Capitulo 6

Conto de Manoel Pedro como (Seguir)

Parte da série Eu e Carlos

Sonhei que estava em uma sala vazia com uma porta aberta. Nela tinha a silhueta do meu irmão, da minha mãe e do meu pai, eles estavam se afastando e do nada desaparecem.

Eu acordei querendo falar com Carlos, mas ele ainda estava dormindo então resolvi não acorda-lo, nem contar meu "sonho". Depois fui tomar banho e fiquei preocupado com minha família pois eles não tinham vindo ontem e poderiam vir hoje. Terminei e fui pro quarto, Carlos estava mexendo no computador como sempre.

-Bom dia flor do dia -disse ele.

-Bom dia -disse meio melancólico.

-Você está triste? Por que?

-Porque minha família não veio ontem provavelmente eles vão vir hoje. E eu não sei se vou aguentar. Eu não tenho só ódio, eu tenho medo, desconforto, sei lá.

-Eu vou estar com você -disse ele me abraçando e beijando-me.

Nós nos arrumamos, passamos no refeitório e fomos pra sala. As aulas passaram rápidas e já era hora das visitas. Estávamos eu, Lipe, Sarah e Carlos.

-Alguém vai vir visitar vocês hoje? -perguntou Lipe.

-Não -falamos em um coro meio desorganizado.

-Gente -disse Lipe- tenho que contar uma coisa.

-Oque? -perguntou a Sarah meio curiosa e/ou preocupada.

-Estou namorando -disse Lipe.

-Você está oque? -perguntei com raiva- e não me falou nada.

-É... -disse ele gaguejando- e também eu estou namorando a uma semana.

-Oque? -perguntei de novo com raiva- e você não conta nada?

-Desculpa.

-Você não esta desculpado -disse.

-É... E tem mais uma coisinha que não contei a vocês.

-Mais coisas? -disse Sarah.

-Ele vai vir aqui amanhã.

-É bom mesmo vou ter uma conversinha com ele -eu disse meio alterado- quer saber, eu vou ir pro pro meu quarto. Voce vai ficar aqui? -perguntei à Carlos.

-Sim, depois te encontro no quarto.

Eu fui e fiquei no quarto mexendo no celular. Alguns minutos depois vejo a porta se abrindo e vou em direção a ela. Mas quando a porta se abre não é Carlos que esta nela é...

-Mãe? -perguntei com meu coração já disparando.

-Sim, quem você achou que fosse.

-Ninguém -tentei disfarçar. Segundos depois meu pai e meu irmão de doze anos entram também.

-Oi filho -disse meu pai.

-Oi seu idiota -disse meu irmão.

-Oi.

-Agora você tem um colega de quarto? -perguntou minha mãe. Ontem eu tinha me esquecido mais por sorte eu me lembrei de separar as camas.

-Sim. Mãe não me avisaram que você iria vir hoje.

-Claro, eu não avisei -disse ela e meu pai sentados na cama do Carlos e eu e meu irmão na minha- Por que? Não gostou de nos ver?

-Gostei (mentira). -a raiva estava aumentando cada vez mais.

-Eaí, já arrumou alguma namorada? -perguntou minha mãe.

-Você ta namorando, você ta namorando -começou a cantar o meu irmão.

-Cala a sua boca seu animal -disse eu ao meu irmão.

-Não fala assim com seu irmão -disse meu pai com um ar de autoridade.

-Eu vi suas notas e percebi que elas não estão muito boas. -disse minha mãe.

-Eu só tiro oito e nove. Isso não é bom?

-Ainda não esta bom -disse meu pai.

-Vocês querem um filho ou um gênio -disse em um tom mais elevado.

-Pode falar baixinho que sou sua mãe e não seus amigos. Por que você fica estressado quando viemos aqui? -perguntou minha mãe.

Eu já estava explodindo de raiva quase voando em cima deles e pra completar Carlos entra no quarto falando:

-Amor, que tal a gente...

-Amor? Quem é ele filho? -perguntou minha mãe.

-A desculpa quarto errado, com licenç...

-Não, não foi quarto errado não -fui na porta e puxei ele pela mão- Mãe esse aqui é o Carlos, (fiz o favor de ressaltar, falando lentamente e articulando bem) MEU NAMORADO. E agora que vocês sabem que eu sou gay podem virar a família perfeita sem mim.

-Você é gay? -perguntou meu irmão.

O quarto ficou silencioso até que minha mãe falou.

-Vamos embora -meu pai e meu irmão seguiram ela.

Quando eles estavam no corredor eu falei pra minha mãe.

-Oque que é, você não pode ser conhecida como a mãe de um gay?

-Eu só tenho um filho e ele não é nem você, nem o idiota do seu irmão que provavelmente deve está morto.

-Ele foi esperto, ele fugiu de você, ele fugiu de vocês.

-Ele foi um idiota -disse meu pai.

-Ele foi inteligente, engraçado, bondoso e uma coisa que vocês três nunca serão, humano. Vocês não são pessoas são erros no código genético da humanidade -disse com meu coração batendo aceleradamente.

-Só vou te dizer uma coisa -disse minha mãe com o dedo na minha cara- quando você sair dessa escola não vá em casa pegar suas coisas. Quando você sair dessa escola não vá procurar agente. Pra você nós não existimos.

-Ele não precisa de vocês, ele tem a mim -disse Carlos.

-Ótimo duas bichas sobre o mesmo teto -respondeu meu pai.

-Quer saber, vocês não vão ser a família perfeita -eu disse chegando mais perto do deles.

-Agora que você não faz mais parte dessa família nós podemos -disse minha mãe.

-Aé, pai minha mãe tem a copia de todos os seus documentos e falsifica suas assinaturas. Mãe meu pai tem outra família e maninho -disse colocando a mão em seu ombro- você é adotado.

Assim que disse isso eles saíram brigando um com o outro. Eu e Carlos fomos pro quarto e ele falou.

-Amor voce está bem?

-Eu estou livre deles, você sabe o quanto eu estou feliz.

Depois disso nós chamamos o Lipe, a Sarah e fomos pra biblioteca a irmã do Carlos tinha vindo visitar ele. Nós conversamos muito e quando já era de noite, fomos pro dormitório juntamos as camas e falei pro Carlos.

-Estou livre deles finalmente.

-Amor, aquilo que você falou deles eram mentiras não é?

-Só sobre meu irmão ser adotado.

-Então tudo aquilo é verdade!? Nossa. Mas não se preocupa quando nos formarmos você vai morar na minha casa comigo e minha família. Não são normais, mas também não mentirosos e preconceituosos.

-Estou doido para conhecer eles.

E depois disso dormimos.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Ricky22 em 2014-11-03 03:41:16
Caramba que capitulo sensacional, so sentir falta da trilha sonora.
Por fran em 2014-11-02 22:17:41
amei essa cena. com certeza essas pessoas não podem ser chamadas de familia. pensei que iria ter uma baita dramatização por parte da mãe dele mais até que foi divertido. aguardando o proximo.