Noite de pesar

Conto de luuh_seven_tones como (Seguir)

Alta madrugada. Quase duas horas da manhã.

Fumando outro cigarro logo após ter acabado o primeiro, fico observando as formas que a fumaça faz, enquanto permaneço deitado nú, com uma luz fraca iluminando o quarto, enquanto uma chuva torrencial cai lá fora.

Permaneço lembrando os tapas ardidos que recebi aos 14 anos, quando disse pela primeira vez em voz alta que sou bissexual.

- viado escroto! nojento! imundo! eu não criei filho pra ser uma merda de viado!

Lágrimas pequenas me escorrem pela face, mesmo anos depois. Sinto o leve ardor dos olhos, da mistura do choro com a fumaça que sobe, e desce em um pequeno redemoinho.

Termino meu ardoroso e mortal remédio inútil. Um placebo de morte.

Meu namorado da noite dorme nú, com seu belo traseiro rumo ao ar, exausto depois de uma noite inteira de sexo sem calma. O corpo branco ainda permanece rosado. É um dos poucos que não reclama da surra. Aliás, até gosta ainda mais.

Fecho os olhos, e choro silenciosamente, sem mais desculpas por deixar as lágrimas rolarem.

Sou o que sou. Mais um viado. Um puto. Odiado por ser quem sou. Amado por outros que também são considerados escória.

A boca quente deste que sequer lembro o nome envolve meu flácido pênis, que reage lentamente à boca que o excita.

- mama direito, caralho! Melhor cuspir bem, porque vou te foder só na saliva!

Mais uma noite em que deixo de ser humano, e passo a ser a maquina de sexo que sou pago pra ser. Meus sentimentos param ali, e sou só uma coisa com um pau grande entre as pernas, que deve foder, foder e foder. Com força, até sair sangue deles, ou porra de mim.

Apenas isso. Nada mais.

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