Parte 10 - Renascendo das Cinzas

de Luh (Seguir)

Parte da série Tudo começou na piscina

Aquele beijo me trouxe todas as recordações do passado, trouxe consigo todas as felicidades e tristezas, todo êxtase e ao mesmo tempo toda a angustia e toda dor. Agora eu estava em uma luta interna, em que uma parte de mim queria permanecer ali pelo resto da vida e outra parte que lembrava de todo sofrimento e que agia como uma defesa. Tentei sair do beijo, mas sua boca atuava como um imã, como a gravidade que puxa tudo para si. Aquele corpo, aquele cheiro, aquela pegada, tudo nele agia como uma arma que quebrava todas as minhas defesas. Era como se eu fosse o marionete controlado e todos esses encantos fossem os fios que me controlavam.

Permaneci de olhos fechados durante todo o beijo, meu corpo já era seu, e eu apenas torcia para que esse momento se eternizasse. Que o tempo parasse e que ficasse nesse beijo pelo resto da vida. Esse beijo fez com que o meu desejo surgisse com toda fúria. Meu desejo era uma fera que há tempos fora aprisionada e que agora que se libertou saiu destruindo tudo o que lhe prendia. Enfim pode-se dizer que sem dúvida alguma esse fora o melhor beijo de toda minha vida.

Após o termino do beijo, eu levanto meu rosto e meus olhos se cruzam com o seus. Nesse momento pude falar sem palavras e ele compreendeu de forma que seus olhos se encheram de lágrimas. Durante vários segundos permanecemos assim até que ele resolve quebrar o silêncio.

_ Senti sua falta – disse ele, enquanto eu permaneci calado.

_ Por favor, fala alguma coisa – suplicou.

_ Falar o quê? – questionei.

_ Não sei, mas, por favor, não faz assim. Não depois do que acabou de acontecer, não depois de você mostrar que ainda me ama.

_ Quem disse que ainda te amo? – perguntei.

_ Vai negar depois desse beijo? – questionou.

Era obvio que eu o amava, mas quis fazer uma de difícil, como se isso fosse colar depois de me entregar totalmente a ele.

_ Ainda continua se achando – falei de forma irônica.

_ Claro que não, mas é difícil negar depois de um beijo assim, você não acha?

O bandido me pegou no meu próprio jogo, por fim não desisti de bancar o difícil, nesse jogo eu era muito bom.

_ Fala o que você quer, pois caso não tenha reparado estou no meio da minha festa.

_ Eu quero conversar com você.

_ Acho meio impossível agora, você não acha? – perguntei.

_ Tudo é possível quando se faz um esforço , você não acha? – respondeu.

Ai como eu odiava admitir, mas esse filho da mãe mexe comigo. Sabe me derrubar totalmente.

_ Mas eu não quero fazer esse esforço. Além de que aqui não é o lugar para termos essa conversa.

_ Então vamos sair, vamos dar uma volta – pediu.

_ Acho melhor não – respondi.

_ Por favor, vamos conversar, eu te imploro.

_ Já disse que não.

_ Então você vai ouvir aqui mesmo juntamente com todos – falou enquanto se dirigia ao meio do salão.

_ o que você vai fazer?

_ já que você não quer ouvir, o jeito é falar aqui.

_ Tudo bem, você venceu, vamos – respondi caminhando em direção à porta.

Abandonei a festa e segui com ele até o seu carro. Ao entrarmos ele dá partida e seguimos pelas ruas sem rumo. As palavras ainda não ousavam sair e o silêncio permanecia doloroso, até que ele para. Levo segundos para assemelhar o local.

Estávamos na praça que há tempos atrás nos encontramos e namoramos como se o amanhã não importasse.

Caminhamos até um banco que ficava em um local mais escondido, mas que a visão da paisagem gerava um clima romântico. Sentamos e ficamos em silêncio. Dessa vez eu resolvo quebrar o silêncio:

_ Lembra-se dos tempos que fomos felizes aqui?

_ Como poderia esquecer? Se aqueles momentos foram os melhores da minha vida – disse ele olhando para a lua que brilhava

intensa e refletia seu brilho no mar.

_ Lembra-se das palavras ditas? Das juras de amor feitas? Do quanto isso fazia-nos felizes?

_ Lembro! Assim como me lembro do seu toque, do seu cheiro, do seu beijo. Dos seus olhos brilhando a cada descoberta e a cada sensação que lhe pude proporcionar disse ele olhando em meus olhos – assim como lembro também dos segundos que ficávamos parados apenas contemplando a noite, contemplando as estrelas, a lua. Lembro-me de você a cada minuto desde o dia da nossa separação, lembro-me da nossa despedida. Lembro-me das suas lágrimas, lembro-me das minhas lágrimas. Eu me lembro dessa maldita distância e lembro-me desse destino cruel que fez com que nós ficássemos afastados por esse tempo. Mas principalmente lembro-me do quão feliz você me fez, do quão feliz você me faz e do quão feliz eu sei que você me fará.

_ Se você lembra mesmo, porque não me procurou? Porque não me deu noticias? – falei chorando.

_ Porque sabia que esse era o certo a ser feito. Sabia que quanto mais você matasse esse sentimento por mim, mais fácil seria de você seguir sua vida.

_ Isso não cabia a você decidir. Cabia a mim, somente a mim. Você tem ideia do quanto eu sofri durante esses anos? Tem ideia do quão difícil foi para eu me reerguer? Do quão solitária foi a minha vida depois que você partiu e sequer deu noticias, mesmo para dizer o quanto estava difícil lidar com tudo aquilo? Acho que você não tem ideia. Você era meu tudo, embora eu soubesse das dificuldades, eu estava disposto a lutar. Mas você não quis. Você simplesmente decidiu que seria certo e fez. E coube a mim somente aceitar e tentar lidar com a sua ausência. E agora depois de todo esse tempo você surge das cinzas e trás consigo toda a dor que senti – falo chorando.

_ Sim, eu tenho ideia. Você não sabe, mas eu também sofri. Ou você acha que não foi doloroso para mim também? Os primeiros meses foram os piores, a todo tempo procurava saber noticias suas através dos nossos amigos. Enquanto você sofria aqui, eu sofria mais ainda lá. A cada lágrima sua, um pedaço do meu coração quebrava; a cada dor que você sentia, uma parte de mim morria; a cada noticia sua ruim, a minha vontade de vir embora para cá se tornava maior, mas nós dois sabemos que isso não era possível, já que ralei muito para conseguir chegar onde estava. Só me restava apenas torcer para que isso passasse e para que você conseguisse se reerguer.

_ Eu sei da sua luta e não estou te cobrando que você viesse para cá. Apenas estou te cobrando que pelo menos me desse noticias. Não era preciso você me ignorar, pois isso só me causava mais dor.

_ Mas para mim isso era o certo a ser feito, por vezes desejei que tudo isso não passasse de um terrível pesadelo, mas a realidade era outra. Só que agora eu voltei. E voltei para ficar, voltei pra te reconquistar, para lutar por você. E mesmo que não seja agora, eu vou esperar, pois é de você que preciso para ser feliz. E se minha felicidade é você eu jamais desistirei. Nem que passe cinquenta anos, eu vou esperar.

Após ter dito isso o silêncio voltou a reinar, somente o som da nossa respiração estava no ar juntamente com nossas lagrimas. Só que agora ele não era mais doloroso, era um silencio reconfortante, um silêncio que você sente como se estivesse se livrado de todo o peso. Permanecíamos admirando a noite e após alguns minutos resolvo tomar a rédeas da situação. Levemente vou colocando a minha mão na sua e por fim eu falo:

_ Vamos esquecer as dores do passado, vamos apenas pensar no futuro. Você teve seus motivos, mas o que importa é que estamos aqui, agora. Quero dizer que nunca deixei de te amar, e já que agora você está aqui, não me resta lutar contra o sentimento que nasceu desde a primeira vez que te vi. Carlos agora é minha vez de perguntar. Você aceita voltar a namorar comigo?

Nessa hora tive a impressão de que o céu se iluminou, de que as estrelas e a lua brilhavam mais forte, olhei bem fundo em seus olhos e pude ver a felicidade que ele sentia. Ele abriu um sorriso enorme e disse em alto e bom som:

_ SIM, eu aceito. Isso é tudo o que eu mais quero na vida.

Em seguida nos beijamos e agora sim tive plena certeza de que o céu se iluminou, de que minha felicidade retornou, de que o mundo estava certo, pois agora o meu mundo retornou para mim. Já não importava o resto, para mim só o seu beijo e o seu toque já alimentavam a minha humilde existência.

Ao final do beijo falo entre sorrisos:

_ Saiba que houve uma grande mudança em mim. Aquele garotinho cresceu e tornou-se um homem, portanto prepare-se senhor Carlos, pois quem manda agora sou eu – disse sorrindo.

_ Nossa que sorte a minha então, ganhei um homem (ele deu ênfase na palavra homem) – falou ele rindo.

_ Palhaço, tá duvidando? Então paga para ver (risos). Agora vamos seu bobo, ainda quero curtir a minha festa.

_ Vamos meu amor.

Caminhamos de mãos dadas, entramos no carro e seguimos para festa. Agora sim havia motivos para festejar.

Continua...

Bem pessoal, está ai mais uma parte, espero do fundo do coração que vocês gostem. Novamente peço desculpas pela demora, mas está ai. Prometo que farei o possível para tentar postar outra parte o mais rápido possível.

Agora vamos aos agradecimentos:

Quero mandar um enorme beijo ao Thiago, ao Well, ao Fernando, ao Fozzi, ao Ds, ao Y.141 e ao Catito que fazem com que eu me sinta cada vez mais inspirado a publicar. Um enorme beijo também a todos aqueles que acompanham meu conto, mas que ainda não puderam comentar.

Com amor, Luciano.

Comentários

Há 6 comentários.

Por du em 2013-11-20 17:02:27
Nossa .. Cada vez mais surpriendente! Cara .. Alguns dias atras encontrei esse site aqui .. E resolvi entrar, e uma dad historias mais lindas daqui eh a sua .. Espero que vc continue postando os contos .. Adoro ler seus contos .. Contineu assim !! Fiko feliz por voc. Sucesso ;
Por Thiago em 2013-11-20 09:44:44
Que bom que eles voltaram! :D
Por wteens em 2013-11-20 09:39:42
Lindo como sempre Luh. Você sabe como emocionar alguém, BJOS espero a continuação ^^
Por Angellix em 2013-11-20 01:10:40
Adoro seu conto, realmente sua historia eh dmais... posta logo a continuacao tah... bjaum
Por ds em 2013-11-19 22:49:37
Quando leio seus contos fico muito feliz gosto demais sou seu fa ezpero q nao demore muito pra você continuar
Por Fernando em 2013-11-19 21:18:11
Gosto da sua história Luciano... Obrigado por me citar, sempre estou aqui lendo seu conto, cada conto que leio me deixa feliz e disposto ao dia. abraços a você.