KALL ou A NOVA LIBERDADE.

Conto de luuh_seven_tones como (Seguir)

Kall

A noite vem se achegando novamente, com seu silêncio consolador e cálido, humilde e resignado, emocionante e doce. E meu horário de saída já passou a algum tempo. Preciso terminar este trabalho, mas também preciso logo chegar em casa, e ter novamente em meus braços o corpo que amo, e sentir seu cheiro gentil e amoroso a me afagar as dores do dia, e as mágoas da vida.

Meu estomago pula e salta de excitação, como uma criança prestes a ir onde mais deseja ou ganhar um presente que muito espera. Como um adolescente prestes a beijar quem mais ama. Borboletas no estomago, é como chamam. Ouço alguém a me chamar, e pauso meus devaneios em meio ao trabalho, ouvindo a obra prima de Tchaikovsky.

—sim? — pergunto, tanto anestesiado.

— não vai pra casa? — pergunta meu chefe intimidador e intimidante.

— só preciso terminar isto, e vou. — e volto a minha música, já sabendo exatamente o que e como dirá as próximas frases.

Digito ainda mais rápido, e sinto minhas cartilagens e músculos doerem. Preciso de café, mas não o quero.

Termino. Corro para a parada de ônibus. Entro no primeiro que passa, rumo ao centro da cidade. Vazio, exatamente como eu me sinto no momento. Celular sem bateria e extremamente fresco para carregar. Arrependimento bate.

— Por que não comprei um MP3? — grito em minha mente, sem mover os lábios minimamente. Sono me vem. — Café.

Chego ao centro, e desço o mais rápido que posso, sabendo que meu próximo ônibus deve passar em no máximo dois minutos, isso quando muito. Tropeço em um buraco em meio a faixa, e vejo meu ônibus parar exatamente em seu horário habitual. Os postes me gritam uma música do Jota Quest. Corro, e alcanço em seu ultimo segundo. Entro, molhado e envergonhado, como quando menor.

Minutos... minutos... minutos...

Sinto estremecer meus pés por onde passo, como se fosse capaz de flutuar e afundar ao mesmo tempo. Sinto sua presença, e meu amor com toda a certeza também sente a minha.

— oi paixão! — sinto pular em meu pescoço, e me beijar ternamente a boca. E meu corpo relaxa. A certeza me invade. Eu o amo. Amo a um homem, e não deixarei de o amar. Sua ereção contra a minha. Sua pele negra, com seu cheiro a me envolver e suas mãos a me acariciar. O levo contra a parede, sentindo sua língua a me domar. Ele é meu dono. Eu sou seu. E ele é meu. E sempre o será.

— te amo. — deixo escapar entre beijos ardentes. Ele me sorri. Seu sorriso me encanta e me leva a maiores sonhos.

Parede a parede o levo ao banheiro, onde nossas línguas ainda se enroscam e se mordem nossas bocas. Fazemos amor ali, sem pressa e sem pudor. Seu belo traseiro me agrada, e eu o agrado de modo inteiro. O masturbo, enquanto meu pênis o faz gemer e pedir ainda mais. Gozamos e adormecemos levemente na banheira, com ele ronronando como um gato feliz após ser bem alimentado em meio peito.

Acordo, e o devo a cama ainda nu e adormecido, onde ele acorda e me abraça, arranhando meu rosto com sua barba juvenil e minha coxa com sua evidente e enorme ereção, sussurrando com olhar faminto e falar delicioso, com seu sotaque a me fazer dormitar:

— Feliz aniversário, amor. Eu sou sua mulher, pra sempre. O seu Kall.

E num abraço ainda mais feliz, fazemos amor novamente. Sem pressa, sabendo que o mundo não nos quer, mas nos amamos e é assim que somos. Somos homens, somos seres, somos livres.

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