Snoopy & Woodstock - Parte 2

Parte da série Snoopy & Woodstock - Piloto.

Arrumei o quarto, tirei o tapete que fez o Jonas escorregar, tomei um banho legal e quando tava ensaboando perto do “garotão”, ele deu sinal de vida. Já estava precisando descarregar de novo. E comecei a bater uma, pensando na nova vizinha. Mas toda vez que eu fechava os olhos, os Jonas me vinha à mente. Seus olhos negros, sua pele branca, cheirosa e suave, seu corpo pequeno e delicado, e principalmente, aquele bumbum grande e redondo que eu havia visto sair há poucos minutos do meu quarto.

—sai fora! Sou viado não! Eu curto é buceta! Mas aquele rabinho dele deve ser uma delicia...

Gozei pensando naquela bunda de princesa dele.

—porra... que foi isso...

Dormi. Sonhei diversas vezes com meu novo vizinho branquinho e acordei em todas. Eu não poderia estar apaixonado. Ainda mais por um moleque, e mais novo que eu. Eu não podia estar virando viado. Que porra é essa? Enfim, não dormi direito.

Nos dias seguintes, fomos nos aproximando, pouco a pouco. Levei ele numa boate que eu conhecia (com a permissão da mãe, que estranhamente ficou muito feliz.), que era cheio de gatinhas, filé pra dar e vender. Eu fiquei com umas cinco, mas percebi que ele só ficava sentado, olhando ao redor. Não se levantou uma vez sequer a noite toda.

—quer um refri, Woody? Hahaha—eu comecei a zuar o nome dele.

—claro, Snoopy. Kkkkkkkkkk. Essa tua camisa é ridícula, cara.

—que porra é Snoopy?

—esse cachorro desenhado na tua camisa se chama Snoopy.

—ah, tá. E esse passarinho aqui, no nariz dele?

—nariz, não. Focinho. Esse ae é o Woodstock.

—parece contigo. Perae, vou pegar teu refri e a gente cai fora.

—beleza.

Já na volta, de carro, viemos conversando sobre ele, a vida dele em Sinop, as namoradas, e coisas assim:

—como que era lá, na tua cidade?

—ah, normal. Saía sempre com os amigos, ia pra balada, shopping, pegava uma em cada sala na escola... hahaha

—pior que eu, hein? Galinha ao quadrado... kkkkkkk. E porque ficou sentado igual um mocorongo hoje? Não gostou de nenhuma? Tinha uma morena filézona te filmando lá no canto...

—é, eu vi. Gostosa pacarai...

—e porque tu num catou? Ela tava na tua, pow!

—ah, sei lá. Não tava bem ali.

—hum. E o que mais tu curte fazer?

—Sair, passear... vadiar mesmo.

—hahahaha. Quer dizer que você é um vadio? Kkkkkkk to planejando uma escalada. Quer ir?

—kkkkk. ehh... claro. Quando vai ser?

— a gente vai no sábado. Não precisa se preocupar com nada. Eu te empresto tudo.

— falou. Vou adorar...

Marcamos pra escalar uma montanha escondida no interior do estado, a três horas da capital. A dona Marilda concordou de primeira. Seu Jardeson então, nem se fala. Até hoje não entendo porque enteados e padrastos não se dão bem. Queria saber.

Arrumamos tudo, e saímos cedo no sábado. Marquei com mais quatro parças meus que também adoram uma adrenalina: Thiago, Matheus, Filipe e André. São os quatro malucos mais cheios de adrenalina que eu conheço. E eu sou o fodão desses ae. Adoro esses putos.

Depois de quatro horas de viagem numa estrada ruim pra caralho, chegamos na tal montanha.

EU: tamos aqui, seus putos. Preparados pra subir?

THIAGO: lógico. Trouxe tudo? E tu, garotinho? Não vai se cagar pra subir, né? Eu não trouxe fralda... hahahah

JONAS: (sorrindo amarelo) não, não. Vou subir.

MATHEUS: esse Thiago... não perde chance... hahahahahaha

EU: que isso, pow? Sacaneando o moleque... deixa ele!

ANDRÉ: iiiihhh... olha o Luis... kkk fala do namoradinho dele não! Hahahaha

EU: não fode, caralho!

Arrumamos o nosso equipamento, e eu fui o primeiro a subir. Fui prendendo os grampos um a um nas rochas. Matheus veio em seguida, e logo chegou ao topo. Quase se cagando de tanto medo, mas subiu. André e Filipe vieram em seguida, e logo chegaram. Mas na vez do Jonas, ele pediu pra desistir.

—Vem, pow! Sobe! Eu te ajudo!

—não consigo! Desculpa.

—vem! Sobe!

— tá. To subindo...

Ele agarrou a corda, prendeu os equipamentos meio errados, mas, ok. Colocou o pé no primeiro meio metro de parede, e começou a se tremer feito vara verde em dia de chuva. Era muito engraçado mesmo. Eu tentava não rir, mas era quase impossível. Aquilo era um comédia Stand-up em meio a um remanescente de floresta.

Aos poucos, foi subindo, lentamente. Qualquer um perceberia que aquela era a primeira, e talvez a ultima, vez dele fazendo escalada. Já próximo ao topo, um grampo de proteção se soltou e rompeu a corda secundária. Sem ter muita opção, e sem pensar direito também, eu desço rápido, pra poder subir Jonas. Era mais fácil ter ajudado ele a descer, mas como eu já disse, não pensei direito. Os outros três palhaços estavam lá embaixo, observando de longe. Me deu até certa raiva daqueles fuleiros. Na subida, próximo ao topo, Jonas, agarrado em mim, tropeça numa ponta de pedra e cai por cima de mim. Olhos nos olhos, nariz com nariz. E acontece o inevitável: nossas bocas se aproximam, e eu o beijo. Só nós dois ali, sem mais testemunhas do nosso beijo. A boca pequena, de lábios grossos e doces de Jonas me causa um prazer que eu desconhecia. Sinto ao mesmo tempo do gosto doce que sai de sua boca, seu cheiro delicioso. Um cheiro doce, agradável, que me acaricia o nariz. Toco sua nuca e sinto o calor e o cheiro que vem dos seus cabelos negros e macios. Seu corpo pequeno, frágil, sem muitos músculos, me causam uma pressão suave. Sinto cada músculo de sua barriga se contrair, e noto que ele está muito, muito excitado. E eu também. Meu pau baba horrores dentro da calça de escalada marrom que uso. Instintivamente, meu quadril começa um vai e vem, semelhante a uma transa.

—PARA! – eu grito.

— meu deus! Me desculpa, cara. Foi sem querer... ai... meu deus... cara...

—o que foi isso? Vo... você é gay?

—sou. E também não sei escalar. Alias, odeio altura. Nem sei por que eu aceitei vir...

—tá. Esquece isso. Vamo descer.

—cara, me perdoa, de verdade.

—tá, tá.

— posso dizer uma coisa?

—fala ae.

—Cê beija muito bem.

—brigado. Se é que isso é um elogio.

Descemos, e no caminho pra casa, fui pensando naquele beijo. Deixei ele em casa, e atravessei a rua. O que tinha sido aquilo? Porque eu tinha beijado ele? Eu era macho! Não podia estar beijando outro homem! Mas aquele havia sido o beijo mais gostoso e bem dado que eu tinha dado na minha vida. Tantas mulheres... tantas transas... tantos momentos... e eu tinha virado GAY! Não! Não! Não! Mil vezes não! Eu não poderia ser gay...

—eu gosto de buceta, porra! — gritei pro meu espelho.

Batidas na porta.

—perae. To indo.

Abro. Era a vizinha, mãe de Jonas, a gostosa, Marilda.

—sua mãe está?

—não senhora.

—melhor assim. Preciso da sua ajuda.

—tudo bem. Entre. Pode se sentar. No que a senhora precisa de ajuda? (se for pra foder, é agora mesmo...)

—primeiro, precisa saber de uma coisa. O Jonas é... gay! Ele me faz vergonha sendo assim. Eu queria que ele tivesse uma mulher, se casasse, tivesse filhos, mas ele prefere ser... você sabe. E foi por isso que mudamos de Sinop. Ele estava “namorando” um garoto na escola. E preferimos vir pra ca pra ver se ele mudava. Mas parece que ele já está apaixonado por algum garoto na escola. Ele já mudou totalmente desde que chegou. Eu queria que você desse uma ajudinha levando ele nesses lugares cheios de mulher em que você vai. Faz isso por uma mãe desesperada?

—claro, claro. A senhora quer que o seu filho seja um hetero de verdade. Direito seu. Eu vou fazer o impossível pra isso acontecer. A senhora pode esperar.

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