2 - SURPRESAS

Conto de lunaluasoares como (Seguir)

Parte da série Série Desafios

Acordei com o Enrico me ligando. Olhei para o lado e não vi a Dani, o que era estranho, porque eu sempre acordava primeiro.

“- Fala cara...

- Bom dia flor do dia... – Pude ouvir uma risadinha ao fundo. O Enrico achava que tinha algum senso de humor.

- Com um bom dia desse, até me animo em ir trabalhar... – Disse sorrindo também.

- Então cara, venha logo... tem uma coisa pra você resolver aqui.

- Pelo seu tom não é coisa boa...

- Não é urgente, mas não é bom.

- Beleza, chego já.”

Me levantei ainda sonolento, estava muito cansado da noite anterior, não só fisicamente. Essa maldita sensação me fez machucar alguém. Fiz minha higiene, tomei um café reforçado e fui para a empresa.

Minha empresa é do ramo da construção civil, Hernandes Albuquerque LTDA, herança do meu falecido pai, Fernando Hernandes Albuquerque. Desde cedo ele me passava os comandos da empresa, me mostrou todas as opções, mas me deixou livre para escolher em que área trabalhar e se queria seguir no comando da empresa. Sempre gostei do que ele fazia, queria ser como ele... um ótimo profissional e uma pessoa maravilhosa, não tinha uma pessoa nessa empresa que não gostasse do meu pai, ele tinha o mundo, mas não perdeu sua humildade e sempre ajudava quem precisava, ele fazia doações à ONG Lar Doce Lar, que ajudava crianças abandonadas, então continuei seu legado como filho único.

Prestamos serviços desde o planejamento, contratação de equipe, compra de material até a execução do projeto. E sempre supervisiono tudo de algum jeito, sou muito detalhista, chego a ser chato às vezes, mas penso que é bom ser assim e tenho certeza que tudo vai sair bem.

O Enrico entrou nessa comigo, ele é engenheiro eletricista, além de ter um pé na computação, divido o comando da empresa com ele, a pessoa que eu mais confio nessa vida. O Davi é nosso advogado, quer dizer, advogado da empresa, nossos pais eram amigos desde crianças e ergueram a empresa juntos, assim como o Enrico, ele é meu melhor amigo, só que nós nos bicamos de vez em quando, ele é bem esquentadinho e eu também sou, aí já viu né?!

Cheguei na empresa apreensivo, não fazia a mínima ideia da bomba que teria que segurar.

- Bom dia, Júlia. – A cumprimentei sorrindo. Júlia, é minha secretária.

- Bom dia, senhor... – Olhei para ela sério. – Desculpa, Fernando... Enrico te espera na sala dele.

- Ok, Júlia. Obrigado! – Não gosto de ser chamado de senhor... Senhor está no céu. Fui direto para sala de Enrico.

Entrei e a sala estava toda escura, quando ascendi a luz...

- Parabéns pra você... nessa data queria, muitas felicidades, muitos anos de vida... – todos cantavam em coro. - Pro Fernando tudo...

– Nadaaa... – Todos os meus amigos reunidos e a Dani, por isso ela saiu cedo. E sim, eles cantavam a música errado.

- Vocês me matam do coração desse jeito. – Coloquei a mão no peito e me escorei na parede, fazendo drama, sorrindo e emocionado pela surpresa. Foi tanta loucura, que já tinha me esquecido do meu aniversário.

Dani veio na minha direção com o bolo na mão. – Agora é hora de apagar a velinha e fazer um pedido... – Ela dizia sorridente e começaram a cantar outra musiquinha...

- Com quem será... com quem será... que o Nando vai casar... vai depender, vai depender se a Dani vai querer...

- E aguentar esse cara chato. – Gritou o Davi. Era incrível como ele nunca perdia a chance de fazer piadinhas.

- Isso não faz parte da música Davi. Inveja mata... – Fiz cara feia. – Gente, vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter. Obrigado pela surpresa, mas não farei surpresa para vocês... – Eu disse gargalhando.

- E para quem vai o primeiro pedaço? – Lourdes perguntou. Ela é nossa contadora, desde a época do meu pai. Ela meio que me criou aqui dentro da empresa.

- Para mim, é claro. Estou morrendo de fome. – Não estava com fome, só queria fazer graça. Cortei um pedaço do bolo e já fui comendo, enquanto todos me olhavam. – Qual é gente, vocês esperam mesmo que eu corte para vocês?! – Disse revirando os olhos. – Esperem sentados...

Passamos boa parte do dia alí, comemorando, conversando e rindo. Relembrando coisas da vida. Antes de ir para casa meus amigos insistiram para que parássemos em um barzinho pra tomar uma, a Dani iria na frente, segundo ela, estava com dor de cabeça, mas sei que ela estava aprontando alguma coisa e a mensagem que ela mandou pouco depois, foi a confirmação.

“- Antes de vir para casa, passe na casa de um dos seus amigos e tome um banho. Quero que chegue bem cheiroso para mim...

- Ha ha ha... não aguento mais comida!

- Não se preocupe meu amor...”

Mesmo com toda comemoração, com todos os meus amigos e minha linda namorada por perto, ainda sentia falta de alguma coisa. Como se faltasse uma peça do quebra-cabeças da minha vida. Loucura, eu sei.

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Cheguei em casa e já pude sentir o cheiro das velas aromáticas que a Dani adorava, ela dizia que ajudava a criar um clima gostoso, assim como as músicas instrumentais. O local estava iluminado com pouca luz, na sala havia um colchão gigante, todos os móveis tinham sido removidos, provavelmente enquanto estávamos comemorando. Notei vários brinquedinhos espalhados pela sala, a noite promete!

Como eu havia dito, a Dani era muito criativa, em todos os sentidos...

Caminhei até o colchão e me deitei, esperando por ela e eu já podia sentir meu corpo ansiando por ela.

Que visão era aquela mulher... ela usava uma lingerie preta, batom vermelho, salto alto, uma deusa. Ela veio até mim em silêncio, me puxando pela mão e me guiando até uma cadeira que estava no meio da sala. Me sentei e ela se sentou no meu colo, tirou minha camisa, me vendou e amarrou minhas mãos na cadeira, pondo-as para trás.

- Quero que você esqueça todos os seus problemas e aproveite a noite que eu preparei para você... – Ela dizia sussurrando no meu ouvido. – Não só para você, para mim também. – Passou a mão pelo meu peito, mordendo minha orelha. – Quero que sinta tudo que há para sentir hoje...

Começou massageando meus ombros, surrando no meu ouvido para que eu relaxasse. Senti algo gelado tocar minha nuca, depois algo quente e macio. Dani passava o gelo pelo meu corpo e chupava o líquido que escorria, começando pelo pescoço, ombros, peito, barriga... me causando arrepios a cada toque, ela sabia exatamente como me deixar louco. Senti novamente suas mãos em meus ombros, mas dessa vez ela massageava usando algum óleo, ao mesmo tempo senti alguém sentar em meu colo...

Puta merda! Seria torturado por duas mulheres... já fizemos um ménage antes, mas dessa vez eu me sentia diferente, era uma mistura de excitação e medo. Não sei explicar, mas isso não fez com que eu não me divertisse.

Dani sabia como me enlouquecer, mas essa noite ela estava se superando, já tínhamos feito ménages antes, mas não como esse, não tinha limite. Não sei dizer quanto tempo durou esse prazer, perdi a noção do tempo, era ela quem ditava as regras, quem escolhia as posições e se usaríamos algum brinquedinho. Aposto que ela estudou as posições do Kama Sutra. Me questiono se a noite era minha ou dela.

Não vou falar com detalhes o que aconteceu depois, sei que você tem imaginação. O foco não é meu “lado hetero”.

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Bom, Dani é bissexual, então às vezes ela aprontava algo. Sempre partia dela, eu não ousava insinuar chamar outra pessoa para nossa cama e sim, ela já trouxe um homem, mas não houve nada entre nós dois e não me senti incomodado com a presença dele, o prazer era dela e eu seria meio egoísta se restringisse a terceira pessoa ser só do sexo feminino, tá que ela também gostava de mulheres, mas enfim né...

Quando acordei a Susie já tinha ido embora e a Dani estava terminando de arrumar a sala.

- Bom dia... – Ela veio me encontrar ao sair do quarto.

- Bom dia linda. – Disse beijando sua boca. – Poderia ter me esperado para ajudar com a bagunça.

- Não precisava. O pessoal que arrumou tudo aqui dentro pra ontem, arrumou tudo de novo pra hoje. – Ela disse sorrindo. – Gostou de ontem?

- Olha pra minha cara e me diz se preciso responder... – Ele fez que não com a cabeça, ainda me abraçando e sorrindo. – Foi uma das melhores noites que já tivemos juntos... obrigado.

- Que bom, porque pra mim foi maravilhosa. Vamos tomar café. – Saiu me puxando até a cozinha.

- Isso não é um café da manhã... é um banquete. E já está quase na hora do almoço. – A mesa estava lotada de comida. Saudável.

Dani não era fitness, odiava academia, mas se preocupava com a saúde, com a boa forma ela não precisava se preocupar, a genética era sua aliada.

- Para repor suas energias depois da noite de ontem... – Ela sorria. Com certeza a noite foi perfeita para ela.

– Estive conversando com o Rico e com o Davi e eles me disseram o aconteceu no dia do jogo. – Ela tinha um olhar preocupado. – Quer falar sobre isso?

- Quero, mas pode ser depois. Quero aproveitar um tempinho com você, só curtindo sua presença. – Eu disse entrelaçando nossos dedos. – Tenho uma reunião importante mais tarde, me encontra aqui a noite.

- Tudo bem.

- E quem era aquela mulher? – Ela não ficou surpresa com a pergunta. – Tive a impressão de que já a conhecia de algum lugar... – Eu disse semicerrando os olhos, parecendo pensativo.

- Sabia que você ia perguntar. – Ela mostrou um sorriso sacana. – É uma ex colega de faculdade. Você sabe que não traria qualquer pessoa e eu era meio que afim dela antes.

- Era ou ainda é? – Perguntei tentando parecer enciumado.

- Não precisa sentir ciúmes seu bobo. Foi só ontem. – Ela veio até mim e me abraçou, beijando minha bochecha.

- Assim espero, senhorita Daniela Medeiros Gonçalves. – Ela fechou a cara. Só falava o nome dela completo quando estava com raiva, mas não era o caso, queria provocá-la um pouco.

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Hoje o dia promete. A Dani quer falar sobre o que aconteceu no dia do jogo e tenho uma reunião muito importante, com um dos caras mais “fodas da grana” do Rio. O cara tem tanto dinheiro, que com certeza nada nela.

O projeto é a construção de um condomínio residencial de luxo. Daqueles que o valor de um apartamento alimentaria o pessoal do Rio de Janeiro inteiro com folga. É eu exagero às vezes, mas é só para dar emoção. Mas esse negócio é realmente muito importante.

Grandes projetos como esse normalmente levam algum tempo para serem acertados. Muita grana envolvida, muito pessoal trabalhando e gosto de fazer as coisas da forma mais correta possível. Penso em todos os prós e contras, com a ajuda do Davi e do Enrico é óbvio.

A reunião de hoje é para expormos nossas ideias e discutir o contrato. Gosto de deixar o contrato nas mãos do Davi, assim como eu, o cara pensa em tudo que pode dar errado nessas questões burocráticas e como ele entende muito melhor, ele é o mais indicado. Alguns de nossos clientes insistem para que o contrato seja feito por eles, mas segundo meu pai, devo confiar em quem é da equipe. Meu velho sempre foi um cara meio desconfiado e eu meio que aprendi a ser.

Quando cheguei na empresa, Enrico e Davi já me esperavam, além de Carla, nossa arquiteta, para repassar as apresentações do projeto.

- Bom dia Senhores e senhora! – Eu disse sério.

- Acha que engana alguém com essa seriedade? – Perguntou Davi debochando.

- Sou um cara sério. – Disse ainda mais sério. E Enrico deu risada.

- Desculpa a risada senhor, foi só para descontrair. – Não acho que exista pessoas mais bem-humoradas. – Preparados para nossa apresentação senhores? – Ele perguntou sério enquanto caminhávamos para a sala de reuniões.

- Preparadíssimos, senhor. – Respondeu Davi, batendo continência.

- E preparadíssima, senhor! – Disse Carla sorrindo.

Enquanto esperávamos a chegada do nosso futuro cliente, repassamos todo o projeto.

- Com licença, o Dr. Eduardo Pedrosa acabou de chegar. – Anunciou Júlia.

- Pode mandá-lo entrar Júlia, obrigado!

- Bom dia senhores! – Ele nos saudou assim que entrou na sala, junto com seus companheiros.

- Bom dia Dr. Pedrosa. – Respondemos quase em coro. Nos cumprimentamos com um aperto de mãos.

- Pode me chamar de Eduardo, Fernando. – Ele disse. – Não precisamos ser tão formais. Quase te peguei no colo. – Rimos descontraídos nesse momento. Ele conheceu meu pai e realmente quase me pegou no colo, só não pegou porque eu estava chorando muito, segundo ele. Não é como se eles fossem amigos, mas se conheciam.

- Tudo bem, Eduardo. – Eu disse. – Podem se sentir à vontade. Querem alguma coisa? Uma água, café... temos um belo Chivas Regal se preferirem. – Eduardo logo abriu um sorriso largo.

- Querendo me embebedar Fernando? – Dei um sorrisinho amistoso. – Seu pai lhe ensinou direitinho.

- Aprendi com o melhor...

- Aceitamos um café por enquanto. – Ele respondeu.

- Então, vamos dar início ao trabalhos do dia... – Começou Enrico.

Mostramos nossas ideias para o projeto. Plantas, disposições das residências, das áreas de lazer, toda estrutura elétrica, os designes desenhados por Carla, ela sempre fazia questão de desenhar vários modelos, tinha uma criatividade incrível.

Eduardo se mostrava empolgado com nosso projeto, vez ou outra ele dava palpites sobre algumas coisas que poderiam ser mudadas, outras que poderiam ser acrescentadas e ficamos horas discutindo sobre a obra.

- Garotos e garota, vocês me surpreenderam, tinha até pensando em um projeto para mostrar a vocês, mas vocês me superaram. – Ele dizia com um sorriso no rosto, isso era bom.

- O Senhor nem imagina o quanto é gratificante para nós ouvir isso. – Disse Enrico também com um sorriso no rosto.

- Um bom trabalho deve ser reconhecido. – Ele dizia. – Vamos fazer o seguinte, um projeto desse tamanho precisa ser discutido. Acabamos de ver toda a estrutura, mas precisamos também discutir o contrato. Dei uma lida no esboço que vocês me mandaram, mas depois dessa apresentação preciso reavaliar.

- Pode ficar à vontade Eduardo. – Dizia Davi. – Leve o tempo que precisar. Se tiver alguma dúvida em relação ao contrato, podemos discutir em um próximo encontro. Sem pressão. – Ele dizia calmamente.

- Vocês formam uma ótima equipe. Seu pai ficaria orgulhoso de você Fernando. – Ele disse me dando um abraço e logo se direcionou ao Davi. – E sobre o contrato, vou deixar que meu filho cuide disso. Ele é também é advogado, vocês devem se dar bem Davi, parecem ter a mesma idade.

- Tudo bem Eduardo. É só pedir para ele entrar em contato. – Disse Davi.

Conversamos mais alguns minutos e logo Eduardo se retirou. A reunião foi mais tranquila do que eu esperava e estou bem confiante de que o projeto é nosso.

Já saí da empresa tarde, cansadaço, só queria chegar em casa e dormir, um daqueles sonos bem pesado, que quando você acorda perde a noção de tempo e espaço, há tempos não tenho dormido assim tão profundamente.

Esqueci que pedi para que Dani me esperasse para conversar. Na verdade, estava tentando adiar essa conversa por tempo indeterminado, quando conversamos sobre esse assunto, acabamos brigando e eu odeio brigar com a Dani.

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