Capitulo IV

Conto de Lucky32 como (Seguir)

Parte da série O homem esguio.

Por algum motivo a barra que mostra a porcentagem de bateria parou de funcionar. Por tudo tenho motivos para acreditar que ele seja o culpado. Um barulho repentino foi feito, discretamente observo ele caminhar até o meu material desenho. O restante não consegui vê voltei a digitar, suor desce pelo meu pescoço. Ainda me pergunto porque estou vivo. Acredite na primeira hora ainda possuia esperança que tudo se resolvesse, que até mesmo o Wendel aparecesse. Agora só me conformo com fato de deixar registrado tudo.

Na naquela noite após a queda, e choque de ter visto a foto, eu a peguei só para ter certeza, infelizmente foi confirmei era a mesma foto.

Só sai do transe porque ouvi o Wendel pigarrear ao mesmo tempo que estendia a mão.

- Sobre o que aconteceu...- Ele começou a falar, mas eu fiz um gesto com a mão atendi o celular.

- Alo?- Falei tentando não olhar o Wendel.

- Oi Cleber, Já chegou?- Era a voz da Eduarda.

- Não, e eu estou ainda aqui.-

- A tudo bem, acabei de chegar, deixei Aline dormindo, coitada está morrendo de medo do Ex matala... – Ouve uma alguns segundos de silêncio.- Você está esperando visita?- Ela perguntou.

-Não.- Respondi sem entender.

- Bem tem um homem alto para caramba, sentado de frente a para sua porta.-

Meu coração começou a bombear rápido, então me veio a foto novamente a cabeça.

- Duda como ele é?- Questionei aflito.

-Ele é careca, ta todo de preto... Não sei ao certo acho que ele está de terno... não consigo ver o rosto, ele esta de costa... Enfim deve ser um daqueles jovens perdidos nas drogas, se der algum problema me chama...-

-Está tudo bem, vai lá descansar, boa noite.-

Ela desejou o mesmo, quando me virei vi o maior me encarando.

- Posso falar contigo agora man?- Ele falou meio sem jeito.

Eu acenei positivamente, naquele momento queria enfiar minha cabeça na terra. De qualquer modo dei uma desculpa que estava com dor de cabeça por culpa da musica e queria ir embora. Então começamos a caminhar em direção a casa. Naquele momento o vulto que enxerguei, a foto no meu bolso e simplesmente tudo havia desaparecido, e no final só havia restado dois idiotas no meio da rua.

Serio rezo a deus quem esteja lendo isso não seja preconceituoso, ou algo do gênero, pois quem estiver lendo apenas peço que enxergue além da minha sexualidade.

Não sei bem quanto tempo levou a nossa caminhada, mas concerteza valeu a pena. O Wendel me hipnotizou. Enfim, finalmente chegamos na frente da viela. Ambos estávamos sem graça pelo ocorrido mais cedo.

- Bem já está entregue. – Ele comentou esticando a mão.

- Cuidado com a água. – Alertei sobre a agua que descia pela quina da calçada. Obviamente era só uma tentativa falha de fugir do toque dele.

- Droga.- Ele praguejou por meu aviso não ser mais antecipado. – Então eu já vou indo.- Wendel se despediu aparentemente incomodado.

Soltei um até, baixinho quase inaudível. O maior apenas se virou e foi embora. Entrei na viela escura, tomando cuidado redobrado para não ser acertado pelos telhados baixos, e varais mal posicionados.

Por fim cheguei em casa. Mas algo chamou minha atenção, senti algo de baixo dos meus pé esquerdo. Com cuidado para verificar o que era. Olho e vejo que era foto da criança que encontrei no terreno baldio. Presumido que devo ter deixado cair, e a pego e volto a guardar no bolso. Porém uma onda de choque elétrica percorre minha nuca, quando me dou conta que a foto ainda estava no meu bolso, e na verdade a foto que achei no chão era outra. Sentei na cama confuso, peguei cada uma em cada mão para me certificar que não estava louco, mal eu sabia que isso era apenas o começo.

Nunca fui de explodir, entendam a minha reação, uma pessoa normal teria surtado, contado para todo mundo, ou até mesmo chamado a polícia. Porém eu não sou assim, sempre guardei tudo que sentia para mim, e por mais que não demonstrasse sabia que algo não estava certo.

Aquela noite não consegui dormir, e os poucos minutos que cochilei acabei tendo pesadelos horríveis com arvores negras, que tinham mãos e braços longos, e tentavam a todo custo me pegar. Por sorte só voltaria a trabalhar dentro de dois dias.

E como fui dormir muito tarde obviamente acordei sem nenhuma disposição.

O pouco que sobrou da minha tarde passei na casa da Eduarda, Aline a prima dela estava lá. Porém o ar alegre havia se perdido e substituído para algo deplorável. Eu estava no sofá sentado assistindo TV, e Duda reclamava do Ex da prima.

- Você acredita Cleber, que o desgraçado voltou aqui de manhã para me ameaçar.- Ela riu de forma debochada. – Já criei o B.O contra o babaca, se ele pensa que vai...

Naquele momento não escutava mais o plano de vingança da Eduarda, acredito que nem mesmo Aline que estava tão abatida. Fiquei pensando nas fotos, na noite e no Wendel. Pensei em contar para Duda sobre as fotos, porém sabia que ela me daria um comprimido, e perguntaria onde bati a cabeça. Falar sobre o Wendel também estava fora de questão, não tinha toda essa liberdade. No final fiquei quieto fingindo que escutava.

- Pronto, cheguei- Alguém anúncio enquanto abria a porta.

- Há, oi Wendel senta ai.- Duda continuo tagarelando, explicando cada ponto do seu plano.

Naquele momento queria correr para longe, mas ao mesmo tempo sentia necessidade de desabafar. Mas fiquei quieto observando hora a Eduarda falar, outra o Wendel me encarar.

- Estou com fome. - Aline disse em meio a um bocejo.

-Vish, o gás acabou... Hum que vocês acham de comprar um pizza?-

Todos concordamos com a sugestão, fizemos uma vaquinha, e no final, eu e Wendel fomos buscar.

- Você não vai falar nada?- O maior perguntou.

Soltei um grunhido baixo, ao mesmo tempo que pulava da poça na porta da viela.

-Eu gosto de você.- Ele falou de cabeça baixa. – Mas acho que não sente o mesmo.

Naquele momento quis gritar o que sentia, berrar que era um sentimento correspondido. Mas saiu apenas um não, tão baixo quanto um sussurro.

Ele não falou nada apenas me olhou e deu um sorriso.

- É melhor andarmos logo vai chover.- disse tentando desviar o assunto, o maior acenou positivamente, porém não retirou o sorriso vitorioso da face.

Caminhamos em silêncio o restante do trajeto. Pedimos duas pizzas, calabresa e outra de frango.

Porém como alertei a chuva aconteceu, e ficamos presos lá, enquanto a chuva caia imponente.

-Merda.- Xingou o Wendel.

Estávamos desprovidos de qualquer proteção, o jeito era esperar que ao menos aquele temporal repentino ficasse mais fraco. Sem o que fazer, resolvi sentar para descansar um pouco e esperar, mas algo me incomodava. Talvez era por estar novamente perto do Wendel e não ter nada a falar, encarar ele era complicado, afinal o acontecimento da noite anterior ainda estava em minha mente. Distraído com esses pensamentos estava eu quando senti alguem se aproximar.

- Você e suas previsões... - Comentou Wendel enquanto puxava a cadeira e sentava do meu lado.

Não sei qual era a dele, mas resolvi entrar em um diálogo idiota só para quebrar aquele silêncio incomodo.

- Não foi culpa minha... Tava na cara que iria acontecer...- murmurei ainda sem encará-lo.

Eu realmenre não sabia o que dizer, aquela falta de assunto estava me matando, ele não me era la uma pessoa a qual eu tinha tanta intimidade p conversar de qualquer coisa... E eu não era bom em puxar assunto...

- O que esteve fazendo durante a tarde? - Perguntei repentinamente.

- Nada demais, treinei um pouco e depois fui encontrar alguns amigos para uma partida de futebol em casa. E quanto a você? - Perguntou.

- Não tive tanta disposição, dormi tarde e consequentemente acordei cansado. - Respondi sem jeito. Eu literalmente era horrível nisso... Devia ter ficado calado...

O ar tenso estava prestes a retomar sua forma quando meu telefone toca. Era Eduarda. Nunca agradeci tanto por receber uma ligação.

- Alo, Cleber onde vocês estão?- Reconheci a voz da Duda. – Já comi vários pacotes de bolacha, estou estressada.

-O que aconteceu?-

- O Antônio apareceu aqui e me ameaçou de novo, disse que vai mandar alguém aqui me dá um jeito.- Ela terminou a frase com uma gargalhada. – E a pizza?

- Desculpa Duda, estamos presos aqui. Até essa chuva terminar.- Falei sem jeito, ao mesmo tempo que dava leves tapas na mão do Wendel, que tentava enfiar a mão na caixa de pizza.

- Há não tudo bem.- Ela falou entre suspiro.- Vou caçar algo para comer aqui com Aline. Mas não esquece que está me devendo uma pizza.- Ela declarou mais descontraída.

-Okay.-

- Tchau Cleber.-

Me despedi o olhando feio para o maior que estava com dois pedaços na mão.

-Que foi?- Ele perguntou cinicamente.- Do jeito que essa chuva está forte vai demorar muito para acabar, e eu estou com fome.- A ultima parte ele falou massageando a barriga.

Não aguentei e dei risada. No final peguei um pedaço e me juntei a ele. E ali aos poucos algo foi acontecendo, fiquei mais desinibido, e aquele silêncio chato havia sumido, e parecia que o já conhecia. A conversa estava ótima, volta e meia o Wendel me tocava no ombros, na palma da mão ou queixo. Obviamente toda a dureza havia sumido, e eu estava solto curtindo cada momento.

Os carinhos dele estavam cada vez mas intenso. Senti meu rosto queimar, olhei ao redor para ver se alguém estava observando. Mas o pessoal da pizzaria conversava devido a falta de clientes, e a rua estava deserta.

O rosto do maior se aproximava aos poucos, e quando dei por mim o beijei. O nosso beijo foi lento, com a respiração ofegante.

Admito que ele foi o primeiro cara que beijei, sempre tive atração por outros caras, porém nunca tinha encontrado alguém para ficar. E a de alguma maneira senti que ele era o cara certo.

Nos separamos por culpa do celular que vibrava cessante mente. Olhei para ele que arrumava o cabelo que caia em forma de franja.

-Alo.- Falei sem fôlego.

- Oi Cleber.- Reconheci a voz era Eduarda, mas senti algo de diferente na voz dela. Nunca soube dizer se era desespero, ou medo. – Aquele cara está de novo na sua porta, estou sentindo que deve ser aquele amigo do Antônio!- Ela falou em um tom de raiva. – Pode ficar tranquilo que vou lá tirar satisfação.

Naquele momento lembrei da foto, e um arrepio percorreu minha espinha. Eu sabia que Duda não passaria dessa noite. Eu quis gritar, e dizer para ela não ir. Chamar ela de burra e imprudente, para quem sabe a mesma tomasse consciência.

Mas como já falei, sempre tive uma natureza além de contida, muito passiva. E o máximo que consegui soltar no momento foi um “ Se cuida.”

Eduarda falou um okay baixo, e desligou.

- O que foi? – O Wendel perguntou curioso.

- Não é nada, só quero que a chuva termine.-

O maior me olhou, e devagar voltamos a nos beijar. Só que em um ritmo bem mais acelerado. Não houve diálogo entre nós, apenas aquele incêndio que mantínhamos com beijos.

Conforme a chuva foi passando, e percebemos que o pessoal do estabelecimento olhava de modo torto para nós. Decidimos encarar a garoa e ir correndo até em casa. O Wendel carregava a caixa com uma pizza e meia, ao mesmo tempo que eu tentava desviar das imensas poças de água.

Conforme chegamos perto da viela, a chuva foi engrossando até o ponto de não poder enxergar nada. Nessa altura corríamos, porém rimos. Eu não me lembrava das fotos, nem da Eduarda. Corremos como loucos até chegar na porta cinquenta e dois.

Entramos apressados peguei uma toalha do banheiro e me enxuguei retirando todo excesso de agua, corri para o Wendel que acabara de colocar a caixa de pizza encharcada na cômoda. Joguei a toalha para ele, que no mesmo instante tirou a camiseta molhada. Acho que puro instinto também retirei a minha. E quando menos esperei os dois estávamos pelados. Novamente voltamos a nos beijar, e quando dei por mim ele me jogou na cama, e ali passamos a noite. A maior idiotice da minha vida.

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