Capitulo V

Conto de Lucky32 como (Seguir)

Parte da série O homem esguio.

Não sei ao certo que horas acordei, mas as batidas cessantes na porta me fizeram acorda aos pulos. Ao contrário do Wendel que dormia tranquilo.

Levantei cambaleante da cama em busca da minha cueca, não encontrei em meio a bagunça que estava o chão, porém achei um shorts largo em cima da cadeira, provavelmente era o do maior.

Novamente a porta soou, meio de mau humor abri já preparado para xingar a duda, que provavelmente estava lá pronta para contar sobre o Antônio, mas tamanha foi minha surpresa quando me deparei com um homem na porta.

- O senhor é Cleber Martins?- Ele perguntou.

Pisquei olhando para ele sem entender, até que lentamente acenei positivamente.

- Que bom, meu nome é Alex, e eu sou o delegado aqui em Araras.- Ele me olhou de cima a abaixo antes de continuar. – Estou aqui a respeito do assassinato de Eduarda Tavares Neto.-

Naquele momento não sei o que me deu, não gritei e nem chorei, esperei por algum momento uma câmera aparecer e ser revelado uma pegadinha, infelizmente a vida não é assim. Então fui me escorando na parede, pois senti as pernas bambas, e quando dei por mim o delegado estava agachado me segurando.

Alex não é tão alto quanto eu, usava o cabelo de modo arrepiado, entretanto sem sair do estilo social. Com a fisionomia normal, mas concerteza só de olhar para ele eu tinha certeza que ele era policial.

Depois de me ajudar o delegado entrou, por sorte o Wendel já tinha acordado e estava tomando banho, enquanto isso eu tratava de pegar as roupas largadas no chão ao mesmo tempo que abafava o choro.

- Pode ficar a vontade.- Falei sem jeito tentando disfarçar.

- Obrigado, tem certeza que não quer ir para o posto?- Alex questionou ao mesmo tempo que caminhava para pequena cômoda.

- Há tenho sim.- Menti descaradamente. Queria chorar bater nele até o mesmo dizer que era tudo mentira. Só de lembrar meu coração vai a mil.

- Há essa é sua parente?- Alex falou enquanto mexia na caixa de pizza da noite passada. A princípio fiquei sem entender, mas porém ele retirou uma foto e me mostrou. Novamente minha pressão caiu, era a foto da garota com o homem atrás.

Eu provavelmente naquele momento devo ter dito um sim, não lembro, pois ele pegou a foto e colocou de lado. – Muito mau gosto, nem perceberam que tinha um estranho no fundo.-

Um choque percorreu minha espinha, naquele momento comecei a crer nessa loucura, e nada daquilo era fruto da minha cabeça.

Colocando a mão no estômago e caminhei até a cômoda vagarosamente, peguei as duas fotos que havia encontrado e entreguei a ele.

- Vai fazer duas semanas que eu estou recebendo copias da mesma foto. – Falei de devagar para não soluçar.

O delegado parou e analisou as três uma de cada vez, parecia que os olhos dele vasculhavam cada detalhe para não escapar nada.

- Não são copias.- Alex falou prontamente, no mesmo instante ouvi que o barulho do chuveiro cessou. – São três fotos diferentes, veja.- Ele me chamou para mais perto. – De uma olhada, nessa foto ele está bem ao fundo nem dá para o enxergá-lo, agora nessa aqui ele já esta visível, e na última esta a poucos metros dela. - Após fazer o comentário ele me olhou do mesmo jeito que analisou as fotos. – Você acha que está ligado a morte da senhora Eduarda?-

Não falei nada apenas acenei positivamente para ele, e chorei. Não demorou para o Wendel sair do banheiro.

- Preciso que ambos vão até a delegacia para prestar depoimento.- A Alex disse enquanto caminhava até a porta, mas sem antes encarar o Wendel por alguns segundos, e depois ir embora.

O maior que estava sem entender nada me olhou confuso, e eu chorando não consegui explicar.

A tarde passou vagarosamente acabei tendo que ir para a delegacia sozinho, o Wendel inventou umas desculpas e foi para a casa dele.

A pior parte foi dizer tudo para o delegado. Alex me ouvia atentamente, devo ter falado enrolado e soluçado muito, pois a todo momento e ele pedia para que eu repetisse o que falei. Contei tudo para ele, disse da foto dentro do álbum, e na porta de casa, contei sobre a festa e da ligação da Eduarda. Enfim coloquei tudo para fora, e no final eles me liberaram e me deram um copo com açúcar para me acalmar.

Porém a maior decepção estava por vir, acabei encontrando a cena mais desagradável possível. Ali estava o Wendel parado ao lado de uma mulher que carregava uma criança pequena no colo. E não do maldito havia gigantesca aliança. Por um momento achei que iria morrer, meu coração parecia que iria saltar pela boca. Por um momento pensei em fingir que não vi nada, como sempre fiz. Só que pela primeira vez não escutei esse pacifismo, e naquele momento eu estava disposto a pular em cima do Wendel...

Paro de escrever um pouco e aspiro o ar abafado do quarto. Ele esta imóvel bem mais perto do que nas últimas horas. Olho discretamente. Só que por um momento de discutido eu bocejo, e consequentemente acabo fechando os olhos. A minha surpresa foi me deparar com rosto dele a poucos centímetros do meu. No mesmo instante minha bexiga esvazia e acabo molhando toda a cama, e parcialmente o notebook. Prendo a respiração por alguns segundos, e lentamente volto a olhar a tela. Com mais vontade do que nunca volto a escrever, entretanto não tenho certeza se ele me deixará escrever até o fim...

Estava totalmente disposto a descontar tudo que estava guardado a tempos em cima dele. Despejar a fúria de semanas. Felizmente alguém me impediu de cometer uma burrada.

- Venha comigo.- Olhei para o lado e vi que era o Alex me segurando. Ele gentilmente soltou e começou a andar.

Segui ele, mas sem antes olhar para trás e ver o Wendel beijando a esposa. Caminhamos até o estacionamento e entramos em um carro grande preto.

- Pode entrar.- Ele pediu enquanto abria a porta.

Entrei apreensivo. Alex foi no banco do motorista e sem dizer nada deu partida no carro.

O silêncio pendurava o clima estava pesado. A adrenalina que estava muito forte, agora não restava mais nada. Apenas tristeza. Acanhado e encostei minha cabeça no vidro. Fiquei apenas observando a paisagem que se resumia a barro e arvores, a pequena cidade de araras ficava para trás. Então algo me chama atenção, o tempo na minha percepção ficou lento, e ali foi a primeira vez que eu o vi, era exatamente como Eduarda havia descrevido, não restava duvida, era tão alto quanto possível, careca de terno. Estava estático parado. No mesmo instante pulei no meu acento.

- Tudo bem...- Alex perguntou me analisando.

Olhei para ele assustado, obviamente ele não o viu. Pensei em perguntar, mas obviamente ele me acharia mais louco do que o normal, depois do depoimento que tinha dado fiquei com medo do que ele pensaria sobre mim.

- Você e o bombado tiveram algo né...- Alex falou coçando a cabeça.

Nesse momento fiz uma careta e acenei positivamente.

- Onde estamos indo?- Murmurei olhando para o chão.

- Você gosta de surpresas Cleber?- Ele me perguntou, porém não dei atenção, muitas coisas passavam pela minha cabeça.

- Você acha que eu matei a Eduarda?- Eu perguntei ao delegado.

Ele apenas sorrio de um jeito malicioso sem dizer nada.

O restante do trajeto andamos em silêncio, ele volta e meia me olhava. Naquele momento eu acreditava que ele queria por a culpa do assassinato da Eduarda em mim. Discretamente olhei pela a janela e vi as arvores enquanto chorava baixo.

- Chegamos.- Ele sussurrou no meu ouvido, me despertando.

Olhei para ambos os lados tentando me orientar. Alex havia parado o carro na margem da estrada de frente para trilha discreta.

Levantei e sai do carro. O tempo estava fechado, com nuvens negras que cobriam o céu.

- Vamos logo que vai chover.- Alex comentou ao mesmo tempo que acelerava o passo.

E o segui pela trilha, sempre mantendo uma distância razoável. O perfume dele bateu no meu rosto, e eu tremia em resposta, será que ele iria me matar, ou torturar. Era uma das muitas questões que eu pensava. Caminhamos por uma hora, as arvores estavam cada vez mais altas, o delegado muito mais silencioso. Apenas me observando em silêncio, cada movimento, e ação.

O suor descia da minha testa, limpei com a palma da mão.

- Pronto.- Alex falou divertido.

Olhei na direção e vi uma casa velha e abandonada toda destruída. Senti que algo não estava certo, no mesmo momento senti um choque pelo corpo.

- Essa é a casa da foto.- Perguntei abismado.

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