DESPEDIDA DE SOLTEIRO – Capítulo Dez – Encarando tudo por amor

Parte da série DESPEDIDA DE SOLTEIRO

Meu Destino.

Nas palmas de tuas mãos

leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,

interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –

íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos

Passavas com o fardo da vida...

Corri ao teu encontro.

Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado

com a pedra branca da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos

juntos pela vida...

Cora Coralina

Narrado por Fernando

Saí correndo pegando um táxi, Cris foi em sua moto pra faculdade, eu lembrava de toda nossa história, desde a despedida de solteiro, falei ao motorista o destino que eu queria, esbocei um sorriso nervoso, com as mãos suadas e trêmulas, pensando comigo mesmo “é hoje Fernando, é hoje que finalmente você dará um rumo diferente em sua vida”.

Durante o percurso eu ouvia a música do Jota Quest chamada “O que eu também não entendo”, caia como uma luva pra mim e Cristiano. Somos feitos um para o outro, perfeitos em nossas imperfeições. Lembrei dele com ciúmes do amigo, esbocei um sorriso, achei bonitinho isso, embora me fervia de raiva o atrevimento do João. Depois de uns 20 minutos cheguei ao destino esperado, sim, minha casa. Iria finalmente encarar Sabrina.

Subi imediatamente e quando adentro no apartamento ela me olhou com cara de espanto, correu e me abraçou, tentando me beijar e já dizendo “amor, que bom que você está bem! Eu estava tão preocupada com você; saíste daquele jeito transtornado; eu liguei pro teu celular centenas de vezes e só dava fora de área, liguei pros teus amigos e família e ninguém sabia nade de ti, cheguei até a ligar para a polícia de tão ansiosa que eu estava”. Falei com seriedade “como você vê, eu estou ótimo”. Ela continuou “Aonde você estava? Eu nem fui pra faculdade de tão preocupada que eu estava, já ia acionar a polícia”.

Já fui me dirigindo ao quarto e abrindo o guarda-roupas, ela me seguindo, enquanto discutíamos.

“Sabrina, só vim pegar algumas coisas minhas e meu carro, tô indo embora de vez”.

“O que, você tá louco é Nando? Tá indo embora só por causa de uma discussãozinha?”

“Discussãozinha?”Sabrina se toca, falamos barbaridades um pro outro, nos ofendemos e além disso pensei muito e cheguei a conclusão de que o nosso casamento foi um erro. Casamos por puro egoísmo, eu pra querer ter um filho e você por dinheiro”. Ela foi aumentando o tom de voz.

“Você tá com alguém não é? Quem é a vagabunda da vez?”.

“Eu estou apaixonado por outra pessoa sim, mas não é nenhuma vagabunda, não. É uma pessoa muito especial, a melhor que eu já conheci”.

“Duvido que ela seja bonita como eu sou”. Ela tem dinheiro é isso?”

“Sabrina, pra seu governo essa pessoa é tão ou mais bonita que você, só tem um detalhe, em termos de caráter ela coloca você e eu no bolso, nós dois juntos nem chegamos aos pés dela”. Ela correu e avanço em minha direção.

“Seu desgraçado. Você vai me trocar por outra? E nosso filho? O filho que planejamos juntos?”.

Segurei em seus punhos e revidei “o filho que eu planejei e que você me enganou me dizendo que também queria ter. Eu quero ter um filho sim, mas agora é com a pessoa que eu realmente amo e não tenta querer me agredir de novo, senão eu esqueço que você é mulher e te meto a mão na cara”.

“Desgraçado, cretino, você vai ser corno com ela. Ela vai te fazer de gato e sapato, você vai se arrepender”. Falou chorando e sentando na cama.

“Sabrina eu não vim aqui brigar com você por que isso não leva a nada. Quero terminar essa história da melhor maneira possível. Eu sei que eu errei também, peço perdão por isso, não devia ter casado com você por uma obsessão de ter um filho, sei que fui um idiota, um egoísta, mas agora eu não quero mais continuar nesse erro”.

“Mas Nando meu amor, eu posso te dar esse filho, eu quero engravidar amor, vamos resolver isso juntos, sei que essa aventura é passageira, mas nosso casamento é pra sempre, faz amor comigo agora, eu ainda estou no meu período fértil, quero te dar esse filho, eu te amo”. Ela falou já se aproximando e tentando me abraçar e me beijar.

Fui me esquivando e dizendo “sinto muito. Nosso casamento foi um erro, ainda podemos ser felizes, mas não juntos”. Peguei a chave do meu carro e uma mochila com roupas e fui saindo. Ela pulou novamente em cima de mim.

“Você não vai sair assim. Tá pensando o que? Que vai me descartar da tua vida como um nada? Vou levar metade do que você tem, sabia?”.

Segurei novamente em seus braços e disse “Pra quem faz faculdade de direito você está muito mal informada e leu muito mal nosso contrato de casamento. Em três meses de casados não construímos nada juntos e casamos com separação de bens, exigência do seu pai, lembra? O máximo que posso fazer por você é dar algum imóvel e pagar uma pensãozinha por um tempo e é bom você voltar pra casa dos teus pais, já que você não conseguirá manter esse padrão de vida que eu te dou. Game Over minha cara, não foi assim que você disse? Nos encontraremos nos tribunais”. Joguei-a em cima da cama e saí.

Ela saiu gritando pelo prédio “Fernando seu desgraçado, você vai se arrepender, não vou deixar você em paz nunca, você vai ficar na miséria, vou transformar tua vida num inferno a tua e da tua vadia, eu te odeio”.

Eu não tinha visto, mas na briga o bilhete que estava em meu bolso caiu. Quando Sabrina voltou em prantos juntou e leu “Nando meu amor, nunca ninguém me fez tão feliz em toda a minha vida. Você é meu ar, meu sol, meu tudo. Sei que nos conhecemos em sua despedida de solteiro na qual eu fiz um programa com você, desde aquele dia minha vida mudou, meu coração mudou, não quero mais essa vida pra mim, quero ser tua companhia e teu amor pra vida toda. Te amo muito. PS. Tem café prontinho e delicioso feito especialmente para você amor. Volto logo. As. Cris”.

Ela deu um sorriso cruel e disse “Cris, sua vagabunda, você pensa que vai ficar com meu homem e meu dinheiro, mas se prepara, eu vou acabar com você, vou te esmagar como uma barata, você vai conhecer quem é Sabrina Helena Tupinambá Villaverde”.

Peguei meu carro e saí em disparada. A pior parte já fora feita, mas isso não quer dizer que as outras seriam fáceis. Estava com um nó na garganta e o peito apertado, como se tivesse perdido um ente querido, uma sensação de perda enorme. No fundo gostava de Sabrina, queria que nosso casamento tivesse dado certo e não queria tê-la feito sofrer daquele jeito, mas a separação era inevitável, se não fosse agora, seria depois, melhor logo, pra gente refazer nossas vidas.

Fui direto pra empresa. Glauber e Thiago estavam apreensivos com minha demora. Fizeram mil perguntas e eu prometi pra eles que responderia a tudo. Disse que queria almoçar com eles e contar uma decisão minha, que aquela hora hora não dava pra eu falar por que estava com muito serviço acumulado. Eles compreenderam e marcamos de almoçar juntos às 13 horas, num restaurante próximo do nosso trabalho. Sentia que eles estavam preocupados, mas cada um foi cuidar de seus afazeres.

Na hora marcada fomos almoçar. Começamos falar amenidades, eu estava tentando achar coragem, até que comecei.

“Meninos vocês sabem o quanto eu gosto de vocês. Estamos juntos desde a faculdade e hoje somos homens feitos e grandes empresários. Agora eu preciso muito da amizade e compreensão de ambos.”

“Claro Nando, você é nosso irmão cara, o que tá pegando? Só não me diz que você vai nos deixar?” Falou Glauber.

“É amigo, estamos preocupados com você, sabemos que você está em crise no teu casamento, a Sabrina passou o final de semana ligando pra gente. Tentamos entrar em contato contigo mas teu celular estava desligado” falou Thiago.

“Pois é amigos, eu tomei uma importante decisão. Eu me separei da Sabrina. Nosso casamento foi um erro, foi puro egoísmo de ambas as partes, achei melhor dar logo um basta pra gente refazer nossas vidas”.

“Mas Nando, nenhuma tentativa amigo? Vocês só têm meses de casados. Casamento é crise mesmo” falou Thiago.

“Não cara, não quero mais continuar no erro. Errar é humano, mas permanecer nele é burrice, entende?”

“Entendemos sim cara. Né thiago? Pode contar com a gente Nando, somos teus irmãos” disse Glauber.

“Bem, mas isso não é tudo rapazes. Aí vem a parte mais difícil. Eu estou completamente apaixonado por outra pessoa e já vou assumir isso pra todo mundo, pra vocês dois, pra família e pra toda a sociedade”.

“Caramba, você é rápido demais Nando. Dá um tempo pelo menos pra gente se acostumar com a nossa próxima cunhada, cara” Thiago falou em tom de brincadeira.

“E quem é a sortuda? Podemos saber? Ou vai ser mais uma na lista de paixões do Nando Dom Juan? Será que esse amor é verdadeiro mesmo?” em ritmo de gracinha falou Glauber.

“Meninos o que eu sinto por essa pessoa eu nunca senti por ninguém. Eu quero estar sempre junto, sou feliz, sou eu mesmo, me sinto completo e quando eu transo eu vou ao céu. É a pessoa da minha vida, eu penso 24 horas por dia, quero ser feliz ao lado dela”.

“Eita, que mulher maravilhosa é essa? Nós a conhecemos? Agora tô curioso” disparou Thiago.

“Aí é que tá, vocês já devem ter visto. Por isso preciso da amizade e compreensão de vocês. Não é uma mulher, é um rapaz”.

Glauber estava tomando um suco e cuspiu tudo. Thiago estava comendo e se engasgou. Seria cômico, se não fosse trágico. Os dois falaram juntos “o que?”.

“Isso mesmo que vocês ouviram amigos, eu estou amando loucamente um homem chamado Cristiano. Ele tem 22 anos, faz faculdade e é a melhor pessoa que eu já conheci nessa vida. Ele me faz feliz, me completa como gente e num futuro bem próximo quero casar com ele.” Falei em disparada.

O silêncio se instaurou sobre a mesa. Eu confesso que tremia, minhas mãos suavam, a adrenalina batia em mim. Até que Glauber foi quebrando o gelo.

Hahahahahahahah! Fernando porra isso não é hora pra brincadeira meu, fala sério!

“Eu quase acreditei, caralho” falou Thiago.

Eu olhei sério para ambos e disse “Mas eu estou falando sério, aliás, nunca falei tão sério em toda a minha vida e queria que vocês dois fossem as primeiras pessoas a saberem da minha decisão. E é isso mesmo, se amar um outro homem torna a gente gay, então eu sou gay”.

“Bicho tu tá ficando louco? Cadê o Fernando garanhão e pegador de mulher que a gente conhece? Você joga futebol, gosta de pescaria, de sinuca, pratica box. De todos nós você é o mais macho cara! Você não deve estar bem da cabeça” disse Thiago com um olhar incrédulo.

“Nando na boa irmãozinho, você deve estar confuso, faz uma viagem, contrata um psicólogo, tira umas férias com a Sabrina, eu e Thiago seguramos a construtora por uns tempos, você não está bem não amigo”. Falou Glauber.

“Eu não preciso de férias, nem de psicólogo. Tirando ficar com mulher, eu vou continuar gostando de pescaria, futebol e sinuca. Sou o mesmo Fernando, a única diferença é que eu to amando um homem, só isso. E mais uma coisa, eu não estou pedindo a opinião de vocês e nem busca de uma solução. Só pensei que vocês seriam meus amigos o suficiente pra me respeitarem” falei já me levantando da mesa.

Thiago me segurou e disse “vai não Nando, a gente precisa conversar cara, a gente não tem nada com tua vida particular, só estamos surpresos brother”.

“Pow amigo desculpa nossa reação, foi mal, mas eu não esperava isso. Já pensei que tinha visto de tudo nessa vida, mas essa tua revelação realmente me deixou de queixo caído.“

“Eu já vi que vocês não estão entendendo né? Pra ficar com ele eu faço qualquer coisa, até rompo minha amizade com vocês e largo a construtora. Eu deixo de falar com quem quer que seja. Só ele é que me importa e quer saber, eu daria minha vida por ele, pra viver esse amor, to até abrindo mão do sonho da minha vida, que é ter um filho biológico”.

“Nando, calma cara, somos amigos e irmãos, só dá um tempo pra gente se adaptar a essa novidade” falou Thiago.

“É Nandão, só dá um tempo pra gente assimilar essa coisa na nossa cabeça. Agora quanto à empresa, você é o sócio majoritário cara, você é a alma da Construtora Villaverde, foi por causa da tua garra que chegamos onde estamos. Nada vai mudar isso”.

E a conversa foi se prolongando, de maneira não muito fácil. Senti que tinha mesmo que dar um tempo pros meus amigos, mas sinceramente estava aliviado, não queria ficar me escondendo, não era nenhum criminoso e nem estava fazendo nada errado. Contei toda a história a eles e como estava me sentindo. Eles perguntavam e eu respondia. Resolvi encarar de frente e foi uma das melhores coisas que eu fiz. Num clima meio tenso voltamos a trabalhar, cada um no seu ramo.

Depois do expediente ainda fui fazer minha terceira empreitada, ou seja, falar com meu tio Olavo. Ele estava dando plantão no Hospital Getúlio Vargas. Combinei no seu intervalo e ele me chamou numa sala onde os médicos descansam e que é bem reservada.

“Filho, eu estava preocupado contigo. Tua mulher disse que você estava desaparecido, tentei te ligar e só dava fora de área. Quando você tiver algum problema me procura por favor”.

“Eu sei tio, desculpa não ter te avisado que eu estava bem, mas é que eu precisava realmente desse tempo, desculpa mesmo”.

“Que é isso Nando, o importante é que você está bem filho”. Falou me dando um forte abraço.

“Tio, eu preciso falar algo muito sério com o senhor. Eu te amo muito, mais até que o meu pai e preciso comunicar uma decisão minha”.

“Claro filho, sou todo ouvidos, você sabe que sempre pode contar comigo. Seja o que for eu te apoiarei. Tenho uma dívida com você Nando e eu não vou poder pagar nunca”.

“Não seu Olavo, ao contrário, eu é que devo minha vida ao senhor”.

“Você não sabe da missa metade Nando. Eu fui um fraco, fiz o que teu pai queria e deixei você passar privações quando muito jovem e disso eu me arrependo amargamente. Seu pai me convenceu a não te dar dinheiro, dizia que queria forjar teu caráter, que você precisava ser um homem forte e conquistar sua vida, resumindo, você sempre foi sacrificado, enquanto os outros da família viviam no luxo. Agora eu entendo que isso não era pra forjar tua personalidade não filho, era pura crueldade mesmo. Você me perdoa?”.

Dei um beijo em seu rosto e falei “claro tio, eu te perdoo, mas nem precisa me pedir perdão, você sempre me deu carinho e atenção e isso foi a melhor parte”.

“É, mas eu não estava na tua formatura filho, todos estávamos viajando e teu pai não veio, teu paraninfo foi um professor, um estranho. Meu Deus que vergonha Nando! Eu nunca vou me perdoar por tudo o que eu fiz você passar”.

“Que é isso tio? Tá tudo bem. Não vim falar sobre o passado, vim falar sobre o presente”.

“Claro filho, pode me falar”.

“Hoje eu me separei da Sabrina e não tem mais volta. Sei que estou casado há poucos meses, mas tempo suficiente para ver que foi um equívoco enorme esse casamento”.

“Essa decisão tem que ver com um certo rapaz bronzeado, de cabelos cor de mel e belíssimo que foi a teu casamento?”

Fiquei chocado com o que ouvi do tio Olavo, arregalei o olho e disse. “Sim tio, como o senhor sabe disso? O Thiago e o Glauber já falaram alguma coisa pro senhor?”.

“Não Fernando, calma filho, não estou te julgando, mas a verdade é que desconfiei disso no dia do teu casamento. Eu fui o único que viu vocês dois entrarem naquela saleta destinado aos noivos. Vi você entrando e ele indo atrás, depois você saindo e ele te seguindo. Percebi teu sorriso de felicidade e teu olhar pra ele e ele pra ti, pura cumplicidade entre vocês.” Falou sorrindo e continuou.

“Percebi que ali estava nascendo uma grande paixão e era só uma questão de tempo pra vocês se reencontrarem e se entenderem”.

“Tio, eu vim aqui lhe contar uma bomba e o senhor é que tá me surpreendendo?!”

“Lembra do que eu te falei no dia do teu casamento? Pois bem, eu vou repetir: filho, casamento é uma sorte, a vida não se encerra nele, eu quero que você saiba que eu te apoiarei sempre e em qualquer situação. Você é meu filho e nunca esqueça disso e ser pai não é tudo Fernando, o importante é ser feliz, viemos a esse mundo pra sermos felizes”.

Caramba, comecei a chorar abraçado a meu tio/pai. “Eu te amo muito seu Olavo Villaverde. Obrigado por tudo.”

“Eu amo você mais que a meus filhos biológicos Nando e pode contar sempre comigo. Esse rapaz deve ser especial mesmo, pra despertar tanto amor em você. Você não precisa contar mais nada tá, fica tranquilo que eu vou estar junto contigo nessa. Ah, em breve quero conhecê-lo.”

A conversa com Tio Olavo me fez muito bem. Acabei contando tudo o que rolou, claro, poupando-lhe dos detalhes sórdidos. Minha cabeça estava aliviada. Ele ainda prometeu conversar com tia Jurema com jeito pra ele não ficar muito chocada. Meu tio tirou um piano das minhas costas e vi como é bom ser amado. Mas passava sempre em minha cabeça por que ele dizia que tinha dívida comigo e por que meu pai não gostava de mim. Bem isso na hora era o que menos interessava, o importante é que ele tinha me acolhido e isso seria fundamental pra minha quarta empreitada.

Fui direto para o apartamento de Cristiano, de mala e cuia, como dizem meus conterrâneos. Claro, ele já estava lá e estudando. Quando me viu entrar deu aquele belo sorriso e falou “boa noite meu porô”. Respondi “boa noite meu ninfeto”, já o puxando e dando um beijo que só os apaixonados sabem dar. “Tenho uma grande notícia pra te dar”. Fiquei curioso e perguntei “opa, que coisa legal será? Pela tua cara deve ser bacana”. Ele fez que sim com a cabeça “hoje à tarde fui a uma entrevista de emprego indicado por Jojô e olha só. Você está falando com o melhor recepcionista do Hotel Manauense. Passei na entrevista, só vou fazer alguns exames admissionais e começo essa semana ainda. Tenho que te contar, eu parei há algum tempo de fazer programa, amor”. Eu o rodei como uma criança e disparei “eu já sabia disso, eu procurei o andrew, esqueceu? Isso é uma maravilha amor, temos muito o que comemorar hoje, pois também tenho uma novidade pra te contar”. Ficamos namorando um pouquinho e fomos nos arrumar, mas claro, antes fizemos amor, do jeito que só nós sabíamos fazer e merecíamos.

O levei num restaurante chamado Adega, na estrada do turismo. Tinha um cenário espetacular, pois sua arquitetura é de um castelo medieval, com uma decoração bucólica. Pedi pra Cristiano fechar os olhos e o conduzi. Ele estava ansioso. Todo minuto perguntava se poderia abrir os olhos. Eu disse “olha amor, o lugar que eu estou te levando é especial e não quero ouvir você falar de preço, quero dar tudo o que você merce, portanto, bico fechado pra falar de gasto”. Ele concordou e disse que aceitava só por que era uma data especial.

Quando chegamos, ele foi conduzido por mim até a frente do castelo, então pedi pra ele abrir os olhos. Ele ficou arregalado e soltou um “uau, esse lugar é lindo amor”. “Você ainda não viu nada meu príncipe”, falei segurando em sua mão e entrando no restaurante. Cris estava impressionado, pois a decoração remonta aos séculos passados da Europa Italiana, tendo um telão só com ópera e música clássica (com vídeo). Fiquei muito feliz, pois Cristiano estava realmente encantado, ponto pra mim, rs. Isso me ajudaria a fazer com que ele aceitasse meu pedido.

Subimos para o andar de cima, um mezanino que ficava de frente pro telão. O garçom trouxe o cardápio e eu pedi a ele privacidade, ele colocou próximo da gente uma espécie de parede de proteção (é claro que ele sacou na hora que aquilo era um jantar romântico) e foi bastante discreto e solícito. Felizmente o lugar tinha poucas pessoas e os que estava lá queriam mesmo era privacidade. O clima era de romantismo geral e percebi que não tinha só nós de casal gay, vi um casal de mulheres e outros de dois homens bem mais velhos. Muitos héteros também, mas que estavam pouco se importando com a vida dos outros. Pedi um vinho espetacular da safra de 1956. Brindamos pelo nosso amor, nossa amizade e pelo emprego novo do meu amado. Ele era todo sorrisos, parecia uma criança, quis falar do preço mais eu dei logo uma bronca nele, rs, e ele recuou. Jantamos uma comida italiana chamada “massa com queijo cambert assado” e outros pratos finos e sobremesa. Conversamos muito até que finalmente tomei coragem.

“Bem amor, eu trouxa para você três presentes, sinal da completude do que sinto por ti.

Presente número 1 - cd de músicas românticas chamado “o melhor do mundo” com as melhores músicas de todos os tempos; ele pegou o disco e ficou encantado lendo, falou que conhecia algumas; presente número 2 um cordão de ouro com uma medalha em forma de coração em que no meio estavam as iniciais CF (Cristiano e Fernando), coloquei em seu pescoço e ele começou a chorar (confesso que também comecei a lagrimar de tanta emoção) e eu sorri.”

“Preparado para o terceiro presente?”. Ele fez que sim com a cabeça e eu tirei do bolso duas alianças de prata, com pedras vermelhas (sua cor favorita por ser torcedor do Boi Garantido, de Parintins). “Cris, esse presente é pra nós dois”. Mergulhei as duas alianças na taça de vinho, as tirei, as beijei, coloquei uma em minha boca e outra em sua boca, pra gente saborear o vinho. Dei um beijo demorado e molhado nele, pois suas lágrimas não paravam de sair.

Olhei fundo nos seus olhos, peguei sua mão e fui colocando a aliança enquanto dizia “Cristiano Buzaglo, eu Fernando Alberto Villaverde, estou te pedindo oficialmente em namoro, quero você na minha vida, aceita ser meu companheiro? Aceita compartilhar a vida comigo? E em breve ser meu marido?”...

Continua….

Gente querida, mais um capítulo dedicado a todos e todas. Esse ficou realmente grande e sem sexo, mas importante pra continuidade ao Romance. Foi um dos episódios que eu mais gostei de escrever e espero que gostem também. Agora é que a história vai começar a esquentar e muita coisa vai acontecer. Estamos exatamente na metade da caminho. Shot e Sonhadora, valeu pelo carinho amados. Wanderrr estou com saudades amigo. Sintam-se todos prestigiados, pois eu escrevo para todos. Beijos e fiquem com Deus.

Comentários

Há 2 comentários.

Por em 2013-04-04 23:33:54
tudo d bom,é excelente. parabéns
Por em 2013-04-04 22:25:53
maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais , está tudo lindo *-*