Capitulo 5
Parte da série Eu e Carlos
Me desculpem, nesses últimos dias eu estava tipo "ai o amor não existe e eu vou morrer sozinho", mas já passou, me desculpem de novo
Eu acordei e vi que o dia estava claro, os pássaros cantavam e o céu estava azul. Passei a mão sobre a cama procurando o corpo que me envolvia, mas só encontrei os cobertores gelados. Levantei e o vi mexendo no computador vestido só de cueca box.
-Oi meu amor -disse ele se levantando e passando seus braços fortes atrás de mim puxando-me para me dar um beijo- Bom dia.
-Eu não vou ter um bom dia.
-Por que?
-Hoje é dia dois e todo mês do segundo ao quarto dia é classificado como dia de visitas (família, amigos etc...), os horários mudam - nossas aulas eram divididas em tempos de uma hora e a aula começava às oito então ficava assim: Oito horas, dois tempos de aula de uma hora cada um, vinte minutos de intervalo, mais dois tempos de aula, um intervalo de uma uma hora e vinte minutos, mais dois tempos de aula, mais um intervalo de vinte minutos e mais dois tempos de aula, uffa.
-Oque muda no nosso horário?
-Hoje nós temos apenas os quatro primeiros tempos de aula o resto os "visitantes" podem entrar.
-Isso é ótimo vou ver sua família. Vou conhecer minha sogra. -disse ele.
-Isso é péssimo eu vou ver minha família e pra ela ser sua sogra ela primeiro tem que ser minha mãe.
-Você é adotado?
-Não, infelizmente. Eu não a considero como mãe e nem eles como família. Eu não quero falar ou ver eles. Muito menos que você fale com eles.
-Por que? Você tem vergonha de mim?
-Não porque eles não sabem que sou gay.
-Eu vou respeitar sua decisão.
-Obrigado. Alguém vai vir te visitar hoje? -perguntei.
-Não, mais vou avisar a minha família. Aí você vai conhecer sua sogra, seu sogro e sua cunhada.
-Você tem irmã?
-Sim e você.
-Eu tinha dois irmãos, um mais velho e um mais novo insuportável. Mas agora só tenho um, o mais novo.
-Oque aconteceu com o outro?
-Sumiu. Uma noite, umas nove e pouca mais ou menos ele me abraçou, brigou com meus pais e sumiu. Não sei se ele ta vivo ou morto mais ele foi a pessoa que mais amei no mundo, até agora. Ele era uma pessoa excepcional.
-Entendo. Meu melhor amigo era o meu tio -nesse momento ele ficou com uma cara triste- que morreu a um ano de cancer -pois a mão no rosto e começou a chorar.
-Vem cá -disse eu, abraçando-o e passando a mão em seu cabelo- agora suas dores são minhas dores.
-Eu sinto tanta falta dele -disse ele tropeçando em suas palavras e se afogando nas lagrimas
-Eu te entendo, quando meu irmão se foi eu fiquei sem falar por seis dias, só a base de água e pão. Ele era tudo que um dia eu quero ser.
-Por que deus só leva as melhores pessoas?
-Porque elas são boas de mais pra ficarem aqui -nessa hora já estávamos no chão, eu sentado no pé da cama e ele chorando em meu colo- se você quiser, não vamos pra "escola" hoje.
-Está bem.
-Agora vai tomar banho porque iremos ver um filme.
Carlos se levantou quase caindo, peguei a roupa dele e ele entrou no banheiro. Quando ele saiu eu já tinha colocado o filme no meu computador e posto as cadeiras uma do lado da outra.
-Que filme vamos assistir? -disse ele sentando em uma delas.
-A culpa é das estrelas. Eu não gosto muito mas por você eu faço tudo.
-Por que você não gosta?
-Não é que eu não goste. É porque nele tem frases muito legais e bonitas, e eu fico pensando tipo eu poderia ter feito essa frase.
-Só por isso.
-Sim. Me julgue.
-Não vou te julgar. Vamos, coloca o filme. -quando começou a tocar Boom Clap, ele me deu um beijo demorado e eu parei o filme dizendo.
-Por que você me beijou?
-Primeiro eu te amo, segundo seu beijo é muito bom e em terceiro você estava parado, eu estava parado e aqui entre nós sua boca é muito bonita para ficar parada -e ele já ia me beijando de novo.
-Ou, para tá. Beijos só no final do filme.
-Ta bom.
O filme acabou, nós nos beijamos e deitamos na cama, um do lado do outro olhando pro teto de mãos dadas.
-Como você imagina seu futuro -perguntei.
-Você.
-Para de graça, é sério.
-Esta bem, hm... nós estamos em no sofá, você esta com as pernas em cima de mim e a gente está comendo brigadeiro de panela. E a nossa casa é linda, do nosso jeito.
-No nosso jeito?
-Sim.
-Você não sabe como é meu jeito.
-Então me conte qual é o seu jeito -ele disse isso, deitando de lado e passando a mão em minha barriga.
-Meu jeito, no caso a casa não é?
-Sim, descreva nossa casa.
-Casa ou apartamento,
-Casa.
-Está bem. Hm... Vai ser gigantesca, vai ter um belo jardim e piscina também e... vai ter chão de madeira é claro. As paredes serão brancas com coisas que gostamos e que não gostamos escritas de vermelho e azul, vai ter quadros meus e os moveis serão desenhados por você. Pelo que eu descrevi seremos bem felizes nela.
-Eu sei que é bem clichê mas eu sou feliz só por ter ou estar com você.
-Own... Clichê.
-Oque vamos fazer agora?
-Não sei.
-Que tal tomarmos banho?
-Menino, você tem uma fissura em tomar banho.
-Porque -disse ele subindo sua mão na minha perna- enquanto a água passa pelo meu corpo e o sabonete desliza sobre minha pele eu estou pensando em você -confesso fiquei excitado.
-Ãh que lindo... Não.
-Vamos fazer oque então?
-Vamos no refeitório, já são meio dia e quarenta -fomos, almoçamos mas não vimos nem Sarah nem Lipe. Voltamos ao dormitório e assistimos mais filmes. Quando era sete e vinte Carlos foi jantar mas eu fiquei no quarto dormindo. Depois ele chegou e me acordou.
-Amor a Sarah e o Lipe falaram que estavam com raiva de você por não ter ido.
-Tabom, agora vamos dormir.
Deitamos e quando eu dormi sonhei que...