, assim como o Leandro acreditava, mas eu não consigo, e acho que nunca vou conseguir. Você prefere que pessoas de má fé cheguem ao reino, enquanto os que procuraram amor e respeito ficam aqui, a deriva do destino. É injusto... ― Renato para, esperando por resposta. ― Tudo bem, eu só queria desabafar, eu sabia que não ia me mostrar nada, que não iria agir. Só esquece que eu te chamei e continue não fazendo nada... Você é igual ao meu pai, só me fez e me entregou para o mundo dar contar. Ótimo trabalho.

Renato passou as horas acordado. Não conseguiu sequer pregar os olhos. Sua mente dava voltas de mais, ele pensava de mais em várias coisas, e isso não lhe fazia bem. Era como se seu corpo estivesse dominado por uma insônia constante, porque agora, depois de passar quatro horas deitado de olhos abertos, ele se sentia cansado, exausto, mas não fisicamente. Seu corpo ainda aguentava muita coisa, mas seu coração estava pesando uma tonelada.

Depois de uma hora absorto em seus pensamentos, Renato resolve se banhar e ir para o serviço, pois só assim ficaria bem.

Ainda não havia se passado uma semana desde o acordar dos dois, desde Renato lembrando seu amado de colocar a aliança em seus dedos. Não havia se passado uma semana desde a promessa de que tudo seria melhor. Não havia se passado uma semana desde a agressão ocorrida na cozinha, a primeira que Leandro presenciou, e não havia se passado uma semana desde a morte do único homem que lhe amou na vida, e mesmo os setes dias não terem chegado, era como se fosse um mês, um anos desde o começo da semana extremamente difícil, e isso abalava Renato de forma excruciante.

Quando chega no restaurante, ele volta receber olhares acusadores dos funcionários. Os ignorando por completo, ele vai até a área traseira do estabelecimento para trocar de roupa.

O jovem de cabelos ondulados e olhos cor de mel vai até seu armário e pega seu uniforme, se trancando no banheiro. Lá ele tira a sua camisa preta, a enfiando dentro da mochila, e em seguida sua calça jeans clara e surrada, fazendo o mesmo com ela, e em seguida, vestindo seu uniforme. Quando estava saindo, Renato dá de cara com Pedro, que o encara surpreso.

― O que está fazendo aqui? ― Ele pergunta.

― Eu vim trabalhar...

― Você só pega serviço as seis Renato, ainda são uma da tarde. ― Ele olha em seu relógio.

― Eu sei. Eu só não consigo ficar lá em casa, trancado no meu quarto sentindo o cheiro dele... ― Ele diz, como se estivesse conversando sozinho, mas percebe que Pedro ouviu, e isso o deixa constrangido.

― É... ― O homem pareceu um pouco constrangido também. ― Você não dormiu? ― Ele muda de assunto.

― Não, eu não consegui.

― Já pensou em sair para algum lugar? Ir ao Shopping, visitar algumas lojas, tomar um sorvete, ver um filme...

― Eu não posso, eu preciso juntar dinheiro para sair de casa. Eu preciso juntar o suficiente para me mudar sozinho e não passar fome... ― Ele se lembra de quando ainda era bem pequeno e quase não se alimentava. ― Eu só uso um pouco para comprar as coisas de comer, e só. ― Renato abaixa a cabeça.

Desde que começou a trabalhar, Renato fazia das tripas coração para juntar dinheiro. Ele sabia que tinha que sair de casa, o jovem sabia que não suportava mais conviver com seu pai, com as constantes agressões, mas no momento, não tinha como sair. Os gastos para se manter só em uma apartamento de dois cômodos era extenso, ele já havia pesquisado, seja na sua cidade ou em outra. Ele queria sair de casa, era o seu maior sonho, só que ainda não havia conseguido o suficiente para se manter e não passar fome, que era o seu pior medo.

Quando criança, Renato nunca fora amparado. No começo, quando ele ainda era um bebê, Rodolfo contratava algumas mulheres para trabalhar em sua casa, para cuidar do Renato, mas elas, todas elas, nem ao menos se importavam com ele. Renato chegava a passar um dia sem comer nada, chorando em seu berço, e isso se prolongou por alguns anos, comendo quando lhe davam, mas parou quando ele aprendeu a andar sozinho e a pegar as coisas no armário baixo, ação que parece surreal para alguém de tão pouca idade, mas não para um bebê faminto sem ninguém na vida, e hoje, olhando para o passado, Renato se sentia traumatizado com isso, com a fome que passou, e por esse motivo, ainda permanecia em casa, porque pelo menos assim ele poderia comprar coisas de comer.

― Não se preocupe. Com o aumento de salário você consegue ainda mais rápido. ― Pedro sorri.

― O que? ― Um dos funcionários do restaurante chega. ― Como assim, aumento de salário? ― Rafael, o mesmo jovem de cabeça raspada, fala.

― Rafael, porque você não está atendendo os clientes? ― Pedro pergunta.

― Porque eu estava indo ao banheiro! ― Ele quase grita, causando desconforto em Renato, que permanecia calado. ― Porque você está dobrando o salario dele e não o dos outros?

― Porque ele vai mudar de função. ― Pedro estava calmo.

― Mudar de função? Não tem mais nada para esse viadinho fazer aqui, a não ser que ele vire gerente, o que acho difícil.

― Não Rafael, ele ira mudar de função, pois o reloquei para o meu novo restaurante.

― Seu? ― Ele pareceu mais assustado com a ideia de Pedro ser o dono do que o fato de haver outro restaurante.

― Sim, o meu restaurante.

― Mas... Mas... Isso é injusto! Eu estou aqui há muito mais tempo que ele, eu quem deveria ir para o novo restaurante! Você deve estar comendo esse viado também, só pode! ― Ele grita, fazendo Renato se encolher ainda mais.

― Primeiro. Não grite comigo. ― Pedro aumenta o tom da sua voz ao se aproximar de Rafael. ― Segundo. Você não deve ou deixa de dever nada, o restaurante é meu e eu faço o que eu quiser. ― Ele encara o rapaz com fúria nos olhos. ― Se eu estou envolvido ou não com um de meus funcionários o problema é meu, e isso nunca interferiria em uma decisão importante em relação ao restaurante, e por último, me trate com respeito ou te coloco no olho da rua, sem direito a nada, me ouviu? ― Ele estava quase colocado em Rafael, que não respondeu. ― Ouviu Rafael?

― Sim senhor... ― Ele abaixa a cabeça.

― E se eu ficar sabendo de mais uma piadinha a respeito de qualquer coisa aqui dentro, eu te coloca na rua. Fui claro?

― Sim...

― E espalhe isso para as cozinheiras. Não gosto de fofoca. Entendeu?

― Sim.

― Agora some daqui.

Depois que Rafael foi embora, Renato olhou para Pedro, e em silêncio, prestou seus agradecimentos ao homem, que apenas sorriu para ele e voltou para a sua sala, como se nada tivesse acontecido.

Quando o jovem rapaz voltou a desempenhar suas funções, notou que os olhares para ele continuavam, mas dessa vez não eram seguidos de piadinhas, e sim de ódio e inveja, e ele preferiu que o odiasse a que ter sua vida na boca daquelas pessoas que nunca viram o seu valor ali dentro.

O tempo foi passando, assim como a noite, que começou a chegar aos poucos, até escurecer todos os pontos da cidade, que agora eram iluminados por luzes incandescentes, que brilhavam de longe.

Dentro do restaurante, tudo continuava o mesmo. Todo aquele clima hostil para com o jovem continuava, e ainda pior. Renato conseguia sentir os olhos de Rafael queimando de puro ódio e inveja. Ele sabia que aquele cara era cheio de preconceitos, mas nunca o viu tão transtornado a ponto de nem conseguir fazer o seu trabalho com competência.

Quando os ponteiros do relógio de prata marcaram as nove, Renato ficou com todo o trabalho de Rafael, que foi fazer o seu intervalo de meia hora, onde comeria alguma coisa e provavelmente fumaria do lado de fora do restaurante, coisa que Renato observou o rapaz fazer várias vezes, já que era ele o responsável por cobrir as mesas do homem de cabeça raspada quando chegava sua hora, assim como Rafael era obrigado a fazer o mesmo por Renato, por volta das onze da noite, ou durante o período da tarde, quando trabalhavam juntos.

Meia hora depois, quando Rafael volta, Renato é chamado até a sala de Pedro, e a passos lentos, vai até lá, batendo na porta e entrando.

― Oi... ― Renato diz ao se sentar.

― Então, eu te chamei aqui para lhe avisar que a data de estreia do restaurante sofreu uma pequena alteração.

― Está atrasada?

― Não, adiantada. Resolvi inaugurar semana que vem. Eu pensei que ficaria tudo pronto na próxima semana, me deixando a cargo das finalizações depois, mas meu arquiteto acabou de me ligar e me comunicar da finalização do protejo. ― Ele parecia muito feliz e orgulhoso naquele momento.

― Meus parabéns. ― Renato sorri de volta.

― Obrigado. ― Pedro também sorri. ― Isso quer dizer que você já começa já na segunda.

― É em cima da hora... ― Renato tinha medo de falhar.

― Não se preocupe, tudo vai dar certo. Amanhã eu te levo para conhecer as instalações e se adaptar com o novo local. Preciso que você decore todos os pratos do cardápio e o nome dos funcionários... ― Pedro sentia por estar fazendo aquilo, mas não tinha outro jeito.

― Nossa... ― Renato estava começando a ficar apavorado.

― Se acalme, eu prometo que vai dar tudo certo. Eu vou passar o dia inteiro com você amanhã, assim como a minha esposa. Vamos cuidar para que tudo corra bem. ― Renato não fazia ideia de que ele era casado, e foi só ouvir as palavras de sua boca para ele finalmente notar a aliança no dedo de Pedro.

― Tudo bem...

― Eu preciso que me passe seu endereço. Eu te pego as sete.

― Eu posso ir de ônibus... ― Renato não queria que ninguém soubesse onde morava. Não por sua casa ser feia, muito pelo contrário, mas ele não queria ninguém que o conhecesse rondasse por ali e ficasse sabendo pelos vizinhos o que acontece na casa.

― Anota aqui pra mim. ― Pedro joga uma caderneta nas mãos de Renato, que não viu outra alternativa a não ser anotar.

― Pronto... ― Ele entregou para o homem.

― Ótimo, agora pode ir, está dispensado.

― Dispensado?

― Sim, e eu preciso que você vá para casa e durma, bem de preferência.

― Eu não sei se vou conseguir... ― Renato lamenta.

― Aqui, tome assim que entrar no ônibus. Faz efeito em uma hora. ― Ele diz ao abrir a gaveta e tirar uma pequena cartela de comprimidos, a entregando para Renato.

― Obrigado. ― Renato se levanta.

― As oito, não se esqueça.

― Tudo bem.

Depois que saiu da sala, Renato foi diretamente para o banheiro trocar de roupa, e sem seguida, deixar seu uniforme no armário. Quando fez isso, seguiu para a cozinha, só que a porta estava trancada. Ele então foi até a parte lateral, onde os garçons pegavam os pratos e deu de cara com Rafael, que o olhou com cara de poucos amigos.

― É isso que dá dar para o dono do restaurante, promoção, sair cedo... ― Ele e as outras cozinheiras começam a rir.

― Eu só quero tomar um copo de água... ― Renato diz.

― Não deixa ele entrar não Rafael, vai contaminar a cozinha! ― Uma mulher grita ao fundo, arrancando risos.

― Não Carla, não podemos deixar a bichinha do chefe com cede. Ele vai dedurar a gente, e vamos ser demitidos... ― Ele faz biquinho e cai na gargalhada. ― Fica quieto aí que eu vou pegar.

Rafael sai do campo de visão de Renato e demora cerca de cinco minutos para voltar, deixando o garoto plantando ali. Ele bem que poderia simplesmente ir embora, mas não havia tomado água o dia inteiro, deixando sua garganta extremamente seca. Quando Rafael volta, entrega o copo para Renato.

― Está sujo de leite... ― Renato diz ao notar o fundo branco no copo.

― Está? ― Rafael se assusta com o que Renato diz, como se tivesse alguma coisa a ver com aquilo.

― Sim... ― Renato olha para ele, que lhe encara com ódio.

― Pois vai ser esse. Não sou seu escravo. ― Ele fala.

Depois que Renato, infelizmente, toma o copo de água, ele o coloca no balcão e abandona o lugar, deixando Rafael com um olhar estranho, enquanto as outras cozinheiras nem prestavam mais atenção.

Ele então saiu do restaurante, feliz e cauteloso ao mesmo tempo. Parte dele estava extremamente contente por começar uma nova etapa no emprego, mas essa mesma parte estava preocupada se daria conta ou não. O outro lado pensava no perigo que a atual noite estava guardando para todos, que caminhavam pelas ruas olhando para os lados. Eles não deveriam estar ali devido ao aviso da policia, mas Renato sabia que muitas pessoas trabalhavam nesse horário e tinham que permanecer, então ficou mais tranquilo quando viu que a rua ainda tinha gente.

Quando ele chegava na pracinha, ainda perto de uma enorme árvore, Renato sentiu uma fincada no coração, mas voltou a caminhar cinco segundos depois, quando ela passou. Observando algumas pessoas ao longe em sua frente, ele sentiu outra fincada, ainda mais forte, o fazendo gemer de dor, e apesar de haver cerca de cinco pessoas em volta, ninguém prestou atenção nele.

Renato tentou dar mais um passo, só que a dor foi tão intensa que ele foi de joelhos ao chão. Sua voz não saia mais, e seu peito doía, como se tivesse levado uma flechada. Ele não entendia o que estava acontecendo. Ele nunca sentira tamanha dor em toda a sua vida, dor que só aumentava de intensidade até que ele se deita no chão, chorando, clamando por socorro silenciosamente, e a medida que seus ouvidos pararam de escutar tudo ao seu redor, suas vistas escureceram, lhe fazendo cair num profundo sono, sono que anulou por completo seus sinais vitais.

Comentários

Há 2 comentários.

Por diegocampos em 2016-03-10 00:58:44
Espero que ele não fiquei três dias desmaiado de novo kkk logo agora que ele conseguiu uma boa oportunidade de emprego. Esse Rafael e um idiota e gostei muito da atitude do Pedro. Ansioso para o próximo
Por Nando martinez em 2016-03-09 21:19:01
Morreu de novo? Kkkkk e tipo ressuscita mais que goku! Ta tudo bem ,vamos dizer que tem um poder mágico ou poder sobrenatural kkkk