20. Zona de perigo

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série Proibido

Oi gente linda! Queria agradecer os comentários nos capítulos que eu tive ultimamente. O apoio de vocês leitores é o nosso combustível! E eu queria dizer que esse capítulo agora é cheio de tensão, além de ter um Crossover de "O garoto da mesa 09" (Edu seu louco o que você tá fazendo em "Proibido?😂)

Enfim, espero que gostem. Aguardo a opinião de vocês nos comentários! Beijos e abraços ❤️

O braço direito de Gustavo envolve minha cintura suavemente quando eu abro meus olhos. Me remexo com cuidado para não acorda-lo, então começo a pensar no que aconteceu há algumas horas atrás. Um sorriso de satisfação ameaça transbordar em meu rosto, enquanto passo minha mão em meus lábios, o gosto de nossos beijos ainda impregnado em mim. Teria como eu estar mais feliz?

Quando finalmente me viro para olhá-lo, é como se eu avistasse um pedaço do céu, bem na minha frente. Gustavo, envolto com o edredom branco da cintura pra baixo, está com a expressão calma de alguém que dorme num sono profundo. Sua outra mão está apoiada sob seu rosto, os dedos fechados, enquanto a outra está pousada na cama, devido ao meu movimento para me virar. Me atrevo a afagar sua bochecha com as pontas dos dedos, subindo até os cabelos bagunçados e iluminados pela luz da manhã que entra majestosa através da janela, então sinto meu coração bater mais forte.

Até ontem eu não sabia ao certo qual seria o meu destino e o de Gustavo. Pra falar a verdade, hoje essa certeza ainda não está concretizada, mas eu sei que, apesar de todos os poréns, o meu lugar é ao lado dele. O começo de nossa relação foi um pouco mais turbulenta do que o normal, mas quem se importa? Nossa relação não é igual às outras, já que eu nunca tive uma relação pra se comparar. Além disso, eu sei, assim como Gustavo, que não somos um casal tirado de um conto de fadas, de um livro de Nicholas Sparks ou de alguma novela clichê. Somos o que somos, com todos os defeitos. E agora, tudo o que eu consigo pensar é que eu amo esses defeitos tanto quanto eu amo a pessoa que eu estou olhando a dormir em minha frente.

Acabo criando coragem pra levantar depois de ver que o relógio marcava quase nove e meia. Após fazer minha higiene matinal, vou até a cozinha preparar o café da manhã para nós dois, enquanto ele ainda está dormindo. O piso frio faz eu lembrar que estava descalço, mas de certa forma isso me proporciona uma sensação agradável. De shorts e camiseta, vou até a geladeira e procuro pela manteiga e pelo leite quando ouço um barulho de alarme disparar lá fora, vindo da garagem. Pela janela do cômodo consigo avistar que o automóvel em questão é o Audi de Gustavo.

- essas pestes do 301 não conseguem ficar um dia sem rodear os carros da garagem e fazer baderna! – reclamo comigo mesmo, enquanto largo as coisas na mesa, fecho a geladeira e vou até a sala para calçar os chinelos de Samuel, que estavam perto do sofá, para então pegar a chave do carro na mesa da entrada e descer para silenciar o barulho alto e irritante que com certeza causaria reclamação entre os vizinhos. Ao chegar na garagem, aperto o botão e o ruído cessa automaticamente. Vejo as crianças brincando na praça do prédio, mais ao fundo, então penso que elas são mais rápidas e espertas do que eu pensava; assim que viram o alarme tocar, devem ter corrido para lá para disfarçar. Porém, um pedaço de papel preso ao para-brisas me chama a atenção. Chego ao lado do Audi e pego o bilhete, escrito de forma anônima e com recortes de revista.

"A noite foi boa, Arthur? Aproveita, pois esse romance está com os dias contados."

Meu estômago se revira e eu penso imediatamente no episódio da caixa, o que me faz achar que as coisas estão um pouco mais sérias do que eu pensava. Olho em volta e procuro por Duda, a tensão e a paranoia fazendo eu achar que ela poderia estar assistindo tudo de perto, mas não a acho. Olho novamente, em cada árvore, cada vaga de carro, cada canto que ela pudesse estar, mas é em vão. Dobro o papel de forma desajeitada e caminho de volta para o prédio, tentando acalmar meus nervos e pensar em algum jeito de resolver isso. O que ela quer? Gustavo? Se nem ele mesmo a quer, por que ela insiste em algo que não tem nenhum sentido? No começo eu pensava que Duda era apenas alguém irritante e com uma queda pelo chefe, mas as coisas parecem estar saindo do controle. Às vezes, penso que Duda pode representar perigo, não apenas pra mim, como também para Gustavo. Se ela tem coragem o suficiente para me mandar bilhetes com ameaças, eu não sei mais o que pode se passar em sua cabeça, e o pior, eu não imagino o que ela pode ser capaz de fazer para tentar ficar com Gustavo. Gustavo! Será que eu deveria contar pra ele? Óbvio que sim, mas eu tenho medo. Medo de acabar piorando as coisas, de colocar ele no meio e acabar ferrando tudo. O fato de Duda ter sido demitida me parecia um tanto extremo, mas agora eu pareço ver que talvez ela esteja realmente fora de controle. Quando fecho a porta da sala, sinto a adrenalina ainda correndo pelas minhas veias. Paro ao lado da mesinha, jogo a chave onde ela estava e respiro fundo. Um barulho vindo do corredor faz eu colocar o bilhete dentro de uma das gavetas rapidamente, um pouco antes de Gustavo aparecer e me encarar, sorrindo e demonstrando curiosidade.

- bom dia. Acordou cedo.

- é, eu quis preparar nosso café da manhã. – falo sorrindo, porém ainda tenso e tentando não transparecer nada.

- e onde você foi?

- ah, eu... O alarme do carro disparou, então eu fui lá ver o que havia acontecido.

- hum. – ele murmura, sem perceber meu nervosismo, enquanto caminha em minha direção e me planta um beijo suave nos lábios.

- senti sua falta na cama.

- por mim eu ficava lá o dia todo com você. – falo e o puxo mais pra perto, beijando-o novamente, dessa vez mais forte. – mas tá um dia lindo lá fora e eu tenho planos pra hoje.

- é mesmo? – ele arqueia a sobrancelha, me olhando com expectativa, as mãos envolvendo meus quadris.

- uhum.

- fazendo planos pra ficar comigo o resto do dia? Isso é muito bom. –seu tom de voz é inevitavelmente presunçoso.

- que modesto, você.

- com certeza. – ele parece se divertir ainda mais com isso.

- bom, então se vamos aproveitar o dia juntos, vamos logo comer alguma coisa.

Ele sorri e me planta um último selinho, antes de se virar e caminhar em direção à cozinha. Eu o sigo, agora um pouco mais calmo, mas não menos preocupado. Gustavo não pode saber do que está acontecendo, nem ao menos desconfiar. Enquanto ele pega dois pratos, dois copos e alguns talheres no secador de louças, vou até a geladeira e pego as coisas que faltavam na geladeira para que eu terminasse de por a mesa do café. Depois de tudo pronto, me sento e tento me concentrar em iniciar uma conversa aleatória, a fim de esfriar minha cabeça e tentar deixar minhas preocupações pra quando eu estiver sozinho.

- o que vamos fazer hoje? – ele pergunta, distraído ao passar manteiga em sua torrada, fazendo a frente e me poupando de continue pensando em algo a dizer.

- hum, eu havia pensado em darmos uma volta em algum lugar hoje de manhã e depois almoçarmos juntos. O que você me diz?

- pra mim parece perfeito. – ele sorri, estreitando ainda mais os olhos sonolentos.

__

- você ainda fala com aquele tal de Henrique? – Gustavo questiona, a voz carregada de raiva ao mencionar Henrique e fazendo eu me lembrar daquela noite, na boate.

- não. Desde que eu vim embora pra São Paulo não nos falamos mais.

- mas vocês se viram depois daquele dia?

- nos encontramos por acaso perto da casa dos meus pais. Ele me pediu desculpas, mas eu falei que era melhor a gente não se ver mais.

- falou? – seu sorriso incontido revelava sua satisfação.

- falei. As coisas estavam um pouco estranhas, então achei melhor me afastar dele.

- um vestígio de bom senso.

Olho para ele e o censuro com os olhos, enquanto ele vira o rosto para esconder sua diversão.

- Gustavo ciumento. Outra coisa que eu vou ter que me acostumar.

- eu? Ciúmento? – ele infla, apontando o dedo indicador pra si mesmo.

- você sim! Ou vai me dizer que esqueceu do Pedro? O coitado não podia nem chegar perto de mim que você fuzilava ele com os olhos.

- ele era um caso a parte, dava em cima de você sem nem disfarçar. Eu vi aquilo desde a festa de fim de ano.

Sorrimos com a enxurrada de lembranças, então meu coração se aperta de saudades da agência. Apesar de todas as confusões, foram ótimos tempos.

- que foi?

- eram bons tempos.

- Arthur, você sabe que pode voltar pro banco.

- eu sei, Gus, mas acho melhor não misturarmos as coisas. Já fomos colegas de trabalho e as coisas não deram muito certo. Além do mais, a Amanda disse que tem uma vaga em uma seguradora de um conhecido. Acho que ela está vendo pra mim. – encolho os ombros, enquanto tento demonstrar mais esperança do que eu realmente tenho.

Ele me olha e balança a cabeça em tom de desaprovação.

- o que foi?

- você é tão cabeça dura. – ele resmunga, controlando o riso.

- e você ama isso.

- é, amo. – sua voz é acolhedora é quente, enquanto caminhamos pela pista arborizada em um dos labirintos do Ibirapuera. As folhas caindo constantemente acima de nossas cabeças formam um manto irregular no chão, enquanto o sol tenta se infiltrar insistentemente pelas fendas das copas. Gustavo está com os cabelos ainda úmidos devido ao banho que ele tomou antes de sairmos de casa, e está vestindo uma das poucas camisetas dele que eu tinha guardado em meu armário, junto com sua única calça jeans deixada lá em casa, em uma de suas visitas, no ano passado.

- Gus, eu... – acabo me interrompendo, mas eu já havia chamado sua atenção. Ele me olha com expectativa, as mãos nos bolsos, enquanto eu tento formar uma frase que comece essa conversa de um jeito amistoso:

- eu queria te pedir desculpas.

- desculpas? Por que?

- eu não fui muito compreensivo quando aconteceu tudo aquilo, quando eu soube... Daquelas coisas. Deveria ter te dado seu espaço, mas acabei querendo ajudar e não vi que eu estava sendo invasivo. – eu admito, me sentindo um pouco envergonhado e tenso ao esperar sua reação.

- eu é quem te devo desculpas, Arthur. Fiquei com tanto medo de deixar você saber do meu passado e você acabar se afastando, que eu mesmo te afastei, por precaução.

Ficamos ambos em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre nossa mútua honestidade. Até que Gustavo continua, para minha surpresa:

- hoje faz dezesseis anos que meus pais morreram.

Tudo o que eu faço é olhar pra ele e ver que seu rosto permanece inexpressivo. Eu engulo em seco e tento dizer algo pra quebrar o silêncio:

- eu sinto muito.

- fico feliz em estar com você hoje. Geralmente passo essa data sozinho, mas eu percebi que não adianta nada.

- Gus, você não precisa falar sobre isso, se não quiser. – tento fazer o que eu nunca havia feito, que é lhe dar espaço. Mas agora as coisas parecem estar diferentes. – mas se quiser, eu estou aqui.

Ele sorri e olha pra frente, pro nada, antes de votar a falar:

- eles morreram em um acidente de carro. Pelo menos foi o que meu avô me disse. Eu tinha nove anos, não me lembro quase nada sobre eles, ainda mais porque eu não pude ir me despedir.

- não?

- meu avô disse que era uma situação muito pesada pra uma criança.

- quanto tempo faz que você não vê ele?

- meu avô? – ele pergunta, então eu confirmo.

- já fazem anos. A última vez foi no natal, quando eu tinha 21. Ele estava doente e eu havia ido ver ele, mas eu não consegui. Tudo o que aconteceu, ainda me deixa muito... – ele não termina, deixando claro que é um assunto muito delicado. – eu queria tanto perdoar ele, sabe? Mas parece que é mais forte do que eu.

- essas coisas são difíceis de superar. Não tem nada de errado você não conseguir, mas o importante é que você tentou.

Ele me olha e então eu vejo que sua feição havia ficado carregada, triste, mesmo com a tentativa falha de disfarçar, através de um meio sorriso. Porém, em um gesto inesperado de honestidade, ele solta:

- obrigado. Por tudo.

Eu tomo forte a respiração e apenas sorrio, enquanto sinto meu peito se apertar em um misto de alegria e de felicidade; alegria por ver ele se abrindo para mim e tristeza por ver ele resgatando suas lembranças dolorosas.

_

Saímos do parque já era passado do meio dia e seguimos até um restaurante de comida brasileira, na Avenida Paulista. Segundo Gustavo, esse é um dos melhores da cidade, o que me causa uma certa expectativa. Logo ao chegarmos, me impressiono com a arquitetura do lugar. A fachada revestida em madeira e com grandes janelas impressiona, mas sem dúvida o que mais chama a atenção são os vitrais em mosaico escuro no topo, perto do telhado, logo acima das aberturas. Entramos e logo somos recepcionados por uma simpática recepcionista, que nos acompanha até uma das mesas do fundo, em uma das janelas.

- que lugar incrível! – eu falo, abismado.

- eu acabei descobrindo em um almoço de negócios, há uns meses. A comida daqui é incrível. E fora que o gerente é super gente boa, mais ou menos da sua idade e deficiente físico.

- caramba! Que incrível. – falo, surpreso. Eu nem o conheço e já imagino que deve ser alguém batalhador, ainda mais pela qualidade do lugar que ele comanda.

Logo outro homem chega até nossa mesa e nos alcança o cardápio. Sem duvida, Gustavo tem razão. Os pratos são variados, atrativos e em um preço bastante acessível, para o nível do lugar. O que mais me chama a atenção é a coxinha gourmet, coisa que eu nunca havia visto em nenhum lugar antes. Sem duvida o dono do lugar é bastante criativo.

- eu vou querer linguiça ao molho de mostarda e mel e salada Caesar, por favor. – Gustavo pronuncia, decidindo rapidamente, como sempre, ao fechar o menu.

- eu vou de açaí ao camarão.

Gustavo me olha sorrindo e eu posso muito bem adivinhar o que ele está pensando agora:

"Você está tentando impressionar com um prato diferente, mas vai acabar odiando."

Como resposta, sustendo seu olhar enquanto o garçom anota o pedido de Gustavo para as bebidas.

- pode colocando um pedido a mais aí, menino! – a voz inconfundível de Samuel se faz alta bem ao meu lado, então eu o olho surpreso, enquanto ele senta entre eu e Gustavo, na lateral da mesa, virado de costas para o salão e de frente para a janela. Gustavo o cumprimenta e então Samuel faz seu pedido ao atendente, antes de me olhar com aquela cara de "olha que garçom gato" e eu o responder com uma cara de "você é comprometido."

- então, como tá indo lá no hospital?

- tudo bem, até agora. A semana mal começou e eu já pude ver a loucura que é, mas não me assustei. Eu até achava que seria um pouco pior!

- você tá de plantão hoje?

- to, até as 22h. – ele revira os olhos. – Por isso, espero que tenha comida pronta uma bacia com água morna para meus pés, ouviu?

- não quer mais nada, né?

- férias. Em Paris.

- já? Você não disse que estava tudo bem?

- e tá, mas e precisa de motivo pra férias em Paris?

Acabamos rindo, enquanto somos servidos com o vinho que Gustavo havia pedido.

- como foi o passeio com o Diego ontem? – eu pergunto, dando meu primeiro gole, mas vejo a expressão de Samuel mudar. Ele bem tenta disfarçar, mas eu o conheço o suficiente para saber que havia algo errado.

- foi legal. – ele diz, inconvincente.

- eu vou no banheiro. – Gustavo percebe a situação então pede licença, obviamente nos deixando a sós para uma conversa. Quando estamos apenas os dois, olho para Samuel com preocupação, então ele começa:

- decidimos dar um tempo ontem.

- um tempo?

- é, acho que as coisas não estão muito bem entre nós. Conversamos e achamos melhor esperar pra ver o que a gente realmente sente.

- mas vocês tavam tão bem lá no desfile...

- eu sei. O Diego é muito instável, amigo. Uma hora ele tá bem, outra hora não. Isso acabou deixando as coisas entre nós um pouco desgastante. Às vezes ele parece gostar de mim, mas logo depois ele me trata feito um nada. O pior é que eu acabei me apegando a esse idiota. – Samuel desabafa, brincando com o porta guardanapos da mesa.

- calma, Samuca. Vai ver é só um desentendimento igual todos os outros. Logo vocês vão se acertar de novo.

- é, eu espero que sim. – ele me encara, a feição um pouco mais leve. – e vocês, como estão?

- bem, eu acho. Começando do zero.

- isso é bom. Da pra ver o quanto ele gosta de você, Arthur. E vice versa. Não pensei que te veria apaixonado por alguém tão cedo. Não desse jeito.

- nem eu, Samuca. Nem eu.

Gustavo surge no salão novamente e logo se junta a nós, então eu vejo que Samuel parece um pouco mais leve, felizmente. Nossos pratos começam a chegar e fazem uma combinação de aromas muito diferente e agradável. Dou a primeira garfada em meu açaí ao camarão com um pouco de receio, mas a combinação improvável acaba me conquistando logo de cara. Quando eu misturo a iguaria com o arroz com gengibre e aspargos, minhas papilas gustativas se aguçam ainda mais, fazendo eu sentir e diferenciar cada gosto de modo único. Conversamos animados sobre a qualidade da comida, depois sobre o emprego de Samuel e também sobre o desfile de Leona, enquanto Samuel nos xinga por ter que ver um vinho branco seco fabuloso e ter que se contentar com suco de laranja, por estar em horário de almoço. Entre uma risada e outra, olho para o lado de forma despretenciosa e sinto meu peito doer e minhas pernas amolecerem. A imagem de Duda nos encarando perto de uma porta, bem próxima ao bar do salão, me faz pensar que eu estou vendo coisas. Ela parece anos mais velha, com o cabelo um tanto bagunçado e com o olhar distante, porém raivoso. Ela me parece um tanto... psicótica. Como uma espécie de reação automática, me ergo da cadeira, enquanto Gustavo me olha e pergunta:

- Arthur? Tá tudo bem?

- tá sim, só preciso ir no banheiro.

Quando volto a olhar para o outro lado do cômodo, não vejo mais ninguém. Mesmo assim, começo a caminhar apressado até o bar, tentando decifrar se isso foi real ou paranoia. Assim que entro pela porta onde eu havia a visto, desemboco em um curto corredor onde há os banheiros; não há ninguém aqui, nem mesmo um sinal de movimentação. Abro a porta do banheiro feminino é tudo o que eu consigo ver são as poltronas na entrada, a pia de mármore preto com um espelho gigantesco e as cabines, bem ao fundo. Será que era ela? Ou será que eu estou ficando maluco? Em um gesto impensado, entro no cômodo e começo a procurar por ela, olhando em todas as cabines através das fendas por debaixo das portas, mas não vejo nada. Sinto minha respiração continuar fora de controle e vejo meu rosto pálido no espelho, parecendo que todo o sangue da minha cara havia sido drenado. Decido sair dali logo, antes que alguém acabasse entrando e me vendo. Entretanto, me obrigo a entrar no banheiro masculino também, em uma maluca expectativa de ela estar lá, me esperando para conversar ou para me amedrontar, ou até para me explicar o motivo daquela caixa e daquelas cartas. Porém, como metade de mim pensava, a metade racional de mim, não há ninguém lá. Meus olhos correm até a pia, onde um pedaço de papel em cima do mármore faz meu corpo queimar em adrenalina novamente, enquanto eu corro pra ver se é mais algum daqueles bilhetes anônimos, mas não; é apenas um pedaço de papel avulso em cima da pia de um restaurante, onde eu estou com meu amigo e meu namorado e onde deveria ser o último lugar do mundo para eu ver e imaginar coisas. Pressiono a testa, exasperado, enquanto caminho de volta para o corredor. É aí que eu acabo esbarrando em alguém e sinto meu coração quase pular pra fora da minha garganta, pensando que essa era uma daquelas horas dos filmes de terror que a gente esbarra no assassino psicopata. Porém, eu firmo meus olhos na pessoa e vejo que era o provável gerente do lugar, saindo do banheiro dos funcionários e me encarando assustado enquanto eu quase caio em cima dele.

- me desculpa! Eu não te vi aí.

- não, tudo bem. Você tá legal? – ele pergunta, vendo a minha tensão.

- to sim, eu só... acho que to um pouco indisposto.

-quer que eu chame alguém pra você? Em qual mesa você tá?

- não, não precisa. Eu já to bem, foi só uma tontura.

Olho para seu peito e enxergo seu nome no briche em forma de plaquinha de metal, pendurada em seu uniforme branco.

- obrigada, Eduardo.

- não precisa agradecer... – ele me olha, como quem espera que o outro também fale o nome.

- Arthur.

- Arthur. Se precisar, é só chamar algum de nós.

- valeu. – eu respondo, um tanto sem graça por estar passando vexame na frente do gerente, então caminho novamente até à mesa, tentando disfarçar meu nervosismo e evitando olhar novamente em direção ao bar para procurar Duda.

- tá tudo bem? – Gustavo questiona ao ver minha cara.

- tá, eu só tive um mal estar.

- sabia que você não ia se dar bem com essa gororoba que você pediu.

Olha esse prato! – Samuel fala, enquanto Gustavo lança um sorriso de cumplicidade. Pronto, agora os dois estão em um complô contra mim! Eu só acho que açaí com camarão não deve causar reações como alucinações ou algo do tipo.

- foi só uma tontura, gente. O gerente me ajudou lá na porta.

- ajudou, é? – Gustavo me olha, um vestígio de ciúme em seu tom de voz.

- ah ele é um fofo! Esses dias eu vim aqui e ele mesmo me atendeu, super atencioso e simpático. Além disso, ele é um gato, né?

Gustavo o olha, surpreso, então Samuel fica um tanto encabulado, já que Gustavo não sabe sobre o término dele e de Diego. Isso acaba me tirando momentaneamente de toda a minha tensão e eu sufoco o riso, evitando que a situação fique ainda mais constrangedora.

Antes de pedirmos a conta, no entanto, acabo olhando novamente para a porta de entrada dos banheiros, lembrando de Duda e fazendo meu corpo se arrepiar. Será que eu estou mesmo vendo coisas, ou ela está nos seguindo, nos cercando para me amedrontar? Em uma situação normal eu iria até a polícia e prestaria queixa, mas eu falaria o que? Que há uma garota desequilibrada me mandando bilhetes anônimos e aparecendo igual fantasma nos lugares onde eu vou? Quem pareceria desequilibrado seria eu. Por fim, acabo tentando deixar pra pensar nisso e em todas as outras situações tensas quando eu chegar em casa, onde eu vou estar sozinho e mais calmo para pensar no que fazer.

_

Já é domingo e desde então as coisas parecem estar um pouco mais calmas em relação às cartas e às ameaças. Desde o episódio do restaurante, na sexta, eu parei pra pensar e cheguei à conclusão de que isso tudo não passa de uma brincadeira infantil de Duda para tentar me separar de Gustavo, em uma tentativa desesperada de conseguir o que ela quer, mesmo depois de ter sido demitida.

Estou saindo do banho quando meu celular toca, notificando uma nova mensagem. Seco as mãos na toalha enrolada ao redor da minha cintura e pego-o em cima da privada, onde eu vejo o número de Gustavo no topo do SMS.

"Planos pra hoje?"

Sorrio e desbloqueio a tela, digitando a resposta:

"Sair com você."

"Depois o presunçoso sou eu. Se arruma e vem pra casa dos meus pais. Vamos fazer um almoço em família."

Posso imaginar ele sorrindo ao ter digitado a primeira frase, então eu digito de volta, enquanto caminho até meu quarto para me trocar:

"Vem pra casa dos meus pais? Você não vem me buscar?"

Depois de alguns segundos, outra notificação:

"Pra que, se você tem o seu carro?"

Meu carro? Como assim? Começo a raciocinar e então, em um momento de raciocínio lógico, vou até a janela do quarto, que por sinal também tem a vista para a garagem. Como eu esperava, lá está o Elantra, estacionado na minha vaga. Eu fico feliz e irritado ao mesmo tempo, mas o segundo sentimento acaba prevalecendo. Disco seu número e ponho o celular no ouvido.

- alo?

- alo? Não tem nada de alo! Gustavo, o que é aquilo na minha garagem?

- um carro? – ele responde ironicamente, como se estivesse explicando alguma coisa para alguém com problemas.

- eu sei que é um carro, caramba! O que ele tá fazendo aqui?

- é o seu carro, Arthur. Tá na sua garagem.

- eu tinha te devolvido. – eu rosno, tentando manter a calma.

- agora eu estou te devolvendo de volta. E traz roupa de banho, vamos todos jogar vôlei aquático antes do almoço!

Antes que eu pudesse responder, ele desliga, me deixando falar sozinho. Involuntariamente um sorriso aparece em meu rosto e mancha minha cara de bravo, enquanto eu penso que ele deve ter uma relação muito aberta com o porteiro, para conseguir deixar um carro na minha vaga sem que eu soubesse.

Decido aceirar o presente de volta sem reclamar, afinal eu estava falando com Gustavo, a pessoa mais cabeça dura da face da terra. Visto uma polo preta e uma bermuda branca confortável, antes de pescar minha sunga e outra muda de roupas e colocar dentro da minha mochila. Ao sair do quarto, sinto novamente o estranho silêncio daquela casa sem Samuel por perto. Eu imagino o quão puto da vida ele deve estar por estar de plantão num domingo de manhã, ainda mais por estar dia e noite naquele hospital, mas é inegável sua cara de felicidade ao estar realizando seu sonho de trabalhar no Hospital das Clinicas. Apesar da correria, eu vejo que isso é o que move sua vida agora, ainda mais agora, com a questão do término com Diego.

Chego na garagem e encontro o carro destravado, a chave dentro do porta luvas. Giro a ignição e ouço o motor discreto ligar rapidamente, tão silencioso que eu consigo até ouvir o barulho do banco de couro, com meu movimento para puxar o cinto. Até a casa dos Lobo demora mais ou menos vinte minutos, com a sorte de não encontrar nenhum trânsito nas avenidas. Ao chegar no condomínio, avisto a casa imponente ao longe, enquanto subo a rua e avisto o Maverick de Gustavo parado no meio fio. Ele veio com o Maverick! Isso significa que ele está de ótimo humor hoje, a julgar pela raridade com a qual ele o tira da garagem. Estaciono o Elantra bem atrás do Ford reluzente e então tomo fôlego, olhando para a fachada imponente do casarão e me preparando para me juntar a todos em um almoço de família, na qual eu estranhamente voltei a fazer parte. Ou será que eu nunca deixei de fazer? Independente disso, caminho até a porta de entrada, segurando firme com uma mão a alça da minha mochila em meu ombro, tocando a campainha e esperando alguém atender. Após alguns segundos, Leona aparece, me recepcionando com um sorriso de satisfação nos lábios:

- Arthur! Coisa boa te ver.

- Leona! – cumprimento-a com um beijo e um abraço, admirando por dois segundos seu biquíni com pedrarias em prata, pêssego e preto, que combina perfeitamente com seu bronzeado de dar inveja, e seu chapéu redondo tipicamente praiano.

Passamos pela sala, que está com todas as janelas abertas, deixando o cômodo bem iluminado e arejado, então entramos na cozinha, enquanto Leona me conta animada sobre os resultados do desfile. Cumprimento Elsa, a empregada, que está com as mãos na massa, ou melhor, nas panelas, preparando o almoço, enquanto seguimos em direção ao quintal dos fundos. Logo ao sair pela imensa porta de vidro, avisto todos ao redor da piscina.

Gustavo e Diego estão jogando vôlei, com direito a rede e tudo, enquanto Ester está deitada em uma das espreguiçadeiras e Rodolfo está tomando um drink e lendo o jornal.

- chegou quem faltava! – Leona anuncia, chamando a atenção de todos. Ester tira os óculos de sol e me olha, sorridente.

- oi, Arthur!

- dona Ester, quanto tempo! – me aproximo para um abraço, até que Rodolfo também se pronuncia:

- não paravam de perguntar por você. Principalmente Gustavo.

- oi, seu Rodolfo! – vou até ele para lhe apertar a mão, enquanto vejo pela visão periférica que Gustavo estava me observando de dentro da piscina.

- bora jogar, Arthur? – Diego grita, fazendo eu olhar para ele, então eu tento ser simpático e não demonstrar minha antipatia recém adquirida por ele, por causa do que ele falou quando eu estava brigado com Gustavo e por fazer Samuel sofrer.

- sou uma negação no vôlei.

- ah qual é, entra aí e joga um pouco. Ninguém é profissional.

- entra um pouco. – Gustavo pede, a voz suave e irresistível, então eu tenho certeza que ele está jogando sujo para que eu não consiga dizer não.

- tá bem, mas só se a Leona vier junto. – eu olho pra ela, que já estava se ajeitando na espreguiçadeira ao lado da de Ester.

- eu não levo o menor jeito, Arthur.

- eu também não! E se eu for entrar, precisamos de mais alguém pra fechar dois times.

Ela sorri e então volta a se levantar.

- quero o Arthur no meu time. – Diego me olha, então eu me sinto encurralado. Como vou dizer que não?

- justo. Gustavo sabe jogar, eu não. Diego sabe jogar, Arthur não. Assim as coisas ficam iguais. – Leona brinca, sem perceber a malícia por trás de seu irmão.

Entramos na piscina e eu me posiciono ao lado de Diego, tentando evitar o máximo de contato visual que eu consigo, enquanto Gustavo vai com a bola até a borda da piscina. Depois do saque, Diego defende a bola na rede, deixando espaço para eu jogar de volta para ele lançar novamente para o outro lado, mas eu falho. Todos nós começamos a rir, mas eu sinto meu rosto ficar vermelho de vergonha. Espero que agora eles entendam o que eu quis dizer sobre ser uma negação no vôlei.

Na segunda tentativa, me saio um pouco melhor, levantando a bola alto o suficiente para Diego marcar nosso primeiro ponto. Rodolfo e Ester comemoram, então Gustavo e Leona os olham com tom de reprovação, descobrindo pra quem eles estavam torcendo.

- estamos torcendo pra todos! – Ester se defende, mas dá uma piscadela pra mim quando ninguém está olhando pra ela.

Na hora de dar o saque, Diego alcança a bola pra mim.

- se eu errar, não me culpa. Vocês já sabem como eu sou nos esportes.

- você vai se sair bem, tenho certeza.

Pego a bola sem lhe mostrar muita cordialidade, então dou meu primeiro saque. A bola passa com muito esforço pro outro lado da rede, mas pelo menos não perdemos um ponto logo na largada. Leona defende e joga para Gustavo, que corta direto e joga a bola de forma rápida e certeira bem no meio da água, marcando outro ponto. O jogo parecia já estar ganho pelo time de Gustavo e Leona, porém, ao decorrer do tempo, acabamos virando a situação a nosso favor. No final, eu e Diego ganhamos a partida, o que faz Ester e Rodolfo aplaudirem, mais para caçoar Gustavo e Leona do que para qualquer outra coisa, então Diego me puxa para um abraço. Eu sinto seus músculos duros me pressionarem contra ele, então acho tudo aquilo um tanto estranho. Temos essa intimidade toda e eu não sabia? Quando me desvencilho dele, olho para Gustavo, que parece não ter gostado muito do que acabara de ver. Eu me sinto um pouco sem jeito e saio de perto de Diego, olhando para ele de relance e vendo-o sorrir pra mim de maneira estranha. Ele parece estar querendo causar intriga, isso é quase visível em seus olhos. Mas por que? E por que ele iria querer causar intriga entre eu e Gustavo? Não foi ele mesmo quem disse que nós dois fomos feitos pra ficarmos juntos? Tudo fica ainda mais estranho quando eu comparo com a nossa conversa no meu apartamento, fazendo eu pensar que Diego age de modo tão estranho que me deixa confuso. Acabo saindo da piscina e sentando ao lado de Leona, enquanto Ester, que felizmente não havia sentido a pequena tensão pairando no ar, começa a conversar com Gustavo sobre os resultados da viagem de negócios da última semana.

Elsa chega até nós com uma bandeja cheia de petiscos e copos de suco, avisando que o almoço irá demorar um pouco mais. Olho de volta para a piscina, onde Gustavo ainda conversa com Ester e agora com Rodolfo, e então vejo Diego saindo da piscina e indo beliscar alguns pedaços de linguiça.

- que fome! – ele exclama, olhando diretamente pra mim. Apesar do tom brincalhão, seus olhos brilham de um modo diferente. Parece... desafiador. Qual é o seu problema? Desde que eu e Gustavo voltamos ele tem agido diferente. Desvio o meu olhar do dele e então olho para Leona, sentindo que preciso ir ao banheiro e que isso seria a desculpa perfeita pra sair dessa situação embaraçosa.

- a edícula tá aberta?

- não. Por que?

- preciso ir ao banheiro.

- ah, a privada da edícula está estragada, vai lá em casa.

- tudo bem. – sorrio, levantando e vestindo minha camiseta, que acaba se molhando um pouco por causa do meu corpo úmido. Caminho pela grama até chegar de volta na casa. Ao entrar, sigo até a sala e subo as escadas, chegando no longo corredor e procurando pelo banheiro, o qual eu não me lembrava muito bem onde era, até que passo na frente de uma porta aberta e algo me chama a atenção; uma luz azul escuro, chamativa no fundo do cômodo. Paro e me aproximo da porta, abrindo-a um pouco mais até ver um imenso aquário iluminado, parte da decoração de um quarto imenso e bem organizado. Acabo entrando e vendo um porta retrato de Diego na escrivaninha, o que eu associo ao fato de esse ser o quarto dele. Eu fico um tanto incomodado com suas atitudes estranhas, pois se ele desse algum indício de que gostasse de mim, já teria o feito há tempos, o que não aconteceu. Fora o fato de que o modo como ele está agindo não parece ser de alguém que está me cobiçando; parece ser de alguém que está me desafiando. Então por que ele está agindo assim, parecendo que está querendo causar ciúmes em Gustavo? E como eu posso tentar falar algo pra Gus, se eu nem sei se isso é apenas coisa da minha cabeça? E o pior de tudo, como vou explicar pra Samuel que seu recente ex namorado está agindo estranho comigo? É óbvio que ele vai achar que Diego está querendo alguma coisa comigo, pois seria o que qualquer pessoa pensaria, mas eu sei que não é isso. É algo a mais, algo que eu não sei ao certo. Tudo fica mais estranho se eu pensar no que Samuel me disse, sobre Diego e Duda terem se encontrado e de aparentemente terem assuntos bastante pessoais para tratar. O que eles teriam em comum, sendo que eu nunca sequer vi eles juntos? Sacudo a cabeça, confuso demais com o excesso de pensamentos e sentindo um pouco de dor de cabeça. Olho em volta do cômodo e vejo as janelas com as cortinas fechadas, obstruindo parcialmente a claridade. Há uma cama de casal imensa, uma escrivaninha com uma poltrona preta, um painel com uma televisão e um puff amarelo perto de seu imenso guarda roupa. Vejo que uma das gavetas do roupeiro está semiaberta, o que me causa uma curiosidade vertente. Está tudo perfeitamente no lugar, menos a gaveta em questão. Me aproximo quase que automaticamente, até chegar perto o suficiente pra puxar o compartimento de madeira, revelando uma caixa marrom aveludada e grande o bastante para ocupar todo o espaço disponível. Pego-a e a coloco em cima da cama, sentindo a antecipação me corroer. Ao abrir a tampa, vejo um amontoado de fotos, fotos em uma quantidade absurda. Firmo minha visão em uma delas, depois em outra, depois em outra... Todas são de Gustavo. Os músculos do meu estômago se apertam e eu sinto uma pequena sensação de raiva e de incredulidade crescer em mim, ainda mais quando reviro as fotografias e vejo Gustavo sem camisa, Gustavo mais novo, Gustavo com Diego, Gustavo em alguma viagem de família, apenas ele, Gustavo dormindo... Droga! Diego é um psicopata desgraçado! Reviro mais um pouco, sentindo vontade de chorar, então acho algo que me dá náuseas; uma foto de Gustavo totalmente nu, tirada provavelmente escondida, enquanto ele tomava banho. Santo Cristo, o que é tudo isso? Algum tipo de piada? Por que Diego tem todas essas fotos de Gustavo guardadas? Meu subconsciente me esbofeteia ao me perguntar se eu era tão burro ao ponto de não perceber o que era aquilo.

"Diego é obcecado pelo próprio irmão." – admito em pensamento, pondo a mão na boca ao perceber a dimensão disso e sentindo como se eu tivesse gritado isso em algo e bom som.

Pra piorar ainda mais a situação, ouço passos vindos do corredor, me fazendo entrar em estado de alerta. Qual seria minha explicação para estar no quarto de Diego? Tentando pensar em algo rapidamente, apenas me deito no chão e entro debaixo da cama, segurando a caixa firmemente junto comigo. Logo depois, vejo os pés de Diego entrarem pela porta e caminharem calmamente pelo cômodo, provavelmente procurando por mim. Sinto minha respiração ficar cada vez mais forte, o que me faz colocar a mão na boca para evitar qualquer barulho alto que me denuncie. A tensão e palpável e meu sangue corre fervendo em minhas veias, enquanto eu seguro com repugnância aquela caixa cheia de fotos psicóticas. Por um lado, eu desejo fortemente não ter encontrado essa droga, assim eu não teria tanto com o que lidar a partir de agora. Mas por outro, sinto que, ao descobrir o segredo de Diego, posso saber melhor com quem eu estou lidando.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Diva em 2017-06-10 06:32:00
Como minh colega de classe sempre diz: PESADO😐 😉👏👏👏 esta muito bom eu tinha pensando nisso antes dele entrar no quarto só que pensei estar indo longe d+ talvez ate um absurdo mas com você escrevendo ficou bo.👏👏👏👏
Por Guerra21 em 2017-06-10 00:54:41
Gerennnnnnteeee. Que babado! Eu já tinha imaginado esta possibilidade, no entanto é bem pior.
Por edward em 2017-06-09 05:26:36
Passado ! Meu Deus!