12. Curvas fechadas, corações abertos

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série Proibido

Minha curiosidade acaba falando mais alto do que meu bom senso, então eu decido não esperar mais e ir atrás dos dois, pra ver o que está acontecendo. Começo a me levantar da mesa, então Samuel me segura sutilmente pelo braço.

- onde você vai?

- saber o que está acontecendo.

- deixa eles conversarem a sós, Arthur. Deve ser pessoal.

- eu sei, eu só vou ver se tá tudo bem. Já volto.

Faço o meu trajeto até as escadas sustentado os olhares curiosos de grande parte dos convidados, que olhavam para qualquer pessoa ou lugar que pudessem dar alguma pista do que estava acontecendo. A festa aos poucos começa a voltar ao normal, as pessoas começam a conversar e parece que o clima de tensão está começando a ir embora, mas não para todos, principalmente para mim. Subo a escadaria com mais pressa do que o normal e sigo em direção à porta dos fundos, mas uma silhueta quase escondida na lateral da casa acaba despertando minha atenção. Chego o mais perto que posso e vejo que é Gustavo, movendo as mãos e braços com raiva, enquanto a mulher provavelmente estava de frente para ele, na parte onde estava escuro e que a parede da casa escondia. Decido ser um pouco mais invasivo e caminho em volta do gramado até chegar atrás de uma árvore perto o bastante para tentar ouvir o que eles falavam. A mulher agora está com os olhos marejados e com a feição ainda mais triste e amarga do que de antes, quando surgiu lá embaixo. Eu não consigo ouvir o que eles falam, mas é visível que eles estão alterados. Gustavo fecha o punho e olha para o lado, parecendo que não suporta nem ao menos sustentar o olhar da mulher e dando indícios de que a conversa está sendo tensa demais para ele. Mas que merda está acontecendo aqui? Vejo que ela fala algo pra ele, que segura em seu braço por uma fração de segundos e logo o solta, enquanto ela parece ficar em posição de ataque. Ele volta a olhar para o lado, dessa vez como se tentasse ver se eles estavam sedo cogitados, então olha novamente para ela e fala algo breve, que a faz sair de sua defensiva, respirar fundo, trocar uma meia dúzia de palavras com ele. Então, ela se vira e começa a caminhar em direção à entrada da chácara. Porém, antes de subir de vista, ela olha novamente para Gustavo e grita alto o suficiente para que eu conseguisse escutar:

- você não pode fugir do seu passado, Gustavo!

Isso me deixa anestesiado, paralisado no lugar. Seu passado? O que tem o seu passado? Tudo bem que ele não fala muito sobre ele, sobre sua família, e eu até relevo quando ele recebe ligações estranhas no meio de um almoço a dois, mas uma mulher aparecer no meio de uma festa e gritar pra ele que ele não pode fugir do passado dele? Que droga é essa?!

Lentamente ele se vira e caminha de volta para a festa, passando a mão em sua cabeça e com a feição visivelmente irritada, então eu não consigo me esconder mais atrás dessas árvores e acabo surgindo em sua frente.

- tá tudo bem?

- Arthur! Você tava aqui? – a surpresa em sua voz deixa claro que não era pra eu ter feito isso.

- estava. O que aconteceu? Quem era essa mulher?

- não era ninguém. Vem, vamos nos despedir do pessoal.

- despedir? A gente vai embora?

- vamos.

- mas por que? – firmo minha voz de modo que ele veja que eu não estou gostando de toda essa merda. Esses segredos, essas dúvidas que ele deixa em minha mente. Eu não quero estar me sentindo do lado de fora, do jeito que ele vem me deixado nos últimos tempos.

- Arthur, agora não. Só vamos embora, por favor.

Sua súplica me deixa de guarda baixa. Acho que eu nunca tinha visto Gustavo desse jeito, então tudo o que eu faço é confirmar com a cabeça e acompanha-lo até a mesa de volta. Samuel, Diego e Leona nos olham curiosos e preocupados enquanto descemos as escadas e nos aproximamos deles.

- tá tudo bem?

- tá, só que já estamos indo embora. – Gustavo responde Leona de forma seca e mal humorada, não deixado brechas para quaisquer perguntas. Me despeço de todos com um semblante forçado, tentando ao máximo não deixar a situação ainda mais chata ao parecer o namorado incompreensivo. Mas porra, eu quero e preciso saber o que está acontecendo!

- cuida dele, Arthur. Ele não está bem. – Leona me fala baixinho, os olhos sérios enquanto me pede algo ainda mais sério. Eu engulo em seco ao ver que ela também deve ter uma noção do que está se passando. Todos, menos eu.

- claro, pode deixar. Eu vou levar ele lá pra casa.

- eu vou dormir no Diego hoje, então não precisa se preocupar comigo.  – o olhar de cumplicidade de Samuel me faz entender que ele quer deixar eu e Gustavo a sós, para que tudo se acalme e talvez a gente possa conversar e esclarecer tudo.

Ao chegar no carro, Gustavo liga o motor e o faz rugir na noite, acelerando e me fazendo engolir em seco. Eu ponho meu cinto de segurança, e vendo que ele não faz o mesmo, o advirto a colocar:

- Gustavo, o cinto.

Sem resposta. Seus olhos estão vidrados pra frente, enquanto avançamos para fora da propriedade. Já na estrada, vejo a velocidade aumentando, o ponteiro do velocímetro me alertando que estamos indo rápido demais. Gustavo parece estar cada vez mais irritado, os tendões da mão firmes no volante, os olhos grandes e sem piscar, o motor silencioso avançando na rodovia...

- Gustavo, vai devagar.

Não tenho resposta, de novo. Ele parece estar fora de órbita.

- Gustavo!

- eu sei o que eu to fazendo, Arthur. Só quero ir logo embora.

Um veículo surge de forma súbita  na nossa frente, na estrada escura e deserta, com a velocidade consideravelmente mais baixa que a do Audi, então Gustavo o contorna sem nenhuma dificuldade, como se ele fosse apenas uma bicicleta ou algo ainda menor no meio do caminho. Meu coração começa a ficar acelerado e a adrenalina me deixa com o corpo em estado de alerta, o sangue quente, o estômago revirado. Olho mais uma vez de relance para Gustavo e vejo que agora ele parece estar com o pensamento longe, os olhos levemente mais calmos, mas a raiva ainda está ali, estampada em cada centímetro de seu rosto. Eu nunca havia visto Gustavo ficar dessa forma por ninguém. Isso me deixa inquieto. Quero logo perguntar quem era ela, o que ela queria e por que ela disse que ele não poderia fugir do passado. O carro se movimenta bruscamente para a esquerda, então vejo a gente ultrapassado outro carro. O velocímetro marca 130 km/h. Droga, estamos muito rápido!

- Gustavo, diminui a velocidade.

Como todas as outras vezes, Gustavo não me responde.

- Gustavo, diminui a droga da velocidade!

Depois que eu perco a calma, ele suspira fundo e começa a reduzir a velocidade. Estamos entrando em uma curva, mas o carro ainda está acima dos 100km/h. Quando estamos quase chegando no final da curva, outro carro aparece no sentido contrário e joga a luz dos faróis bem em meus olhos, iluminando todo o interior do Audi. Meu coração para por uma fração de segundos, antes de sentir o carro ser puxado bruscamente para a esquerda e entrarmos no acostamento. O borrão de imagens me deixa um pouco atordoado, mas vejo que o outro veículo fica para trás, buzinando feito um louco até desaparecer na curva. O Audi derrapa um pouco na areia do acostamento até perder velocidade e entrar no gramado, que já está alto e faz o carro parar por completo em poucos segundos. Um silêncio esmagador se instala entre nós, enquanto eu tento olhar para Gustavo. Quando finalmente consigo, vejo-o com os olhos úmidos. Ah não, droga!

- Gustavo...

Ele então fecha os olhos e começa a bater as mãos violentamente no volante, em um acesso de fúria. Eu congelo no lugar e espero ele despejar pra fora todos os sentimentos que estavam instalados nele até agora, e por um segundo eu vejo que ele talvez tenha aguentado muita coisa pelas quais eu não pude nem tentar ajudá-lo. As ligações, os segredos, agora essa mulher... Eu espero ele voltar ao seu estado normal de calma, ou pelo menos quase normal e de quase calma, então eu tiro meu cinto e o puxo para perto de mim, sem falar nada. Acho que tudo o que ele precisa agora é disso: um abraço, sem questionamentos, sem julgamentos, apenas um apoio para algo que deve estar ferrando com seu estado psicológico e emocional.

- vem, deixa que eu dirijo até em casa. – eu mexo em seu cabelo, enquanto ele continua mudo. Então, vejo-o abri a porta do motorista e pular pra fora, enquanto eu faço o mesmo. A grama alta quebra o silêncio da noite, enquanto eu caminho até o outro lado do carro e sento no banco do motorista. Gustavo se acomoda ao meu lado, então eu ligo o motor e coloco o carro de volta na estrada.

Já na cidade, me incomodo com o silêncio entre a gente desde que saímos da festa. Eu tento respeitar e ligo o rádio para tentar amenizar a situação e talvez distraí-lo, mas não sei ao certo se está funcionando. Ao pegar o caminho de casa, ele me olha curioso.

- vamos pro apartamento. Lá eu vou cuidar de você, deixar você descansar e se caso você quiser conversar antes de dormir, eu vou ser todo ouvidos. Eu também quero muito saber o que está acontecendo, porque eu não estou entendendo nada e quero tentar ajudar. Mas caso você não queira, vamos só dormir e ir juntos pro trabalho amanhã. Que tal?

Seu longo olhar me ronda e me enche de expectativa.

- obrigado.

Isso acaba me destruindo por dentro. Seu tom de voz fraco e frágil é algo que eu não estou nem um pouco acostumado. Meu peito se aperta e eu sinto uma vontade imensa de chorar, mas acabo me controlando.

Assim que desligo a ignição, dentro da vaga coberta do meu apartamento, fico feliz em ter chegado em casa. A noite era pra ter sido divertida e especial, como toda festa de família deveria ser. Mas acabou se tornando um pesadelo. Saímos do carro e seguimos para as escadas em silêncio. Já passa da uma e meia da manhã e infelizmente ainda é sexta feira, o que significa que temos que trabalhar logo mais. Entrando na sala, penso que o que eu mais preciso agora é de um banho e da minha cama. Jogo a chave em cima da mesa da entrada e vejo Gustavo afrouxando o nó de sua gravata e seguindo até o sofá da sala, sentando-se e ficando com o corpo curvado pra frente, os cotovelos apoiados nas pernas, mãos apoiando as laterais do rosto.

- quer conversar?

- não.

- pelo menos eu posso saber se amanhã você vai me contar o que tá acontecendo?

- não sei, Arthur.

- eu to preocupado com você, Gustavo. Nos últimos dias você tem agido estranho, me escondendo coisas, recebendo ligações misteriosas... Eu não quero ser o tipo de namorado chato que não respeita à privacidade do outro, mas eu preciso saber o que está acontecendo... – sento ao seu lado e apoio minha mão em sua perna, de modo que ele veja que eu estou tentando realmente lhe dar apoio.

- eu agradeço, mas você não precisa saber de nada. É algo que só eu posso resolver.

Nossa conversa é interrompida com seu celular tocando.

"Se for aquela mulher, talvez ela precise conhecer limites." – penso comigo mesmo. Gustavo se ajeita no sofá e retira o celular do bolso, olha na tela e lá está aquela expressão de raiva novamente.

- quer que eu atenda e fale que você não pode falar?

- não. – vejo ele silenciando a chamada e tentando me exibir um sorriso, provavelmente na esperança de me acalmar, apesar de eu saber que a situação não combina com isso, tampouco consegue cumprir o objetivo. O toque alto do celular volta a preencher a sala, então em um movimento rápido e impensado eu pego o telefone e atendo.

- alô?

- alô, o Gustavo se encontra?

- não, ele não se encontra. E se você puder não ligar para os outros de madrugada, eu agradec...

Antes que eu pudesse terminar, Gustavo avança e tira o celular da minha mão, desligando e me olhando com raiva.

- que porra é essa, Arthur!

- eu estou tentando te dar um pouco de paz! Qual é o problema dessa mulher?

- você não tem o direito de se intrometer, droga!

Nessa hora, minha raiva começa a se misturar com tristeza. A situação está saindo fora de controle, Gustavo está nervoso e parece que eu realmente não vou ter o direito de saber o que está acontecendo.

- engraçado que eu sou seu namorado pra ganhar carros caros e participar das festas da família, mas não pra te ajudar com seus problemas...

Outra vez o silêncio se instala entre nós, então eu vejo que essa é uma briga que não vale a pena lutar, pois eu já perdi.

- eu vou tomar um banho e deitar. Se quiser comer algo, tomar um banho, ou qualquer coisa, fica a vontade. – parece que ele realmente não quer firmar uma linha de comunicação. Ele apenas me olha, indecifrável, uma expressão fria e um tanto melancólica, então eu finalmente desisto. – Boa noite, Gustavo.

Caminho lentamente até o banheiro tentando entender como mudamos de casal forte e romântico que anda de mãos dadas pelo jardim de uma festa a totais estranhos no meio da minha sala, brigando por eu tentar ajudar a resolver algo que eu não faço ideia do que seja.

Assim que a água morna entra em contato com minha pele, eu sinto pequenos arrepios percorrerem minhas costas e eu fecho os olhos para que meus pensamentos rápidos não me deixem tonto. Encosto minha cabeça no vidro do box e fico nessa posição alguns segundos, tentando entender toda a cena de agora a pouco. Tem tudo sido tão bom e tão louco desde que eu conheço Gustavo, que eu nem sei ao certo se isso é bom ou não. Mas o que mais me machuca é que eu o amo tanto, que mesmo ele me escondendo coisas eu não consigo ficar bravo com ele do jeito que eu deveria ficar. Eu estou agora, no máximo, chateado. Com raiva eu estou por toda essa situação, por tudo o que aconteceu hoje e por eu ser o único a não saber.  Eu queria francamente que Gustavo chegasse aqui nesse exato momento e me pedisse desculpas, por me esconder as coisas, por me tratar como se não confiasse em mim, por não me deixar ajudar. Fico parado nessa mesma posição pelo que me parecem horas, na esperança de que a água, agora um pouco mais quente, leve ralo abaixo toda a minha raiva e minha decepção.

Passo pelo corredor tentando não olhar e procurar Gustavo na sala, mas como era de se esperar, eu não obtenho sucesso. Tento alcançá-lo em minha visão periférica, mas não o vejo. Será que ele foi embora? Não sei e sinceramente não quero saber. Se ele achou melhor ficar ainda mais isolado, na casa dele, longe de tudo e de todos que queiram ajudar, a escolha é dele. Eu só me preocupo por ele dirigir no estado que ele está. Talvez eu devesse procura-lo pela casa. Ou não?

Um barulho perto da sacada da sala acaba respondendo minha pergunta, então eu me sinto aliviado; Gustavo ainda está aqui. Entro em meu quarto e sigo direto pra minha cama, me virando para a porta janela, por onde entrava a luz da rua através das fendas, então me apeguei a isso pra tentar dormir. Olho para os feixes de luz e penso que talvez amanhã, quando ambos estivermos mais calmos, a situação vai melhorar e talvez ele queira desabafar. Mas se caso ele não quiser, eu preciso aceitar que é um direito dele, mesmo que isso me deixe triste.

Me reviro pra cá e pra lá, tentando achar alguma posição confortável para conseguir dormir, mas eu não consigo me concentrar quando há tanto o que conversar. Por fim, no meio da cama, volto a me virar para a janela e tento ao máximo me concentrar nos mesmos feixes de luz. A porta então se abre e meu coração se comprime dentro do peito. Os passos suaves e lentos se fazem mais altos até chegar perto o bastante para eu fechar os olhos e fingir que estou dormindo. Não quero ter uma briga agora, mesmo que talvez no meio disso a gente possa resolver tudo isso.

- tá acordado? – sua voz baixa e rouca me faz querer me mexer e puxa-lo para um beijo, um abraço, qualquer forma de contato que nos faça ficar bem. Porém, meu orgulho fala mais alto e eu não me movo nem um centímetro. O colchão então se mexe e eu sinto ele sentar bem perto de mim. Seus dedos encostam na superfície da minha pele e passeiam por meu braço, me fazendo aquecer instantaneamente.

- me desculpa por não te falar, mas eu... – uma pausa, então ele parece estar com medo de falar, ou talvez até de ouvir o que ele mesmo quer falar. A antecipação corre viva em minhas veias.

- eu sou adotado, Arthur. Aquela mulher é minha prima biológica e veio pra me deixar com a consciência pesada porque eu nunca mais procurei meu avô. Meus pais morreram quando eu era criança, então ele ficou comigo e prometeu cuidar de mim, mas na verdade os anos que eu passei morando com ele foram um inferno. Ele me batia todos os dias, todas as drogas dos dias. – sua voz é baixa e sofrida, então eu quase abro os olhos e o tomo em meus braços para lhe confortar, enquanto eu sinto uma vontade enorme de chorar. Quem pensaria que ele tinha um passado assim?

- ele abusava de mim, também. Pelo que eu lembre foram poucas vezes, mas são coisas horríveis de se lembrar, sabe? Um dia ele me bateu tanto que eu acabei desmaiando e fui levado pro hospital. Lá ele tentou contornar toda a situação e eu lembro como se fosse hoje, a assistente social junto no quarto questionando meus machucados e ele me olhando desesperado para que eu confirmasse o que ele tinha acabado de dizer, mas eu não consegui. Eu chorei, chorei muito e contei a verdade. Então eu fui encaminhado para uma casa de adoção e ele foi julgado por maus tratos, mas não foi preso.

Ninguém nunca soube que além de me bater, ele me abusava. Nem mesmo meus pais adotivos, o Rodolfo e a Ester. Eles me adotaram quando eu tinha 11 anos e me salvaram de toda essa merda que foi a minha vida, mas hoje, quando a minha prima invadiu a festa, foi como se eu tivesse voltado no passado e tivesse prestes a viver tudo aquilo de novo. Eu... eu tive medo. Eu tenho medo todos os dias e tenho que passar por isso sozinho. Queria tanto te contar, mas... é difícil. Você foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo, Arthur. Acho que você foi a luz que eu tanto precisava achar, e hoje quando ela apareceu na festa, eu achei que você saberia de tudo e acharia que era demais pra aguentar... Eu só queria que você soubesse que eu confio em você mais do que em qualquer pessoa. Se algum dia eu tiver coragem de falar disso pra alguém, vai ser pra você, mas não dormindo. Me desculpa por ser tão covarde.

O colchão volta a ficar leve e seus passos vão em direção da porta. A primeira lágrima escorre teimosa do meu olho fechado e eu espero que ele saia logo do quarto para que eu possa desabar sozinho. A porta se fecha e eu sinto meu coração apertado, meus olhos pesados, então eu choro. Quanto Gustavo já sofreu! E sofreu em silêncio, durante todo esse tempo. E o pior é que eu estava o julgando, achando que poderia ser qualquer coisa, menos algo assim. Eu nunca imaginaria!  De repente, sinto uma vontade enorme de ir atrás dele, e mesmo com todo o risco de ele não aceitar a ideia de eu ter ouvido toda sua confissão aparentemente silenciosa, eu me levanto e vou ao seu encontro. Meus pés descalços no chão frio contrastam com meu corpo quente por causa da adrenalina, então eu chego na sala e vejo Gustavo na porta da sacada, de costas pra mim. O barulho dos meus passos, mesmo que discreto, contrasta com o silêncio absoluto da madrugada, o que faz com que Gustavo note minha presença e se vire pra mim.

- Arthur?

Seus olhos arregalados e cintilantes me encaram surpresos, enquanto eu começo a chorar novamente. Isso é o suficiente para que ele veja que eu ouvi tudo e parecer que seu chão havia sumido de seus pés. Vou até seu encontro e o abraço, sem falar nada, então o puxo com força pra perto de mim, de modo que eu possa mostrar a ele que eu não vou deixar mais ele carregar isso sozinho, nem um segundo a mais.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Luã em 2017-04-12 00:30:38
Oi meus lindos! Obrigado pelo carinho de sempre. Gustavo tem alguns problemas um pouco mais graves que serão revelados nos proximos capítulos. Venho avisar que acabou de sair capítulo novo! Quero saber oq vcs acharam! <3
Por edward em 2017-04-07 16:27:28
Cena linda ! Espero que juntos ambos possam enfrentar os problemas que surgirem. Bjs 😘😘😍
Por Elizalva.c.s em 2017-04-06 13:47:05
Pobre Gustavo que barra pra se carregar sozinho só muito amor pra curar essa dor.ansiosa pelo próximo capítulo.😘😘😘😘