Parte 9 - Do céu ao inferno

de Luh (Seguir)

Parte da série Tudo começou na piscina

Os segundos de espera foram quebrados e todas as aflições estavam a mil, a resposta que decidiria o meu presente e o meu futuro estava a caminho, mas justo quando ela surgiria alguém bate na porta. Fiquei a segundos de ter um ataque de nervos e até quem sabe ter um desmaio, o que pode parecer exagerado, mas só quem já se sentiu aflito pode saber o quanto é ruim a sensação e o que a gente sente, mas enfim tomo forças e caminho até a porta, até que vejo alguém segurando um buquê de rosas vermelhas. Minha surpresa foi tamanha que não consegui esboçar palavra alguma e sou desperto desse susto por Carlos, que já perguntava quem era. Nos momentos seguintes tive certeza de que aquilo seria o começo de uma imensa confusão e isso foi comprovado alguns segundos a seguir quando Carlos viu que quem estava na porta era Gabriel e que ele segurava um buquê de rosas.

_ Será se esse cara não se toca? – falava Carlos.

_ Calma Carlos, por favor, não quero confusão. Gabriel quanto a você, por favor, vai embora. Agora não é o melhor momento. Estou te pedindo.

_ Moleque é melhor sumir daqui, ou se não te arrebento na porrada – falou Carlos.

_ Em primeiro lugar eu vou sim, mas saiba que não é porque você está mandando e sim porque a pessoa que mais importa nesse mundo para mim está pedindo, até porque não tenho medo de você. Segundo que eu não vou desistir de ficar com ele, então se prepare para a batalha, pois eu não vou facilitar para você – falou Gabriel me dando as flores que foram tiradas e jogas ao chão por Carlos. (devo falar que por um segundo admirei a audácia do Gabriel, sem dúvidas ele não estava para brincadeiras, mas o fato dele me tratar como um premio a ser disputado, conquistado, e exibido em seguida me deixou com raiva).

_ Olha aqui Gabriel agora é minha vez de falar, eu não sou premio para ser disputado, e já falei que não te quero! Agora ver se entende isso de uma vez. Por favor, vai embora.

Gabriel foi saindo, mas não deixou de dizer que isso não era o fim e que ele lutaria por mim. Essas palavras só deixaram Carlos com mais raiva. E confesso a vocês que tive medo do Carlos perder a cabeça e realmente bater no Gabriel. Mas enfim, essa situação serviu para aumentar a tensão do ambiente e aumentar a angustia em saber a resposta da minha mãe.

Voltamos para a sala e minha mãe permanecia sentada no sofá e ainda mantia a mesma cara de indiferença. Isso me deixava mais aflito. Ela perguntou o que havia acontecido e eu expliquei a ela, em seguida ficou um silencio assustador. Meu coração a essas alturas estava batendo muito rápido, não aguentei, resolvi quebrar o silencio!

_ E então mãe? O que a senhora decidiu?

Ela me olhou e eu segurei a mão de Carlos. E em seguida ela falou:

_ Em primeiro lugar quero saber o que você quer?

_ Mãe, é obvio que eu quero ir, mas como sou menor de idade eu preciso da sua autorização.

_ E caso eu não permita? O que você fará a respeito?

_ Mãe, eu vou ficar triste, arrasado, mas vou entender. Será difícil, mas querendo ou não ainda sou menor de idade e não tenho domínio sobre mim. Mas peço que a senhora veja que isso só tem a acrescentar na minha vida. Embora eu tenha pouca idade aos seus olhos eu já sei o que quero e do que preciso. Se eu for para o Rio de Janeiro, vou poder crescer naquilo que amo fazer. A senhora sabe que nosso estado não me oferece as mesmas oportunidades que terei se eu for morar lá.

Mais uma vez minha mãe ficou em silencio e nesse instante vi que se ela tivesse falado antes do Gabriel chegar seria um enorme NÂO de cara e que só agora ela pensou realmente no assunto. Eu sabia que seria difícil dela aceitar ficar longe de mim, pois já foi difícil saber da minha condição, foi mais difícil me deixar namorar um homem e por sinal mais velho, agora me deixar ir para longe seria uma missão impossível. Só sabia que independente da resposta tentaria ser feliz.

Minha mãe pediu para falar somente com Carlos, o que de fato me preocupou bastante, mas assim fiz. Sabia que isso seria o essencial para a sua decisão final. Fiquei no quarto e dentro de uns cinco minutos Carlos entra chorando. Nessa hora me vieram mil suposições e isso me deixava louco, ver Carlos chorando me fez sentir uma dor imensa no peito, e tive a sensação que o que ele falaria não me deixaria nada feliz. Ele sentou-se ao meu lado e não falava nada, devagar foi deitando e ainda assim insistia em permanecer calado. Eu no fundo sabia a resposta, mas alguma coisa me fez sentir que o que viria depois seria muito ruim e então chorei junto. Vi minhas lágrimas caírem sobre o seu rosto e se juntarem às suas. Nossos olhos se encontraram e só então tomei coragem de perguntar. Sabia da resposta, mas precisava da confirmação para só então ter paz.

_ E então? Qual foi a decisão?

_ Antes de tudo quero que saiba que sempre vou te amar.

_ Isso quer dizer que a resposta é não?

_ Sim.

_ Não pode ser, por que ela não deixou?

_ Por vários motivos meu amor e confesso que entendo. Agora vejo que quando fiz essa proposta só pensei em mim.

_ Como assim Carlos, que história é essa? Você vai desistir? Podemos explicar mais. Daremos um jeito.

_ Luciano, você mesmo disse que entenderia. Só agora vi que isso iria te afetar de todas as formas. Não quero desistir, mas sua mãe me fez ver a situação por outros ângulos e percebo que realmente ela está certa. Você só tem quatorze anos, tem sua vida aqui, escola, seus amigos, sua família. Não é justo eu tirar isso de você e fazer com que você tenha que passar por um processo de adaptação tão grande quanto será se você for. Eu percebo que minha vida lá é uma correria, que eu não poderia cuidar de você da forma que deveria. Sua mãe me fez ver isso.

_ Esse é o problema, vocês enxergam apenas os problemas, mas não olham para as possibilidades de superação. Sei que só tenho quatorze anos, mas às vezes sou mais maduro que vocês – falei.

_ Maduro? Você acha que não estamos agindo com maturidade? Saiba que você não está enxergando isso de forma madura. Você está se baseando apenas em possibilidades e suposições. Mas a vida te mostra uma realidade totalmente diferente. Não é justo contigo e com tua família que você tenha que passar por uma mudança por causa da minha insegurança. Não vou te tirar do teu lar para te fazer sofrer. Eu te amo e se a melhor forma de você for feliz é longe de mim eu vou entender.

_ O que você quer dizer com isso? Quer dizer que você não vai mais tentar? Que dizer que vai terminar? Eu não me importo de sofrer, desde que eu esteja ao teu lado. Por favor, não desiste do nosso amor.

_ Eu não quero desistir, quero te ter, mas tenho que ver a realidade. Te levar comigo foi a forma que encontrei de poder tentar fazer o nosso relacionamento ir para frente, mas infelizmente isso não será possível. E nós dois sabemos que esse relacionamento à distância não tá sendo o que esperamos. Não vou suportar ficar longe de você, mas sei que tenho de abrir mão do nosso amor por enquanto. Porque daqui a dois dias eu voltarei para lá e você ficará aqui. Não é justo te privar de experimentar outras possibilidades para levar um relacionamento à distância que sabemos que não vai ser o mesmo, que vai ser difícil e até mesmo impossível.

_ Como assim não vai ser o mesmo? Esse ano foi difícil, mas você sabe que conseguimos manter esse amor. Não venha dizer que não dá, porque você sabe que dá sim.

_ Não, você sabe não que não dá. Não vou conseguir está lá e saber que só poderei te ver depois de logos períodos, que quando puder, só terei você junto de mim durante pequenos dias. Que não vou poder está ao teu lado. Eu não sou capaz disso. Eu te quero do meu lado, mas isso não é possível. Então é melhor mesmo dá um fim nesse relacionamento. Se realmente for para ser, será. Daqui a alguns anos quem sabe, mas por enquanto isso não faz parte da nossa realidade. Espero que seja feliz, só quero que saiba que eu te amo.

_ Como você espera que eu seja feliz se não vou ter você ao meu lado? Como você espera que esqueça tudo que vivemos? Me responda!

_ Não sei, mas isso é preciso e você sabe disso. Agora eu preciso ir, não quero tornar isso mais difícil. Te amo meu amor, Adeus!

Vê-lo indo embora foi uma tortura. Saber que não teria ele comigo era uma maldição. Quis morrer, quis sumir, quis gritar, mas o que me restou a fazer foi chorar. Chorar como se toda a dor e tristeza que eu sentia pudessem sair através das lágrimas, chorar como se isso fosse resolver meus problemas. Chorar para esquecer. Depois de muito chorar meus olhos foram fechando e em seguida adormeci.

Ao acordar desejei que isso tudo não tivesse passado de um pesadelo. Que Carlos estivesse a minha espera e que me levaria consigo para a realização dos nossos sonhos. Mas não demorou muito para a realidade tomar conta e eu novamente chorar. Permaneci no meu quarto, não queria fazer nada. Mesmo o dia estando lindo para mim era como se uma nuvem cinzenta estivesse por todo o mundo, tivesse no meu mundo, nos meus sonhos, na minha vida. Para mim era como se ele tivesse levado consigo todas as cores, toda a minha alegria, todos os meus sonhos. Minha vontade era cavar um buraco e ficar lá pelo resto da minha vida. Queria abraçar a morte e pedir a ela que tirasse toda a minha dor, que ela me levasse para o paraíso e que lá todos os meus sonhos pudessem voltar e se realizar. Minha mãe bateu na porta, mas foi em vão, pois apenas respondi que me deixasse em paz, nesse momento ela compreendeu. Os dias se passaram e minha vida permanecia escura, era como se tudo que fizesse estivesse em modo automático. Em uma semana a tristeza já havia me consumido de forma intensa. Minha vida resumia-se a está em modo automático e choros noturnos. Só conseguia dormir após chorar e entrei em depressão. Sabia que lá ele estava vivendo normal, que estava buscando cumprir seus sonhos e isso fazia com que eu apenas mergulhasse mais fundo nesse abismo.

Após duas semanas minha mãe já mostrava mais preocupação, havia tido perda de peso e se não fossem as férias com toda certeza do mundo teria ido mal à escola. Ela me levou a um psicólogo, mesmo eu insistindo que seria inútil. Após varias sessões pude melhorar, mas ainda sim batia a mesma tristeza. Depois de um mês de sessões já havia superado a depressão. Depois de dois meses já voltava a fazer tudo àquilo que gostava. Depois de seis meses voltei a fazer o que me deixava feliz, que era a natação, já que havia parado logo após terminar com Carlos. Fazer algo que me lembrava totalmente dele só aumentava minha dor, mas agora isso já não importava, já tinha motivos para sorrir e nadar era o que me fazia sentir bem. Voltei a falar com Gabriel e ele ainda assim tentava algo, mas eu não queria me relacionar com ninguém.

Um ano se passou e tudo aquilo que me lembrava Carlos já havia sumido. Era como se ele não tivesse feito parte da minha vida. Nesse período de tempo as únicas noticias que tive dele foram que ele estava numa fase ótima, e que por isso iria para os Estados Unidos. Depois disso me aproximei mais do Gabriel, ele já não tentava ter mais nada comigo, acho que finalmente percebeu que meu coração estava fechado, e então voltamos a ser amigos novamente.

Mais um ano se passou e eu já estava com dezesseis anos a minha vida estava perfeita, embora não namorasse com ninguém eu estava feliz. A essas alturas minha amizade com o Gabriel já havia se fortalecido mais ainda e já agíamos como verdadeiros irmãos. Enfim ele realmente esqueceu aquele sentimento e achou uma pessoa que realmente o amava, resolveu se assumir e já namoravam há algum tempo, o nome do seu namorado era Pedro. Pedro era um cara legal, bonito e tinha a nossa idade. Eles se conheceram na escola, mas isso não vem ao caso. Nós três vivíamos juntos então minha vida estava ótima. Embora se resumisse somente à escola, natação, campeonatos e estudos.

Final do ano foi incrível Pedro e Gabriel estavam mais firmes que nunca e só eu estava sozinho. Embora eu estivesse sem ninguém, pude obter várias conquistas. Dentre elas, eu pude me destacar mais ainda na natação, e aquilo realmente me deixava feliz. Tudo que me importava era minha família, meus estudos e meus amigos. Relacionamento não estavam na minha lista, mas claro que não fiquei totalmente encalhado, rsrs. Ficava com alguns cara, mas nada além de beijos e amassos, nunca mais parti para o sexo, pois não me sentia bem em fazer isso com qualquer um.

Janeiro do ano seguinte passou normal, fevereiro passou feito uma bala, março e abril então nem se fala. Então chegou maio e trouxe consigo mais felicidades, por ser o mês do meu aniversário todos os meus amigos iriam preparar minha festa logo após uma competição que caiu justo no dia do meu aniversário. Estaria completando dezessete anos e tudo até então tinha sido perfeito. Como presente ao meu esforço pude ganhar várias medalhas e logo em seguida foi minha festa. O pessoal havia preparado tudo, saímos da competição e fomos para o local de eventos que haviam alugado para a comemoração. Muita música, muita gente bonita, vários gatos, rsrs. Eu era só alegria até que eu vejo alguém entrando. Nessa hora digo que meu coração parou, era ele, a pessoa que mais amei e que há tempos atrás tive uma linda história. Ele trouxe consigo tudo aquilo que me fez feliz e tudo aquilo que me fez triste. Trouxe as lembranças dos beijos, dos abraços. Ele caminhava em minha direção, sua beleza estava maior, seu olhar já me fazia entrar em êxtase, seu sorriso me provocava um enorme desejo. Ele parou na minha frente e foi como se tudo em volta tivesse parado também. Seus olhos penetraram os meus e seu olhar me causou um arrepio, seu rosto me levava ao esquecimento e seu sorriso a uma total submissão, ele era o predador e eu a presa, se ele quisesse já poderia me devorar, seus olhos me paralisaram, já não havia como fugir ele já possuía o domínio sobre mim e minha vontade de ser devorado cresceu. Eu era agora uma presa masoquista que ansiava pela dor que seu predador lhe causaria, mas sabia que essa dor me traria o maior prazer. Fiz a única coisa que podia. Dei um passo à frente e o beijei.

Continua...

Oi pessoal, estou de volta com mais essa parte, peço desculpas pelo atraso, mas era reta final para a prova do ENEM e não pude escrever. Fora que estou em um treinamento numa empresa que está tirando meu tempo totalmente. Quero agradecer a todos que leram, a todos que comentaram meu ultimo conto. Principalmente ao Well, ao Fozzi, ao Taai. Espero que tenham gostado dessa parte, não deixem de comentar, pois seus comentários são muito importantes. Um beijo a todos vocês.

Com amor, Luciano.

Comentários

Há 7 comentários.

Por Catito em 2013-11-10 17:04:23
Cara, eu estou te implorando, posta logo a "Parte 9" por favor???? Seu conto é muito perfeito *----*
Por ds em 2013-11-09 01:28:37
Amo seu conto agora esta ficando melhor ainda estou esperando a continuaçao ;)
Por wteens em 2013-11-04 11:54:17
Se superou dessa vez Luciano, está maravilhoso, eu que agradeço por poder acompanhar o seu conto.Espero que poste o próximo logo, mas entendo como é isso de estar ocupado demais para postar aqui. Beijo
Por Y.141 em 2013-11-04 01:47:04
Ótimo, estou acompanhando a série, até que enfim, cheguei no último postado, estou amando, posta logo
Por fozzi em 2013-11-03 15:40:37
muito bom muito bom mesmo
Por Fernando em 2013-11-03 14:07:46
Caro escritor estava ansioso pela continuação, mas que bom que vc já postou. Bom gostei dessa parte como das outras... esperando pela próxima. Abraço cordial!
Por Thiago em 2013-11-03 10:59:09
Está ótimo o conto!! É o Carlos de volta? :D