Theus, meu Theus - Parte 2

Parte da série Theus, meu Theus

CONTINUANDO

—Lu, eu sei que você não é mais virgem. Alias, todo mundo sabe que você comeu a vagabunda da Daiane, e o Diego, que era namorado dela. Mas você prefere o que? Homem ou mulher?

—eu sou bissexual. Você sabe. Não tenho preferência. Pesando 50kg, e tendo mais de 10 anos, eu encaro. Hahahahaha

—tu é muito tarado, bicho. Hahahaha

—mas, e tu? Tá de olho em alguma gatinha?

—cara, eu não curto muito isso não.

—desculpa. Não sabia que você não gostava de falar da sua vida.

—não. Eu quis dizer que eu não curto muito mulher. Eu sou gay, pow. Achei que tu soubesse.

—serio? Sabia não. Quer dizer que eu tenho um amigo gay?

—é. amigo por enquanto.

— o que tu quer dizer com isso, Matheus?

—toma.

Ele pegou uma caixa, coberta por papel de presente colorido, e me entregou.

—pega. Olha e me diz o que tu acha.

—tá certo.

Abri o embrulho. Era uma corrente de prata, com iniciais L & M, em uma caixinha de joalheria.

—cara, não posso aceitar isso não. É caro demais...

—o preço não me importa. Mas você vai aceitar, quer ver?

— não tem como... não dá...

—Luis, eu sei que você ainda gosta da sua ex, que sofre por ela, e eu quero mudar isso. Quero te chamar de MEU AMOR, MEU LU E MEU GATO. Aceita namorar comigo?

.......

não esperava aquilo dele. Tão rápido assim. Desmaiei. acordei no hospital, tomando soro intravenoso, ele do meu lado, sentado, me olhando. Minha mãe chegou momentos depois, correndo.

—Lu, meu Deus, o que aconteceu? (toda mãe é dramática, puta que pariu...)

—deve ter sido o tempo, mãe. Acabei desmaiando. Já conhece o Matheus?

—ah, desculpa rapaz. Brigado por ter ajudado.

—nada. Eu tava passando, e vi que ele tava mal. Só consegui colocar ele deitado na arquibancada e chamar o diretor, que já foi embora. — (mentiroso...)

—brigado de novo. Você salvou o meu bebê. — eu pularia a janela naquela hora se conseguisse. Até ele ficou envergonhado.

—MÃÃÃE! Tá me envergonhando... para!

Graças a Deus, o médico entrou na hora exata.

—então rapaz? Tá se sentindo melhor?

—uuffa... bem melhor doutor. Já posso ir pra casa?

—não. Vai ter de ficar em observação por hoje. Amanhã de manhã eu te dou alta. Mas hoje você vai dormir aqui. Quero te

perguntar umas coisas, ainda.

—huuummm.... tá. Matheus, brigado ae por me ajudar, mano.

—você tá me mandando embora?

—claro que não, pow. Mas eu acho melhor você ir pra casa. Deve ser tarde. que horas são?

—dez e meia da noite. Quer que eu te leve em casa, Matheus? —perguntou a minha mãe.

—quero sim, tia. Brigadão. Tchau, lu. Te cuida. Quero te ver bem amanhã, viu?

—tá certo.

Quando saiu todo mundo, o médico me abordou, sério. Me perguntou a quanto tempo eu usava maconha, por que, me explicou as ações dela no corpo, me falou do Acido Lisérgico... enfim. Por fim, perguntou:

—o que aconteceu pra você ter desmaiado? Sua pressão quando você chegou aqui era de alguém quase morto. (cheguei lá com

60/40 mmHg, quando o normal é 120/80 mmHg. Ou seja, metade da pressão normal.)

—não sei. Acho que o calor baixou minha pressão.

—já vi que não vai dizer... bom, seja como for, devia ser algo que você queria muito. Uma emoção muito forte. Descansa ae. Amanhã de manhã, quando acordar, tu vai ter alta.

Não dormi quase nada naquela noite. Além de estar num hospital, a minha cabeça tava cheia. Um dos garotos mais lindos daquela escola, e mais velho que eu, tinha me pedido em namoro. E agora? Será que o desmaio tinha feito ele desistir de mim? E foi pensando nisso, que acabei cochilando e acordei sete da manhã, com a enfermeira me trazendo café da manhã (pão com queijo e presunto, suco, fruta, pãozinho de queijo e um copo de iogurte.), que eu dividi com a minha mãe, que estava dormindo na maca do lado do meu leito.

Voltei pra casa, tomei banho, e fui pra escola. Cheguei lá, encontrei o Matheus, conversamos um pouco (sem tocar no assunto de namoro) e eu fui assistir aula. Passou-se um mês disso, mais ou menos, e ele não havia falado de namoro comigo de novo. Imaginei que ele tivesse desistido. Fiquei meio triste e meio aliviado. Apesar de eu já ter “namorado” meu primo, eu tinha medo do que os outros poderiam achar. Mas, enfim, ele tocou de novo no assunto.

—lu, você pensou no que eu te perguntei, naquele dia?

—pensei sim. Eu aceito. —eu disse, com um sorriso de “gato da Alice”.

—então, quer dizer que eu posso te beijar e te chamar de MEU NAMORADO?

—pode. Mas eu ainda não quero assumir, assim.

—eu entendo, MEU lu. Rsrsrs — e ele me deu um beijo bem longo, com aquela boca de lábios vermelhinhos e sempre úmidos,

naturalmente. Me entregou a corrente, demos um abraço que me fez chorar, e fomos embora, cada um pra sua casa.

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