Parte 6 - Depois da Tempestade surge o Furacão

de Luh (Seguir)

Parte da série Tudo começou na piscina

Quando olhei minha mãe na porta nos olhando quase tive uma parada cardíaca, dei um pulo do sofá acompanhado de Carlos.

_ Posso saber o que está acontecendo aqui? – minha mãe perguntou calmamente.

_ Eu, eu, posso explicar mãe – falei gaguejando.

_ Estou esperando Luciano – Falou ela.

_ É, é, é – não conseguia falar nada, estava em estado de choque.

Carlos tentou falar, mas foi interrompido por minha mãe enquanto Gabriel olhava com um sorriso de felicidade na porta.

_ Ainda estou esperando Luciano – falou minha mãe ficando impaciente.

_ Mãe por favor não me ponha para fora, por favor – já falava chorando – isso que a senhora viu é simplesmente o que eu sou. Eu sou gay mãe e estou namorando o Carlos, a gente se ama mãe, mas por favor não me expulse, por favor.

Minha mãe nada falou por um bom tempo nos deixando numa aflição imensa, quando finalmente resolveu falar foi para mandar Carlos e Gabriel saírem.

_ Por favor, nos deixem a sós – pediu minha mãe.

Carlos até quis relutar, mas pedi que ele fosse. Ele disse que iria ficar esperando do lado de fora, caso precisasse de ajuda era para eu gritar. Falei a ele que não precisava, mas ele era cabeça dura demais para atender meu pedido.

Quando todos saíram, minha mãe sentou no sofá e mandou que eu também sentasse. Aquilo me deixava com mais medo, pois ela não demonstrava nenhuma reação e isso me preocupava.

_ Desde quando isso vem acontecendo Luciano? – perguntou ela.

_ Desde o começo do ano – falei de cabeça baixa, pois embora não fosse nada de mais ser gay, não conseguia olhar nos olhos dela. Era como se isso fosse errado.

_ Olhe para mim quando estiver falando comigo.

Olhei em seus olhos e desviei o olhar, não conseguia encará-la, meus olhos saiam lágrimas. Até que ela puxa meu rosto para que olhasse para ela.

_ EU FALEI PARA OLHAR PARA MIM – falou ela num tom de voz alto.

Encarei minha mãe e por um momento tive mais medo do que poderia vir a seguir.

_ Por que você não me contou nada? Por que precisei descobrir assim? Me fala, que tipo de mãe você pensa que eu sou? – falou ela me encarando profundamente.

_ Eu tive medo – falei chorando.

_ Medo de que? Me fala, em algum momento eu fiz algo que te desce medo Luciano?

_ Não senhora – a essa altura eu já chorava muito.

_ Por que você não confiou em mim? Me responda! Eu sempre fiz de tudo para ser uma mãe excelente, mas mesmo assim você não confiou em mim.

_ O que a senhora esperava mãe? Eu tive medo do que a senhora pudesse fazer ao descobrir que seu único filho homem é gay; que ele não ia lhe realizar todos os sonhos que a senhora tivera, que não iria lhe dar os netos ou a nora que a senhora sempre sonhou. Como a senhora queria que eu falasse? A senhora queria que eu chegasse e falasse: _ Oi mãe sinto lhe dizer, mas eu sou gay, eu gosto de homens! Era isso que a senhora queria? Se ponha no meu lugar mãe, já é difícil conviver sabendo que muitos vão lhe apontar o dedo, que muitos vão lhe virar as costas pelo simples fato de ser gay. Que muito não vão aceitar, que muitos vão me maltratar e me humilhar por ser quem eu sou. Como a senhora queria que eu falasse? Me responda mãe! A senhora acha que fácil querer ser apenas você sem que ninguém lhe jogue na cara que isso é pecado, que você merecia morrer, que você é uma aberração? – nessa hora ela me interrompeu.

_ E você acha que eu sou esse tipo de pessoa meu filho? Você acha que eu lhe viraria as costas só porque você é assim? Hein? Você não percebe que eu te amo mais que tudo nesse mundo? Eu jamais faria isso com você. No fundo eu sempre desconfiei que você era diferente, mas sempre achei que fosse coisas da adolescência e que com o tempo iria passar, mas agora vejo que realmente você é assim. O que me magoou foi o fato de você não confiar em mim, foi descobrir dessa forma que você gosta de homens.

_ Me perdoa mãe, eu sei que errei, mas tenta me entender, não é fácil falar esse tipo de coisa.

_ Tudo bem meu filho, agora vem cá e me dá um abraço –falou ela com lagrimas nos olhos. E olha que você tem bom gosto, seu namorado além de muito lindo é super legal, rsrs – minha mãe é comédia, rsrs.

Nossa gente, saber que sua mãe aceitou normal que você é gay não tem sensação que possa ser descrita, é um misto de alegria com alívio. Pena que poucos tem essa mesma sorte, mas enfim, espero que um dia isso possa mudar e que as pessoas possam ver que essa história de preconceito não passa de besteira e que não leva a lugar nenhum.

_ Agora mocinho, vá lá chamar seu namorado que eu sei que ele está aflito – falou minha mãe.

Fui correndo até aporta e chamei o Carlos entrar, ele estava muito engraçado andando de um lado para o outro, rsrs. Após entrarmos minha mãe começou logo a falar:

_ Meu querido não se preocupe que está tudo sob controle. Agora vamos ter uma conversinha de sogra para genro.

_ Mãe, me poupe né – falei sorrindo.

_ Me poupe nada mocinho, preciso saber as intensões do namorado do meu filho. Ande rapaz sente-se ai.

Eu e Carlos nos sentamos e minha mãe logo emendou:

_ Então senhor Carlos, quais são suas intenções com o meu filho? – affs minha mãe super sem noção, rsrs, parecia que Carlos estava pedindo minha mão em casamento.

_ Saiba que são as melhores – falou Carlos nervoso e ao mesmo tempo constrangido com a situação. Também com esse tipo de conversa quem não ficaria né?

_ Primeiramente você tem consciência de que Luciano é menor e de idade e que você já é de maior né?

_ Tenho sim senhora.

_ E que querendo ou não isso pode ser considerado pedofilia.

_ Sim senhora.

_ Pois bem, percebo que você gosta muito do meu filho e ele de você, portanto eu permitirei o namoro de vocês, mas contanto que vocês não vão fazer besteiras.

Nessa hora eu gelei e olhei para Carlos. Minha mãe percebeu e me olhou incrédula.

_ Antes que a senhora fale algo saiba que eu tive plena consciência do que fiz e que foi eu que pedi –falei para minha mãe.

_ Tudo bem, não quero saber os detalhes, embora aceite não estou acostumada, então se vocês já chegaram a esse nível não há mais nada que eu possa falar, só espero que respeitem essa casa, se protejam e que isso não vire rotina. Você ainda é muito novo para ter esse tipo de relação meu filho.

_ Quanto a isso fique despreocupada, pois nós nos prevenimos e que isso não será feito com frequência, já que infelizmente o Carlos vai passar três anos morando no Rio de Janeiro e só nos veremos quando ele voltar para cá – falei.

_ E como vocês esperam levar esse relacionamento adiante com toda essa distância? – perguntou minha mãe.

_ Quanto a isso não se preocupe, pois eu vou espera-lo e o mesmo irá acontecer com ele, pois quando se há amor, nada pode impedir um relacionamento, nem mesmo a distância – falei.

_ Então tudo bem, se vocês pensam assim. Espero que sejam felizes e que tenham juízo. Agora preciso ir.

Quando ela se foi eu e Carlos nos olhamos e começamos a rir. Em seguida dei um beijo naquela boca deliciosa e pedi que fossemos dar uma volta. Ele prontamente aceitou e saímos.

Nós fomos até uma pracinha que ficava a umas quatro quadras da minha casa e lá ficamos conversando e sonhando com o futuro. Carlos falou que assim que eu terminasse de estudar ele iria me chamar para morar junto com ele, falamos também que eu poderia fazer o mesmo teste que ele havia feito e que se passasse poderíamos morar juntos desde já. Eu falei que poderia ser, mas que achava que minha mãe não iria deixar devido minha idade. Depois de um tempo mudamos de assunto e resolvemos pegar um cinema, ele me levou para casa e foi se arrumar para depois ir me buscar.

Ao chegar em casa falei com minha mãe e avisei logo que queria dormir na casa de Carlos, minha mãe me olhou por um instante e permitiu, mas não deixou de comentar:

_ Não sabia que você era fogoso desse jeito.

Gente fiquei super sem graça, minha mãe era sem noção. Nem respondi pois estava sem ação.

_ Deixa de frescura menino, agora que fez e gostou Tu não quer falar do assunto, me poupe.

_ Mãe, menos né.

_ Menos nada menino, e depois vamos ter uma conversa sobre sexo, posições e essa coisas, sempre tive curiosidade quanto a esse tipo de relação. Eu sei com funciona, mas quero saber como é que é feito e tudo o mais.

_ Mãe a senhora está me deixando sem graça.

_ Que sem graça nada, para de besteira Luciano, eu sou sua mãe.

_ JUSTAMENTE POR ISSO. Mãe a gente não fala essas coisas com os pais.

_ Deixa de caretice menino, já foi tempo que isso acontecia, amanhã quer você ou não teremos essa conversa, rsrs. Boa noite e leva camisinha tá, rsrs. Se quiser posso te dar umas que tenho aqui, qual sabor você gosta? Tenho morango, chocolate, menta e pimenta. A de pimenta é uma delícia, eu recomendo, rsrs.

_ MÃE, a senhora é muito sem noção – falei subindo para meu quarto.

_ Tá bom seu careta – gritou ela.

Fui para meu quarto, tomei um banho e me arrumei. Coloquei uma camisa polo branca, uma calça jeans preta e um All star preto também. Passei perfume e desci para esperar o Carlos. Ao chegar ele buzinou, eu fui abrir o portão e quase tive um troço, Meu Deus, ele estava simplesmente perfeito, como ele era lindo. Ele usava uma camisa branca gola V super colada, que deixava seus músculos delineados, uma calça jeans preta skinny que marcava aquelas pernas lindas, um sapatênis. Fiquei babando até que sou despertado por ele.

_ Assim fico até sem jeito, fica me secando, rsrs.

_ Não é secando, simplesmente admirando o que é meu, rsrs. Como você consegue ser tão lindo?

_ Lindo é você meu amor, agora vem cá e me beija.

Ele me puxou e me tacou um beijo de tirar o folego, nessas alturas pouco me importava pros vizinho fofoqueiros, quem eu morria de medo de reprovar meu relacionamento aceitou de boa, então que se foda o resto. Antes de sairmos escuto alguém me chamando. Quando vejo era o Gabriel, ao olhar Carlos franziu a cara.

_ Fala rápido Gabriel que estou de saída.

_ Preciso falar com você.

_ E tem de ser agora? – perguntei.

_ O que tenho para falar não pode esperar.

_então fala logo, que estou atrasado.

_ Quero que antes de mais nada você saiba que é muito importante para mim e que desde que te conheci eu venho me sentindo estranho, sentimentos que eu não consigo explicar – Carlos interrompeu.

_ Vem cá não estou acreditando que você é tão cara de pau ao ponto de se declarar para o meu namorado na minha frente, tu perdeu a noção moleque? – falou Carlos alterado.

_ Calma amor, por favor – falei segurando ele.

_ Calma nada Luciano, esse mané já tá me enchendo, ou ele está tirando uma com minha cara, ou ele é muito sem noção.

_ Olha fica na sua que o papo é entre eu e Luciano – falou Gabriel.

_ Moleque eu vou quebrar a sua cara – falou Carlos partindo para cima de Gabriel, tive de segurá-lo.

_ Amor calma amor, por favor – não sei como achei força para conseguir segurar Carlos.

_ Calma nada amor, ele quer me tirar, mas vou quebrar a cara dele –nessa hora me meti na frente e tentei segurar ele novamente.

_ Gabriel vai embora, por favor – falei gritando.

_ Tá eu vou, mas antes de mais nada saiba que te amo e vou lutar por você – falou Gabriel e depois saiu correndo.

Cara se eu não me agarrasse com Carlos ele teria corrido atrás de Gabriel.

_ Luciano você vai embora comigo para o Rio, e está decidido, não vou conseguir ficar lá sabendo que você vai estar perto desse desgraçado.

_ Como assim Carlos? Minha mãe não vai permitir isso nunca.

_ Pensamos isso depois, agora vamos logo antes que eu vá atrás desse desgraçado.

Entramos no carro e partimos rumo ao cinema. Minha cabeça girava, mas queria esquecer os problemas e apenas curtir meu amor.

Continua...

Olá galera, está ai mais uma parte, espero que gostem. Não deixei de comentar, um beijo e até o próximo.

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