O jogo corporal.

Conto de Luis Fernando como (Seguir)

Parte da série O caseiro do final da Rua

Na viagem para a praia, eu estava sentado longe dele no barco, afinal não queria dar bandeira. Mas o que realmente estava acontecendo era que eu não esperava que ele fosse aparecer, e por isso não fazia ideia de como me comportar na frente dele. Deveria fazer cerca de um ano desde a última vez que havíamos nos falado, e eu não imaginava que ele tivesse sido convidado também.

Continuando a história, chegamos à praia e eu dei um jeito de me aproximar dele. Fomos acender o fogo para assar a carne, a galera tava toda em cima de uma duna, que tinha uma árvore de folhagem rala que dava uma sombra até boa. Lá em baixo começamos a organizar o carvão e eu e ele acendemos o fogo com ajuda de gravetos, papel e gasolina. Eu sempre perto dele vendo aqueles braços fortes expostos pela camiseta regata irem e voltarem pegando as coisas.

Começamos a assar a carne, e estávamos em mais ou menos 8 pessoas, 4 de nós voltaram para a cidade para buscar algumas coisas e ficamos eu, ele uma garota chamada Camila e outro amigo nosso que estava um pouco longe, na água. Eu me sentei do lado do Fernando e começamos a comer. Dividimos um prato e uma colher, ele cortava a carne e colocava no meu prato, comemos bastante e a Camila estava conosco, mas comendo no prato próprio.

Sempre que ele precisava pegar mais carne, ele se apoiava na minha perna e eu (já versado em linguagem corporal) deixava sempre. Comecei a fazer o mesmo, deixava uma das minhas mãos disfarçadamente encostada na perna dele e ele parecia não ter nenhum problema com isso.

Começamos um jogo de sinais que eu adoro jogar. O resto do pessoal então chegou, deveria ser umas 14:30 ainda. O pessoal voltou com mais gente, estava todo mundo na duna e o Fernando acabou se levantando, e pegou nos meus ombros com aquelas mãos fortes para se apoiar. Ele foi sentar do outro lado, meio longe de mim. Fiquei um pouco triste, achando que o nosso jogo havia terminado.

Passados alguns minutos um protetor solar começou a rodar entre a galera e eu pedi a vez. Quando ele me viu com o protetor na mão disse, com todo mundo perto: "Edu, quer que eu passe o protetor em você?", e eu olhei pra ele e falei: "Pega, passa esse protetor em mim. Hoje eu tô facim, facim."

Todos riram, e ele também. Daí ele acabou voltando para sentar perto de mim, mas dessa vez o espaço para sentar ao meu lado era inexistente, então ele sentou bem atrás de mim, estávamos alinhados. E eu já tava sabendo que o jogo continuaria. Ele tirou o celular da bolsa e começou a mexer, sentado no chão e alinhado atrás de mim, em um momento, uma das mãos dele encostou em mim, e de novo, eu deixei, ficamos encostados por alguns minutos e ele voltou um pouco. Nesse momento, eu fui e fiquei sentado de maneira que minhas costas encostariam em uma das pernas dele. De novo, ficamos nessa por um tempo.

Passado um tempo, eu levantei e fui em direção à agua, para ver se ele me seguiria. Ele não seguiu, e eu acabei voltando para o meu lugar. Depois, ele sumiu. Levantei do chão e procurei ele com os olhos, depois fui para a beira do rio.

Então ouvi ele me chamar: "Edu, vem cá.". Ele estava em uma duna bem mais alta que a outra, já estava sombra lá e ele estava bem longe dos demais. Eu fui até lá então.

Comentários

Há 1 comentários.

Por will em 2016-05-11 03:32:30
Amando,muito curioso pro proximo,ancioso,nu vejo a hora de ler.