Capitulo VI: Quinze porcento ( Capitulo Final )

Conto de Lucky32 como (Seguir)

Parte da série O homem esguio.

O problema que tinha dado no medidor de bateria sumiu, e uma mensagem dizendo que só restava quinze porcento de energia apareceu. De certa forma foi bom, pois nos últimos minutos eu não estava conseguindo escrever, ele não parava de me observar. O tempo todo fica desaparecendo e reaparecendo perto de mim. As vezes para encosta na parede e arranha lentamente. Juro que consigo ouvir uma risada baixa, mas nesse momento não sei distinguir o que é real.

Paro um momento coço os olhos, sei que nesse momento ele quer me deixar louco, porém já não tenho forças. E sem perceber volto a escrever...

Alex me olhou estranho, mas minha surpresa foi enorme, nada saiu da minha boca, e então meu estomago se revirou, e eu vomitei.

-Está tudo bem?- Ele perguntou preocupado.

Não respondi nada, apenas limpei o canto da boca enojado.

- Como?- Foi o que saiu da minha boca em sussurro.

- Venha.- Ele ordenou indo em direção da casa.

Meio zonzo cambaleie até ele. O lugar estava todo empoeirado, o chão de madeira rangia a cada passo, e nas paredes em qualquer direção que se olhava havia relógios nas paredes, não havia um canto em que as maquinas não preenche se. Nós atravessamos o pequeno corredor, quando finalmente chegamos a sala. Novamente fiquei enjoado ao me deparar com a foto no quadro, era a mesa que encontrei, entretanto em um tamanho bem maior.

- Essa era minha mãe.- Alex falou sem olhar para mim. – Desde pequena ela diz que esse homem a perseguia.- Ele olhou para baixo, e aparentemente começou a chorar. – Nunca ninguém o viu realmente, e sempre acharam que ela fosse louca. E os anos foram passando e as visões piorando.- Nesse momento ele parou e visualizou a foto, de um modo tão intenso, que é muito difícil explicar. – Quando ingressei na polícia, já não tinha como ajudá-la a histeria tomou conta da infeliz... e em uma clínica passou os últimos dias até morrer. – Ele limpou as lagrimas com ante braço.

O delegado me encarou como se esperasse algo de mim, engoli seco. Tudo estava confuso eu não sabia ao certo o que dizer, ou falar optei pelo silêncio.

Ele gargalhou, em um tom debochado, diferente do habitual.

- Você me lembra ela... Na verdade Cleber você idêntico.- nesse momento Alex limpou o canto da boca pelo excesso de saliva. – Me fez enxergar esse homem que destruiu a vida dela. Mas é mentira!!!.- Ele aos poucos se alterava.- Admita que você matou a Eduarda, e que esta mexendo com a minha cabeça!-

Pensei em falar algo, porém palavras me faltavam. Apenas fiquei quieto, observando ao mesmo tempo em que o delegado sacava a arma. Eu realmente queria fugir, ter a coragem que a poucas horas eu possuia para socar o Wendel, mas minha natureza me impediu me tornando uma estatua imóvel.

- Agora você vai me contar a verdade, preciso que diga que é mentira. Que é tudo coisa da minha cabeça.- Ele apontava a arma freneticamente.

Instantaneamente lagrimas desceram, e institivamente me afastei lentamente.

- Fala!!! – Ele gritou.

Continuei me afastando ao mesmo tempo que ele berrava para mim afirmar para ele.

Mas inesperadamente Alex parou e largou a arma e soltou um grito.

Aproveitei esse momento para correr em direção a porta, minha surpresa foi encontrar a silhueta dele em frente a porta. Não dava para enxergar o rosto apenas da altura do pescoço para baixo. Lentamente ele se inclinou e mostrando a face totalmente lisa, sem nariz ou até mesmo boca. Vagarosamente a criatura caminhava em nossa direção, em uma posição totalmente estranha, pois ele era muito alto para o baixo corredor.

Novamente meu estomago embrulhou, senti minhas tripas se remoendo. Coloquei a mão no estomago e gemi de dor. Olhei para trás e encontrei Alex com a mão sobre a cabeça, totalmente em crise, resmungava “ Não é real! “. Voltei minha atenção a criatura, que todo curvada atravessava o corredor rastejando em nossa direção.

Naquele instante a adrenalina me percorreu, e todo enjoo que senti havia sumido. Me coloquei a correr, cheguei no delegado que estava em estado choque.

- Vamos!- Gritei em desespero, porém ele não reagia. – Anda!- Chorei enquanto suplicava, mas nada, naquele momento perdi a cabeça e então dei um soco nele. Alex parou de resmungar e fungou o nariz. Puxei ele e o arrastei para a cozinha que ficava nos fundos.

Desesperado olhei o local procurando alguma brecha, nenhuma porta, porém felizmente tinha uma janela. Parei um segundo, entre a minha respiração ofegante e a do delegado, consegui ouvir o ser derrubando algo lá na sala.

- Vamos!- Puxei ele para cima da pia, enquanto abria a janela. Corremos para fora, nunca olhando para trás. Corremos muito em meio a suspiros me apoiei no joelhos.

- Obri... obrigado.- Alex disse sem jeito, enquanto eu observava as bochechas rosadas dele.

Não respondi, apenas observei que pela aparência ele estava voltando ao normal.

Andamos mais um pouco, meu estomago voltou a doer. O maior mancava. Ambos estavam acabados.

- Me pe... perdoa, e... eu juro que...- Ele se calou novamente voltando a chorar.

Novamente não disse apenas acenei positivamente como de costume.

-Aquilo realmente... digo era de verdade?- Ele me olhou incrédulo.

Sussurrei um sim baixo, sem olhar para ele. Não queria falar, apenas esquecer e fingir que esse dia nunca existiu. Andamos por uma hora até encontrar o carro, sempre olhando entre as arvores e cantos escuros.

- Até que fim.- Esbravejou Alex ao ver o carro, imediatamente ele correu em direção.- Merda!- Ela gritou repetindo varias vezes, ao chegar mais perto pude enxergar o motivo descontentamento dele.

Tudo estava destruído, o carro estava todo amassado, nem mesmo volante ele possuia.

O delegado passou algum tempo xingando e chutando a lateria do ferro velho.

Após ouvir uns ruídos vindo do mato decidimos seguir em direção da rodovia e se afastar da mata.

Não falamos nada um para outro. Alex mal conseguia caminhar e eu o apoiava ofegante. Vez ou outra eu sentia uma lagrima caindo sobre mim.

Continuamos o trajeto por muito tempo, nenhum passou, a lua reinava imponente no céu escuro. Porém felizmente encontramos um orelhão na beira da estrada. O delegado pediu para fazer uma ligação, não quis escutar, sentei na beira da rodovia. Olhei algumas arvores por um momento tive a impressão que a criatura estava ali, porém limpei os olhos e quando olhei novamente não havia nada.

Alex chegou perto e sentou.

- Já estão vindo nos buscar.- fiquei contente e aliviado. E naquele momento eu havia decidido em ir embora daquele lugar para sempre, assim que chegasse em casa. – Obrigado.- Ele falou sem jeito.

Respondi de nada baixo, e continuamos sentados esperando. Alex chorava quieto e naquele momento me permiti também.

Depois de quarenta minutos chegou uma viatura. O policial dentro comprimento eu e o delegado, sentei no banco de trás, enquanto ambos foram na frente. O policial até tentou puxar assunto porém Alex não respondia, e eu apenas usava sim e não. No final não tardou para chegarmos em frente a viela que eu tanto conhecia.

- Eu tenho que resolver algumas pendências na delegacia.- Alex disse se virando para mim. – Assim que terminar passo aqui.- Ele terminou desbloqueando a porta.

- Okay.- respondi enquanto saia do carro, fui em direção da viela. Tive vontade de olhar para trás e ver a viatura se afastar, mas não o fiz estava decidido, e no primeiro ônibus para Osasco eu estaria lá.

Atravessei a viela as pressas, ao passar pela casa da Eduarda pude notar que tinha muita gente lá, mas prossegui em frente, quando cheguei na porta de casa olhei de novo para casa dela para me lembrar uma ultima vez. Entrei em casa e logo peguei minha bolsa, comecei a jogar todas as roupas dentro.

Não me importei em dobrar, não ligava, queria precisava ir embora. Após colocar tudo, eu estava pronto, só precisava avisar minha mãe que estava a caminho, e avisar a dona da ong que eu tinha desistido da ideia. Porém em poucos segundos a luz acabou e tudo ficou escuro. E naquele momento o meu desespero começou, pois ele estava ali.

A luz não voltou e a qualquer momento o computador vai desligar, suspiro. Sinto odor de urina vindo de mim, mas algo me deixa em alerta, a luz acendeu e apagou rapidamente, e geladeira faz barulho. Percebo que a luz deve ter voltado e a lâmpada queimado. Verifico que se wifi está conectando, e por sorte funcionou. Entro as pressas no meu email, e copio tudo que escrevi até agora e mando para um dos meu contatos, o Wendel talvez único que acreditasse. Depois de alguns segundos a mensagem foi enviada, e como cronometrado o notebook desliga.

Cansado mesmo no escuro olho diretamente para besta, que faz uns ruídos estranho. Sei que ele sabe que estou encarando, ele chega bem perto de mim, sinto as mãos frias sobre meu pescoço, abro os olhos e me deparo com a face lisa totalmente branca.

De repente soa três batidas na porta, e eu arregalo o olho em surpresa mas antes que eu pudesse gritar, a criatura me joga contra a parede, e antes de apagar vejo a porta abrir e ouvir algo como tiros...

A rodoviária estava quente, muitas pessoas se aglomeravam, e eu limpava o excesso de suor. Passei a mão pela faixa branca que foi posta mais cedo pela enfermeira. Finalmente o ônibus chegou e a multidão correu em direção. Voltando a limpar o suor esperei a todos subirem.

-Vamos.- Alex me estendeu a mão.

Sorri para ele, e levantei. Caminhamos em direção ao veiculo. Quando subi o ultimo degrau não olhei para trás, pois sabia que duas parte desse maldito lugar me acompanharia por um longo tempo.

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