A surpresa

Parte da série O caseiro do final da Rua

Pessoal, esses dias, muita coisa surpreendente está acontecendo comigo e neste exato momento uma delas acaba de acontecer. Pode até parecer cliché dizer que o que acontece aqui é real, mas isso será provado pelos fatos narrados, que nem sempre serão de todo interessantes. Vou tentar postar um pedaço da história todos os dias.

_________________________________________

o resto do pessoal voltou, e trouxeram mais gente,éramos uns 10. Eu me dirigi até o Fernando na outra duna, ela era alta e ficava depois de um pequeno riacho que desaguava no rio. Chegando lá, ele estava quase deitado na areia mas apoiado nos braços e tinha uma cadela brincando com ele. A cadela era bem tratada e dócil, deveria ter um ano de idade. Eu vendo aquilo comecei a sorrir, e ele disse "Eu vou já aliviar nessa cadela aqui." e então eu disse: "Com um tanto de gente desse aqui, você vai pegar uma cadela?" ambos rimos.

Então eu fui com a mão direita e acariciei a cabeça da cadela, e em seguida, baixei a mão e toquei naquele volume que tinha no calção vermelho de tecido leve. Minha mão pegou com carinho e apalpou... era excelente, fiquei nervoso. A reação dele? Ele apenas sorriu, e não fez nada pra que eu tirasse a mão. Eu precisei tirar a mão de lá porque apesar de estarmos longe do resto do pessoa, alguns deles ainda poderiam nos ver. A coragem para esse ato arriscado veio de que algumas horas antes eu estava tirando comida da barba dele com as mãos e olhando para o rosto dele, ele não esboçava nenhuma reação de rejeitar.

Eu fiquei sem jeito e ele continuou brincando com a cadela. Então eu disse: "Essa cadela não estaria tão feliz se soubesse os planos que você tem para ela, hehehe". E ele respondeu: "Eu mudei os meus planos, não vou mais fazer nada com ela." Eu fiquei mais nervoso ainda, o caseiro do final da rua que pegava as meninas de lá, que para mim era totalmente heterossexual até aquele dia estava me falando aquelas coisas. Que surpresa boa.

Começamos uma conversa interessante, cujas linhas eu nem lembro mais em completo. Mas eu lembro de falarmos sobre nossas rotinas, ele me disse que agora morava sozinho, que teve um caso com uma mulher que durou um tempo, mas que acabou por largar ela. E à uma certa altura ele me perguntou se eu já havia namorado. E perguntou se era um namoradO ou uma namoradA, eu respondi a verdade. Eu já havia namorado com garotas, nunca namorei um cara mas já fiquei com vários.

Ele respondeu: "Era o que eu imaginava..." Eu não quis fazer a mesma pergunta para ele, até porque a resposta poderia sair alterada. Falei sobre o fato de eu não ligar mais para a opinião das pessoas. Eu estou em um momento da minha vida em que agradar aos outros não está nos planos, e que por isso eu fiquei perto dele e fiz todas aquelas brincadeiras sem me importar se os outros estavam achando que eu de fato era gay. E ele disse que concordava, deveríamos encher a vida de novas memorias boas todos os dias.

Ele disse "Por exemplo, daqui a duas semanas você vai lembrar que veio para a praia com os meninos e que passaram a tarde se divertindo." Eu completei "Vou lembrar de que foi a tarde em que peguei no pau do Fernando..." e ele de novo só riu.

Começamos então a falar sobre o valor que o sexo tem em um relacionamento e eu expliquei que sexo não é tudo, e ele me disse que não é com quem se faz que importa, é como se faz. Falamos mais alguns minutos e a garota que estava conosco perto da churrasqueira foi para a nossa duna sagrada, estragando todo o clima...

Fiquei muito frustrado... PORRA, estávamos sentados perto um do outro a tarde toda, daí nos separamos dos outros para uma garota estragar tudo??? Que sem noção... segurei a cara de reprovação que eu estava fazendo por dentro e esperei alguns minutos até levantar. O sol já estava quase se pondo e eu fiquei na água por um tempo, pensando em como eu iria pedir o número de telefone dele.