DESPEDIDA DE SOLTEIRO CAPÍTULO 7 – UMA RAZÃO PARA VIVER

Parte da série DESPEDIDA DE SOLTEIRO

Narrado por Cristiano

“Nando, o que foi meu amor? O que aconteceu? Por que você está chorando minha vida?” Falei segurando em seus braços e o levantando”.

“Cris meu amor, é você? Eu te amo tanto! Me abraça por favor”. Dei um abraço tão forte que cheguei a ficar com dor nos músculos. Fui beijando seu pescoço e seu rosto, dando todo o carinho que tinha guardado em mim só pra ele. Ainda bem que tinha poucas pessoas por lá.

“Que foi meu anjo? O que você tem?” Minhas lágrimas também já escorriam.

“Eu sou um desgraçado Cris. Por que tudo tem que ser tão difícil pra mim? Eu acho que já deveria ter ido embora desse mundo”.

“Shiiiiiiiiii. Pára com isso. Deixa de falar bobagem meu príncipe, se você morrer eu morro também” disse com toda a sinceridade que eu tinha em meu peito e olhando em seus olhos. “eu estou aqui com você AMOR e hoje você vem comigo, hoje eu é que vou cuidar de ti. Você é meu e eu sou teu”.

“Hoje eu vou cuidar de você, por que você é a razão da minha vida. Eu te amo Nando” E taquei-lhe um beijo em sua boca.

“Você é doido, sabia? Mas eu te adoro”. Falou rindo e chorando ao mesmo tempo. “Sou louco mas é por você isso sim” disse com um sorriso. Sentamos no banco e fomos conversando. Fui tentando aliviar sua dor com minha presença. Saí rapidamente para comprar água de coco e dei pra ele. Dividimos a água. Queria deixá-lo bem à vontade e ele foi me contando o que aconteceu pra ele está assim desesperado. Ouvi atentamente e compreendi que ele tinha razão sim de estar daquele jeito.

Narração de Fernando

Eu acabei ficando 20 dias em Boa Vista. As obras estavam atrasadas e eu tive que viabilizar muita coisa que estava emperrando a construção do empreendimento. A saudade de Cris e a ansiedade de fazer Sabrina engravidar não saiam da minha cabeça. Esses dias eu resolvi focar no trabalho e eu e minha esposa nos falávamos todos os dias, parecia que a distância nos aproximava. Eu não falava com Cris e não tinha a mínima ideia de onde encontrá-lo, até o procurei no facebook mas não obtive sucesso. Também me comunicava diretamente com Jojô e meus sócios. Foi pelo Jô que eu soube notícias de Cristiano e ele disse que a aproximação entre eles era grande e que em breve teria algo a me dizer.

Pois bem, cheguei em Manaus e muito trabalho acumulado me esperava. Quase não tinha tempo pra nada. Liguei para a agência Zênite e o agenciador disse que Cristiano estava ausente da cidade, me oferecendo outro garoto, que segundo ele era tão bom quanto Andrew. Recusei, pois outro homem não chamava minha atenção. Disse que ligaria depois de uns dias.

Jonas tinha viajado para um congresso de publicidade e ficaria duas semanas fora. Eu e Sabrina voltamos a nos aproximar. Transávamos todos os dias e eu estava feliz por ela não estar mais tomando anticoncepcional. Finalmente em minha cabeça ela engravidaria. Ela estava realmente mais dócil e eu juro que pensei que finalmente seríamos uma família. A paixão por Cris foi aos poucos sendo substituída pelo seguro familiar.

Na metade de julho de 2009 tia Jurema fez um jantar de aniversário de Tio Olavo, ele estava completando 52 anos. Meus primos, João Carlos e Vicente, com suas respectivas esposas e filhos estavam presentes. Meu tio sendo um médico renomado e bem quisto tinha muitos amigos e alguns compareceram ao jantar. Tudo estava muito bem, até meu pai chegar, acompanhado de uma morena linda e bem jovem. Houve discurso e tudo, num clima até bem legal, mas em um dado momento tudo foi mudando quando meu pai me encheu de perguntas.

“E então Fernando Alberto, como está indo seu casamento? E meu neto quando chega ou vai me dizer que você não sabe fazer filho?”.

“Seu Horácio Alberto eu estou casado há dois meses e você já quer que eu seja pai? “

“Já era tempo suficiente pra essa aí ter engravidado”.

“Vamos parar com isso? Hoje é meu aniversário”. Falou tio Olavo.

“Pois eu quero conversar a sós com meu filho. Venha comigo Fernando”. Falou se levantando da mesa. Eu prontamente o acompanhei, sendo seguido por Tio Olavo, Sabrina e João. Tia Jurema e Vicente ficaram tentando contornar a situação com os que estavam presentes na festa, pois o clima era tenso e constrangedor.

“Eu disse que queria falar a sós com meu filho”. Ele gritava.

“Seu Horácio Alberto VillaVerde, não há nada que minha família também não possa ouvir”. Falei com segurança.

“Pois bem, que seja. Vou direto ao ponto. Quero que você assuma meus negócios. Estou me sentindo cansado e exijo que você me ajude e quero um neto logo. Chega de você ficar brincando de construir prédio e você deveria ter se casado com uma mulher mais competente.”.

“Pai eu não posso fazer isso. Eu tenho meu trabalho esqueceu? Já faz 15 anos que eu não sei nada sobre a fazenda e a construtora toma muito meu tempo, eu não teria nem conciliar e por favor não fale com esse tom da minha mulher”.

“Você sempre foi um ingrato mesmo não é Fernando? Depois de tudo o que eu fiz por você, é assim que você me trata? Se não fosse por mim você era ...”

“Chega!!!!!!!!!” Gritou tio Olavo. “Você está ficando louco é Alberto? Para de azucrinar a vida do teu filho. Você não vai abrir a sua boca...”.

“Agora eu quero saber, o que está pegando? Há algo na minha história que eu não sei?”.

“A única coisa que você deveria entender é que você foi o culpado pela morte da sua mãe, que não era grandes coisas mesmo”.

Parti pra cima dele e meu primo me segurou. “Velho maldito, lava essa boca imunda pra falar da minha mãe”. Falei apontando o dedo em cima dele.

“Satisfeito Olavo? Você conseguiu o que sempre quis, roubar até meu filho de mim. Olha os olhos dele. Esse daí me odeia. Você sempre teve inveja de mim né Olavo? E ainda se diz meu irmão”. Disparava meu pai com ódio.

“ Chega Alberto, deixa a gente em paz. Vai embora por favor”. Falou meu tio suplicando.

“Eu vou, mas essa história não acaba assim”. Meu pai saiu feito uma bala, carregando consigo a moça bonita. O silencio se instalou naquele lugar. O constrangimento de todos era evidente. Ele conseguiu quebrar nossa paz. Eu estava visivelmente arrasado com a atitude de meu pai. Sentia-me ainda mais mal amado e até rejeitado do que antes.

“Tio, o que ele quis dizer me acusando de ingratidão?”.

“Fernando seu pai está nervoso, as coisas na fazenda não estão nada fáceis para ele. Dê um tempo pra ele meu filho”. Falou me abraçando.

“Faz 15 anos que eu estou dando esse tempo meu tio e ele só piora.” Sem clima para continuar ali, peguei Sabrina e saí em disparada para casa. Dormi mal e pouco.

No outro dia eu amanheci um pouco melhor. Não tinha esquecido Cris, mas não sabia mais notícias dele e pensava que ele havia me esquecido. “Esperar o que de um garoto de programa, que ele me ame como se eu fosse único?”, pensava comigo mesmo.

Acordei cedo, pois queria fazer amor. Acordei Sabrina dando muitos beijos em sua nuca. Tínhamos dormido de conchinha. Virei seu cabelo e comecei a passar minha língua por sua orelha. Meu pau já estava durão. Eu a virei de frente e a beijei. Ela estava de camisola preta, com uma calcinha transparente rosa. Sabrina era uma mulher com um corpo maravilhoso: bronzeada, sem pelos, pernas grossas e torneadas, cintura fina e um bumbum divino. Parecia que minha vida hétero estava voltando. Levantei sua camisola e a joguei pra bem longe. Ela tirou minha cueca samba canção e caiu de boca no meu pau. Sugou muito e eu delirava. Ela me jogou na cama e veio cavalgando num golpe certeiro que chegou a apertar meu pau. Ela cavalgava enquanto colocava as mãos em meu peito peludo, apertando o bico. Eu por outro lado colocava as mãos em sua cintura. Ela pareceu que enlouquecida, me beijava e rebolava muito, anunciando um gozo alucinante. Eu também gozei e estava muito feliz. Ela estava em seu período fértil e tinha certeza que se já não estivesse grávida, ficaria naquele momento. Ficamos juntos abraçadinhos e calados por muito tempo. Até que eu disse “vou dar uma corrida na orla. Você vem comigo?”. “Aí amor, não, eu estou com preguiça” falou virando de ladinho. Comecei a me vestir e fui procurar minha carteira numa gaveta, que estava mal fixada no armário. Quando eu vejo um vidro de remédio escondido.

“Que porra é essa Sabrina?”. Gritei quando vi que era um anticoncepcional. Você está tomando remédio pra não engravidar, é isso?”.

“Amor, não é isso. Nem sei como isso foi parar aí”. Falou assustada.

“Sabrina você não está me enganando, né cara? Você sabe que eu não quero que você tome remédio. Fala a verdade, por favor,”.

“Você quer a verdade Fernando? Eu estou tomando remédio sim e vou continuar. Eu não quero ser mãe, não agora. Eu só tenho 24 anos, e ainda faltam três períodos pra eu me formar. Depois disso eu ainda vou estudar pra concurso, quero ser uma juíza, fazer mestrado e doutorado. Você vai ter que esperar eu completar ao menos uns 32 anos pra eu engravidar.”

“Você está louca, é? Eu não quero ser pai aos 35, eu quero ser pai aos 28 anos. Você me enganou, você me disse que assim que casássemos você engravidaria. Por que você fez isso, já que não queria filhos e sabia que eu queria?”

“Fernando eu sou tua mulher, eu não sou uma vaca que dá cria. Você tem que me amar pelo que eu sou e não pelo o que eu possa te dar. Eu nem sei se eu quero ter filhos. Não quero dividir teu amor com nenhuma criança. Você vai ter que aceitar essa situação”.

“Você é muito mentirosa. Dizia que me amava, que queria construir uma família comigo. Que decepção. Você sempre se mostrou tão doce, companheira e compreensível. Sabe o que eu não entendo, por que você casou comigo então?”. Nessa hora eu realmente estava indignado.

“Por três motivos meu amor. Primeiro por que eu gosto de você. Segundo por que você é lindo e eu posso esfregar na cara das minhas amigas que eu consegui ficar com o homem mais bonito dessa maldita cidade. Terceiro por que você é rico e está ficando cada vez mais e a droga da minha família está falida. Se eu falasse que eu não queria ser mãe você nunca que se casaria comigo. Você é obcecado por seu pai”. Sabrina falou transtornada, deixando sua máscara realmente cair.

“Eu não acredito no que eu estou ouvindo. Você é um monstro”.

“Monstro, monstro eu? Meu bem, quer dizer que você pode me usar como uma reprodutora e eu não posso te usar como um troféu? Game over (fim de jogo) meu filho. Agora se você quiser se separar de mim e procurar uma vaca reprodutora, eu levo pelo menos a metade do que você tem”.

“Maldita!!!! Isso não vai ficar assim!!!”. Falei saindo em disparada. Comecei a caminhar pelo calçadão da ponta negra. Lembrei-me dele. “Onde você anda meu amor? Nem você quis saber de mim. Eu sou um fracasso mesmo como homem, como pai, como filho”. Três decepções. Uma em seguida da outra, com meu pai e minha esposa, e ainda sem a presença do cara que eu estava apaixonado.

O dia estava ensolarado e bonito, mas pra mim estava cinza. Continuei caminhando e a tristeza estava me consumindo, até que eu não aguentei, sentei num banco e desabei no choro, coisa que eu só tinha feito quando minha mãe morreu. Eu estava me sentindo acabado, solitário e me considerando um lixo, quando sinto alguém segurando em meu ombro. Quando o vi, uma luz se acendeu. Era ele, meu amor Cristiano.

Continuação da narrativa de Cristiano

Fiquei impressionado com a narrativa de Fernando. Quanto sofrimento para uma pessoa só. A perda da mãe, a indiferença do pai, a decepção no casamento. Até eu o tinha feito sofrer. Quanta decepção. Depois de ouvir atentamente seu desabafo, aos poucos tentava alegrá-lo. Dei um tempo para ele se refazer. Fiquei em silêncio também, mas sempre juntinho dele.

“Nossa, pensei que só era pobre que sofria, mas os ricos também choram”. Falei tentando fazer gracinha.

“Muito engraçadinho você, né Cris? Só você mesmo pra me fazer rir numa hora dessas”, falou com um sorriso no rosto. “Meu Deus, que vergonha, um homem do meu tamanho chorando feito criança pra todo mundo ver na orla da Ponta Negra”, falou colocando as mãos no rosto.

“Isso acontece com os maiores machões, tiozinho”, rebati com bom humor.

“Tiozinho? Você tá louco é? Ainda sou um garotão meu filho, ainda nem cheguei aos 30”.

“Menos meu porô, muito menos. Você já é um senhor. Não fica bem ficar chorando pelo meio da rua”.

“O que é porô?”

“Ai meu Deus!!! Você não entende mesmo o dialeto gay né? Porô quer dizer meu velho, meu coroa”.

“Olha aqui rapaz eu só tenho 27 anos. Nem sou muito mais velho que você”.

“E eu tenho 22, portanto, você é meia década mais velho que eu. Você vai ser meu tiozinho sim”. Falei caindo na gargalhada e conseguindo fazer Nando se espocar de tanto rir. Fiquei feliz por estar conseguindo fazê-lo esquecer daqueles problemas.

“Vem, vamos pra minha casa!!! Falei segurando em seus braços”.

“Vamos sim, mas, calma, vou pegar meu carro”.

“Carro? Nada disso você vai na garupa da minha moto”.

“Ei, eu não ando de moto, é perigoso e o trânsito é violento a essa hora. Eu tendo carro não irei andar nessa coisa”.

“Uhm!!! Tá com medo é tiozinho? Cadê o machão que não tem medo de nada? Um homem desse tamanho com medo de andar de moto, que vergonha”. Falei o puxando e tirando onda com a cara dele. Percebi que ele ria, mas estava realmente com medo. Caminhamos até o estacionamento, colocando o capacete em minha cabeça e dando um pra ele.

“Só você mesmo pra me fazer andar nessa coisa”.

“Hoje você é meu, entendeu? Você não vai ficar pensando em porra de Sabrina, nem no teu pai e muito menos na tua empresa. Vou te sequestrar, vou te levar comigo. Eu tenho uma surpresa pra você. Me dá teu celular”. Ele me deu, eu o desliguei e coloquei no meu bolso.

“Amor, hoje você vai conhecer um pouco mais quem é o Cris. Eu te amo muito Fernando. Aqui quem está com você não é o Andrew, é o Cristiano, isso não é um programa, é um sequestro de amor”. Falei olhando direto em seus olhos e o beijando. Ele apenas fez que sim com a cabeça. Eu rapidamente pensei “obrigado Sabrina, obrigado por ser tão burra, dando de bandeja teu homem pra mim, pode deixar que eu saberei aproveitar bem”. Subimos na moto e dei a partida.

“Preparado tiozinho? Se segura em mim ein” Falei caindo na gargalhada. Ele revidou “oooolha, você está pegando pesado”. “Hahahhahahaha! Você ainda não viu nada amor”, disparei em alta velocidade e gritei feliz da vida “Fernando eu te amooooooooooo. Fernando eu te amoooooooooooo.....”

Continua….

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