6. Sonhos e Metas
Parte da série Depois da Tempestade
Jhon notou que eu estava um pouco desconfortável, então se retirou para que eu pudesse me trocar.
Havia perfume na camiseta, e isso me fez deduzir que ele a usava com frequência. Cheirei a camisa para identificar o perfume - Okay, vamos fingir que todos acreditam em mim - e deduzi ser CK One.
Coloquei a camisa, lembrando que meus cortes estavam à mostra e tirei a calça jeans. A calça branca que Jhon trouxera era de algodão, e deixava a mostra a minha cueca - uma tradicional preta.
A cueca estava pouco molhada, então não me importei muito.
Ouvi um barulho metálico vindo do cômodo ao lado. Era a cozinha.
Jhon recolhia as pratarias , enquanto segurava o pote de bolo com sorvete.
- Gosta? - Perguntou Jhon, usando o queixo para indicar o doce enquanto se levantava. - Eu adoro.
Fiz que sim com a cabeça, e Jhon percebeu em minha expressão que eu estava intimidado. Jhon me fitou com suas órbitas negras, me prendendo em eu olhar.
- Desculpa. - ele falou - pelas palavras e atitudes que te machucaram.
- Tá tudo bem. - Falei, olhando para um ponto fixo no chão. Eu tinha medo de olha-lo e chorar, lembrando que cada marca que havia no meu braço era fruto das ações dele.
- Não Thiago, não está tudo bem. - Ele falou, se aproximado de mim, mas evitando manter contato físico. - Eu tenho uma dívida com você, e vou paga-la independente de qual seja o custo.
- Dívida? - Perguntei, sentindo meu rosto arder.
- Minha meta é fazer faculdade em outro país, e uma expulsão no histórico escolar iria afogar essa meta. - explicou-se, e se aproximou.
O ardor que antes só cobria meu rosto desceu para o pescoço, e assim, para o resto do corpo.
Pensei na palavra "meta" usada por Jhon, e a relacionei com "Sonho".
- Por que você substituiu Sonho por Meta? - Pergunto, já me arrependendo.
Ele provavelmente pensou que eu estava mudando de assunto por me sentir desconfortável.
- Eu não substituí. Um sonho é algo duvidoso, que pode ou não acontecer, e que nem sequer sabemos se é o que realmente queremos. Um sonho é um momento.
- E uma meta? - perguntei.
- Uma meta é algo que você quer, e pretende dar tudo de si para conseguir alcançar. É um alvo, e você tem que lançar a flecha na direção certa, custe o que custar.
Assenti pensando em tudo o que ele falou, e concordei, sem excessão alguma.
- Tem algum sonho passando.pela sua cabeça agora? - Perguntei, ainda de cabeça baixa.
- Tem um congestionamento de sonhos aqui. - falou rindo. - E você? Está sonhando com algo?
Pensei nas coisas duvidosas que se passavam na minha cabeça. Eram várias, mas entre elas, apenas uma latejava minha cabeça.
Antes de poder esconder a resposta ela saiu. Foi tão automático quanto respirar.
- Beijar você.